Dos Juros Legais. Código Civil art. 406 e 407

Transcrição

1 Dos Juros Legais Código Civil art. 406 e 407

2 Conceito Juros são os rendimentos do capital. São considerados frutos civis da coisa, assim como os aluguéis. Representam o pagamento pela utilização de capital alheio. Integram a classe das coisas acessórias. Carlos Roberto Gonçalves

3 Sílvio Rodrigues Juro é o preço do uso do capital. Vale dizer, é o fruto produzido pelo dinheiro, pois é como fruto civil que a doutrina o define. Ele a um tempo remunera o credor por ficar privado de seu capital e paga-lhe o risco em que incorre de o não receber de volta.

4 Espécies Juros Compensatórios ou Remuneratórios São os devidos como compensação pela utilização consentida de capital alheio. Devem estar expressos em contrato. Juros Moratórios São os incidentes em caso de retardamento em sua restituição ou descumprimento de obrigação.

5 Evolução histórica Código Civil 1916 dava às partes liberdade de fixarem a taxa de juros que quisessem; Dec. n /33 (Lei da Usura) fixou em 12% ao ano, a taxa máxima de juros a serem avençados em quaisquer contratos;

6 Juros moratórios Art Mesmo que o juros moratório não sejam convencionados, serão sempre devidos à taxa legal;

7 Juros moratórios São devidos em razão do inadimplemento e correm a partir da constituição em mora, podem ser convencionados (moratórios convencionais) ou não. A taxa quando não convencionada, será a referida por lei, sendo que vem se decidindo que a taxa de juros remuneratórios é a do art. 161, 1º. do CTN, ou seja, 1% a.m. (moratórios legais).

8 Taxa SELIC A posição do STJ vem sendo mais favorável à aplicação do art. 161, 1º do CTN, uma vez que a taxa SELIC tem natureza híbrida, constituindo ora índice de atualização monetária, ora juros compensatórios. (STJ, 2ª T., REsp /RS, rel. Min. Franciulli Neto, j ; STJ, 2ª T., REsp /AL, rel. Min. Franciulli Neto, j ).

9 Efeitos Art A sentença que julgar procedente a ação pode neles condenar o vencido, mesmo que não tenha sido formulado pedido expresso na inicial, tendo-se em vista o disposto no art. 322, 1º do NCPC, que declara compreenderem-se, no principal, os juros legais.

10 Súmula 254 STF Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a condenação.

11 Exemplo O passageiro de um ônibus sofre danos em decorrência de um acidente com o coletivo, os juros moratórios são devidos a partir da citação inicial (contrato de adesão). Mas, se a vítima é um pedestre, que foi atropelado pelo ônibus, os juros são contados desde a data do fato (responsabilidade extracontratual).

12 Isenção dos Juros (somente por previsão legal) a) Conforme art. 552 do CC, retira do doador a responsabilidade pelo pagamento dos juros moratórios; b) O art. 124, caput, da Lei n /2005 (REC JUD), proibindo a exigência de juros vencidos contra a massa falida, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados;

13 (continuação) c) O art. 49, IV da Lei Complementar n. 109/2001 (Lei do Regime de Previdência Complementar), estipula que não correm juros contra entidade previdenciária em liquidação. Obs.: Pela Lei n /90 (CDC), art. 52, 1º, as multas da mora decorrentes do inadimplemento da obrigação, sendo a relação de consumo, no seu vencimento não poderão ser superiores a 2% do valor da prestação.

14 Observações Os juros de mora, nas reclamações trabalhistas, serão contados desde a notificação inicial (Súmula 22 do STF); Relativo à letra de câmbio, os juros serão devidos desde o protesto, ou, na falta, desde a propositura da ação (Dec. N , art. 1º, 3º; RT, 283:628). No Dano moral o juros contam-se da data em que foram arbitrados;

15 Juros simples e composto Os juros simples são sempre calculados sobre o capital inicial. Os juros compostos são capitalizados anualmente, calculandose juros sobre juros, ou seja, os que forem computados passarão a integrar o capital. O que é proibido pela Súmula 121 do STF: É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada

16 Da Cláusula Penal Artigos 408 à 416

17 Conceito Cláusula penal é obrigação acessória, pela qual se estipula pena ou multa destinada a evitar o inadimplemento da principal, ou o retardamento de seu cumprimento. É também conhecida como Pena Convencional ou Multa Contratual. Tem a finalidade de fixar previamente a liquidação de eventuais perdas e danos devidas por quem descumprir o contrato; (art. 408 CC)

18 Natureza Jurídica A clausula penal tem a natureza de um pacto secundário e acessório, pois sua existência e eficácia dependem da obrigação principal. - A invalidade da obrigação principal invalida a CP, mas a invalidade desta não induz a daquela;

19 Art. 408 Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.

20 Art Pode ser estipulada em conjunto com a principal ou em ato posterior como um adendo; - Geralmente é em dinheiro, mas pode ser fixada como entrega de alguma coisa, o abstenção de um fato ou perda de algum benefício, como por exemplo um desconto;

21 Art. 410 Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.

22 Art. 411 Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.

23 Art Se acontecer o juiz determinará a sua redução, não declarando a ineficácia da cláusula, mas somente do excesso.

24 Art. 413 Justa redução quando a obrigação tiver sido cumprida em parte; E quando tiver excessividade da clausula penal, dependendo da natureza e finalidade do negócio;

25 Obrigação Indivisível Art. 414 Quando a obrigação é indivisível e há pluralidade de devedores, basta que um só a infrinja para que a cláusula penal se torne exigível. Os demais devedores não culpados poderão cobrar o culpado pelo que desembolsaram. (parágrafo único)

26 Obrigação Divisível Art. 415 Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor ou o herdeiro do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação.

27 Prejuízo Excedente Art. 416 Para se exigir o cumprimento da clausula penal, basta o descumprimento da obrigação, não é necessário prova prejuízo;

28 DAS ARRAS OU Artigos 417 à 420 CC SINAL

29 Conceito Sinal ou arras é a quantia ou coisa entregue por um dos contraentes ao outro, como confirmação do acordo de vontades e princípio de pagamento.

30 SÍLVIO VENOSA São as arras ou o sinal dados para demonstrar que os contratantes estão com propósitos sérios a respeito do contrato, com verdadeira intenção de contratar e manter o negócio. Obs.: Deve remanescer pagamento a ser feito, pois, doutro modo, haverá cumprimento integral do contrato.

31 Pacto Acessório Não existe por si: depende do contrato principal. É um pacto acessório, que insere uma condição resolutiva no negócio, se houver possibilidade de arrependimento. Sílvio Venosa

32 Espécies Arras confirmatórias tem a finalidade de demonstrar a existência da composição de vontades; Arras penitenciais asseguram às partes o direito de se arrependerem, mediante a perda do sinal, por quem o deu, ou a sua devolução em dobro, por quem o recebeu.

33 Aproveitamento Art As Arras atuam como começo de pagamento quando a coisa entregue é parte ou parcela do objeto do contrato, ou seja, é do mesmo gênero do restante a ser entregue.

34 Exemplo Se o devedor de dez bicicletas entrega duas ao credor, como sinal, este constitui princípio de pagamento. Mas se a dívida é em dinheiro e o devedor entrega duas bicicletas a título de sinal, estas constituem apenas uma garantia e devem ser restituídas quando o contrato for cumprido, isto é, quando o preço total for pago.

35 Inexecução do Contrato Art A parte inocente pode conformar-se apenas com ficar com o sinal dado pelo outro, ou com o equivalente. No atual CC, não mais se refere à devolução em dobro. No entanto, ao optar o legislador pelo termo equivalente, o fez para apontar que essa devolução com esse plus, será acrescida de correção monetária, juros e honorários advocatícios, o que na prática seria o dobro.

36 Indenização Suplementar Art A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.

37 Exemplo Se o sinal foi de 100, mas o prejuízo comprovado da parte inocente foi de 300, se esta foi aquela que ficou com o sinal, intitular-se-á a receber mais 200. Desta forma, o valor indenizatório pode superar a devolução em dobro das arras.

38 Arrependimento Art. 420 Arras Penitenciais apenas arrependimento, atuam como pena convencional; A faculdade de arrependimento, mediante sacrifício do sinal, só é permitida se houver cláusula expressa. A importância das arras representa cálculo prefixado das perdas e danos.