QUALIDADE FÍSICA E FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE MILHO APÓS O BENEFICIAMENTO 1
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- Márcio Imperial Nunes
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1 QUALIDADE DE SEMENTES DE MILHO APÓS O BENEFICIAMENTO 97 QUALIDADE FÍSICA E FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE MILHO APÓS O BENEFICIAMENTO 1 NILSON LEMOS DE MENEZES 2, IVO LERSCH-JUNIOR 3 E LINDOLFO STORCK 2 RESUMO - O presente trabalho, conduzido na unidade de produção da empresa Sementes Pioneer Ltda. e no Laboratório Didático e de Pesquisas em Sementes da Universidade Federal de Santa Maria, teve como objetivo avaliar o efeito do beneficiamento na qualidade física e fisiológica das sementes de milho. Foram utilizadas sementes do híbrido simples super precoce 32R21. As sementes foram colhidas em espigas e submetidas às operações de secagem, debulha mecânica, pré-limpeza, limpeza, classificação por largura, comprimento e peso. Foram coletadas amostras de sementes em intervalos variáveis no ponto de descarga de cada máquina, totalizando 23 pontos de coleta, que constituíram os tratamentos. A avaliação dos diferentes tratamentos foi realizada pelos testes de pureza física, danos mecânicos, germinação e vigor (teste de frio e condutividade elétrica). Concluiu-se que o beneficiamento afetou a qualidade física e fisiológica das sementes. Os danos mecânicos são produzidos progressivamente, a partir da debulha mecânica e no final do beneficiamento as sementes redondas apresentaram maior porcentagem de danos. A germinação e o vigor das sementes são afetados pelas etapas do beneficiamento, quando estas estão associadas a danos mecânicos severos. Termos para indexação: Zea mays, beneficiamento de sementes, danos mecânicos, vigor de sementes. PHYSIC AND PHYSIOLOGICAL SEED QUALITY OF CORN AFTER PROCESSING ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the processing effect over the physic and physiological quality of corn seeds. This research was conducted at the Pioneer Seeds, Santa Cruz do Sul, and at the Federal University of Santa Maria, Brazil. Seeds of the single cross hybrid 32R21 harvested on ears were submitted to dry, mechanical sheller, pre-cleaner and cleaner machines, width, length size and weight classifications. A total of 23 seed samples were collected after each processing step in variable periods. Each sample was considered a treatment. The evaluations were the following tests: purity, mechanical damage, germination and vigor (cold and conductivity). Seed processing of the 32R21 hybrid affects the physic and physiological quality. Mechanical damage is progressive and starts with mechanical sheller. Round seeds have higher percentage of damage than flat seeds. Seed processing affects germination and vigor, when associated with severe mechanical damage. Index terms: Zea mays, seed processing, seed quality, mechanical damage. INTRODUÇÃO 1 Aceito para publicação em Eng o Agr o, Dr., Depto. de Fitotecnia, Universidade Federal de Santa Maria, , Santa Maria-RS; bolsista do CNPq; autor para correspondência; nmenezes@ccr.ufsm.br 3 Eng o Agr o, MSc., Sementes Pioneer Ltda, Cx. Postal 1009, , Santa Cruz do Sul-RS. Na produção de sementes de milho, a preocupação constante com a qualidade do produto final determina que as práticas adotadas sejam as mais adequadas possíveis, para se alcançar a qualidade exigida pelo mercado. Após a colheita, o conjunto de práticas que compõem o beneficiamento, eliminam os materiais indesejáveis que acom-
2 98 N.L. MENEZES et al. panham as sementes e melhora a qualidade do lote. Essa etapa do processo produtivo é obrigatória para a obtenção de sementes de alta qualidade. O beneficiamento de sementes de milho é altamente especializado, se comparado com outras culturas. A semente de milho, normalmente, é colhida em espiga, despalhada e secada com o sabugo, para logo ser debulhada, limpa e classificada. A classificação é necessária, devido a grande variação de tamanho, forma e qualidade das sementes na própria espiga. Nas sementes de milho, a uniformidade de forma e tamanho é muito importante para facilitar tratamentos com fungicidas e a semeadura. Para a uniformização são usadas máquinas classificadoras, dotadas de peneiras com perfurações, que nem sempre estão perfeitamente adaptados a esse trabalho, provocando danos mecânicos. Os danos mecânicos podem atingir diferentes partes da semente, sendo capazes de reduzir o vigor das mesmas, até aqueles por trincamento interno, quando as sementes apresentam grau de umidade elevado ou muito baixo (Borba et al., 1994 e Borges, 2001). O dano mecânico é um dos principais fatores capazes de reduzir drasticamente o potencial de armazenamento das sementes (Borba et al., 1995; Kikuti et al., 1999 e Alves et al., 2001). Cada dano mecânico que afeta a semente, por menor que seja, é acumulativo e parte integral do dano da semente (Mason et al., 1982), podendo reduzir seu poder germinativo, vigor inicial e rendimento de produção (Carvalho et al., 1999). A constatação do dano mecânico se dá pela observação de fissuras internas e a presença de sementes quebradas, trincadas, fragmentadas e arranhadas externamente. Mas, não só o aspecto físico da semente é afetado, sementes mecanicamente danificadas são, também, mais difíceis de limpar, provocam maiores perdas no beneficiamento e apresentam menor vigor e germinação, são mais susceptíveis ao ataque de microrganismos no solo (Delouche apud Baudet et al., 1978 e Borges, 2001). Os fatores que controlam os danos mecânicos, de acordo com Carvalho & Nakagawa (1988), são a intensidade e número de impactos, local do impacto, grau de umidade das sementes e as características das sementes, tais como tamanho, forma, espessura do tegumento, tipo de tecido de reserva, posição do eixo embrionário, entre outros. A susceptibilidade aos danos mecânicos é uma característica herdável, sendo que, em geral, as sementes mais compactas e duras são as menos susceptíveis aos danos climáticos e ao ataque de fungos (Cassini, 1992). A germinação das sementes de milho dos cultivares BR 451 e BR 106 não é afetada, quando ocorrem danos mecânicos até 10,3 e 23,9%, respectivamente, ou na cultivar BR 201 até 31,4%, porém o vigor é significativamente reduzido (Borba et al., 1994 e 1995). Cerca de 40% dos danos mecânicos ocorrem durante a colheita mecânica, 50% durante o beneficiamento, 4% durante o armazenamento, 2% durante o transporte e 4% na semeadura (Carvalho & Nakagawa, 1988). Os danos mecânicos e outros problemas causados e/ou não eliminados, durante o beneficiamento, podem ser identificados através da avaliação da qualidade das sementes. Em sementes de milho, com até 40,0% de danos mecânicos, o teste de germinação não avaliou efetivamente a qualidade das sementes, porém o teste de frio foi o método mais eficiente para predizer o efeito dos danos mecânicos no tempo potencial de armazenamento das sementes (Wortman & Rinke, 1951). Os lotes de sementes danificados mecanicamente, também, reduziram drasticamente o vigor e a viabilidade após armazenamento, segundo Borba et al. (1994). Estudando danos mecânicos em sementes de milho, ocorridos em diferentes estágios do processamento e seus efeitos por meio do teste de frio, Wortman & Rinke (1951) verificaram que o avanço nas fases do processamento aumentou a quantidade de danos mecânicos. Quanto maiores foram os danos sobre o embrião e os danos totais, menor foi a germinação. Os mesmos autores observaram diferenças entre os híbridos testados, quanto a susceptibilidade aos danos mecânicos. Todos os tipos de danos causaram decréscimo no estande do Híbrido B e danos abertos no lado do embrião ou sobre a coroa causaram maiores reduções do estande, enquanto que os danos fechados tiveram efeitos menores, mas, significativos. A remoção dos pedicelos das sementes causou significativas reduções, mas dano sobre o lado contendo somente endosperma pareceu menos prejudicial. A resposta de cada cultivar ao manuseio pós-colheita é distinta, necessitando ser estudada não só quanto aos seus efeitos, mas, também, em suas causas, sob diferentes enfoques, assim, identificando claramente o tipo, a intensidade e o momento da ação capaz de afetar a qualidade das sementes. O trabalho teve por objetivo avaliar o efeito do beneficiamento na qualidade física e fisiológica de sementes de milho. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) e no Laboratório de Sementes da empresa Pioneer Sementes Ltda. em Santa Cruz do Sul - RS e no
3 QUALIDADE DE SEMENTES DE MILHO APÓS O BENEFICIAMENTO 99 Laboratório de Didático e de Pesquisas em Sementes do Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Santa Maria, em Santa Maria - RS. Foram utilizadas sementes de um lote (12t) do híbrido simples 32R21, super precoce, produzido na safra 1997/98 pela Pioneer Sementes Ltda. Foram colhidas as espigas, com colhedoras automotrizes e transportadas para a UBS, onde sofreram os processos de despalha (pré-limpeza) e secagem, em secador de espigas. A seguir, as sementes foram beneficiadas de acordo com o fluxograma da empresa produtora das sementes, no qual se utilizou as etapas de debulha; passagem pelo elevador externo da torre de beneficiamento; classificação em forma (R para redonda e C para achatada) no Carter; classificação em tamanho (1, 2 e 3) no trieur e mesa de gravidade, que resultou na seguinte classificação: R1 - sementes com diâmetro entre 8,93 e 9,92mm e maiores que 16mm de comprimento e 5,55mm de largura; R2 - sementes com diâmetro entre 8,13 e 8,93mm e maiores que 16mm de comprimento e 5,36mm de largura; R3 - sementes com diâmetro entre 7,34 e 8,13mm e maiores que 16mm de comprimento e 4,76mm de largura; C1 - sementes com diâmetro entre 8,93 e 9,92mm e menores que 16mm de comprimento e 5,55mm de largura; C2 - sementes com diâmetro entre 8,13 e 8,93mm e menores que 16mm de comprimento e 5,36mm de largura; C3 - sementes com diâmetro entre 7,34 e 8,13mm e menores que 16mm de comprimento e 4,76mm de largura. Amostras de sementes foram coletadas após a colheita e em cada etapa do beneficiamento. Após a colheita, pré-limpeza e secagem foram coletadas 12 espigas aleatoriamente. O método de secagem em espigas foi semelhante, tanto para as amostras úmidas, quanto para o restante do lote. A partir da debulha, foram coletadas seis amostras de sementes, de aproximadamente 500g, na bica de saída de cada máquina. O intervalo de coleta foi variável, visto que até a etapa de passagem pelo elevador da torre de beneficiamento todo lote foi amostrado, porém nas etapas subseqüentes, embora o tamanho da amostra permanecesse o mesmo, as amostras foram coletadas apenas da porção selecionada. Antes da etapa de debulha mecânica, adotada na seqüência normal de beneficiamento da empresa produtora das sementes, as amostras de espigas foram debulhadas manualmente. Logo após a coleta na última máquina, as sementes foram encaminhadas para a determinação de sua qualidade. Da amostra composta obtida pela junção das amostras simples, extraiu-se 700g, para a análise de pureza, conforme recomendação de Brasil (1992). O restante das sementes foram usadas para: grau de umidade - foi determinado, após a colheita e a secagem, pelo método da estufa a 105±3 C, durante 24 horas, com duas subamostras de 5g, de acordo com Brasil (1992); danos mecânicos - foram determinados através do teste verde rápido, com verde de malaquita a 1,0%, durante três minutos. De acordo com a intensidade dos danos mecânicos no endosperma e embrião ele foi separado em dois tipos: danos médios, quando o dano afetou mais de 1/3 do endosperma sem afetar o embrião e danos severos, quando o dano afetou o embrião. Neste teste, a presença do dano foi constatada pela formação da coloração verde-escura, resultante da reação do verde de malaquita com o amido endospermático e expresso em porcentagem. Foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes; teste de germinação - foi realizado com o substrato papel toalha, em rolo, previamente umedecido com água na proporção de 2,5 vezes o peso do papel, e colocado em uma câmara de germinação, regulada a 25ºC. Para cada etapa do beneficiamento foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes. As avaliações foram efetuadas sete dias após a semeadura e os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais, segundo Brasil (1992); teste de frio - foi realizado com sementes não tratadas semeadas em bandejas, cujo substrato foi uma mistura de 1:4 terra e areia. As bandejas foram colocadas em câmara a 10ºC, por sete dias e a seguir em câmara de germinação a 25ºC, por mais sete dias. Foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes e os resultados foram expressos em porcentagem de plântulas normais; teste de condutividade elétrica - foi realizado com quatro repetições de 25 sementes, que foram colocadas em copos plásticos com 75ml de água destilada, em germinador a 20ºC, durante 24 horas. A leitura da solução água mais exsudato não filtrada (AOSA, 1983) foi realizada em um condutivímetro marca Digimed CD-21 e os resultados foram expressos em S/cm/g de semente. A análise estatística constou da estimativa dos coeficientes de correlação linear e análise da variância, para as cinco variáveis (teste de pureza, danos mecânicos, testes de germinação, frio e condutividade elétrica), considerando os 23 pontos de amostragem (tratamentos), com quatro repetições, segundo o delineamento inteiramente casualizado. Para comparação entre as médias, utilizou-se o teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO O grau de umidade das sementes na colheita foi de 32,3% e após a secagem na espiga a umidade foi de 12%. Essa umidade final das sementes foi uma das causas dos níveis de da-
4 100 N.L. MENEZES et al. nos mecânicos observados após as etapas do beneficiamento, visto que vários autores (Carvalho & Nakagawa, 1988 e Fancelli & Lima, s.d.), já haviam verificado aumentos de danos à medida que decresce a umidade e, por isto, recomendaram umidades entre 12 e 14%, para a realização da debulha e outras operações durante o beneficiamento de sementes. A pureza física após a debulha foi igual a 99,5%, em todas as etapas, não podendo, então, interferir na qualidade das sementes. Esse valor é adotado como padrão para a comercialização pela empresa Pioneer Sementes Ltda. O dano mecânico (Tabela 1), detectado pelo teste de verde rápido, aumenta com a passagem pelas etapas do beneficiamento, sendo que o dano mecânico mais severo foi TABELA 1. Danos mecânicos (médio e severo) em sementes de milho híbrido do cultivar 32R21, após as etapas do beneficiamento. Santa Cruz do Sul, Etapas do Sementes com dano mecânico (%) beneficiamento Médio Severo Colheita 0,25 e 0,00 h Pré-limpeza 0,50 e 1,00 gh Secagem 0,00 e 3,00 f g Debulha 1,25 de 7,00 e f Elevador externo da torre 2,25 cde 7,50 de f Forma e tamanho...após o cilíndro... Redonda 1 9,75ab 15,50 bcd Redonda 2 4,50 bcd 15,00 bcde Redonda 3 4,00 cde 14,00 bcde Achatada 1 4,50 bcd 13,50 bcde Achatada 2 9,00ab 9,00 de f Achatada 3 6,25abc 12,75 bcde...após o trieur... Redonda 1 8,75ab 15,25 bcd Redonda 2 8,75ab 21,25a b Redonda 3 8,50ab 31,00a Achatada 1 5,75abc 10,75 cde Achatada 2 8,50ab 13,00 bcde Achatada 3 8,00ab 11,50 cde... Após a mesa de gravidade... Redonda 1 7,00abc 18,25 bc Redonda 2 7,25ab 17,00 bc Redonda 3 10,50ab 21,75a b Achatada 1 8,50ab 11,25 cde Achatada 2 9,50ab 12,50 bcde Achatada 3 12,00a 13,50 bcde Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem pelo teste de Tukey, a 5%. produzido após o elevador externo da torre, diferindo da colheita e da pré-limpeza, o que confirma as observações de Wortman & Rinke (1951) e Hall & Johnson (1970). Os dados obtidos sugerem que, os danos mecânicos, além de serem características herdáveis, como ressaltou Cassini (1992), também, dependem da intensidade e do número de impactos, bem como das características da semente, tais como tamanho, forma, tecido de reserva e teor de água na colheita (Carvalho & Nakagawa, 1988 e Alves et al., 2001). Na fase de classificação por forma e tamanho, quando se comparou semente redonda de tamanhos diferentes, verificou-se que não houve diferenças, com exceção do dano mais severo nas sementes R3, quando comparadas com as sementes R1 após trieur, o que confirmam as observações de Sader et al. (1991), que estudaram sementes de amendoim. Esses autores verificaram que sementes maiores apresentaram maiores índices de danos mecânicos, durante o beneficiamento. As sementes achatadas, de diferentes tamanhos, não diferiram entre si. As sementes redondas não diferiram das sementes achatadas, para o mesmo tamanho, com exceção das sementes tamanho 3, após o trieur, onde o dano severo em sementes redondas foi maior do que em sementes achatadas, provavelmente, o fato se deve a maior velocidade adquirida pelas sementes durante a passagem pelo equipamento. A cada impacto a semente se torna mais sensível ao dano mecânico, produzindo, por fim, um aumento no número de danos nas sementes (Mason et al., 1982). Resultado semelhante já haviam sido observados por Wortman & Rinke (1951). As médias de germinação, teste de frio e condutividade elétrica, nas diferentes etapas do beneficiamento, estão na Tabela 2. Não houve diferenças nas etapas que antecederam a debulha. Após o elevador houve variações na germinação, tal qual haviam verificado Baudet et al. (1978), quando constataram que os elevadores aumentam de forma significativa os danos mecânicos nas sementes, durante o beneficiamento. Os danos nas sementes de milho tiveram efeitos na germinação, principalmente, quando o dano foi na região do embrião, tal qual observado por Carvalho et al. (1999). Na fase de classificação por forma e tamanho, após o cilindro, notou-se que as sementes classificadas como R2 apresentaram germinações mais elevadas, embora não diferindo das classificadas como R3. As sementes achatadas classificadas como C2 mostraram maiores germinações, sem diferirem das classificadas como C3. Após o trieur, as sementes classificadas como R1 diferiram das R2 e R3. Porém, as sementes achatadas, classificadas como C2, apresentaram
5 QUALIDADE DE SEMENTES DE MILHO APÓS O BENEFICIAMENTO 101 TABELA 2. Percentagem de germinação e de plântulas normais pelo teste de frio e condutividade elétrica (µs/cm/g) em sementes de milho do cultivar 32R21, após as etapas do beneficiamento. Santa Cruz do Sul, Etapas do beneficiamento Germinação (%) Teste de frio (%) maiores porcentagens de germinação, mas não diferiram das classificadas como C1. Após a mesa de gravidade, a comparação entre sementes redondas de mesmo peso, mas de tamanho diferente mostrou que, as sementes classificadas como R3 diferiram das classificadas como R2, sendo que as sementes achatadas não diferiram entre si. Comparando a germinação das sementes de tamanho 1, a forma achatada foi melhor do que a redonda, após a mesa de gravidade; para sementes de tamanho 2, a forma achatada após o trieur e mesa de gravidade teve melhor germinação do que a forma redonda; para sementes de tamanho 3 a forma achatada foi melhor após o trieur, embora as sementes achatadas tenham apresentado 25,5% de danos mecânicos totais e Condutividade elétrica Colheita 98abc 86abc 22,13ab Pré-limpeza 99ab 93a 21,16abc Secagem 99ab 88ab 20,16 bcd Debulha 97abcde 71 e f gh 17,08 def g Elevador externo da torre 95 cdef 70 e f gh 17,07 def g Forma e tamanho...após o cilíndro... Redonda 1 93 ef 55 i 17,49 def g Redonda 2 97abcd 55 i 15,40 f g Redonda 3 95 bcdef 59 hi 18,50 bcdef Achatada 1 95 def 73 de f g 16,91 def g Achatada 2 98abc 80abc de 19,83 bcde Achatada 3 96abcdef 59 hi 17,82 cdef...após o trieur... Redonda 1 97abcde 61 ghi 19,20 bcde Redonda 2 93 f 61 ghi 24,09a Redonda 3 88 g 73 c de f g 20,94 bcd Achatada 1 96abcdef 68 f gh 16,84 def g Achatada 2 99a 77 bc de f 21,33abc Achatada 3 95 bcdef 82abc d 19,69 bcde...após a mesa de gravidade... Redonda 1 93 f 51 i 14,40 g Redonda 2 93 f 68 f gh 19,60 bcde Redonda 3 96abcde 73 c de f g 15,30 f g Achatada 1 98abc 61 ghi 16,27 ef g Achatada 2 99ab 73 de f g 21,17abc Achatada 3 96abcdef 71 e f gh 19,95 bcd Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem pelo teste de Tukey, a 5%. as redondas 32,2%. Esses resultados são semelhantes aos observados por Borba et al. (1995), que para a cultivar de milho BR 106, na faixa de 5,6 a 23,9% de danos não verificaram efeitos na germinação. Quanto ao vigor das sementes, avaliado pelo teste de frio, observou-se os efeitos das etapas do beneficiamento sobre a qualidade fisiológica. O melhor resultado foi obtido nas sementes após a pré-limpeza (93% de plântulas normais), porém esse resultado não diferiu daqueles obtidos após a colheita e a secagem, com sementes achatadas de tamanho 2 (após cilíndro) e achatadas de tamanho 3 (após trieur). No entanto, após a debulha houve redução do vigor das sementes com diferenças entre a forma e o tamanho das sementes, visto que a partir desse ponto houve aumento significativo dos danos mecânicos. Esses resultados concordam com aqueles obtidos por Wortman & Rinke (1951), que constataram eficiência do teste de frio para estratificar lotes de sementes com diferentes níveis de danos mecânicos e Borba et al. (1994), que nas sementes de milho híbrido da cultivar BR 201 fêmea, observaram redução no vigor, de forma imediata e significativa com o aumento dos danos mecânicos. Quanto ao vigor das sementes, avaliado pelo teste de condutividade elétrica, também se observou efeitos das etapas do beneficiamento, sobre a qualidade fisiológica. Antes da classificação das sementes, o melhor resultado foi obtido após a colheita, porém esse resultado não diferiu daqueles obtidos após a pré-limpeza ou a secagem. No entanto, após a debulha houve variação no vigor das sementes em função do tamanho e da forma, visto que a partir desse ponto houve aumento dos danos mecânicos. Após o trieur, notou-se que as sementes classificadas como R1 mostraram-se mais vigorosas, mas não diferiram das R3. Entre as achatadas, o teste de condutividade elétrica mostrou que as classificadas como C1 foram as mais vigorosas. Ao se comparar as sementes de formas diferentes, mas do mesmo tamanho, observou-se que elas não diferiram entre si. Após a mesa de gravidade, o resultado da condutividade elétrica das sementes redondas, classificadas como R1, apresentou maior vigor, sem diferir da R3. Quando foram comparadas as sementes achatadas, de tamanhos diferentes, obser-
6 102 N.L. MENEZES et al. vou-se que aquelas classificadas como C1 foram mais vigorosas. Foram significativos os coeficientes de correlação linear entre dano mecânico severo e germinação (r =-0,754), teste de frio (r=-0,535) e dano mecânico médio (r=0,677) e, entre germinação e teste de frio (r=0,416) e entre teste de frio e condutividade elétrica (r=0,512). Assim, o dano mecânico é, em parte (quando severo), responsável pela perda de qualidade fisiológica das sementes e que a metodologia aplicada no teste de condutividade elétrica não foi adequada para identificar a qualidade fisiológica das sementes. A falta de correlações pode justificar os resultados obtidos no teste de condutividade elétrica, que foram discrepantes daqueles verificados no teste de frio. As sementes, no início do beneficiamento, mostraram menor vigor do que após a passagem pela debulha ou trieur, onde aumentaram os danos mecânicos. Este teste não se mostrou eficiente para indicar o vigor de sementes de milho, quando os tratamentos produzem variações nos danos mecânicos, pois as sementes com danos visíveis foram eliminadas do teste. CONCLUSÕES O beneficiamento das sementes de milho da cultivar 32R21 afetou a qualidade física e fisiológica, por aumentar os danos mecânicos; os danos mecânicos são produzidos progressivamente a partir da debulha mecânica e, no final do beneficiamento, as sementes redondas apresentaram maior percentagem de danos do que as sementes achatadas; a separação das sementes de milho do híbrido super precoce 32R21 por forma e tamanho não afetou a germinação, porém o vigor foi afetado pelas etapas do bene-ficiamento, quando estas estão associadas a danos mecânicos severos; para o híbrido super precoce 32R21, a mistura de diferentes tamanhos nas sementes redondas apresentaram vigor semelhante à mistura de diferentes tamanhos nas sementes achatadas. REFERÊNCIAS ALVES, W.M.; FARONI, L.D.; CORRÊA, P.C.; QUEIROZ, D.M. & TEIXEIRA, M.M. Influência dos teores de umidade de colheita na qualidade do milho (Zea mays L.) durante o armazenamento. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v.26, n.2, 40-45, AOSA - ASSOCIATION OF OFFICIAL SEED ANALYSIS. Seed vigor testing handbook, East Lasing, p. (Contribuition, 32). BAUDET, L.; POPINIGIS, F. & PESKE, S.T. Danificações mecânicas em sementes de soja (Glycine max (L.) Merrill) transportadas por um sistema elevador-secador. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v.3, n.4, p.29-38, BORBA, C.S.; ANDRADE, R.V.; AZEVEDO, J.T. & OLIVEIRA, A.C. Efeito da debulha mecânica na qualidade de sementes de milho (Zea mays L.). Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.16, n.1, p.68-70, BORBA, C.S.; ANDRADE, R.V.; ANDREOLI, C.; AZEVEDO, J.T. & OLIVEIRA, A.C. Ocorrência de danos mecânicos e qualidade fisiológica de sementes de milho (Zea mays L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SEMENTES, 9, Florianópolis, Informativo ABRATES, Londrina, v.5, n.2, p.51, (Resumos) BORGES, J.W.M. Trincamento interno, tratamento fungicida e qualidade de sementes de milho (Zea mays L.) no armazenamento. Pelotas: UFPel/FAEM, p. (Tese Doutorado). BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, p. CARVALHO, M.L.M.; AELST, A.C.van; ECK, J.W.van & HOEKSTRA, F.A. Pre-harvest stress cracks in maize (Zea mays L.) kernels as characterized by visual, x-ray and low temperature scanning eletron microscopical analysis: effect on kernel quality. Seed Science Research, Wallingford, v.9, n.3, p , CARVALHO, N.M. & NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 3.ed. Campinas: Fundação Cargill, p. CASSINI, C. Cosecha antecipada y secado. In: MAIZ - COSECHA, SECADO Y ALMACENAMIENTO. Cuardeno de actualization tecnica. Cordoba: INTA, n.10, 40p. FANCELLI, A.L. & LIMA, U.A. Milho: produção, préprocessamento e transformação agroindustrial. São Paulo: Secretaria da Indústria, Comércio e Tecnologia/FEALQ, s.d. 112p. (Série extensão agroindustrial, 5). HALL, E.G. & JOHNSON, W.H. Kernel crackage induced by mechanical shelling. Transaction of the ASAE, St. Joseph, v.3, n.1, p.51-55, 1970 KIKUTI, A. L.P.; VON PINHO, E.V.R. & REZENDE, M.L. Estudos de metodologias para condução do teste de frio em sementes de milho. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.21, n.2, p , MASON, S.C.; VORST, J.J.; HANKINS, B.J. & HOLT, D.A. Standard, cold and tetrazolium germination tests as estimators of field emergence of mechanical damage soybeans seed. Agronomy Journal, Madison, v.74, n.3, p , SADER, R.; CHALITA, C. & TEIXEIRA, L.G. Influência do tamanho e do beneficiamento na injúria mecânica de sementes de amendoim. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.13, n.1, p.45-51, WORTMAN, L.S. & RINKE, E.H. Seed corn injury at various stages of processing and its effect upon cold test performance. Agronomy Journal, Madison, v.43, n.7, p , 1951.
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