TRIBUNAL DE JUSTIÇA R E L A T O R

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1 1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA R E L A T O R AGRAVO N. : (ART. 557 do CPC) - 4ª CC. AGRAVANTE : EMERBRAS COM. E EXP. DE PEDRAS PRECIOSAS LTDA AGRAVADO : MARIA DE FATIMA NERI AÇÃO : RESPONSABILIDADE CIVIL (FASE DE CUMPRIMENTO) ORIGEM : 29ª VARA CÍVEL JUÍZA A QUO : JUÍZA CARLA FARIA BOUZO RELATOR : DES. REINALDO PINTO ALBERTO FILHO A C Ó R D Ã O E M E N T A: Agravo Inominado previsto no art. 557 do C.P.C. Recurso Instrumental que foi dado provimento parcial. Ação de Responsabilidade Civil. Fase de Cumprimento do R. Julgado. R. Decisão a quo deferindo o pedido de substituição da penhora, além de aplicar a multa prevista no artigo 601 do C.P.C. à Devedora. Imóvel prefere a indicação de joias e afins. Menor ônus aos Litigantes. Nova redação do 3º do art. 652 do CPC, introduzida pela Lei nº /06, que concedeu ao executado a prerrogativa de indicar bens à constrição, a qualquer tempo. Observância ao interesse do credor. Exegese do artigo 612 do Digesto Processual Civil. Possibilidade de rejeição dos bens indicados pela Devedora, quando, à evidência, como in hypothesis, não atinge ao fim colimado. Ordem preferencial de bens para penhora como determinado pela Lei de Ritos, em seu artigo 655. Imposição de sanção pecuniária, na forma do artigo 201 da Lei de Ritos. Descabimento. Ausência de ato praticado pela Executada atentatório a dignidade da justiça. Indicação de bens sujeitos a penhora e seus respectivos valores, além de apresentar reforço à constrição. Substituição da penhora procedida em atendimento à indicação formulada pela Exequente. Multa aplicada que se afigura incompatível e desarrazoada. Reforma parcial da R. Decisão que se impõe apenas para afastar a sanção pecuniária imposta. Precedentes deste Colendo Sodalício conforme transcritos na fundamentação. Recurso procedente em parte autorizou a aplicação do 1º-A do art. 557 do C.P.C. Negado Provimento.

2 2 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo Inominado previsto no art. 557 do C.P.C., em razão do Recurso Instrumental n , em que é Agravante EMERBRAS COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO DE PEDRAS PRECIOSAS LTDA e como Agravada MARIA DE FÁTIMA NERI. A C Ó R D A M os Desembargadores da Quarta Câmara Cível do E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, à unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. DECIDEM, assim, pelo seguinte. EMERBRAS COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO DE PEDRAS PRECIOSAS LTDA interpõe Agravo Inominado previsto no art. 557 do Digesto Processual Civil em face de MARIA DE FÁTIMA NERI hostilizando R. Decisão Monocrática desta Relatoria dando parcial provimento a Recurso Instrumental, sustentando, em suma, a existência de diversos bens penhorados classificados como bens móveis em geral, categoria que antecede a de bens imóveis. É o RELATÓRIO. FUNDAMENTA-SE E D E C I D E - S E. Cuida-se de Agravo Inominado previsto no art. 557 do Digesto Processual, hostilizando R. Decisão Monocrática da Relatoria dando parcial provimento ao Recurso Instrumental. Os R. Julgados ora Vergastados trasladados por cópias no Anexo 01 documentos e deste Recurso Instrumental (fls. 839 e 838, respectivamente, dos autos originários) possuem o seguinte teor, in litteris: 1) Junte-se a petição em anexo. 2) Desnecessária a expedição de ofício ao Distribuidor, eis que já se encontra anotado no sistema informatizado que os autos encontram-se em fase de execução, não existindo mais este tipo de procedimento (expedição de ofício) para constar a execução, sendo certo que após as alterações sofridas pela nova sistemática do cumprimento de sentença, basta a anotação no sistema de tal fase, o que já foi feito.

3 3 3) Considerando que a petição de fls. 820 foi desconsiderada a pedido do credor e deferido por este juízo, conforme fls. 834, revogo o item 2 de fls. 838, já que inexiste interesse do credor, por ora, na desconsideração da personalidade jurídica da executada. 4) Defiro a penhora do imóvel indicado de propriedade do executado. Lavre-se termo de penhora. Oficie-se ao RGI, informando acerca da gratuidade de justiça do autor (se for o caso). I-se o executado para querendo, oferecer o recurso cabível, no prazo legal. 5) Decorrido o prazo da intimação sem manifestação do executado, expeça-se mandado de avaliação. 1. Fls.820/822: Considerando que a execução já se arrasta desde o ano de1996 e o executado apesar de não ter sido intimado conforme fl.815, manteve-se silente durante todo esse tempo configurando assim ato atentatório a dignidade da justiça, condeno o devedor ao pagamento de multa no percentual de 10% (dez por cento) do valor atualizado do débito, nos termos do artigo 601 do CPC, devendo o credor apresentar nova planilha incluindo o valor desta multa. 2. Com relação ao pedido de desconsideração da personalidade jurídica da executada, traga a última alteração contratual devidamente registrada na Junta Comercial. 3. Após, voltem conclusos. Por outro lado, a nova redação do 3º do artigo 652 do CPC, introduzida pela Lei nº /06, concedeu ao executado a prerrogativa de indicar bens à penhora, a qualquer tempo, conforme se infere, in litteris: Art O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida. 3 o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exeqüente, determinar, a qualquer tempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora. Não obstante, cediço que a execução se realiza no interesse do credor, na forma do artigo 612 do Digesto Processual Civil, sendo-lhe, ainda, conferida a oportunidade de rejeição dos bens indicados pela Devedora, quando, à evidência, como in hypothesis, não atinge ao fim colimado.

4 4 De fato, muito embora os bens ofertados pela Executada, consubstanciados em 97 (noventa e sete) relógios da marca Swatch, 91 (noventa e um) da marca Scuba (fls. 740/744 do processo principal), além de joias preciosas (fls. 800/801 da lide originária), possuam alguma liquidez como forma de garantir a dívida, estreme de dúvida a dificuldade da Credora em proceder à avaliação do patrimônio e o mais conexo, objetivando a satisfação do seu crédito, haja vista a penhora ter ocorrido em junho de 2012 e, até a presente data, somente foi possível a realização de uma avaliação indireta (fls. 788/79). Neste sentido, forçoso é reconhecer que o artigo 612 da Lei de Ritos Civis tem o escopo de atender as exigências da Exequente e não da Executada, tanto que o art. 656, com a nova redação dada pela Lei nº , de , estabelece a prerrogativa de substituição da penhora por ocasião de vários motivos, entre eles ressalte-se o inciso I e V, conforme se transcreve, in verbis: legal. baixa liquidez. Inciso I - se não obedecer à ordem Inciso V - se incidir sobre bens de Sem dúvida, portanto, a penhora de imóvel é procedimento mais célere e menos oneroso, motivando, sempre que possível, seja a preferida, observada caso conveniente à ordem prevista no artigo 655 do C.P.C., in litteris: Art A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: (Redação dada pela Lei nº , de 2006). I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - veículos de via terrestre; III - bens móveis em geral; IV - bens imóveis; V - navios e aeronaves; empresárias; empresa devedora; VI - ações e quotas de sociedades VII - percentual do faturamento de

5 5 VIII - pedras e metais preciosos; IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; cotação em mercado; X - títulos e valores mobiliários com XI - outros direitos. No concernente ao inconformismo com relação à multa imposta, com fundamento no artigo 601 do Digesto Processual Civil, melhor sorte assiste à Agravante. Compulsando todo o processado, apesar da demora na tramitação do feito, não se verifica nenhuma prática da Executada atentatória a dignidade da justiça, inclusive tendo indicado bens sujeitos a penhora e seus respectivos valores (fls. 740/744 do processo originário trasladado no documento do Anexo 1 deste Recurso Instrumental), além de apresentar reforço à constrição, às fls. 800/801 da lide principal. Ocorre que, em verdade, houve a penhora dos bens apontados pela Devedora e, em um segundo momento, em virtude da indicação formulada pela Exequente, procedeu a I. Magistrada a quo a substituição, sendo incompatível e desarrazoada a aplicação da multa, razão pela qual impende o seu afastamento. Frise-se, ainda, que eventual desencontro com relação à localização da loja onde estariam os bens penhorados, foi plenamente justificada pela Devedora, às fls. 823/824 do processo principal, elucidando se tratar de comércio sazonal, sujeito ao trânsito de navios de passageiros no porto da Cidade do Rio de Janeiro, porém se dispondo preposto da Executada em abrir a unidade para realização da diligência. Corroborando o entendimento acima esposado, obra a Jurisprudência deste Colendo Sodalício, inter plures: Agravo de instrumento. Ação de Execução por título extrajudicial. Ausência de indicação, pelo devedor, de bens penhoráveis. Penhora de imóvel indicado pelo credor. Pedido de substituição por outro imóvel. Aplicação do disposto no art. 668, do CPC. Imóveis indicados em substituição que não se prestam a garantir a satisfação do crédito. Princípio da menor onerosidade para o devedor que não pode se sobrepor ao interesse do credor em satisfazer o seu crédito. Ausência de demonstração de que a substituição não causará prejuízo ao credor. Violação ao art. 688, CPC. Substituição corretamente indeferida. Precedentes.

6 6 Praça já designada. Ausência de motivos a ensejar a suspensão pretendida. Negado seguimento ao recurso, nos termos do art. 557, caput do CPC. ( AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª Ementa - DES. CLAUDIA TELLES DE MENEZES Julg.: 07/03/ SEGUNDA CÂMARA CÍVEL). AGRAVO DE INSTRUMENTO - NOMEAÇÃO DE BEM A PENHORA - COTAS DE FUNDO DE INVESTIMENTO - RECUSA DO CREDOR - PEDIDO DE SUBSTITUIÇÃO POR DINHEIRO INDICAÇÃO DE BENS A SEREM PENHORADOS - ÔNUS DO CREDOR - ORDEM PREFERENCIAL - IMPOSSIBILIDADE DE ACOLHER O PEDIDO DE PENHORA DAS COTAS DO FUNDO DE INVESTIMENTO - PRAZO PARA IMPUGNAÇÃO QUE SE INICIA NA DATA DO DEPÓSITO JUDICIAL - Cuida a hipótese de Agravo de Instrumento interposto contra a decisão do juízo a quo que, diante da recusa do credor a aceitar o bem nomeado, deixou de receber a Impugnação ao cumprimento de sentença anteriormente ofertada. - Nomeado à penhora cotas de fundo de investimento e ofertada Impugnação ao cumprimento de sentença. - Recusa do credor quanto ao bem indicado. - Pleito do devedor para que seja determinado que a penhora recaia sobre as cotas do fundo de investimento, que não pode ser acolhido. Indicação dos bens a serem penhorados que é ônus do credor. - Exegese do art. 652, 2º e art. 475-J, 3º, ambos do Código de Processo Civil. Possibilidade de substituição por dinheiro. Ordem preferencial. - Prazo para interposição de impugnação ao cumprimento de sentença que se inicia, no caso de depósito judicial, da data do referido depósito. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. - Decisão agravada mantida. - Recurso que se nega liminar seguimento. ( AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª Ementa - DES. CAETANO FONSECA COSTA Julg.: 16/01/2014 7ª CÂMARA CÍVEL). AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. PAGAMENTO DE VALOR INCONTROVERSO. ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA. Agravo contra decisão que, em execução, aplicou à agravante a multa prevista no artigo 601, do CPC, fixando-a em 15% sobre o valor do débito, por entender que sua conduta é atentatória à dignidade da justiça. Para a aplicação da multa por ato atentatório à dignidade da justiça, necessário que a decisão se fundamente nas hipóteses previstas pelo artigo 600, CPC. A agravante, antes de ser intimada para pagamento, depositou quantia que ultrapassa a metade do montante exequendo.

7 7 Ora, o pagamento de parte do valor exequendo não enseja aplicação de multa por ato atentatório da dignidade da justiça, mormente quando este valor, além de se tratar de vultosa quantia, ultrapassa a metade daquilo que é cobrado. Não houve violação do dever de lealdade processual, pois a agravante não se opôs maliciosamente à execução, até porque depositou valor que entende incontroverso e requereu a remessa dos autos ao Contador, petição esta que sequer foi apreciada pelo magistrado. Recurso provido. ( AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª Ementa - DES. RICARDO RODRIGUES CARDOZO - Julgamento: 28/03/ DECIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL). Destarte, impõe-se a reforma parcial do R. Julgado a quo apenas para afastar a sanção pecuniária imposta. Enfatize-se, ainda, que as teses acima mencionadas são adotadas pelo Colegiado nesta sede de Agravo Inominado. Por estas razões, a Câmara conhece do recurso inominado, negando-lhe provimento. Rio de Janeiro, 04 de junho de REINALDO PINTO ALBERTO FILHO R E L A T O R