PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Transcrição

1 ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº , da Comarca de Santos, em que é agravante JORGE LUIZ COELHO, é agravado JOSE ROBERTO DOS SANTOS. ACORDAM, em 26ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FELIPE FERREIRA (Presidente) e VIANNA COTRIM. São Paulo, 2 de fevereiro de RENATO SARTORELLI RELATOR Assinatura Eletrônica

2 2 AGRAVANTE: JORGE LUIZ COELHO AGRAVADO: JOSE ROBERTO DOS SANTOS MAGISTRADO DE PRIMEIRO GRAU: FREDERICO DOS SANTOS MESSIAS EMENTAS: "CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - PENHORA - BEM DE FAMÍLIA - IMÓVEL DESTINADO À MORADIA - PROTEÇÃO DA LEI Nº 8.009/90 - SÚMULA Nº 364 DO E. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - RECURSO IMPROVIDO. O objetivo da lei é proteger exclusivamente o imóvel próprio do devedor que sirva para sua moradia. O devedor executado não deve provar que possui uma única propriedade, mas demonstrar satisfatoriamente que o imóvel penhorado é seu e se destina à moradia". O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. V O T O Nº

3 3 Agravo de instrumento tirado contra decisão que, em ação de indenização fundada em acidente de veículo, em fase de cumprimento de sentença, declarou impenhorável o imóvel por reputá-lo bem de família, tornando sem efeito a arrematação. Após estoriar os fatos relativos à lide, sustenta, em apertada síntese, o agravante que embora o executado não possua outros bens deixou de comprovar que o imóvel é ocupado por casal ou entidade familiar já que é separado judicialmente, situação que afasta a proteção da Lei nº 8.009/90. Busca, por isso, a reforma do ato judicial combatido, mantendo-se a penhora e a arrematação. Não houve resposta. Recurso isento de preparo em face da gratuidade processual. É o relatório. prosperar. O inconformismo não merece Na verdade, o devedor não deve provar que possui uma única propriedade imóvel, mas sim demonstrar satisfatoriamente que o imóvel penhorado é seu e

4 4 se destina à moradia, verbis: "O objetivo da lei é proteger exclusivamente o imóvel próprio do devedor que sirva para sua moradia. O devedor executado não deve provar que possui uma única propriedade, mas demonstrar satisfatoriamente que o imóvel penhorado é seu e se destina à moradia" (Agravo de Instrumento nº , 26ª Câmara da Seção de Direito Privado, TJ/SP, Rel. o signatário). No caso, a prova conducente à aferição da impenhorabilidade era inteiramente do agravado que exibiu documentos suficientes para reconhecer que o imóvel, objeto da constrição judicial, é o único que possui e que lhe serve de moradia, à luz do que dispõe o art. 5º, da Lei nº 8.009/90. Ponderou, a propósito, o digno magistrado a quo,... que o apartamento situado na Rua Jurubatuba, objeto da constrição (fls. 239/240), serve de residência ao executado (fls. 375/378), que comprovou não possuir outro imóvel, conforme demonstram sua declaração de Imposto de Renda (fls. 411) e, ainda, as certidões expedidas

5 5 pelos Cartórios de Registro de Imóveis de Santos (fls. 388/393) (cf. fl. 124). Por sua vez, o fato de o agravado viver eventualmente só no imóvel penhorado, por ser separado ou divorciado, não impede a aplicação do disposto na Lei 8.009/90, já que a matéria não encerra mais nenhuma controvérsia à luz do enunciado da Súmula nº 364 do E. Superior Tribunal de Justiça, verbis: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. Em suma, havendo demonstração de que o imóvel, objeto de penhora, enseja a atuação da Lei 8.009/90 para os fins do benefício nela albergado, é de rigor a mantença do ato judicial combatido. recurso. Ante o exposto, nego provimento ao RENATO SARTORELLI Relator Assinatura Eletrônica