ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ELLIOT AKEL (Presidente sem voto), ROMEU RICUPERO E RICARDO NEGRÃO.

Transcrição

1 PODER JUDICIÁRIO ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº , da Comarca de Piracicaba, em que é agravante VITOR ALVES DE ANDRADE JUNIOR EPP sendo agravado INCONEL INDUSTRIA E COMERCIO DE AÇOS LTDA. ACORDAM, em do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ELLIOT AKEL (Presidente sem voto), ROMEU RICUPERO E RICARDO NEGRÃO. São Paulo, 20 de setembro de Pereira Calças RELATOR Assinatura Eletrônica

2 PODER JUDICIÁRIO 2 Comarca : Piracicaba 3ª Vara Cível Agravante : Vitor Alves de Andrade Júnior EPP Agravada : Inconel Indústria e Comércio de Aços Ltda. VOTO Nº Agravo. Falência. Requerente sociedade empresária. Contestação que alega omissão na apresentação da certidão da Junta Comercial para demonstrar a situação de regularidade da requerente. Concessão de prazo para apresentação da certidão. Legalidade. Inteligência do art. 97, parágrafo 1º, da Lei nº /2005. A exegese desta regra deve ser feita conforme o sistema de nulidades do CPC, que se orienta pelo aproveitamento máximo dos atos processuais. Processualística contemporânea que não admite excesso de formalismo nem servilismo às filigranas jurídicas, sendo teleologicamente vinculada ao processo justo. Agravo improvido. Vistos.

3 PODER JUDICIÁRIO 3 1. Trata-se de agravo manejado por VITOR ALVES DE ANDRADE JÚNIOR EPP, nos autos da falência que lhe promove INCONEL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE AÇOS LTDA., inconformada com a decisão que concedeu prazo de dez dias para a autora apresentar a certidão de regularidade de sua inscrição na Junta Comercial, consoante exige o artigo 97, IV, da Lei nº /2005. Afirma que sustentou a ilegitimidade ativa da requerente para pleitear sua falência, haja vista que não atendeu à determinação legal de que a petição inicial deveria ser instruída com a certidão do Registro Público de Empresas Mercantis. Incabível, sob sua ótica, conceder-se oportunidade para a requerente da falência emendar a vestibular após a devedora já ter apresentado sua contestação. Pede a liminar e, a final, o provimento do recurso para ser revogada a decisão e reconhecida a ilegitimidade ativa "ad causam" da autora, ora agravada. Relatados. 2. Correta a decisão do MM. Juiz LOURENÇO CARMELO TÔRRES, pois, tendo a autora do pedido de falência apresentado os títulos de crédito e demais documentos que comprovam sua condição de credora da empresa individual devedora, obviamente, a legitimidade ativa "ad causam" está comprovada. A exigência do art. 97, parágrafo 1º,

4 PODER JUDICIÁRIO 4 da Lei nº /2005 que impõe ao credor empresário apresentar a certidão do Registro Público de Empresas para comprovar a regularidade de suas atividades não é documento essencial para demonstrar a legitimidade ativa para o pedido de falência, mas sim, para comprovar que a sociedade empresária é regularmente inscrita na Junta Comercial. Nesse sentido, nada obsta a vinda posterior do documento aos autos, o que, inclusive, mostra-se possível à luz dos amplos poderes instrutórios conferidos pelo art. 130 do Código de Processo Civil ao juiz, o que, em tese, autorizaria o magistrado até mesmo a requerer a expedição de ofício à Junta Comercial para ver certificada a qualidade de empresária da sociedade autora. Por isso, tendo o requerido, em sua contestação, alegado a omissão na apresentação da referida certidão, deve o magistrado conceder prazo para a demonstração do atendimento de tal determinação. A processualística contemporânea não permite o excesso de formalismo e a servil observância de filigranas jurídicas, impondo-se a verificação real da situação delineada nos autos, a fim de se dar resposta justa e eficiente à pretensão dos litigantes, solucionando-se o conflito de interesses.

5 PODER JUDICIÁRIO 5 O eminente Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO já decidiu que a exegese das normas processuais "deve ser feita no contexto do sistema das nulidades disciplinadas pelo Código de Processo Civil, que se orienta no sentido de aproveitar ao máximo os atos processuais, sendo necessário, portanto, ensejar oportunidade para sanarse eventual irregularidade" (STJ, 4ª. Turma, REsp MG). 3. Isto posto, pelo meu voto, nego provimento ao recurso. DESEMBARGADOR MANOEL DE QUEIROZ PEREIRA CALÇAS RELATOR