Curso/Disciplina: Processo Judicial Tributário Aula: Processo Judicial Tributário 21 Professor (a): Mauro Lopes Monitor (a): Wilson Macena da Silva
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1 Página1 Curso/Disciplina: Processo Judicial Tributário Aula: Processo Judicial Tributário 21 Professor (a): Mauro Lopes Monitor (a): Wilson Macena da Silva Aula 21 PENHORA 1. Ordem da penhora na execução fiscal O art. 11 da LEF traz a ordem de bens a serem penhorados na execução fiscal. Essa ordem é distinta da prevista no CPC (art. 835), mas, pelo princípio da especialidade, na execução fiscal se usa o art. 11 da LEF em primeiro lugar e, subsidiariamente, incide o art. 835 com seus parágrafos. Art A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem: I - dinheiro; II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa; III - pedras e metais preciosos; IV - imóveis; V - navios e aeronaves; VI - veículos; VII - móveis ou semoventes; e VIII - direitos e ações. 1º - Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção. 2º - A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do artigo 9º. 3º - O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública exeqüente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo. Art A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado; III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; IV - veículos de via terrestre; V - bens imóveis; VI - bens móveis em geral; VII - semoventes; VIII - navios e aeronaves;
2 Página2 IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; X - percentual do faturamento de empresa devedora; XI - pedras e metais preciosos; XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia; XIII - outros direitos. 1 o É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto. 2 o Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento. 3 o Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora. Há de se frisar que essa ordem de bens do art. 11 da LEF inicialmente deve ser observada (seja para o devedor, seja para o credor); contudo, excepcionalmente o juiz poderá validar uma penhora que não siga a ordem dos bens, por questões concretas, específicas ao caso, quando não houver dinheiro a ser penhorado. O art. 835 em seu 1º diz que é prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz nas demais hipóteses alterar a ordem do rol (considerando as peculiaridades do caso). Isso não tem óbice de aplicação na seara da execução fiscal. Art A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: 1 o É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto Penhora de dinheiro A vantagem da penhora de dinheiro é que essa penhora se converte em depósito. Com isso, o juízo transfere a responsabilidade pela correção monetária e aplicação dos juros à instituição bancária que será a depositária, mantendo-se a garantia do juízo (até o momento de liberação do dinheiro). Outra vantagem é a possibilidade de abortar todas as fases que se sucedem numa penhora de bens (que engloba avaliação, registro, leilão etc.), constituindo-se num procedimento alongado. Na penhora de dinheiro não há risco de que esse procedimento demorado ocorra, trazendo benefícios no sentido de economia processual. Há ainda o fato de que a penhora de bens pode levar à suspensão da execução no caso de não haver interessados na arrematação dos mesmos, o que se constitui num prejuízo ao exequente. O dinheiro, por ser líquido, não traz esse risco. No caso de execução fiscal proposta contra instituição financeira, o juízo em quase na totalidade das vezes será garantido com dinheiro. O STJ possui o enunciado nº 328 de sua Súmula no sentido de que, na execução contra instituição financeira, é penhorável o dinheiro disponível.
3 Página3 Enunciado nº 328 do STJ: Na execução contra instituição financeira, é penhorável o numerário disponível, excluídas as reservas bancárias mantidas no Banco Central. Pode o banco alegar que o dinheiro não é dele, mas sim do correntista; no entanto, essa tese não mais é acolhida pela Corte Superior, seja quando o banco for o executado originário, seja quando for fiador Sistema BACENJUD Por meio desse sistema o Banco Central permite o acesso do juiz para que este efetue bloqueio de valores do executado que estejam em instituições financeiras (todas estas devem estar ligadas a esse sistema). É a chamada penhora online, não havendo necessidade de diligência externa. Nesses casos, a penhora é formalizada nos autos por meio de termo de penhora. Auto de penhora -> lavrado em diligência externa (normalmente pelo Oficial de Justiça) Termo de penhora -> lavrado em cartório A penhora online não ocorre somente em caso de penhora em dinheiro, visto que há possibilidade, por exemplo, de se penhorar veículos através do RENAJUD, que integra os DETRANs. Quando os cartórios de registro de imóveis estiverem interligados por um sistema único, também poderá haver penhora online de imóvel. O importante é perceber que não há penhora online só de dinheiro. Obs.: a penhora de dinheiro pelo BACENJUD não é quebra de sigilo bancário, visto que o juiz não tem acesso à movimentação bancária do executado. Tudo o que o juiz faz é um bloqueio de conta do executado, nos limites do débito. O art. 854 do CPC fala sobre a possibilidade da penhora online de dinheiro, conforme se lê abaixo: Art Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução. 1 o No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual prazo. 2 o Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na pessoa de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente. 3 o Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar que: I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis;
4 Página4 II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros. 4 o Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do 3 o, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em 24 (vinte e quatro) horas. 5 o Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a indisponibilidade em penhora, sem necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, transfira o montante indisponível para conta vinculada ao juízo da execução. 6 o Realizado o pagamento da dívida por outro meio, o juiz determinará, imediatamente, por sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, a notificação da instituição financeira para que, em até 24 (vinte e quatro) horas, cancele a indisponibilidade. 7 o As transmissões das ordens de indisponibilidade, de seu cancelamento e de determinação de penhora previstas neste artigo far-se-ão por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional. 8 o A instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao executado em decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em valor superior ao indicado na execução ou pelo juiz, bem como na hipótese de não cancelamento da indisponibilidade no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, quando assim determinar o juiz. 9 o Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do exequente, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido por autoridade supervisora do sistema bancário, que tornem indisponíveis ativos financeiros somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelos atos praticados, na forma da lei. do credor. Obs.: esse ato de penhora online não pode ser determinado de ofício, devendo existir requerimento 1.3. Previsão de penhora online no CTN e no CPC O CTN, no art. 185-A, previu a penhora online de dinheiro, via BACENJUD, antes que o CPC de 1973 fosse atualizado e passasse a trazer também essa possibilidade. No caso do CTN, para que haja a penhora online de dinheiro deve ser respeitado o procedimento ilustrado abaixo: citação do devedor concessão de oportunidade para que o devedor pagasse o débito ou garantisse o juízo determinação de penhora coercitiva possibilidade de penhora online via BACENJUD.
5 Página5 Assim, o CTN exige que o devedor seja citado; tenha oportunidade de pagar ou garantir o juízo; que o juiz tenha determinado penhora coercitiva e nenhum bem seja encontrado. somente após todas essas medidas é que poderia haver penhora online. Posteriormente, o CPC de 1973 trouxe a possibilidade de penhora online imediata, o que foi reproduzido pelo CPC vigente, criando-se um problema: o devedor que fosse executado pelo CPC estaria em posição de desvantagem sobre aquele que fosse executado por razões tributárias. Após análise da situação pelo STJ, a Corte entendeu que o princípio da especialidade não se aplica nesse caso. Se a lei especial prejudica a Fazenda, então deve-se aplicar a lei geral. Assim sendo, a Fazenda Pública pode promover suas execuções com base nas disposições do CPC. Tendo o devedor sofrido o bloqueio de suas contas bancárias pelo BACENJUD, pode ser que ele alegue o princípio da menor onerosidade para afastar essa constrição. Nesse caso, há de se considerar se a verba bloqueada é considerada impenhorável; o valor impenhorável tem seu bloqueio levantado e o restante do montante permanece bloqueado. Há de se frisar que o princípio da menor onerosidade (art. 805, CPC) já foi respeitado pelo legislador quando este previu um rol de bens impenhoráveis. Quando o executado não se enquadra naquele rol, ele demonstra que não necessita da tutela desse princípio. Art Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado. Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados. Obs.: o STJ diz que sobra de salário, aplicado em fundo de investimento, perde seu caráter de impenhorabilidade.
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