PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

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1 PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO Gab Des Jose Antonio Teixeira da Silva Av. Presidente Antonio Carlos,251 10o andar - Gab.16 Castelo Rio de Janeiro RJ PROCESSO: RTOrd Acórdão 6a Turma EXECUÇÃO RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA APLICAÇÃO. Mesmo reconhecendo a existência de sucessão trabalhista, a execução deve seguir a ordem determinada no título executivo judicial e, com isso, esgotada a possibilidade de satisfação do débito em face da devedora principal, esta deve ser direcionada ao devedor subsidiário, antes daquela prosseguir em face da sucessora. Logo, prematuro o ato do juízo da execução que determinou o prosseguimento desta em face da sucessora, merecendo, assim, reforma a decisão agravada. Certo é que, sendo infrutífera a execução contra o devedor principal e subsidiário, poderá esta ser dirigida contra a empresa sucessora, como também, contra os sócios da devedora principal e, ainda, contra os sócios da responsável subsidiário. Inadmissível é direcionar a execução prematuramente contra a sucessora do devedor principal e, assim, permitir ao devedor subsidiário furtarse do cumprimento do título executivo judicial. Recurso que se dá provimento. Vistos, relatados e discutidos os autos do Agravo de Petição, em que são partes: CARIOCA 2000 DISTRIBUIDORA AJAX DE BATERIAS LTDA. (N/P SUCESSORA) MERITUM DO BRASIL CIAL DE PEÇAS E AUTOMOTIVAS Pág.1

2 LTDA., como Agravante, e I) ESTANISLAU ZAMBI e II) BATERIAS CRAL LTDA., como Agravados. RELATÓRIO: Trata-se de Agravo de Petição interpostos pelo exequente em face de improcedência dos Embargos à Execução, de fls. 256/257, da Drª. Sofia Fontes Thompson Regueira, Juíza Substituta, complementada às fls.261, por decisão da Drª. Mauren Xavier Seeling, Juíza Titular da 4ª Vara do Trabalho de Duque de Caxias. Agravo de Petição da Executada, às fls.267/269, recorrendo da sucessão, sob o fundamento de ser parte ilegítima para figurar no polo passivo da execução, por nunca ter sido sucessora da 1ª Ré, Carioca 2000 Distribuidora Ajax de Baterias Ltda. Contraminuta do Autor: fls. 273/274. É o relatório. VOTO: CONHECIMENTO Conheço do Agravo de Petição, por preenchidos os requisitos legais de admissibilidade. MÉRITO DA SUCESSÃO A Agravante, MERITUM DO BRASIL COMERCIAL DE PEÇAS E AUTOMOTIVAS LTDA., sustenta a inexistência de sucessão da empresa Carioca 2000 Distribuidora Ajax de Baterias Ltda, alegando ter iniciado sua atividade em , enquanto o Autor, que nunca foi seu empregado, declara, na inicial, Pág.2

3 ter sido demitido em Argumenta que a execução se iniciou em face da 2ª Ré, Baterias Cral Ltda, que efetuou depósitos judiciais, teve créditos penhorados em conta corrente, já pagou parte da dívida, restando pagar o valor restante, de R$8.916,56, que não pode ser penhorado da conta da ora Agravante, motivo pelo qual, postula o levantamento da penhora de fl.243. A sucessão de empregadores ocorre quando o estabelecimento, entendido como unidade econômico-jurídico, é assumido por outra pessoa, não importando a que título ocorreu a assunção, nos termos dos arts. 10 e 448 da CLT. Irrelevante se houve a continuidade na prestação dos serviços pelo empregado, uma vez que, como asseverou o Juízo a quo, a sucessora responde tanto pelos pelas obrigações trabalhistas dos contratos em curso, como por aqueles extintos antes da transferência da titularidade da empresa. A demanda foi ajuizada em face de Carioca 2000 Distribuidora Ajax de Baterias Ltda, que foi revel, tendo sido declarado o vínculo de emprego e reconhecido os demais pedidos da inicial, por não existir prova capaz de afastar a presunção de veracidade das alegações autorais, com a condenação subsidiária da empresa Baterias Cral Ltda. O valor do depósito recursal foi liberado através do alvará judicial de fl.220, no valor de R$4.678,13. Vindo a execução, após a homologação dos cálculos e notificação da 1ª Ré para pagar o valor homologado em 48 horas, cujo comprovante de entrega retornou com a informação desconhecido, o Exequente requereu, às fls. 234/235, que a execução prosseguisse em face da empresa Meritum do Brasil Cial de Peças e Automotivas Ltda., sob a alegação de sucessão de empregadores. Determinado o bloqueio do valor da execução em contas da 1ª Ré, que restou infrutífera, o Juízo a quo determinou a inclusão da sucessora no pólo passivo. Pág.3

4 O documento de fl. 249 comprova que a empresa Carioca 2000 Distribuidora Ajax de Baterias Ltda, empregadora original do Autor, possuía estabelecimento na Estrada Dona Teresa Cristina 581 Chácara Rio-Petrópolis Duque de Caxias, sendo que atualmente, a empresa Meritum Brasil Comercial de Peças Automotivas Ltda. encontra-se estabelecida no mesmo endereço que a 1ª Ré, conforme Alvará de Licença para Localização de fls A Agravante limita-se a alegar a ilegitimidade pelo fato de ter iniciado suas atividades em , enquanto o Agravado teria sido demitido em , e por não ter trazido aos autos o contrato social nem alterações contratuais da 1ª Ré, não fazendo qualquer impugnação ao fato de estar localizada no mesmo endereço, atuando no mesmo ramo de atividade da sucedida, qual seja, o comércio varejista de baterias e acessórios de baterias, produtos elétricos automotivos, peças automotivas e derivados de petróleo, etc. A empresa Meritum do Brasil Cial de Peças e Automotivas Ltda não se desincumbiu do ônus de provar que tenha ocupado o imóvel onde antes estava estabelecida a empresa Carioca 2000 Distribuidora Ajax de Baterias Ltda, sem a utilização da estrutura organizacional existente no imóvel construída pela sucedida. Mascaro Nascimento: Sobre a matéria vale reproduzir as lições de Amauri Tem admitido a doutrina a sucessão de empresa, mesmo quando há alienação de um de seus estabelecimentos. Verifica-se, portanto, a modificação de titular em relação aos empregados, cujo estabelecimento passa a pertencer a novo empresário, incorporando-se, nessas condições, a uma empresa nova ou passando a constituir, por si, uma empresa. Portanto, não só com o transpasse de toda a organização, mas de parte dela, também, configura-se a sucessão, no sentido trabalhista. Contudo, mesmo reconhecendo a existência de sucessão Pág.4

5 trabalhista, a execução deve seguir a ordem determinada no título executivo judicial e, com isso, esgotada a possibilidade de satisfação do débito em face da devedora principal, esta deve ser direcionada ao devedor subsidiário, antes daquela prosseguir em face da sucessora. Logo, prematuro o ato do juízo da execução que determinou o prosseguimento desta em face da sucessora, merecendo, assim, reformo a decisão agravada. Certo é que, sendo infrutífera a execução contra o devedor principal e subsidiário, poderá esta ser dirigida contra a empresa sucessora, como também, contra os sócios da devedora principal e, ainda, contra os sócios da responsável subsidiário. Inadmissível é direcionar a execução prematuramente contra a sucessora do devedor principal e, assim, permitir ao devedor subsidiário furtar-se do cumprimento do título executivo judicial. Por tais razões, dou provimento ao Agravo de Petição. Relatados e Discutidos, ACORDAM os Desembargadores que compõem a 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, CONHECER do Agravo de Petição e, no mérito, por maioria, DAR-LHE PROVIMENTO, para afastar a sucessão declarada e reformar a decisão agravada, na forma da fundamentação do voto do Desembargador José Antonio Teixeira da Silva, que redigirá o acórdão. Ficou vencido o Desembargador Relator que negava provimento ao agravo. Rio de Janeiro, 12 de Dezembro de Desembargador Federal do Trabalho Jose Antonio Teixeira da Silva Redator Designado Pág.5