Tribunal Regional Eleitoral de Goias

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1 Tribunal Regional Eleitoral de Goias ACORDÃO N RECURSO ELEITORAL N CLASSE 30 - PROTOCOLO N NOVA VENEZA RELATOR: JUIZ MARCO ANTONIO CALDAS RECORRENTE: VALDECY PEREIRA VAZ ADVOGADO: HERNANE OLIVEIRA PINTO EMENTA RECURSO ELEITORAL. PRESTACAO DE CONTAS. ELEICOES ALEGACAO DE ERRO MATERIAL SEM CORRESPONDENTE CORRECAO NA PRESTACAO RETIFICADORA. AUSENCIA DE CRITERIO DE AVALIACAO NAS DOACOES ESTIMAVEIS EM DINHEIRO. COMPROMETIMENTO DE CERCA DE 50% DO TOTAL DE RECURSOS DA CAMPANHA. NAO APLICACAO DO PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE. CONTAS DESAPROVADAS. RECURSO NAO PROVIDO. ACORDAO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juizes integrantes do Tribunal Regional Eleitoral de Goias, a unanimidade, em conhecer e näo prover o recurso eleitoral, nos termos do voto do Relator. Goiania, de fevereiro de Des. F Juiz MAR TAVARES DO Regional Eleitoral 1

2 Tribunal Regional Eleitoral de Goias RECURSO ELEITORAL N CLASSE 30 PROTOCOLO N NOVA VENEZA RELATOR: JUIZ MARCO ANTONIO CALDAS RECORRENTE: VALDECY PEREIRA VAZ ADVOGADO: HERNANE OLIVEIRA PINTO 1. RELATORIO Cuida-se do recurso eleitoral interposto por VALDECY PEREIRA VAZ contra a decisäo (fls ) da Juiza da 54 a Zona Eleitoral (Nova Veneza/GO) que desaprovou suas contas da campanha eleitoral 2008 ao cargo de vereador daquela municipalidade. A sentenca recorrida rejeitou as contas por considerar as seguintes irregularidades: a) declaragão de gastos corn recursos do fundo partidârio, sem o lancamento de recursos desta natureza, e auséncia de documentacäo fiscal referente a essas despesas; e b) auséncia de critêrio de avaliagäo nas doactles estimâveis em dinheiro. Em suas razties recursais (fls ), o recorrente alega, em sintese, que ocorreu erro no preenchimento do Demonstrativo de Receitas Declaradas e que a irregularidade apontada de aus8ncia de criterio de avaliacäo nas doacoes estimäveis em dinheiro foi saneada. Ao final, aduz que s irregularidades apontadas nao comprometem a lisura da prestacao de contas.

3 Por isso, pede, sucessivamente, que seja reformada a sentenca recorrida e aprovadas suas contas. Instado, o Procurador Regional Eleitoral optou por manifestar-se oralmente na sessao de julgamento (fls. 51-v). E o relatorio. 2. VOTO Conhecimento. con hego. 0 recurso a proprio e tempestivo, motivos pelos quais dele Mêrito. A sentenca recorrida aponta como irregularidades: a) declaracao de gastos corn recursos do fundo partidario, sem o lancamento de recursos desta natureza, e auséncia de documentacao fiscal referente a esses gastos; e b) auséncia de critêrio de avaliacao nas doacees estimaveis em dinheiro. Quanto a declaracao de gastos corn recursos do fundo partidario, sem o lancamento de recursos desta natureza e auséncia de documentacao fiscal referente a essas despesas, o recorrente afirma que ocorreu urn erro que nao foi corrigido, pois em que pese estar registrado no Demonstrativo de Receitas Declaradas o valor de R$ 300,00, tal receita nao existiu. Neste ponto, o candidato a fl. 29 declara expressamente que nao recebeu recursos do fundo partidario e o que consta no Demonstrativo de Receitas e Despesas de fl. 06, foi erro de digitacao. Apesar do candidato declarar erro formal no preenchimento do documento respectivo (fl. 06) vejo que ele nao apresentou as contas retificadoras, corn os documentos comprobatorios da alteracâo respectiva, consoante exigéncia do 1 do art.36 da Resolucao TSE /2008 1, ou seja, a irregularidade permanece. Na questao da auséncia de criterio de avaliacao nas doacoes estimaveis em dinheiro, o recorrente entende que a pr6pria magistrada Art.36. (...). 1. Sempre que o cumprimento de diligèncias implicar alteracâo das peps, sera obrigat6ria a apresentagão da pres ao de contas retificadora, impressa em novo disquete gerado pelo SPCE e acompanhada dos documentos que compro a a alteracâo realizada Nova Veneza 2

4 considerou como irregularidade sanada e, portanto, nao pode ser considerada subjetivamente no motivo da desaprovacäo das contas. Vejamos entäo excertos da decisäo em relacäo ao tema: "... o candidato nä apresentou critèrio de avaliagão das receitas estim(jveis em dinheiro, em ofensa ao art. 30, 1 da resolugão, bem como apresentou recibos eleitorais corn preenchimento incompleto, sendo que tal irregularidade so restou sanada, em razão de iniciativa deste juizo, o que somado aos fatos anteriormente relatados, comprometem a confiabilidade das contas." Acredito equivocado o entendimento do recorrente, pois o que extraio do excerto acima mencionado, é que o Juizo da 54a Zona Eleitoral so considerou sanado o preenchimento dos recibos eleitorais apresentados, e nao a auséncia de criterio de avaliacâo nas doagoes estimäveis em dinheiro. Portanto, neste ponto, tambêm, vejo que nao prospera o argumento do recorrente. Principalmente, se considerarmos que no Demonstrativo dos Recursos Arrecadados de fl. 04, os recursos estimäveis em dinheiro, somados, perfazem o montante de R$ 1.004,00 (hum mil e quatro reais), do total de R$ 2005,00 (dois mil e cinco reais) de todos os recursos arrecadados para campanha do candidato. Corn efeito, em caso de recursos estimâveis em dinheiro, a necessidade de acompanhamento de notas explicativas é regra do 1 do art.30 da Resolucäo TSE n /2008, verbis: " 1. 0 Demonstrativo dos Recursos Arrecadados contera todas as doacties recebidas, devidamente identificadas, inclusive os recursos pniprios, as quais, quando forem estimàveis em dinheiro, seräo acompanhadas de notas explicativas corn descrig5o, quantidade, valor unitario e avaliagäo pelos pregos praticados no mercado, corn indicagao da odgem da avaliagtio e do respectivo recibo eleitoral." Observo, nao se tratar de urn requisito meramente formal. 0 dispositivo em questao procura evitar informacoes tendenciosas, corn a subestimacäo dos recursos utilizados na campanha, artificio hâbil a encobrir a existéncia de abuso do poder econornico, somente aferivel se presente elementos concretos de identificagâo da valoragäo atribuida aos bens. Ademais, vejo que o candidato nao fez prova cabal da receita estimada de cessão de veiculo para use de campanha, no valor d R$ 880,00 (fls. 11) Nova Veneza 3

5 Fl. 5 GBJ 2 Assim, penso que o candidato deixou de atender o art. 31, Paragrafo Onico, inc. Ill, da Res. TSE n /2008 2, ao afirmar que arrecadou recursos sem os contemplar em sua prestagao de contas, tendo em vista que na hip6tese de arrecadagao de bens ou servigos estimaveis em dinheiro, deixou de formular o necessario termo de cessao. Segundo entendimento desta Corte, externado no Ac. n , a falta de apresentagão do canhoto de recibo eleitoral relativo a gasto estimavel corn a utilizagao de urn veiculo familiar durante a campanha eleitoral, aliada ao informe de nao ocorréncia de abuso corn as despesas declaradas corn combustivel, sinaliza vicio de natureza formal. Todavia, mesmo tendo afirmando que utilizou carro pr6prio, o candidato nao comprovou por meio de outros documentos ser proprietario de veiculo algum, ficando apenas no campo da alegagao, o que, a meu ver, desatende a legislagäo eleitoral 4, comprometendo a regularidade de sua escrituragao contabil. E que a aprovagao das contas em casos semelhantes darse-a apenas quando "tenha restado comprovado que os automoveis foram 2 "Art. 31 da Res /2008: A comprovagao das receitas arrecadadas dar-se-a pelos canhotos dos recibos eleitorais emitidos e extratos bancarios, juntamente corn a apresentagão dos recibos eleitorais nao utilizados. ParAgrafo Onico. Na hipotese da arrecadagão de bens e servigos estimaveis em dinheiro, a comprovagao das receitas dar-se-a pela apresentagão, alem dos canhotos de recibos eleitorais emitidos, dos seguintes documentos: I nota fiscal de doagao de bens ou servigos, quando o doador for pessoa juridica; II documentos fiscais emitidos em nome do doador ou termo de doacao por ele firmado, quando se tratar de bens ou servigos doados por pessoa fisica; III termo de cessao, ou documento equivalente, quando se tratar de bens pertencentes ao doador, pessoa fisica ou juridica, cedidos temporariamente ao candidato ou ao comitit financeiro." grifei 3TRE/GO, Ac. n. 5746, de , Rel. Euler de Almeida Silva Junior. Ementa RECURSO ELEITORAL. PRESTAQAO DE CONTAS. CANDIDATO A VEREADOR. ELEIQOES AUSENCIA DE EMISSAO DE RECIBO ELEITORAL E DE REGISTRO DE GASTO ESTIMAVEL EM DINHEIRO REFERENTE A urilizacao DE VEICULO PROPRIO DO CANDIDATO E OUTRO DE PROPRIEDADE DE SUA MAE. APLICAQA0 DO PRINCIPIO DA RAZOABILIDADE. IRREGULARIDADES QUE NAO COMPROMETEM A FISCALIZAQA0 E CORREQA0 DAS CONTAS PRESTADAS. A falta de emissào de recibo eleitoral e de registro de doagão estimavel em dinheiro, pertinente a utilizagao de veiculo proprio do candidato e de outro de propriedade de sua mae, durante a campanha eleitoral, configura vicio de natureza formal, tendo em vista nao haver expressividade na quantidade de combustivel efetivamente doado ao candidato pelo Comité Financeiro. Aplicagao do principio da razoabilidade uma vez que as irregularidades observadas nao comprometem a fiscalizagão das contas do candidato e a sangao para a desaprovagao das contas consiste no impedimento de obtengao de certidao de quitagao eleitoral. 3. Recurso conhecido que se nega provimento para manter a decisao que aprovou corn ressalvas as contas, nos termos do art. 40, II, da Resolugao TSE / "Art. 31 da Res /2008: A comprovagao das receitas arrecadadas dar-se-a pelos canhotos dos recibos eleitorais emitidos e extratos bancarios, juntamente corn a apresentagao dos recibos eleitorais nao utilizados. Parbgrafo Onico. Na hipdtese da arrecadagio de bens e servigos estimaveis em dinheiro, a comprovagao das receitas dar-se4 pela apresentagão, alem dos canhotos de recibos eleitorais emitidos, dos seguintes documentos: I nota fiscal de doacao de bens ou servigos, quando o doador for pessoa juridica; II documentos fiscais emitidos em nome do doador ou termo de doacao por ele firmado, quando se tratar de a,,ns ou servigos doados por pessoa fisica; III termo de cessao, ou documento equivalente, quando se tratar de bens pertencentes ao doador, pe sica ou juridica, cedidos temporariamente ao candidato ou ao comité financeiro." grifei Nova Veneza 4

6 Fl. CIO GBJ 2 cedidos pelo pr6prio candidato e familiares e que a quantidade de veiculos cedidos seja compativel corn os gastos declarados a titulo de despesas corn combustiveis e lubrificantes."5 De notar-se, ainda, que gastos de recursos na ordem de R$ 1.004,00, aproximadamente 50% do valor total de despesas de campanha (R$ 2005,00 - f. 06), inviabilizam a aplicagâo do principio da proporcionalidade. Portanto, concluo que as irregularidades aqui pontuadas, em conjunto, demonstram a fragilidade das contas, comprometendo a confiabilidade dos dados apresentados, impondo-se a manutencao da decisão a quo quanto desaprovacâo das contas. 3. DISPOSITIVO Isso posto, conhego do recurso e ne provimento. Goi5nia, marco de Marco J C to 5 THE/SC, Ac. n , Rel. OSCAR JUVENCIO BORGES NETO, de Nova Veneza 5

7 Tribunal Regional Eleitoral de Goias CERTIDAO DE JULGAMENTO Recurso Eleitoral N ORIGEM: NOVA VENEZA - GO PAUTA: 05/03/2010 (Pauta n? 17) JULGADO EM: 15/03/2010 (SESSAO N o 21/2010) RELATOR(A): EXMO(A). SR(A). JUIZ MARCO ANTONIO CALDAS PRESIDENTE DA SESSAO: Exmo(a). Sr(a). Des. Floriano Gomes PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: Dr. Alexandre Moreira Tavares dos Santos SECRETARIO(A): Andyra Maria Guimaraes de Menezes AUTUACAO RECORRENTE(S) : VALDECY PEREIRA VAZ ADVOGADO : HERNANE OLIVEIRA PINTO CERTIDAO Certifico que o egregio Tribunal Regional Eleitoral ao apreciar o processo em epigrafe, em sessao realizada nesta data, proferiu a seguinte decisao: O Tribunal, a unanimidade, conheceu e negou provimento ao Recurso Eleitoral, nos termos do voto do Relator. Deu-se por lido e conferido o AcOrdao. Presentes os Senhores Desembargadores Floriano Gomes, Presidente, e Ney Teles de Paula, Vice-Presidente e Corregedor, Juizes Ilma VitOrio Rocha, Elizabeth Maria da Silva, Marco Antonio Caldas, Carlos Humberto de Sousa, Joao Batista Fagundes Filho e o Procurador Regional Eleitoral, Alexandre Moreira Tavares dos Santos. O referido é verdade. Dou fe. Goiania, 15 de marco de 2010.!`11W Andyra Maria Guirharaes de Menezes Secretaria de SessOes