Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

Transcrição

1 TK ACÓRDÃO N. Relator: Juiz Antonio do Rêgo Monteiro Rocha Recorrente: Lucimar Alcides Uller de Bittencourt ELEIÇÕES PRESTAÇÃO DE CONTAS - CANDIDATO AO CARGO DE VEREADOR - DESAPROVAÇÃO - RECURSO ELEITORAL - CESSÃO DE AUTOMÓVEL PARA FAZER PROPAGANDA ELEITORAL - BEM PERTENCENTE A PESSOA DISTINTA DO DOADOR - COMPROVAÇÃO DA AQUISIÇÃO DO VEÍCULO PELO DOADOR ANTES DA UTILIZAÇÃO EM CAMPANHA - FALHA REGULARIZADA - APROVAÇÃO DAS CONTAS - PROVIMENTO. ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, conhecer do recurso e a ele dar provimento, para aprovar as contas de campanha de Lucimar Alcides Uller de Bittencourt, relativas às eleições de 2016, nos termos do voto do Relator, que fica fazendo parte integrante da decisão. Sala de Sessões do Tribunal F oral. Florianópolis, 15 de março de : / / / Juiz ANTONIO DO RÊGO M Relator )CHA /

2 RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto por Lucimar Alcides Uller de Bittencourt, candidata ao cargo de vereador de Balneário Piçarras, contra sentença do Juiz da 68 a Zona Eleitoral, que desaprovou a sua prestação de contas, relativa às eleições municipais de 2016, ao fundamento de que o veículo cedido para a campanha não fazia parte do patrimônio do doador (fls ). A recorrente alega, em síntese, que: a) "o doador adquiriu o veículo de terceiro, em data de 26/08/2016, estando o recibo do veículo assinado e com firma reconhecida, o que, por si só, comprova a propriedade"; b) "o termo de cessão de utilização do carro para publicidade da campanha da candidata preenche todos os requisitos legais de doação estimável, estando devidamente comprovado através da emissão do recibo eleitoral e do termo de cessão". Requer o conhecimento e provimento do recurso, para que as contas sejam aprovadas (fls ). Ao receber o recurso, o Juiz Eleitoral consignou "que o documento de fl. 21 verso (DUT) não constava nos autos quando da prolação da sentença", asseverando que "infelizmente, ao que tudo indica, referida digitalização foi maliciosamente anexada após a referida decisão" (fl. 36). Ato contínuo, o chefe do cartório eleitoral certificou que, "ao examinar os documentos juntados, não constava da fl. 21v a autorização de transferência de propriedade do veículo preenchida", tendo tomado conhecimento desta informação apenas após publicação da sentença (fl. 37). Nesta instância, a Procuradoria Regional Eleitoral, em parecer lavrado pelo Dr. Roger Fabre, manifestou-se pelo contíeci^iento e provimento parcial do recurso, a fim de que as contas séjam aprovadas com ressalvas (fls ). / Com o objetivo de dirimir a dúvida referente à autenticidade do documento apresentado pela recorrente, determinei/a sua intimação para apresentar cópia autenticada, em cartório, do certifijéado de propriedade do veículo de Placa MCV 0080, com a autorizaçãó para transferência de propriedade preenchida em nome de Ricardo Uller de Bittencourt, conforme documento de fl. 21 (fl. 52). Em cumprimento à diligência, a recorrente apresentou a documentação solicitada (fls ). 2

3 TRESC VOTO O SENHOR JUIZ ANTONIO DO RÊGO MONTEIRO ROCHA (Relator): 1. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. 2. Como fundamento da rejeição das contas, o Magistrado apresentou a seguinte argumentação no decisum: "Não há dúvida que as razões apresentadas pela parte interessada estão em consonância com a legislação eleitoral, sobretudo a parte em destaque. Ocorre que a documentação apresentada pela candidata atesta o contrário, pois o veículo utilizado na publicidade por carro de som pertence à terceiro (Sra. Erlaine Eugênio), consoante Certificado de Registro de Veículo de pág, 21. Ademais, não consta dos autos um único documento que indique que o veículo foi vendido à Ricardo Uller Bittencourt. Portanto, o bem cedido durante a campanha não compreende o patrimônio do doador (filho da interessada), pior, o extrato de prestação de contas de pág. 03 apresenta-se zerado no item que diz respeito a cessão ou locação de veículo. O trabalho desenvolvido a título de publicidade de carros de som não pode ser confundido com a cessão ou locação do veículo, principalmente quando de pessoas distintas". Não obstante as suspeitas suscitadas nos autos, é inviável determinar se o documento apresentado para comprovar a propriedade do veículo utilizado em campanha foi ou não juntado de forma furtiva pela recorrente, especialmente porque inexiste certidão informando a retirada dos autos do cartório após a prolação da decisão. De qualquer modo, a documentação trazida aos autos em diligência realizada nesta instância recursal, demonstra que o veículo cedido para realizar propaganda eleitoral em prol da recorrente foi adquirido pelo seu filho (Ricardo Uller Bittencourt), em , antes, portanto, da assinatura do termo de cessão e da emissão do recibo eleitoral corroborando a doação estimável, ocorrida em (fls. 19 e 19-verso). Logo, resta satisfatoriamente comprovada a origem da receita estimável em dinheiro arrecadada pela recorrente, nos termos do art. 53 da Resolução TSE n /2015. / 3

4 TRESC A propósito, convém registrar que a legislação autoriza as pessoas físicas a fazerem doações estimáveis em dinheiro para campanhas eleitorais mediante a cessão de bem de sua propriedade ou a prestação pessoal de serviços (Lei n /1997, art. 23 c/c Resolução TSE n /2015, art. 18, II). O fato de o valor do recurso estimado ter sido registro na rubrica "publicidade por carros de som", ao invés de "locação ou cessão de veículo", constitui mera irregularidade formal, por não implicar na omissão de receita. Sobre a matéria, traz-se entendimentos jurisprudenciais aplicáveis ao caso vertente: "Apresentados o comprovante de propriedade de automóvel próprio e o respectivo termo de cessão para a utilização em campanha, considerase sanada a irregularidade relativa à realização de despesas com combustível sem a declaração de utilização de veículos" (TRESC, Ac. n , de , Juiz Ivorí Luis Eia Silva Scheffer). "A falta da emissão de recibos eleitorais correspondentes às despesas com combustível dos veículos, próprios ou de terceiros, utilizados na campanha não justifica, por si só, a rejeição das contas, especialmente quando a propriedade do bem resta/ comprova^iar^a^jantidade de combustível adquirida for compatível com a proyáível utilização do veículo durante o período de campanha e, air^da, rjãffhouver evidências de máfé" (TRESC, Ac. n , de , Juiz Nelson Juliano Schaefer Martins - grifei). / Em conclusão, não remanesce irregularidade capaz de justificar a desaprovação das contas. / 3. Ante o exposto, dou provimento ao recurso para aprovar as contas de campanha de Lucimar Alcides Uller de Bittencourt, relativas às eleições de

5 EXTRATO DE ATA RECURSO ELEITORAL N RECURSO ELEITORAL - PRESTAÇÃO DE CONTAS - DE CANDIDATO - CARGO - VEREADOR - ELEIÇÕES (2016) - 68 a ZONA ELEITORAL - BALNEÁRIO PIÇARRAS RELATOR: JUIZ ANTONIO DO RÊGO MONTEIRO ROCHA RECORRENTE(S): LUCIMIR ALCIDES ULLER DE BITTENCOURT ADVOGADO(S): ELISÂNGELA PINHEIRO PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ CESAR AUGUSTO MIMOSO RUIZ ABREU PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: MARCELO DA MOTA Decisão: à unanimidade, conhecer do recurso e a ele dar provimento, para aprovar as contas de campanha, nos termos do voto do Relator. Foi assinado o Acórdão n Participaram do julgamento os Juízes Cesar Augusto Mimoso Ruiz Abreu, Antonio do Rêgo Monteiro Rocha, Hélio David Vieira Figueira dos Santos, Fernando Luz da Gama Lobo D'Eça, Davidson Jahn Mello, Luísa Hickel Gamba e Wilson Pereira Júnior. PROCESSO JULGADO NA SESSÃO DE REMESSA Aos dias do mês de de 2017 faço a remessa destes autos para a Coordenadoria de Registro e Informações Processuais - CRIP. Eu,, servidor da Seção de Preparação, Acompanhamento e Registro das Sessões Plenárias, lavrei o presente termo.