Círculo de Inovação. Visitas de estudo a explorações caprinas

Transcrição

1 Círculo de Inovação Visitas de estudo a explorações caprinas A divulgação de conhecimentos técnicos especializados e de boas práticas produtivas e de gestão empresarial integra o conjunto das atribuições cometidas aos Serviços da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPCentro). Assim, no decorrer da última semana de Novembro, foram efectuadas mais três visitas de estudo a explorações caprinas evoluídas, de grande potencial demonstrativo, por parte de um grupo de criadores de pequenos ruminantes ovinos e caprinos da Região Centro, com o objectivo de dinamizar e facilitar a adopção e a incorporação das inovações tecnológicas nas empresas agro-pecuárias da Região Centro. A maior parte deste grupo de visitantes é constituída por Jovens Empresários Agrícolas já instalados ou que pretendem candidatar-se a essa situação no âmbito do próximo Programa de Desenvolvimento Rural Tratou-se de mais uma acção de divulgação e informação técnica especializada, da iniciativa da Divisão de Produção Agrícola e Pescas (DPAP), coordenada pelo Engenheiro agrónomo Carlos Alarcão, deste Departamento, em estreita colaboração com as Delegações Regionais da Sertã e de Viseu e envolvendo ainda a Associação de Desenvolvimento Rural de Lafões (ADRL). Devidamente enquadrados com o apoio de técnicos especializados, este grupo de criadores interessados constitui o que se pode designar por Círculo de Inovação. No dia 21 de Novembro último, visitou-se uma exploração agro-pecuária localizada no concelho de Penela, gerida por Jovem Empresário Agrícola (Figura 1), com formação académica de nível superior que, após sucessivas experiências, optou por trabalhar a raça caprina Murciano-granadina, originária do Sul de Espanha (Figura 2). Figura 1 Jovem empresário agrícola apresentando a sua exploração aos visitantes.

2 A raça caprina Murciano-granadina tem beneficiado de um programa bem sucedido de selecção e melhoramento genético em Espanha, ao longo dos últimos vinteanos, atingindo com relativa facilidade produções da ordem dos litros de leite/ano. Figura 2 As cabras Murciano-granadinas são a principal raça de aptidão leiteira em Espanha. Dado que o programa principal das visitas era precisamente a questão das raças de caprinos, tipos de produção e sua viabilidade económica, foi também visitada uma outra exploração de caprinos, situada no concelho de Góis, em zona mais fria e montanhosa, de solos delgados e de acentuados declives. O grupo dos visitantes foi acolhido pela titular da exploração, uma Jovem Empresária Agrícola (Figura 3), de naturalidade holandesa, radicada em Portugal há mais de 10 anos, que recorreu aos apoios ao investimento no âmbito do Programa AGRO. Figura 3 Jovem Empresária Agrícola, junto da sua moderna queijaria, em conversa animada com os agricultores e técnicos que integram o Círculo de Inovação em Caprinicultura.

3 Para além da visita às instalações pecuárias propriamente ditas, foi possível visitar as instalações recém-construídas, que integram a queijaria, câmaras de cura e posto de venda. Na verdade, em zonas desfavorecidas de montanha, onde o acesso aos mercados está fortemente condicionado pela importância relativa dos encargos com os transportes, a transformação do leite em queijo na própria exploração pode ser a pedra basilar da viabilidade económica das explorações de pequenos ruminantes, permitindo rentabilizar melhor o factor mão-de-obra da própria empresa agro-pecuária. Os aspectos essenciais e que foram amplamente debatidos ao longo desta visita, focaram a gestão alimentar do efectivo, a eficácia do parqueamento das zonas de pastoreio através do recurso a cercas eléctricas e, finalmente, a adaptação climática e produtiva do efectivo, constituído na base da raça caprina Anglo-nubiana (Figura 4), uma raça exótica originária de zonas mais quentes, concretamente do norte de África. Figura 4 Efectivo com heterogeneidade fenotípica, com predomínio de sangue anglo-nubiano. No entanto, a boa adaptação às condições climáticas e de exploração, ao longo dos anos e das sucesivas gerações, permitem a este efectivo caprino anglo-nubiano atingir bons níveis produtivos e boas rentabilidades em carne e leite/queijo. A terceira e última visita efectuada incidiu sobre uma exploração de caprinos da raça autóctone Serrana ecotipo Jarmelista, localizada perto de Vila Nova de Paiva, numa extensa área de terrenos baldios, onde o regime silvo-pastoril pode constituir uma poderosa ferramenta de prevenção e de controle dos incêndios florestais. Os caprinos Jarmelistas (Figura 5) são animais de dupla aptidão (leite e carne), com muito bom instinto maternal e bem adaptadas às condições edafo-climáticas das zonas montanhosas do Centro do País. Contando com a presença de técnicos da Associação Nacional de Criadores de Caprinos da Raça Serrana (ANCRAS), um dos temas fortes desta visita incidiu sobre a importância da selecção animal, com base nos registos de produção leiteira e da evolução do peso vivo dos cabritos ao longo dos períodos de aleitamento e de lactação propriamente dita.

4 Figura 5 Cabras serranas Jarmelistas, bem adaptada ao pastoreio em regime silvo-pastoril. Os criadores tiveram oportunidade de visitar as instalações (Figura 6) e de assistir à marcação das jovens fêmeas, visando a sua posterior inscrição no Livro Genealógico da raça Serrana, que é gerido pela ANCRAS. Figura 6 Os caprinos Jarmelistas encontram-se especialmente bem adaptados à região conhecida por Beira Alta (distritos de Viseu e da Guarda).

5 Foi abordada a questão de se constituir não um, mas sim dois rebanhos (rebanho carne e rebanho leite ) numa mesma exploração. Deste modo, é possível orientar as cabras de menor potencial leiteiro para a produção de cabritos, que são muito valorizados pelo mercado em épocas específicas do ano, ao mesmo tempo que as fêmeas mais produtivas são ordenhados duas vezes ao dia, fazendo do leite ou do queijo a principal actividade geradora das receitas da exploração. Ao fim destas visitas a explorações caprinas evoluídas, estão lançados os dados para os criadores ponderarem, com maior conhecimento técnico e de gestão, os diversos factores que conduzem a uma adequada rentabilidade da exploração caprina, capaz de garantir uma boa qualidade de vida ao Caprinicultor e ao seu agregado familiar. Numa próxima sessão, correspondendo ao interesse manifestado pelos criadores aderentes ao Círculo de Inovação, serão abordados novos temas, tais como as perspectivas de apoio ao investimento no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (ProDeR). Divisão de Produção Agrícola e Pescas 05 de Dezembro de 2007