R EP Ú BLI C A F E DE R AT I V A D O BRAS I L TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL RIDALVO COSTA

Transcrição

1 AGRAVO DE INSTRUMENTO (TURMA) Nº CE AGRTE: MARPEX - INDUSTRIA DE PESCA S/A ADV/PROC: NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES E OUTROS AGRDO: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE: PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL RIDALVO COSTA E M E N T A: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO. AUXÍLIO-DOENÇA E SALÁRIO-MATERNIDADE. EXCLUSÃO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. FÉRIAS E ABONO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. INCLUSÃO. - Não integra o salário de contribuição a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxíliodoença Lei nº 8.212/91, art. 28, 9º, n. - O salário-maternidade, benefício custeado pela previdência social, não integra a folha de salário para efeito de contribuição social do empregador. - As férias remuneradas e o abono constitucional de férias possuem natureza remuneratória e integram a base de cálculo da contribuição previdenciária patronal. AGTR CE fls. 1/6

2 A C Ó R D Ã O Vistos, etc. DECIDE a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, dar provimento, em parte, ao agravo de instrumento, nos termos do relatório e voto anexos, que passam a integrar o presente julgamento. Recife,19 de abril de (data do julgamento) Des. Federal Ridalvo Costa Relator AGTR CE fls. 2/6

3 AGRAVO DE INSTRUMENTO (TURMA) CE R E L A T Ó R I O DESEMBARGADOR FEDERAL RIDALVO COSTA: Trata-se de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo ativo, interposto pela Marpex Indústria de Pesca S/A, contra decisão do MM Juiz Federal da 2ª Vara da Seção Judiciária do Ceará, que indeferiu liminar em mandado de segurança visando a suspender a exigibilidade da contribuição previdenciária incidente sobre a folha de salário, relativamente aos quinze dias iniciais do afastamento do auxílio doença, ao salário-maternidade, às férias e ao adicional de 1/3 de férias. Sustenta que a hipótese de incidência descrita na norma é o pagamento de remuneração em razão do trabalho efetivamente, ou potencialmente, prestado, sendo desnecessário indagar se há natureza jurídica salarial nos valores pagos. Dessa forma, não incide a contribuição quando o empregado está acidentado, doente, gestante ou em gozo de férias, pois nesse caso não está prestando serviços e nem se encontra à disposição da empresa. Contra-minuta apresentada fls. 61/63. É o relatório. Dispensada a revisão, determino a inclusão do processo em pauta. (AC/MR) AGTR CE fls. 3/6

4 AGRAVO DE INSTRUMENTO (TURMA) CE V O T O DESEMBARGADOR FEDERAL RIDALVO COSTA: Dispõe a Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.528/97: Art. 28. Entende-se salário-de-contribuição: (...) 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de ). n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxílio-doença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de ). Inclina-se a jurisprudência do STJ no sentido de que não incide a contribuição sobre a folha de salário, no período em que o empregador paga o benefício, pelo fato de não possuir o auxílio-doença natureza salarial: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO-CRECHE. AUXÍLIO-DOENÇA. REEMBOLSO COM DESPESAS MÉDICAS. NATUREZA SALARIAL. NÃO CONFIGURÇÃO. 1. O auxílio-creche não remunera o trabalhador, mas o indeniza pelo fato de a empresa não manter creche funcionando em seu estabelecimento, de tal modo que, por ser considerado ressarcimento, não integra o salário-de-contribuição, base de cálculo da contribuição previdenciária. 2. Ante a não-configuração de natureza salarial, as verbas recebidas pelo empregado nos quinze primeiros dias de afastamento por AGTR CE fls. 4/6

5 motivo de doença não sofrem incidência de contribuição previdenciária. 3. As parcelas pagas ao empregado como ressarcimento de despesas médicas não atraem a incidência da contribuição previdenciária por expressa previsão legal. Art. 28, 9º, do Decreto nº 2.172/ Recurso especial não provido (Resp. nº RS, 2º Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julg , publ ). Da mesma forma entendo que o saláriomaternidade, benefício custeado pela previdência social, não integra a folha de salário para efeito de contribuição social do empregador. Durante o gozo do benefício, o contrato de trabalho é suspenso, reforçando a tese de que o saláriomaternidade não integra a folha de salário para fins de incidência da referida contribuição. Nesse sentido, já decidiu a eg. 3º Turma: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. FOLHA DE SALÁRIO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. - O salário-maternidade substitui o salário-decontribuição da empregada, e sendo benefício previdenciário não integra a folha de salário, base de cálculo da contribuição da empresa. Precedentes deste tribunal. (Agtr CE, 3º Turma, Rel. Des. Federal Ridalvo Costa, jul , publ ) Quanto as férias remuneradas e o adicional de 1/3 de férias, previsto no art. 7º, XVII da CF, diferentemente do salário-maternidade, auxílio-acidente e auxílio-doença, possuem natureza essencialmente salarial, compõem o salário de contribuição, nos termos do art. 28 de Lei nº 8.212/91, não existindo razão para não AGTR CE fls. 5/6

6 integrarem a base de cálculo da contribuição previdenciária. Ante o exposto, dou provimento, em parte, ao agravo de instrumento, para afastar a exigibilidade da contribuição previdenciária patronal sobre os benefícios do saláriomaternidade e do auxílio doença. É como voto. Des. Federal Ridalvo Costa Relator AGTR CE fls. 6/6