3. Talassoterapia. Ana Afonso Alcântara

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1 3. Talassoterapia 3.1. Evolução histórica da talassoterapia 3.2. Benefícios gerais e indicações terapêuticas da talassoterapia 3.3. Os centros de talassoterapia Ana Afonso Alcântara acgafonso@gmail.com

2 3.1. Evolução histórica da Talassoterapia O termo Talassoterapia (do grego thalasso que significa mar e therapeia que significa terapia) foi usado pela primeira vez em 1867 por Bonnardiere mas continua actual nos dias de hoje. A talassoterapia implica o uso combinado de todos os benefícios proporcionados pelo ambiente marítimo, desde o clima, a própria água do mar, as lamas, algas e areias marinhas e muitas outras substâncias provenientes do mar enriquecidas de elementos vitais para o organismo, minerais e oligoelementos como magnésio, iodo, lítio, zinco, cobre e cálcio. A água do mar é aquecida a uma temperatura entre os 32º C e os 36º C, actuando ao nível da epiderme e proporcionando relaxamento muscular, revitalizando e reequilibrando o metabolismo. Em vossa opinião, a Talassoterapia poderá ser considerada um produto concorrente do Termalismo?

3 3.1. Evolução histórica da Talassoterapia Composição da água do mar A água do mar tem composição química quase constante. Com um pouco mais de 70 elementos dissolvidos na água do mar, apenas seis desses constituem mais de 90% dos sais dissolvidos: Cloreto (Cl-): 55,04 %m Sódio (Na+): 30,61 %m Sulfato (SO42-): 7,68 %m Magnésio (Mg2+): 3,69 %m Cálcio (Ca2+): 1,16 %m Potássio (K+): 1,10 %m (%m significa percentagem em massa)

4 3.1. Evolução histórica da Talassoterapia Características e efeitos dos minerais Sódio: É um mineral decisivo na transmissão dos impulsos nervosos, na atividade cardíaca e na assimilação das proteínas e hidratos de carbono; Magnésio: Responsável pelo equilíbrio do sistema nervoso central, favorecendo uma boa digestão das gorduras e a eliminação de resíduos tóxicos. É imprescindível para a assimilação correta do cálcio e da vitamina C; Enxofre: Está presente em todas as células é de frequente recomendação para combater o reumatismo, a artrite, arteriosclerose e o envelhecimento precoce; Cálcio: Está presente nos ossos e no tecido conjuntivo dos músculos e é essencial para uma boa circulação do sangue; Cobre: Imprescindível para a fixação do ferro e da vitamina C, favorece circulação sanguínea e opõe-se à excessiva coagulação do sangue;

5 3.1. Evolução histórica da Talassoterapia Fósforo: Fundamental para a assimilação do cálcio, contribuindo para a boa conservação do sistema nervoso e da capacidade intelectual; Potássio: É um mineral regulador do ajuste de água no organismo, que participa na contração do músculo cardíaco e está indicado como terapia nas fadigas musculares, na obesidade por retenção de líquidos, a osteoporose e mesmo nas afeções pulmonares; Sílica: Mineral anti-aglutinante que tem por função evitar o agrupamento de gorduras, estimular a eliminação de resíduos na urina e fortalecer a cartilagem e as articulações; Iodo: É um mineral indispensável para o bom funcionamento da glândula tiróide, com funções de melhorar a agudeza mental, queimar o excesso de gordura e permitir o bom desenvolvimento de unhas, cabelo e dentes;

6 3.1. Evolução histórica da Talassoterapia Zinco: Fundamental para o correto desenvolvimento dos órgãos sexuais, intervém em processos metabólicos como a produção de linfócitos, a síntese de proteínas e a formação de insulina; Ferro: É necessário para que o oxigénio chegue a todas as células do organismo e imprescindível para a produção da hemoglobina. É muito importante na produção de energia e na correta utilização das vitaminas do grupo B; Cobalto: Contribui na formação dos glóbulos vermelhos, uma vez que forma parte da vitamina B12, que é sintetizada pela flora intestinal e, como tal, tem uma qualidade anti-anémica; Manganésio: Ativa as enzimas na síntese das gorduras e participa no aproveitamento das vitaminas C, B1 e H. Acelera os processos metabólicos pelo que é útil na maioria das obesidades.

7 3.1. Evolução histórica da Talassoterapia As regiões do Canal da Mancha, Oceano Atlântico e Mar Mediterrâneo reúnem as condições ideais para a prática da Talassoterapia 1. Canal da Mancha Clima propício a esta prática devido à temperatura média do ar, cujos elevados índices de iodo são benéficos, em particular, para problemas respiratórios. Destaque para o fato de ter sido nesta região que foi criado o primeiro centro de Talassoterapia (1899). 2. Oceano Atlântico Ar benéfico para determinados tratamentos. Requer, no entanto, o conhecimento da utilização da força dos ventos. A possibilidade de ocorrência de variações climáticas sazonais justifica a existência de uma supervisão médica para todos os tratamentos Mar Mediterrâneo Aconselhado especialmente no período de Inverno, devido à excecional exposição solar e ao clima moderado (reumatismo, problemas nas articulações e nos músculos, poderão revelar-se mais sensíveis ao Inverno do Mediterrâneo). Contrariamente ao que se pensa, o litoral do Mediterrâneo é compatível com a Talassoterapia, pois apesar da aparente inexistência de marés e de atividade marinha, é nas profundezas do mar que ocorre a sedimentação marinha e onde as algas libertam o seu oxigénio. Fonte: neoturis

8 3.1. Evolução histórica da Talassoterapia Países que se destacam no panorama mundial de Talassoterapia Fonte: neoturis França, Egipto, Grécia, Chipre, Irlanda, Itália, Jordânia, México, Mónaco, Marrocos, Portugal, Espanha, Tunísia, Brasil, Colômbia, Argentina, Japão e Indonésia

9 3.2. Benefícios gerais e indicações terapêuticas da talassoterapia Principais indicações da Talassoterapia Doenças do aparelho respiratório, como asma, rinites e sinusites; Doenças alérgicas de pele, como eczema, acne, urticária, ictiose, psoríase; Reumatismos crónicos (como artrite, artrose, neurite) e inflamatórios; Tratamento de reeducação em sequelas, fracturas e inflamações ósseas; Osteoporose; Celulite e Emagrecimento; Anemia; Doenças ginecológicas; Convalescenças e combate à fadiga, ao stress e às depressões; Gastrites crónicas ou inflamatórias; Afeções do duodeno e do intestino delgado; Envelhecimento precoce; Raquitismo; Higiene oral, dentes e gengivas.

10 3.2. Benefícios gerais e indicações terapêuticas da talassoterapia Principais contra-indicações da Talassoterapia Cancros; Tuberculose pulmonar evolutiva; Doenças agudas dos rins e vias urinárias; Insuficiências e doenças cardíacas graves; Hipertensão muito elevada; Insuficiências hepáticas graves; Flebites; Diabetes com desnutrição; Lesões dermatológicas inflamatórias, ulceradas ou infectadas.

11 3.2. Benefícios gerais e indicações terapêuticas da talassoterapia Características dos Tratamentos Principiam-se com uma consulta médica, de forma a identificar o estado clínico do indivíduo e patologias a tratar, de maneira a prescrever o tratamento mais adequado; Define-se um horário específico para cada tratamento durante a estada no local. Normalmente realizam-se quatro tratamentos diferentes que se complementam entre si, não ultrapassando os 30 minutos cada e com intervalos de cerca de 20 minutos entre cada tratamento; Nos períodos de descanso, o indivíduo poderá complementar a sua estada com outro tipo de tratamentos, essencialmente de carácter preventivo.

12 3.2. Benefícios gerais e indicações terapêuticas da talassoterapia Benefícios da Talassoterapia Aumentar a permeabilidade cutânea; Facilitar a penetração dos compostos cosméticos ao se realizarem os tratamentos, dadas as características iónicas; Regulamentar as funções orgânicas através do sistema neuro-endócrino; Relaxar a musculatura tensa, transmitindo um aspecto mais descansado à pele; Normalizar a secreção seborreica; Reduzir a transpiração excessiva (inclusive nos pés); Promover uma remineralização orgânica; Activar o metabolismo; Estimular a circulação sanguínea.

13 3.2. Benefícios gerais e indicações terapêuticas da talassoterapia Algoterapia As algas marinhas armazenam todos os tipos de substâncias marinhas, sendo portadoras de quase todos os tipos de vitaminas (A, B, C, E, F e K), valores elevados de ferro e cálcio, proteínas e um grande número de minerais. Por este motivos: A aplicação das algas dá ao organismo substâncias marinhas e vitaminas. As algas possuem propriedades antibióticas, antitumorais, antioxidantes, antivirais e retraem o envelhecimento cutâneo; Vários tipos de algas reduzem os níveis de colesterol no sangue, prevenindo a hipertensão e a arteriosclerose, melhorando o metabolismo de gorduras; Algumas variedades de algas contêm anticoagulantes sanguíneos, semelhantes à heparina, o anticoagulante natural do sangue; Têm excelentes resultados nos tratamentos contra a celulite e a estimulação celular, retardando o aparecimento de rugas, purificando e dando equilíbrio à pele ao eliminar as toxinas.

14 3.2. Benefícios gerais e indicações terapêuticas da talassoterapia Grande parte dos tratamentos de Algoterapia está orientada para a estética: Tratamentos redutores com algas marinhas: indicados para a celulite, adiposidades localizadas, estrias e flacidez; Emplastoterapias: aplicação de algas quentes durante 40 minutos seguida de drenagem linfática que vai potenciar as propriedades de eliminação de toxina; Tratamentos anti-stress: as aplicações de envolvimentos e banhos algas vão aumentar consideravelmente a concentração de princípios activos ao nível da epiderme, revitalizando os tecidos e eliminando o cansaço e o stress.

15 3.3. Os centros de talassoterapia Requisitos para abertura de um Centro É da responsabilidade da Federação Internacional de Talassoterapia, com origem em França, a certificação dos centros de Talassoterapia. Tem como objectivo reconhecer a qualidade dos estabelecimento, bem como conceder garantias aos consumidores sobre a qualidade de serviço e tratamento prestado. Devem cumprir os seguintes requisitos: Localização obrigatória e exclusiva junto à linha de costa. Os centros de talassoterapia não podem existir em meios urbanos, em zonas montanhosas ou noutros locais para além da zona costeira; Utilizar a água do mar como matéria-prima dos tratamentos que ministram. Esta água não possui propriedades auto-regenerativas e não pode ser conservada por períodos superiores a 24 horas;

16 3.3. Os centros de talassoterapia O tratamento deverá ser sempre supervisionado por uma equipa médica. É o médico quem define o plano de tratamentos do paciente; Um centro de talassoterapia não deve ser encarado como uma clínica; contudo, tendo como base de actuação a potenciação de cuidados de bem-estar, deverá igualmente possuir uma equipa diversificada da qual façam parte fisioterapeutas, hidroterapeutas, dietéticos, instrutores desportivos e terapeutas de relaxamento; Os centros de talassoterapia estão sujeitos a controlos constantes e rigorosos no que concerne à qualidade da água e dos produtos naturais extraídos do mar utilizados nos vários tratamentos; O equipamento deverá estar sempre em boas condições e adaptado à dimensão terapêutica. Um centro de talassoterapia não é um centro de estética e mais importante do que o divertimento e conforto é a adaptação dos equipamentos ao espaço.