VOTO. INTERESSADOS: Central Energética Palmeiras S/A e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica CCEE.
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- Brian Igrejas Rodrigues
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1 VOTO PROCESSO: / INTERESSADOS: Central Energética Palmeiras S/A e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica CCEE. RELATOR: Diretor José Jurhosa Junior. RESPONSÁVEL: Superintendência de Regulação Econômica e Estudos do Mercado SRM. ASSUNTO: Requerimento Administrativo interposto pela Central Energética Palmeiras de Goiás, com vistas ao incremento do Custo Variável Unitário - CVU da Usina Termelétrica - UTE Palmeiras de Goiás devido à adição de biodiesel ao óleo diesel, em atendimento ao disposto no Despacho 2.142/2015. I - RELATÓRIO 1. A UTE Palmeiras de Goiás, vencedora no Leilão para contratação de energia proveniente de novos empreendimentos 3º LEN, realizado em 10/10/2006, conforme Edital de Leilão 004/2006-ANEEL, celebrou Contratos de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado - CCEARs com distribuidoras de energia para início de fornecimento em 1 /1/ Em 26/1/2015, a Central Energética Palmeiras interpôs requerimento administrativo 1 com vistas à revisão do Custo Variável Unitário - CVU da UTE Palmeiras de Goiás em decorrência da alteração de alíquotas de tributos sobre o custo com combustível. Pedido esse complementado em 2/3/ Em 28/5/2015, a Central Energética Palmeiras protocolou 3 na ANEEL novo requerimento em que solicita a revisão adicional do Ccomb (Custo do combustível), resultante da adição de biodiesel ao óleo diesel, em conjunto com o pedido de reajuste em virtude de alterações de alíquotas de impostos. 4. Em 30/6/2015, o primeiro pedido foi deliberado pelo Colegiado da ANEEL, nos termos do Despacho 2.142/15, que sobrestou a decisão pelo prazo de 60 dias ou até a deliberação do pleito adicional de incremento do CVU em razão da adição de biodiesel ao óleo diesel. 5. Em 31/7/2015, a Central Energética Palmeiras reiterou 4 que seja mantida a instrução e julgamento conjunto de ambos pedidos pelo mesmo relator. 6. Em 21/8/2015, a SRM analisou o novo pedido de revisão do CVU da UTE Palmeiras de Goiás, por meio da Nota Técnica 159/2015-SRM-ANEEL 5. 1 SIC / SIC / Processo nº / SIC / SIC / SIC /
2 (FL. 2) 7. Em 31/8/2015, a solicitação de incremento do CVU da UTE Palmeiras de Goiás devido à adição de biodiesel ao óleo diesel veio a minha relatoria, não por conexão, mas por sorteio aleatório. 8. É o relatório. II - FUNDAMENTAÇÃO 9. Trata-se do pedido de revisão custo do combustível - Ccomb decorrente de alegada elevação no consumo específico do grupo gerador UTE Palmeiras de Goiás, em decorrência da qualidade do biodiesel. O pedido foi acompanhado de laudo e análise laboratorial que comprova a alteração significativa do poder calorífico inferior - PCI do diesel contendo biodiesel, com o consequente aumento do consumo específico da usina, segundo afirmado pela Central Energética Palmeiras. 10. Com vistas a embasar suas alegações a empresa encaminhou à ANEEL cópias dos laudos de três ensaios de laboratório realizados sobre duas amostras de óleo diesel BS Os primeiros dois laudos, anexados ao primeiro pedido, de 28/5/2015, referem-se a uma amostra coletada pelo agente em frasco de um litro e encaminhada ao laboratório LEC - Laboratório de Ensaios de Combustíveis da UFMG. 12. O terceiro laudo, anexado ao segundo pedido, de 3/8/2015, refere-se a amostra coletada pela subcontratada ACS laboratórios e encaminhada ao CTAQ - Centro de Tecnologia Aplicada e da Qualidade - Ipiranga Produtos de Petróleo. 13. Com base no resultado dos dois primeiros laudos, a empresa solicitou o reajuste de 1,6% sobre parcela do Ccomb, a partir da data de adição de biodiesel ao óleo diesel. 14. Já com base no terceiro laudo, o acréscimo solicitado ao consumo específico da usina é de 13,28 l/mwh, correspondente ao reajuste de 5,6% na parcela do Ccomb. 15. Em razão do aumento do consumo específico resultante da adição de biodiesel ao diesel usado na geração termelétrica, a UTE Palmeiras de Goiás alega ter direito a reajuste do Ccomb e, para tanto, menciona a existência dos 3 laudos laboratoriais. 16. Conforme já mencionado, a UTE Palmeiras de Goiás foi vencedora do Leilão 004/2006, tendo o mês de julho de 2006 como referência para a formação dos preços do CVU e operação comercial ocorrida em 17/7/2012, segundo a NT 48/2015-SEM/ANEEL, de 27/3/2015, que analisou a solicitação para a revisão do CVU da UTE em decorrência da alteração de alíquotas de tributos sobre o custo com combustível. 17. Quanto o pleito de incremento do CVU devido à adição de biodiesel ao diesel, a Nota Técnica 159/2015-SRM/ANEEL, de 21/8/2015, destaca que a Lei , de 13/1/2005, estabeleceu o percentual obrigatório de 5% de adição de biodiesel ao diesel: Art. 2º. Fica introduzido o biodiesel na matriz energética brasileira, sendo fixado em 5% (cinco por cento), em volume, o percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor final, em qualquer parte do território nacional. 1º O prazo para aplicação do disposto no caput deste artigo é de 8 (oito) anos após a
3 (FL. 3) publicação desta Lei, sendo de 3 (três) anos o período, após essa publicação, para se utilizar um percentual mínimo obrigatório intermediário de 2% (dois por cento), em volume. (Redação original) Como se vê, quando da realização do Leilão, a existência do programa de introdução do biodiesel na matriz energética brasileira já era de conhecimento dos empreendedores em geral, e da Central Energética Palmeiras em particular. 19. Para abrigar de forma abrangente as questões associadas ao biodiesel, a SRM instaurou processo específico 7 onde consta solicitação 8 enviada à Agência Nacional do Petróleo ANP, quanto à alegada alteração do poder calorífico do óleo diesel após a adição de biodiesel, a ensejar o pedido de reajuste do custo operacional de geração de energia termelétrica formulado pela requerente. Por prudência, a SRM buscou informações junto à ANP, considerando a crescente adição de biodiesel ao diesel, que atualmente se encontra em 7%. 20. Da resposta da ANP 9 constata-se que existem outros fatores que podem contribuir para o espectro de variação do poder calorífico do combustível tais como: (i) a relação carbono-hidrogênio e a presença de oxigênio, que é o caso do biodiesel, interfere diminuindo a energia liberada durante a combustão; (ii) no óleo diesel A é possível haver variações de composição que são oriundas do processo de produção e que podem influenciar o PCI e isso é inerente a qualquer derivado de petróleo, visto ser uma mistura complexa de hidrocarbonetos; (iii) não só o poder calorífico do combustível interfere no consumo de um equipamento, mas, também, a tecnologia e a condição operacional dos motores ou dos queimadores utilizados. 21. Diante de tais pontos, acompanho a conclusão da Nota Técnica 159/2015-SRM-ANEEL, de que não há elementos comprobatórios para se definir um percentual a ser adicionado ao CVU das usinas termelétricas movidas a óleo diesel/biodiesel por degradação do poder calorífico do combustível, em função de diversos percentuais de adição de biodiesel ao óleo diesel, de forma a justificar a sua aplicação pela ANEEL. 22. Ademais, cabe destacar que os CCEARs firmados pela Central Energética Palmeiras tratam das hipóteses que ensejam a adequação do CVU da usina, e dentre elas não constam as alterações da composição do combustível, conforme evidencia a Subcláusula 7.11: Caso sejam criados, após a data de assinatura do CONTRATO, novos tributos, encargos setoriais ou contribuições parafiscais e outros encargos legais, ou modificada a base de cálculo e/ou alíquotas dos atuais, de forma a aumentar ou diminuir o ônus das PARTES com repercussão no equilíbrio contratual, a RECEITA FIXA, o CUSTO VARIÁVEL UNITÁRIO de cada USINA e, consequentemente, a RECEITA DE VENDA poderão ser adequados de modo a refletir tais alterações, para mais ou para menos e entrarão em vigor após homologação pela ANEEL. 6 Esse artigo foi revogado pela Lei nº , de 24/9/2014 (Conversão da MP nº 647, de 28/5/2014), que estabeleceu novos percentuais de adição de biodiesel: 6% a partir de 1º/7/2014 e 7% a partir de 1º/11/ Processo nº / Ofício nº 171/2015-SRM/ANEEL, de 6/7/2015. SIC / Ofício nº 104/2015/SBQ/RJ-ANP, de 14/9/2015. SIC /
4 (FL. 4) 23. Diante de tais considerações, entendo que o pleito da Central Energética Palmeiras não merece ser acolhido, a despeito das adições de biodiesel em percentuais superiores a 5%, patamar esse conhecido dos empreendedores quando da realização do Leilão 004/2006-ANEEL, permanecendo, portanto, inalterada a homologação de que trata o Despacho 2.142, de 30/6/ Por último, conforme informado pela Procuradoria-Geral da ANEEL 10, a Central Energética Palmeiras moveu ação judicial 11 em que requer a suspensão do implemento do reajuste a ser subtraído do Custo Variável Unitário CVU da UTE Palmeiras de Goiás ( / ) até que se apure e implemente o reajuste do Ccomb à referida UTE, devido ao aumento ocasionado pela adição de biodiesel ao diesel utilizado na geração ( / ). 25. Portanto, a presente deliberação, que trata do pleito de reajuste do Ccomb em decorrência da adição de biodiesel ao diesel ( / ), tem por efeitos imediatos atender ao peticionado em juízo pela Central Energética Palmeiras, dar eficácia a deliberação do Colegiado na Reunião Pública Ordinária de 30/6/2015, consubstanciada no Despacho 2.142/2015, e subsidiar a Procuradoria Geral com vistas à defesa da ANEEL em juízo, uma vez que a alegada alteração do poder calorífico do óleo diesel após adição de biodiesel não enseja o reajuste do custo operacional de geração de energia termelétrica formulado pela requerente. III DIREITO 26. A presente análise foi realizada com observância dos seguintes dispositivos legais e regulamentares: (i) Lei , de 15/3/2004; (ii) Decreto 5.163, de 30/7/2004; e (iii) Portaria MME 112/2006. IV DISPOSITIVO 27. Do exposto e com base nos documentos constantes do Processo / voto por não acatar o pleito de reajuste da parcela do Custo do combustível - Ccomb do Custo Variável Unitário - CVU da Usina Termelétrica - UTE Palmeira de Goiás em decorrência da adição de biodiesel ao óleo diesel, permanecendo, portanto, inalterada a homologação de que trata o Despacho 2.142, de 30/6/2015. Brasília, 1º de março de JOSÉ JURHOSA JUNIOR Diretor 10 Memorando nº 01286/2015/PFANEEL/PGF/AGU, de 18/9/2015. SIC / Processo nº
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