Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Tucuruí. Cautelar com Pedido de Sigilo Judicial.

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Adriana Fraga Correia
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1 Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Tucuruí. Cautelar com Pedido de Sigilo Judicial. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ, por agente signatária infra-assinada, em pleno exercício de suas atribuições legais junto à Promotoria da Santa Luzia do Pará, com base na Constituição da República, na Constituição do Estado, na Lei Complementar Estadual nº057/2006, nos artigos 4º e 5º, caput, da Lei 7.347/85, vem, respeitosamente, perante V.Exa., promover a presente MEDIDA CAUTELAR DE BUSCA E APREENSÃO DE DOCUMENTOS C/C PEDIDO DE LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS em face de MUNICÍPIO DE TUCURUÍ, representado por seu Prefeito Municipal, Sancler Antônio Wanderley Ferreira, com sede na Travessa Raimundo Ribeiro de Souza n. 01, bairro Centro, cidade de Tucuruí-Pa. o fazendo pelos seguintes motivos de fato e de Direito: DOS FATOS

2 A Promotoria de Tucuruí instaurou o Procedimento Extrajudicial nº 02/2014, para apurar irregularidades no número de vagas a ser disponibilizado no Concurso Público para cumprimento de decisão judicial proferida nos autos da ação nº De acordo com as informações prestadas nos referidos autos só seriam disponibilizadas 411 (quatrocentos e onze) cargos, sendo que no município há aproximadamente dois mil quatrocentos e sessenta servidores contratados temporariamente. (fls.50/51 acostadas ao procedimento). No dia 14/02/2014, requisitamos informações sobre a folha de pagamento da prefeitura sobre o números de servidores ocupantes de cargos comissionados, efetivos e temporários (fls.46), o qual também não foi apresentado pela Prefeitura. Para esclarecer a questão, ante a inércia, inicialmente convidamos a Secretaria de Administração para prestar informações no dia , conforme ofício jantado às fls.18 e 49 dos autos, não tendo a secretaria comparecido, nem prestado esclarecimentos, apenas limitou-se a justificar ausência. (fls.48) Em reunião realizada com a procuradora do município no dia , mais uma vez solicitamos informações sobre o número de cargos criados em Lei pela prefeitura, o que ficou de ser apresentado em reunião agendada para o dia Na referida reunião não foi apresentada as informações de maneira elucidativas, as quais ficaram de ser apresentadas até o dia , com o levantamento do número de cargos criados em Lei no Município de Tucuruí, bem como o número de funções ocupadas por servidores temporários, a qual não foi apresentada. (fls.95).

3 Da mesma forma em reunião realizada no dia , sobre o movimento de greve dos servidores, o Município se comprometeu a apresentar até o dia , a folha de pagamento da prefeitura municipal, o que também não o fez (fls.97) Considerados as diligências constantes no procedimento, verifica-se a grande possibilidade de correlação entre as informações contidas nos documentos requeridos e prática de ilícitos que eventualmente possam ter sido praticados pelo gestor municipal, em ocultar as informações pleiteadas, inclusive atos de improbidade administrativa, de forma que o contato direto do Ministério Público com esses elementos de prova podem possibilitar o cabal esclarecimento de outras condutas improbas DO CABIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR Certo é que o Ministério Público tem amplo poder de investigação, não necessitando do Poder Judiciário para expedir notificações, proceder a diligências, requisitar condução coercitiva, documentos ou a prestação de informações, entre outras atividades previstas na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público. Por outro lado, o Órgão Ministerial não tem poder de realizar diretamente a busca e apreensão de documentos, pois nossa Constituição, dentre outras garantias, prevê a da inviolabilidade de domicílio (art. 5º, XI da CF), razão pela qual, em casos tais, deve o Ministério Público obter através do Poder Judiciário a concretização material do objeto da requisição.

4 Vale observar, também, que o art. 110 da Lei nº 8.078/90, ao acrescentar mais um inciso ao art. 1º da Lei nº 7.347/85, alargou consideravelmente o objeto da ação civil pública, tornando-a instrumento idôneo à apuração de responsabilidades e reparação de danos causados não apenas ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, mas também, a teor do seu inciso IV, a "qualquer outro interesse difuso ou coletivo", inclusive a defesa do Erário 1, razão pela qual perfeitamente admissível a aplicação dos artigos 4º e 5º da Lei nº 7.347/85. DO PERICULUM IN MORA A Constituição da República conferiu ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, conforme se verifica no artigo 127 da CF, atribuindo-lhe diversas funções institucionais, inclusive a promoção do inquérito civil e da ação civil pública para a proteção a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (art. 129, CF). Assim, é dever constitucional do Ministério Público investigar fatos que cheguem ao seu conhecimento emitindo juízo de valor e, consequentemente propor eventual Ação Civil Pública que entenda cabível. No caso que se apresenta, imperiosa a necessidade de se realizar a Busca e Apreensão dos documentos relativos a obtenção do números de cargos 1 Não vale, com isso, argumentar para efeito de se estabelecer limitação em se tratando de legitimação que o inciso II do artigo 5º reporta-se apenas ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e não

5 criados por lei providos e o números de funções temporárias, para que o certame reflita a real necessidade da Administração Pública e não os interesses políticos do gestor municipal, eis que a documentação, como já dito, propicia ao requerido de omitir provas que eventualmente possam comprometê-los. A prática de atos visando impedir a apuração da verdade por parte do requerido, que realizam os atos de gestão do município é demonstrada na denúncia que ensejou a instauração do Procedimento Administrativo, cuja cópias seguem em anexo, deixando clara a possibilidade de haver repetição da conduta em relação às provas que poderão incriminá-los na presente ação é real. DO FUMUS BONI IURIS A fumaça do bom direito está ampara no fato de busca o Ministério Público, através da presente medida, simplesmente garantir que os fatos sejam esclarecidos, possibilitando-se o acesso e a análise minuciosa de todo o material apreendido. Os fatos acima narrados justificam, então, a busca e apreensão pretendida, o que se faz com fundamento no disposto nos artigos 839 e seguintes do Código de Processo Civil. É de se ressaltar, por fim, a importância de a liminar pleiteada ser deferida antes da citação da parte contrária, na forma prevista no artigo 804, do Código de Processo Civil, já que a requerida, se citada, pode tornar a medida ineficaz. DOS PEDIDOS ao patrimônio público.

6 Estado do Pará: Diante de todo o exposto, requer o Ministério Público do 1. seja dispensado o pagamento de custas, emolumentos e outros encargos, desde logo, à vista do disposto no artigo 18 da Lei nº 7.347/85, BEM COMO DEFERIDO O PEDIDO DE SIGILO JUDICIAL PARA QUE NÃO SEJA FRUSTRADO O CUMPRIMENTO DA MEDIDA; 2. sejam as intimações do autor feitas pessoalmente, dado o disposto no artigo 236, 2º, do CPC; 3. seja a medida liminarmente deferida, independentemente de prestação de caução e sem a oitiva dos requeridos, sob pena de frustração da medida, com a URGENTE expedição de mandado de Busca e Apreensão, na sede da Prefeitura Municipal e Secretaria de Administração, da cópia integral digitalizada e material da folha de pagamento Do Município de Tucuruí de novembro de 2013 a Maio de 2014, inclusive equipamentos eletrônicos contendo informações correlatas; 4. seja A MEDIADA ACOMPANHADA PELA REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO SIGTÁRIA JUNTO COM A EQUIPE DE APOIO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS DO MINISTTÉRIO PÚBLICO e que o material apreendido mantido em depósito na sede do Ministério Público, Estadual, situada na Rua Dom Cornélio Vermans, nº 559, Bairro Santa Isabel, Tucuruí -PA, lavrando-se auto de depósito pormenorizado de tudo que ali se encontra; 5. no ato de cumprimento da medida liminar (artigo 802 CPC), seja a demandada citada, na pessoa de seu representante legal e no endereço indicado no início desta petição, para, querendo, responder aos termos da presente ação no prazo de cinco dias;

7 6. seja, ao final, a concedida em definitivo medida cautelar aqui pleiteada, julgando-se procedente o pedido formulado por sentença (art. 269, I, CPC) Protesta pela produção de provas por todos os meios em direito admitidos, em especial a documental, pericial e testemunhal. Dá-se à causa o valor de R$ 100,00 para os fins de direito. Tucuruí, 04 de junho de 2014

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