PAULO ROBERTO GONGORA FERRAZ, MAURÍCIO DE PAULA SOARES GUIMARÃES, RAFAEL MARTINS BORDINHÃO

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "PAULO ROBERTO GONGORA FERRAZ, MAURÍCIO DE PAULA SOARES GUIMARÃES, RAFAEL MARTINS BORDINHÃO"

Luiza Almada Alvarenga
8 Há anos
Visualizações:

1 PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE CURITIBA 5ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DE CURITIBA - PROJUDI Rua Padre Anchieta, Bigorrilho - Curitiba/PR - CEP: Fone: (41) Classe Processual: Mandado de Segurança Assunto Principal: IPVA - Imposto Sobre Propriedade de Veículos Automotores Processo nº: Impetrante(s): Rafael Martins Bordinhão Guimarães & Bordinhão Advogados Associados Paulo Roberto Gongora Ferraz MAURICIO DE PAULA SOARES GUIMARÃES Impetrado(s): George Hermann Rodolfo Tormin ESTADO DO PARANA DECISÃO Trata-se de mandado de segurança com pedido liminar impetrado por PAULO ROBERTO GONGORA FERRAZ, MAURÍCIO DE PAULA SOARES GUIMARÃES, RAFAEL MARTINS BORDINHÃO e GUIMARÃES & BORDINHÃO ADVOGADOS ASSOCIADOS, em face do Diretor da Secretaria de Estado da Fazenda (SEFA) Sr. George Hermann Rodolfo Tormin. Narram os impetrantes que são proprietários de veículos automotores e pretendiam efetuar o pagamento do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) no mês de março do ano corrente. Entretanto, ao tentarem obter o boleto para pagamento do tributo, a informação obtida foi que o lançamento de 2015 ainda seria efetuado pela Secretaria de Estado da Fazenda. Reputam como ilegal a conduta da Administração ao negar a emissão do boleto imediatamente. Alegam que o Estado do Paraná pretende disponibilizar os boletos em abril porque a partir deste mês passa a ter eficácia o Decreto Estadual nº /2014, o qual majorou a alíquota do IPVA de 2,5% para 3,5%. Diante disso, pugnam pela concessão da medida liminar, a fim de que seja

0179 Impetrante(s): Rafael Martins Bordinhão Guimarães & Bordinhão Advogados Associados Paulo Roberto Gongora Ferraz MAURICIO DE PAULA SOARES GUIMARÃES Impetrado(s): George Hermann Rodolfo Tormin

2 suspenso o ato coator, determinando a emissão no prazo de 05 (cinco) dias, do boleto de pagamento do IPVA/2015, nos moldes do artigo 1º, inciso I, da Lei /2010, sob pena de multa diária. É o relatório. Decido. Depreende-se do art. 5º, LXIX, da Constituição Federal que conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por " habeas-corpus" ou " habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Por sua vez, a Lei Federal nº /2009, disciplinando o mandado de segurança, prevê, em seu art. 7º, inciso III, que o juiz ao despachar a inicial ordenará suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. Pois bem. Da análise da inicial e dos documentos juntados, verifica-se que os impetrantes obtiveram a informação, em 06/03/2015 e 07/03/2015, que o IPVA de 2015 ainda seria lançado pela SEFA/PR (mov. 1.17, 1.18, 1.19, 1.20 e 1.20). O IPVA, por se tratar de tributo com fato gerador continuado, é devido anualmente e a ocorrência desse fato se dá no primeiro dia de cada ano, em relação aos veículos adquiridos em anos anteriores, conforme estabelece a Lei Orgânica do IPVA Lei /2003, art. 2º, 1º, alínea e: Art. 2º. O IPVA tem como fato gerador a propriedade de veículo automotor e será devido anualmente: 1º - Ocorre o fato gerador do imposto: e) no primeiro dia de cada ano, em relação aos veículos automotores adquiridos em anos anteriores;

5º, LXIX, da Constituição Federal que conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por " habeas-corpus" ou " habeas-data", quando o responsável pela

3 Se o fato gerador do tributo ocorre no primeiro dia de cada ano, não há razão para o lançamento do tributo ocorrer somente em abril de 2015, conforme disciplinou o Decreto Estadual /2014. A respeito do lançamento tributário, o artigo 142 do Código Tributário Nacional prevê que: Art Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Segundo a doutrina de Josiane Minardi: O lançamento é uma atividade administrativa vinculada e obrigatória sob pena de responsabilidade funcional. Assim, a autoridade administrativa, ao verificar a ocorrência do fato gerador, não poderá deixar de constituir o crédito tributário, isto é, não poderá eximir de efetivar o lançamento tributário. Ainda que o lançamento do IPVA seja realizado de ofício pela autoridade administrativa, não se pode olvidar que se trata de um ato administrativo vinculado. Com isso, ocorrido o fato gerador, a autoridade administrativa deve proceder ao lançamento do tributo e exigir o cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo. O Decreto Estadual nº , de 19 de dezembro de 2014, estabeleceu novos prazos para o pagamento do IPVA, a começar de 6/4/2015, bem como alíquota de 3,5% (três e meio por cento) para os veículos automotores registrados no DETRAN (artigo 2º, parágrafo único, inciso II), como os dos impetrantes. Afirma-se, na inicial, que a aplicação do Decreto /2014 para cobrança do IPVA no exercício de 2015 é ilegal e abusiva, pois viola o artigo 150, inciso III, alíneas a, b e c, verbis: Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

do Código Tributário Nacional prevê que: Art. 142.

4 III cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b. Diante dos dispositivos constitucionais citados, a Administração Pública, de fato, só pode exigir a nova alíquota do tributo a partir de abril de 2015, pois o Decreto Estadual /2014 foi publicado em 19 de dezembro de Assim, para que se respeite o princípio da anterioridade anual e nonagesimal, o imposto instituído ou majorado em determinado exercício financeiro, só pode ser exigido no próximo exercício e após o decurso do prazo de 90 (noventa) dias da publicação da lei que os instituiu ou aumentou. Acrescente-se, ainda, que muito embora o artigo 5º., da Lei Estadual n.º18.371/2014[1], tenha alterado o fato gerador da obrigação tributária para o dia 01 de abril de 2015, a meu entender, por força do princípio nonagesimal já citado, continua a lei anterior a possuir eficácia até referida data. Desta forma, considerando-se a lei ainda em vigência, que determina a ocorrência do fato gerador do IPVA no primeiro dia de cada ano para os veículos adquiridos em exercício anterior, como é o caso dos impetrantes, estes possuem o direito de ter lançado o tributo pela autoridade administrativa, bem como de proceder ao adimplemento da obrigação tributária nos moldes da legislação em vigor. Nesse contexto, a legislação vigente à época que deveria ocorrer o lançamento do IPVA 2015 é a Lei Estadual nº /2010 que prevê em seu artigo 1º, inciso II, a alíquota de 2,5% (dois e meio por cento) para os demais veículos automotores registrados no DETRAN/PR ou cadastrados na SEFA/PR. Em sede cognição sumária, vislumbro que o lançamento do IPVA no mês de abril de 2015 tem por objetivo primordial aumentar a arrecadação pelo fisco estadual, mas o ato fere o princípio da segurança jurídica e o direito do contribuinte realizar o recolhimento do

Diante dos dispositivos constitucionais citados, a Administração Pública, de fato, só pode exigir a nova alíquota do tributo a partir de abril de 2015, pois o Decreto Estadual 12.

5 imposto no tempo devido, ou seja, tão logo ocorrido o fato gerador que dá origem à obrigação tributária. Diante de tais circunstâncias, considero presente a relevância do fundamento da demanda. O perigo na demora também restou configurado, uma vez que a partir de mês que vem, o fisco estadual passará a emitir os boletos para pagamento do IPVA com a alíquota de 3,5% (três e meio por cento), de acordo com o Decreto Estadual nº /2014, impossibilitando o pagamento do tributo sob a égide da legislação em vigor. Desse modo, DEFIRO a medida liminar, a fim de determinar ao impetrado a emissão, no prazo de 05 (cinco) dias, do boleto de pagamento do IPVA/2015 para os veículos de propriedade dos impetrantes elencados na inicial, nos moldes do art. 1º, inciso I, da Lei Estadual nº /2010, os juntando aos autos no prazo determinado. Expeça-se mandado de intimação ao impetrado, solicitando o cumprimento da liminar, conforme determinado. I Notifique-se a autoridade coatora para, no prazo de 10 (dez) dias, prestar informações art. 7º, I, Lei n.º /2009. II - Cientifique-se o órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, Estado do Paraná, para que, querendo, ingresse no feito art. 7º, II, Lei n.º /2009. III - Apresentadas as informações ou decorrido o prazo para tanto, o que, no segundo caso, deve ser devidamente certificado nos autos, dê-se vista ao Ministério Público, pelo prazo de 10 (dez) dias, para os fins do art. 12 da Lei n.º /2009. Intimações e diligências necessárias. Curitiba, 10 de março de PATRICIA DE ALMEIDA GOMES BERGONSE Juíza de Direito [1] Que estabeleceu normas sobre o tratamento tributário pertinente ao Imposto sobre a

de acordo com o Decreto Estadual nº 12.823/2014, impossibilitando o pagamento do tributo sob a égide da legislação em vigor.

6 Propriedade de Veículo Automotores.

Documentos relacionados

PREFEITURA MUNICIPAL DE VÁRZEA PAULISTA ESTADO DE SÃO PAULO

PREFEITURA MUNICIPAL DE VÁRZEA PAULISTA ESTADO DE SÃO PAULO Institui o módulo eletrônico de arrecadação de ISSQN e a Nota Fiscal Eletrônica de Serviços e dá outras providências. EDUARDO TADEU PEREIRA, Prefeito Municipal de Várzea Paulista, Estado de São Paulo,