A PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA COMO COMPONENTE FUNDAMENTAL NA FILOSOFIA DE SISTEMA CONDOMINIAIS
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- Zaira Tavares Camelo
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1 A PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA COMO COMPONENTE FUNDAMENTAL NA FILOSOFIA DE SISTEMA CONDOMINIAIS Josefa Pereira Sebastião (IVA) (1) Formação: Relações Públicas-ESURP Pós-Graduação: Comunicação e Marketing - FESP. Terezinha de Jesus C. Borba Carvalho Formação: Engenharia Endereço (1) : Rua Carneiro Vilela, 700, Espinheiro - Recife - PE - CEP: Brasil - Tel (081) Fax: (081) RESUMO Fundamentados no conhecimento da realidade social das comunidades que habitam as áreas periféricas da Região Metropolitana do Recife, e da carência de Programas que minimizem os impactos da ação do homem sobre o meio ambiente, compartilhamos a experiência de um trabalho de Educação Sanitária e ambiental, dentro da metodologia participativa, onde a população atua não como receptor passivo, mas interagindo como sujeito dessas ações. PALAVRAS-CHAVE: Participação Comunitária. APRESENTAÇÃO O presente trabalho tem como base a experiência e prática da implantação de Sistemas de Abastecimento d Água e de Esgotamento Sanitário do tipo condominial, dentro da perspectiva filosófica do PROSANEAR. As comunidades-alvo, denominadas Canãa, Bela Vista e Planeta dos Macacos, situam-se em áreas periféricas da Região Metropolitana do Recife, e apresentam um perfil relativamente uniforme, assemelhando-se em seus altos índices de semi-analfabetismo, pobreza, desemprego e a carência de políticas voltadas para infra-estrutura. Justificativa A Região Metropolitana do Recife, como todos os grandes centros urbanos, destaca-se em seu quadro sócio-ambiental, evidenciando a carência de serviços básicos essenciais. A degradação do meio ambiente e consequentemente dos recursos hídricos provocada pela falta de infra-estrutura e associada à desinformação do homem, tem dificultado o atendimento das populações menos favorecidas, em uma das suas necessidades mais prementes - O 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2564
2 Saneamento Básico. Quanto a ausência da água tratada inegavelmente se constitui um risco para sua sobrevivência. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2565
3 Tais problemas contribuem para sacrificar o padrão de vida dessas populações, com sérios reflexos na saúde pública. O problema de falta de Sistemas de Esgotamento Sanitário torna-se mais grave ainda, em algumas Cidades em que o lençol freático é elevado, como é o caso do Recife, pois sua cobertura é muito baixa. A ocorrência de alagamentos obriga a população a conviver com os esgotos a céu aberto. Podemos citar os avanços de segmentos da sociedade e de órgãos governamentais no sentido de promover a preservação do meio ambiente. Todavia, os resultados ainda aparecem fragmentados, e enfraquecidos pela falta de ações conjuntas e sistematizadas que estejam apoiadas no compromisso e na participação de toda a sociedade. Não basta apenas a participação das camadas menos favorecidas. Faz-se necessário a integralisação entre o social e os órgãos de gestão de saneamento, saúde, educação e os meios de comunicação, criando condições para que a participação comunitária resulte num entendimento de que as questões sanitárias e ambientais estão diretamente ligadas à qualidade de vida da população. A participação comunitária como componente fundamental na filosofia de sistemas condominiais, é instrumento essencial para que se possa de forma ordenada e educativa assegurar a perfeita vinculação da população beneficiada com os projetos de infra-estrutura, que venham resolver os problemas de saneamento básico, garantindo a sua participação desde a discussão preliminar sobre o projeto, passando pela adesão, acompanhamento na fase de execução, e o compromisso de participação na manutenção e operação de sistemas. Dados Gerais sobre as Localidades? Vilas Canãa e Bela Vista Apesar de se tratar de duas comunidades, essas áreas são praticamente interligadas. Com situação urbanística de modo geral, não possuíam quaisquer beneficiamento na área do saneamento básico. Sua população é formada basicamente por imigrantes da própria cidade do Recife, e da região metropolitana tendo como tempo relativo de ocupação entre cinco a dez anos. Com um somatório populacional de mais de habitantes, assentados pela Companhia de Habitação Popular do Estado de Pernambuco - COHAB, apresentavam situação sócio-econômica homogênea, com condições sanitárias e ambientais bastante precárias. A população procurava solucionar o problema do abastecimento d água, com ligações clandestinas, perfurações de poços e a utilização de cacimbas, além da compra de água; alternativa bastante utilizada. Considerando a inexistência de qualquer forma de esgotamento sanitário, as respectivas comunidades canalizavam seus dejetos para o Rio Morno que passa ao logo das duas vilas, além de transformá-lo também em depósito de lixo. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2566
4 A total ausência de equipamentos sanitários explica as doenças mais freqüentes encontradas: Doenças de pele, doenças respiratórias, doenças gastrointestinais e filariose. Embora a causa direta seja explicada pela falta de condições básicas sanitárias, a desinformação e o desemprego da população são componentes bastante comprometedores da qualidade de vida da comunidade.? Comunidade Planeta dos Macacos Formada por uma população com mais de habitantes, essa comunidade apresenta um perfil estável com relação a ocupação da área. As famílias instalaram-se em períodos diversos, hoje, variando entre dez e vinte anos o tempo de residência Verificou-se que mais de cinqüenta por cento da população do Planeta dos Macacos são procedentes de bairros circunvizinhos, e da Região Metropolitana do Recife, e apenas 4,2% é emergente de outros Estados. Essa comunidade apresenta um perfil político-social bastante organizado, contando com uma liderança comunitária atuante há mais de 18 anos. A população apresenta grande diversificação profissional, tendo como base o setor terciário, destacando-se também as profissões de comerciário e empregadas domésticas. A comunidade dispõe de vários equipamentos públicos, tais como: escolas, creche, posto de saúde, igreja e praça. Dispõe também de sistema de abastecimento d água e coleta de lixo. Toda a comunidade é cortada por dois canais, para escoamento das águas pluviais. Em virtude da ausência de sistema coletor e o tratamento de esgotos, sem alternativas, a população canalizava seus dejetos e água servidas, lançando a céu aberto, ou no canal, que em épocas chuvosas, transbordava, invadindo as residências localizadas ao longo de sua extensão. OBJETIVO BÁSICO DO TRABALHO Contribuir com experiências vivenciadas no campo das Relações Empresa X Comunidade, através da apresentação de um modelo genérico, de um trabalho de Participação Comunitária, que contemple e estimule a participação e a corresponsabilidade da população, na implantação de Sistemas de Abastecimento d água e Esgotamento Sanitário. O Modelo Desenvolvido As ações obedeceram às proposições do Termo de Referência, levando sempre em consideração os trabalhos de Mobilização, Articulação, Adesão e Educação Sanitária como meta prioritária do Projeto, dentro do pressuposto de que o êxito de qualquer programa social, 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2567
5 está intrinsecamente ligado à integração entre os Agentes Promotores e os usuário beneficiados pelo serviço. Execução do Programa A implantação do Programa contou com o apoio e a participação da comunidade, em todas as suas etapas, conforme previsto no Programa de Mobilização Comunitária. Intervenções Realizadas? Canãa / Bela Vista - Implantação de Sistemas de Abastecimento d água - Implantação de Sistema de Coleta e tratamento de Esgoto, tipo Condominial. - Retificação do Rio Morno e proteção de suas margens com gabião? Planeta dos Macacos - Implantação de Sistema de Coleta e tratamento de Esgoto, tipo Condominial. - Recuperação de 700 metros de canal. Adequação à Realidade da Comunidade Todo o processo foi embasado no conhecimento da dinâmica das comunidades, seus hábitos e costumes, bem como na compreensão do projeto. Para operacionalização das ações adotou-se duas linha básicas: - A contemplação dos objetivos do Projeto - Adaptação de todos os programas à realidade de cada comunidade, compatibilizando as condições objetivas de organização, respeitando suas peculiaridades políticas e culturais, objetivando a parceria de mútua responsabilidade. METODOLOGIA A Participação Comunitária nas decisões e nas ações sobre Serviços Públicos é direito e dever de ordem política, é requisito de cidadania (1). A ausência da população nas decisões político-sociais tem sido sentida ao longo dos tempos. As camadas menos favorecidas têm participado do processo apenas como meros receptores de programas e projetos, com total desconhecimento dos benefícios e de suas responsabilidades. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2568
6 O programa de Mobilização e Participação Comunitária foi desenvolvido tomando como base o incentivo aos mecanismos de participação como forma de garantir o compromisso e o apoio da população, como agente de transformação. Procurou-se desmistificar a idéia inerte e receptiva da comunidade carente, através do estímulo à participação ao questionamento, e à cooperação, de forma a contribuir não apenas na execução das obras, mas na discussão, na avaliação crítica e na tomada de decisões. Para a construção desse processo, considerou-se os seguintes pressupostos: - Incentivo à participação da comunidade no planejamento e decisões das alternativas técnicas para a implantação do projeto - Apoio à organização sócio -política com vistas a desenvolver a capacidade de autopromoção e integração social. - Capacitação da comunidade, com o objetivo de garantir o aprimoramento do Processo Educativo - A busca da parceria entre as agentes Promotores e a comunidade, visando a corresponsabilidade na implantação, conservação, utilização e manutenção dos equipamentos implantados. Estímulo ao debate comunitário com vistas a discutir questões referentes à solidariedade comunitária, o papel do Estado, responsabilidades de cada agente (1) Participação Comunitária. Sistema Condominial de Esgotos-Razões, Teoria e Prática. José Carlos Melo ETAPAS METODOLÓGICAS Objetivando o detalhamento e implantação das ações o Programa foi dividido em duas etapas metodológicas: - Mobilização e Participação Comunitária - Educação Sanitária e Ambiental Cada etapa foi constituída de duas fases interligadas que se complementam, associadas à execução das obras físicas. - 1ª Fase - Ações de Articulação - 2ª Fase - Caracterização da Área - 3ª Fase - Educação Sanitária - 4ª Fase - Desligamento da Equipe Repasse do Sistema à Comunidade 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2569
7 Detalhamento das Etapas Metodológicas ETAPAS \FASES ATIVIDADES OBJETIVOS PÚBLICO ENVOLVIDO 1 -Mobilização /Participação. 1ª Fase Ações de Articulação? Divulgação das intervenções a serem realizadas? Envolvimento de entidades locais e lideranças formadoras de opinião.? Capacitação das equipes? Sensibilizar a comunidade para as ações do programa.? Estimular a população a participar das decisões? Representações formais e informais da comunidade.? Agentes Promotores.? Organizações religiosas sociais e ONG s? Clubes de Serviços. METODOLOGIA EXECUTIVA? Reuniões com grupos formadores de opiniões? Treinamento das equipes? Cadastramento de lideranças, clubes, organizações, etc.? Contatos com os representantes formais da comunidade. 2ª Fase Caracterização Área da? Pesquisa sócioambiental? discussão da filosofia do Programa com as lideranças? Elaboração de materiais didático/educativ o? Traçar um perfil sócio ambiental da comunidade? Identificar o nível de organização comunitária? Estimular a participação e organização social.? Lideranças comunitárias e religiosas? População beneficiada? Aplicação de questionários em 100% do universo? Reuniões com as lideranças para: Divulgar e discutir a filosofia do projeto e apresentar os resultados da pesquisa.? Elaboração do material educativo 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2570
8 ETAPAS \FASES ATIVIDADES OBJETIVOS PÚBLICO ENVOLVIDO 2 - Educação Sanitária 3ª Fase Implantação das Obras 4ª Fase Desligamento das Equipes? Campanhas informativas e Educativas? Visitas Domiciliares? Capacitação da população para utilização e gestão dos sistemas? Visitas de campo? Capacitação de Síndicos de quadra? Pactuação para implantação das obras? Orientar a prática de hábitos de higiene e consumo da água tratada.? incentivar o respeito ao meio ambiente? Conscienti-zar para a valorização dos serviços e pagamentos de tarifas? Estimular o compromisso e articipação da comunidade nas ações de operação e manutenção dos sistemas? População beneficiada? Lideranças? Agentes Comunitários e de saúde? Educadores? Rádios Comunitárias? Organizações formais e informais? Síndicos de quadra? População beneficiada METODOLOGIA EXECUTIVA? Reuniões e Assembléias? Oficinas Pedagógicas? Exibição de filmes e distribuição de material didático? Eventos envolvendo grupos de animação da comunidade.? Reuniões e treinamento dos síndicos? Formação de comissão para entrega dos sistemas a comunidade. CONCLUSÃO A problemática ambiental e sanitária deverá ser discutida em todos os níveis da Sociedade. A Educação Sanitária e Ambiental, é um dos principais instrumentos na formação de uma consciência crítica e inibidora de atitudes nocivas ao meio ambiente, e capaz de provocar mudanças de hábitos que contribuam para o bem estar da coletividade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Rodrigues, Arlete Moysés - MORADIA NAS CIDADES BRASILEIRAS - EDITORA CONTEXTO Alves, Júlia Falivene - METRÓPOLES - EDITORA MODERNA 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2571
9 3. Melo, José Carlos - SISTEMA CONDOMINIAL DE ESGOTOS - Razões Teorias e Prática - Gráfica CEF o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2572
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