RETROSPECTIVA 2015 EXPECTATIVA DOS BRASILEIROS PARA 2016

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1 RETROSPECTIVA 2015 EXPECTATIVA DOS BRASILEIROS PARA 2016 Janeiro 2016

2 AVALIAÇÃO DE 2015 Oito em cada dez pessoas acreditam que a economia piorou em % tiveram contas atrasadas em pelo menos um mês durante o ano O ano de 2015 tem sido difícil para os brasileiros, como era esperado. O que impressionou ao longo do ano foi a velocidade da deterioração das variáveis macroeconômicas. Às dificuldades econômicas herdadas de 2014, somou-se uma crise política que engessou a proposta do ajuste. O resultado foi que a inflação, projetada inicialmente em 6,56% 1, alcançou a casa dos dois dígitos: os preços apurados pelo IBGE tiveram variação média de 10,48% 2. Nos primeiros três trimestres do ano, também de acordo com o IBGE, a economia brasileira recuou 3,2% na comparação com igual período de Em razão da fraqueza da atividade, o desemprego voltou a crescer. Com a piora da conjuntura econômica e o agravamento da crise política, aumentou o grau de incerteza dos consumidores, que também se preparam para enfrentar situações adversas no ano que se aproxima. Mas, o que aconteceu, de fato, com a condição financeira das pessoas ao longo de 2015 e quais são as reais perspectivas para 2016? A pesquisa Retrospectiva Consumidor: balanço do cenário econômico e finanças pessoais, conduzida pelo SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, busca conhecer a visão do brasileiro em relação ao cenário econômico e os seus efeitos sobre seu dia a dia em 2015, além das expectativas para São abordados temas como o endividamento das famílias e as contas que estão mais atrasadas, os ajustes feitos no orçamento, os planos realizados e aqueles que não foram alcançados, os motivos que levaram ao adiamento de projetos pessoais e as principais metas e temores estabelecidos para o ano que vem. 1 Em janeiro de 2015, os analistas ouvidos pelo Banco Central projetavam uma inflação de 6,56%. O dado consta do Bpletim Focus de 02 de janeiro de O índice de Preços ao Consumidor Amplo, calculado pelo IBGE, acumulou alta de 10,48% nos dozes meses até novembro. 2

3 Para 80% dos entrevistados, situação geral da economia piorou em 2015, na comparação com 2014 Oito em cada dez pessoas ouvidas na pesquisa (79,6%) acreditam que as condições gerais da economia brasileira pioraram em 2015, na comparação com o ano passado, sobretudo entre os pertencentes à Classe A/B (83,9%). Outros 15,2% falam que as condições permaneceram as mesmas, e apenas 4,2% acham que a situação melhorou, sendo que esta visão é mais prevalente entre os homens: 6,3%, contra 2,2% entre as mulheres. Quando perguntados sobre a própria situação financeira, seis em cada dez entrevistados (65,2%), disseram que as finanças pessoais estão piores, hoje, em relação ao ano passado. Dentre esses, a maioria justifica sua situação dizendo que muita coisa aumentou e o rendimento não, e por isso tiveram que diminuir o consumo para manter as contas em dia (63,7%, aumentando para 68,8% nas Classes C/D/E). Os obstáculos enfrentados pelo consumidor incluem ainda o endividamento, com muitos compromissos a pagar (46,3%), e a diminuição da renda familiar (42,3%), sobretudo entre os homens: 47,9%, contra 37,0% entre as mulheres. Somente uma em cada dez pessoas ouvidas (9,8%) acredita que sua condição financeira melhorou em 2015, seja por que recebeu um aumento no emprego (37,5%), por que o negócio prosperou (28,7%) ou por ter conseguido um emprego melhor (21,3%). O estudo comprova que a deterioração da economia do país teve impacto direto no consumo das famílias, um retrocesso frente às conquistas nos últimos anos: metade da amostra (50,8%) teve de abrir mão de muitos itens aos quais tinha acesso/comprava, pois as coisas estão mais caras e não dá mais para comprar tudo que querem sobretudo entre o público feminino (58,6%). Além disso, o brasileiro precisou mudar alguns hábitos de consumo ao longo do ano: 89,4% dos entrevistados tiveram que fazer cortes ou ajustes no orçamento em 2015, principalmente no caso das mulheres (92,5%). Os itens que mais sofreram corte foram o almoço/jantar/lanche fora de casa (68,7%), os produtos supérfluos de supermercado (65,6%), vestuário/ calçados/acessórios (60,3%) e bares/casas noturnas/baladas (57,5%). 65,2% disseram que as finanças pessoais estão piores, hoje, em relação ao ano passado Principais motivos: 63,7% 46,3% 42,3% Muita coisa aumentou e meu rendimento não, tive que diminuir meu consumo para manter as contas em dia Endividamento, com muitos compromissos a pagar Diminuição da renda familiar 3

4 Cartão de crédito é a conta em atraso mais comum Ao longo de 2015 os brasileiros também alegaram dificuldade para manter as contas em dia, tendo ficado muitos meses no vermelho (41,8%), e um em cada cinco entrevistados (22,6%) garante ter ficado com o nome sujo por não ter pago todas as contas, - aumentando para 27,4% entre os homens e 30,8% entre as pessoas com 50 anos ou mais. Entre os consumidores que possuem contas atrasadas e estão negativados, a mais frequente é a do cartão de crédito: seis em cada dez pessoas (64,6%) deixaram de pagar parcelas, aumentando para 80,8% entre as mulheres. Também foram mencionadas as parcelas do cartão de loja (54,7%), a conta de água/luz (39,8%, aumentando para 60,4% entre as mulheres), as parcelas em carnês (36,5%) e o cheque especial (22,8%). RANKING DAS CONTAS EM ATRASO Parcelas a pagar no cartão de crédito 64,6% Parcelas a pagar do cartão de loja 54,7% Conta de água/luz Parcelas em carnês 36,5% 39,8% Cheque especial Conta de telefone (fixo ou celular) Crédito consignado Internet TV por assinatura Financiamento de casa Plano de saúde Escola ou faculdade Financiamento de automóvel/moto Aluguel Parcelas a pagar em cheque Condomínio 22,8% 21,3% 21,2% 19,8% 18,0% 14,6% 11,8% 10,2% 8,7% 8,1% 7,0% 0,3% 4

5 O período das contas em atraso, na percepção dos entrevistados, varia bastante em função do tipo de conta, mas pode-se observar que, de modo geral, os consumidores priorizam os pagamentos mais necessários ao dia a dia e que tem o corte de serviço como consequência do não pagamento: para a maior parte dos entrevistados, o atraso é de até 30 dias no caso da conta de água e luz (39,9%) e do telefone fixo ou celular (52,8%). Em contrapartida, 57,1% estão sem pagar o cartão de crédito há mais de três meses, o mesmo ocorrendo com as parcelas do cartão de loja (53,2%). Pouco menos de dois terços das pessoas ouvidas (59,6%) pretendem limpar o nome nos próximos seis meses, sobretudo entre os pertencentes à Classe A/B (71,2%). Por outro lado, praticamente quatro em cada dez (38,1%) pretendem fazê-lo, mas não há previsão de quando isso será possível. O estudo indica que o valor médio de todas as dívidas, desses consumidores, incluindo juros e multas, chega a R$ , embora seja preciso destacar que 42,8% dos entrevistados nem sequer sabem quanto devem. O valor médio das dívidas dos inadimplentes chega a R$ Seis em cada dez consumidores desempregados estão nesta situação há mais de sete meses 12,8% dos consumidores ouvidos disseram que estão desempregados atualmente, sendo que, entre esses, 61,6% encontram-se nesta condição há mais de sete meses. Além disso, a pesquisa mostra que o desemprego é uma realidade bastante próxima ao cotidiano dos entrevistados: 71,5% conhecem alguém próximo que perdeu o emprego nos últimos três meses. Ainda que em 2015 a impressão geral dos brasileiros sobre a economia do país seja ruim, 40,5% dos entrevistados acreditam que seu emprego está estável, com percentuais maiores entre as pessoas com idade até 49 anos e os pertencentes às Classes C/D/E (50,4%). Ao mesmo tempo, 16,9% dizem que o emprego está instável e temem a perda a qualquer momento, principalmente entre as mulheres (20,1%). De acordo com o CAGED, foram fechadas mais de 1,5 milhão de vagas de empregos formais nos 12 meses até novembro. A taxa de desemprego medida pelo IBGE passou de 5,3% em janeiro de 2015 para 7,5% em novembro. 5

6 Cuidar da saúde foi o projeto mais realizado em Preços altos são a justificativa mais citada para adiar planos traçados em 2015 Considerando os projetos planejados para 2015 e que foram realizados, o principal deles foi o de cuidar da saúde, citado por 23,7% dos entrevistados (aumentando para 29,2% nas Classes A/B). Também merecem destaque o tempo livre para realizar as coisas de que se gosta (16,7%), a perda de peso (14,2%, aumentando para 17,6% entre as mulheres) e a reforma da casa (8,8%). Em contrapartida, dentre as metas não alcançadas ao longo do ano, a mais citada foi a de fazer uma grande viagem (35,0%). Parte dos consumidores ouvidos não conseguiu poupar/fazer reserva de dinheiro (33,0%, aumentando para 40,3% entre as mulheres), comprar um carro (27,9%, aumentando para 33,6% entre os homens), reformar a casa (26,9%) e adquirir casa própria (20,0%). Além disso, 29,8% dos entrevistados não traçaram planos para 2015, principalmente entre as pessoas das classes C/D/E (33,8%). O contexto da crise econômica surge mais uma vez, agora como justificativa para os planos adiados: 56,4% dos consumidores que não realizaram seus objetivos em 2015 citam os preços altos, enquanto 41,6% afirmam que o dinheiro mal dá para pagar as despesas mensais, com percentual ainda maior entre as mulheres (47,2%). Também são mencionados os juros altos dos financiamentos (29,8%, aumentando para 34,8% entre as Classes A/B) e a falta de organização financeira (27,4%), com percentual maior nas Classes C/D/E (33,1%). 6

7 EXPECTATIVAS PARA 2016 Consumidores que acreditam em piora do cenário econômico falam em comprar menos e diminuir o consumo de supérfluos Não há consenso sobre o que esperar em 2016, levando em conta o cenário econômico do país. As expectativas estão divididas, sendo que de um lado estão aqueles que imaginam uma situação pior do que em 2015: 31,1%, aumentando entre as Classes A/B (36,0%) e entre os que possuem 50 anos ou mais (45,2%); do outro lado, por sua vez, estão os que pensam que o próximo ano será melhor: 37,0%, aumentando entre as mulheres (42,3%) e os mais jovens (63,3%). As projeções dos analistas ouvidos pelo Boletim Focus, do Banco Central, apontam para uma queda de mais de 2,5% do PIB em 2016; para a inflação, a projeção é de que o IPCA alcance 6,8% no próximo ano, ficando mais uma vez acima do teto da meta. O pessimismo justifica-se pelo fato de que o ambiente político deve continuar tumultuado, obstruindo a correção dos desequilíbrios econômicos, em especial nas contas públicas. EXPECTATIVA PARA ,6% 37,0% 19,2% 31,1% Total Não sei Será melhor que 2015 Será igual a 2015 Será pior do que em

8 Principais consequências da piora do cenário econômico*: Diminuição das compras 55,6% Diminuição do consumo de supérfluos 48,4% Maior dificuldade de economizar e constituir reserva financeira 45,4% COMO MEDIDA PARA SUPERAR OS PROBLEMAS DECORRENTES DA CRISE ECONÔMICA, AS ATITUDES MENCIONADAS PELOS ENTREVISTADOS FORAM: 56,3% 36,4% 33,8% 32,7% Intenção de organizar das contas da casa Evitar o uso do cartão de crédito Evitar as compras parceladas Pagar a maioria das compras à vista Considerando os consumidores que acreditam na piora do cenário econômico em 2016, as principais consequências esperadas são a diminuição das compras (55,6%), a diminuição do consumo de supérfluos, já que haverá menos dinheiro (48,4%, aumentando para 59,7% nas Classes A/B, e a maior dificuldade de economizar e constituir reserva financeira (45,4%). Como medida para superar os problemas decorrentes da crise econômica, a maior parte dos entrevistados menciona a intenção de organizar as contas da casa (56,3%, aumentando para 60,8% nas Classes C/D/E). Os consumidores também pretendem evitar o uso do cartão de crédito (36,4%) e as compras parceladas (33,8%), além de pagar a maioria das compras à vista (32,7%) sobretudo entre os homens (37,3%). *Entre aqueles que acreditam que 2016 vai ser pior. 8

9 Para a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, este é um sinal de que parte dos consumidores entende a gravidade da situação e pretende agir ativamente a fim de evitar o desequilíbrio financeiro. Segundo a especialista, medidas como a organização das contas e o uso consciente do cartão de crédito são salutares e podem fazer diferença no orçamento, ao longo de todo o ano, uma vez que não há previsão de quando haverá recuperação da economia. Além disso, o consumidor sabe que as compras parceladas representam risco de endividamento, situação que poderia fugir ainda mais ao controle, em caso de desemprego. Mesmo diante de inúmeras incertezas a respeito dos rumos da economia do país no ano que se aproxima, os brasileiros já fazem planos. O estudo mostra que o consumidor está dividido entre o otimismo e a neutralidade no que tange a sua vida, com a menor parte admitindo desânimo em relação à vida pessoal para Quatro em cada dez pessoas ouvidas (39,6%) afirmam estar animados para concretizar seus projetos de vida em 2016, principalmente as mulheres (44,9%, contra 34,0% entre os homens), sendo que a praticamente a mesma proporção adota postura neutra: 42,3% não possuem expectativas positivas ou negativas. Por outro lado, 15,0% dos consumidores se dizem desanimados com tudo. Considerando apenas esses últimos, as razões apontadas são a falta de dinheiro/situação financeira difícil (76,0%, aumentando para 90,3% entre as mulheres), o medo de ficar desempregado (29,7%) ou de pessoas da família serem demitidas (29,2%, aumentando para 54,9% entre as mulheres e 41,1% nas Classes A/B). Pensando em 2016, o principal projeto dos consumidores é de ordem financeira: 36,8% pretendem sair do vermelho, pagando todas as contas que estão vencidas. Em seguida são mencionados os desejos de fazer atividade física (34,3%, aumentando para 42,8% entre as mulheres) e de comprar/trocar de carro (27,6%), além de perder peso (27,5%, aumentando para 36,4% entre as mulheres). 9

10 PROJETOS PARA 2016 Sair do vermelho, pagar todas as contas vencidas que estão pendentes Fazer atividade física 34,3% 36,8% Comprar, trocar de carro 27,6% Perder peso, emagrecer 27,5% Reformar minha casa 27,3% Ter mais tempo para aproveitar a vida com família e amigos 26,4% Fazer uma viagem nacional 21,2% Estudar, fazer um curso, faculdade, pós-graduação etc 18,1% Conseguir um novo emprego 17,2% Comprar uma casa 16,6% Abrir um negócio 10,5% Encontrar um grande amor 10,4% Considerando os planos traçados para 2016, o mais citado é o de realizar aplicações periódicas, seja na poupança ou outros investimentos como renda fixa, CDB, dentre outros (23,8%, aumentando para 27,5% entre as mulheres). Outras metas incluem a compra de vestuário e calçados (22,7%, aumentando para 26,9% entre as mulheres), a aquisição de eletroeletrônicos (22,3%, aumentando para 29,9% entre os homens) e o financiamento de automóvel (19,5%). 22,2% ainda não sabem. Para o educador financeiro do SPC Brasil e do Portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, o desejo de realizar aplicações ou fazer poupança demonstra o amadurecimento de parte dos brasileiros, mas ele afirma que essa ação só pode se concretizar se o consumidor mantiver o foco, ao longo do ano. Vignoli acrescenta que é fundamental evitar o acúmulo de dívidas, tendo em mente que as compras de maior valor exigem planejamento, e que o pagamento à vista deve ser a primeira opção, sempre que possível. 10

11 Quase a metade da amostra (46,6%) afirma que não vai viajar de férias no período de dezembro e janeiro, pois não há condição financeira para tal. Apenas 17,1% das pessoas ouvidas mencionam a intenção de viajar, sendo que 16,1% pretendem escolher um lugar mais barato que os anos anteriores principalmente nas Classes A/B (21,5%). Observa-se que abdicar do consumo de supérfluos, em virtude da crise econômica, não é tarefa fácil para parte dos entrevistados: 32,5% admitem que em 2016 não gostariam de deixar de comprar alguns produtos não tão necessários e dos quais gostam muito sobretudo entre os homens (39,3%). Dentre as coisas das quais os consumidores não gostariam de abrir mão estão também a reserva financeira (31,6%, aumentando para 36,4% entre as mulheres), a compra de roupas, calçados e acessórios (25,3%, aumentando para 32,0% entre as mulheres) e os planos de internet/celular (23,8%, aumentando para 32,8% entre os homens). Chama atenção que parte dos consumidores está dividida entre o desejo de poupar e os hábitos de consumo. José Vignoli lembra que é preciso haver equilíbrio, pois o consumo exacerbado é incompatível com a constituição de uma reserva financeira. 32,5% admitem que em 2016 não gostariam de deixar de comprar alguns produtos não tão necessários e dos quais gostam muito 31,6% não gostariam de abrir mão da reserva financeira 11

12 Brasileiro acredita que a corrupção é o principal problema a ser resolvido em 2016 O maior temor dos entrevistados em 2016 é o de não conseguir pagar as dívidas: 56,9%, com percentuais maiores entre as mulheres (61,0%) e aqueles com 50 anos ou mais (69,6%). As pessoas ouvidas também mencionam os problemas de saúde (54,6%, aumentando para 74,4% entre os mais velhos e 65,3% entre as Classes A/B), a possiblidade de serem vítimas de violência/assalto (35,2%) e que o país não saia da crise (27,1%, aumentando para 31,8% nas Classes A/B). 56,9% afirmam que o maior temor para 2016 é não conseguir pagar as dívidas Finalmente, o estudo mostra que os brasileiros se preocupam bastante com a corrupção: 42,5% dos entrevistados citam este problema como o mais importante a ser resolvido em 2016, principalmente entre os homens (46,6%). Em segundo lugar aparece a crise econômica, mencionada por 39,6%, com percentual maior entre as pessoas com idade de 35 a 49 anos (52,8%). 12

13 CONCLUSÕES Retrospectiva 2015 Grande parte dos brasileiros acredita que a situação econômica do país piorou em 2015 (79,6%). No que diz respeito às finanças pessoais, a avaliação também é pessimista: 65,2% acham que piorou, em relação ao ano passado. Quem menciona a deterioração das contas pessoais justifica dizendo que os preços aumentaram, e o rendimento não acompanhou, sendo necessário diminuir o consumo (63,7%). Há ainda quem fale em endividamento (46,3%) e diminuição da renda familiar (42,3%) O agravamento da crise econômica impacta diretamente o consumo: 50,8% tiveram de abrir mão de itens que compravam, pois as coisas estão mais caras. O consumidor precisou mudar hábitos e implementar medidas de contenção: 89,4% tiveram de fazer cortes ou ajustes no orçamento. Os principais cortes foram feitos na alimentação fora de casa (68,7%), nos itens supérfluos de supermercado (65,6%), vestuários/ calçados/acessórios (60,3%) e bares/casas noturnas/baladas (57,5%). 41,8% dos entrevistados ficaram muitos meses com as contas no vermelho durante o ano, e um em cada cinco (22,6%) teve o nome inserido em algum órgão de proteção ao crédito. Entre os entrevistados inadimplentes, o cartão de crédito é a conta com mais tempo de atraso: desses, seis em cada dez pessoas (64,6%) deixaram de pagar ao menos uma parcela ao longo de 2015, aumentando para 80,8% entre as mulheres. E seu tempo de atraso passa de 3 meses na percepção de 57,1% dos inadimplentes que tem esta conta pendente. 13

14 Ao ver-se diante da situação em que não pode arcar com todas as despesas, o consumidor parece optar por pagar mais rapidamente as contas necessárias ao dia a dia: o atraso é de até 30 dias para as contas de água e luz (39,9%) e de telefone fixo ou móvel (52,8%). No caso do cartão de loja 53,2% dessas contas, o tempo de atraso é superior a três meses. Menos de um terço (29,2%) dos que estão com o nome sujo conseguirá resolver a situação nos próximos três meses. 38,1% pretendem limpar o nome, mas não sabem quando poderão. O valor médio de todas as dívidas dos consumidores inadimplentes, incluindo juros e multas, é de R$ Quatro em cada dez endividados (42,8%) não sabem quanto devem. 16,9% afirmam que seu emprego está instável e temem perdê-lo a qualquer momento, e 12,8% estão desempregados, atualmente. Desses últimos, 61,6% encontram-se nesta situação há mais de sete meses. Dentre os projetos planejados e realizados em 2015, o mais citado é o de cuidar da saúde (23,7%). Já entre as metas não alcançadas, as principais são a de fazer uma grande viagem (35,0%) e de poupar/ manter uma reserva de dinheiro (33,0%, aumentando para 40,3% entre as mulheres). Na hora de justificar o adiamento dos planos estabelecidos para 2015, a crise econômica aparece relacionada às principais respostas: 56,4% citam os preços altos, enquanto 41,6% dizem que o dinheiro mal dá para pagar as despesas mensais. 14

15 Expectativas para 2016 As expectativas estão divididas em relação a 2016: 31,1% esperam um ano pior que 2015, enquanto 37,0% pensam que será melhor. A principal ação para superar os problemas decorrentes da crise econômica será a organização das contas da casa (56,3%). Os consumidores também pretendem evitar o uso do cartão de crédito (36,4%) e as compras parceladas (33,8%), além de optar pelo pagamento à vista na maioria das compras (32,7%). Os que acreditam em piora das condições econômicas pretendem diminuir as compras (55,6%) e o consumo de supérfluos (48,4%), além de acharem que será mais difícil constituir uma reserva financeira (45,4%). Para parte dos brasileiros, não é fácil abdicar dos supérfluos: 32,5% admitem que em 2016 não gostariam de deixar de comprar alguns produtos não tão necessários, mas dos quais gostam muito. O principal projeto dos entrevistados para 2016 é de ordem financeira: 36,8% desejam sair do vermelho, pagando todas as contas que estão vencidas. Dentre os planos traçados para 2016, o mais citado é o de realizar aplicações periódicas, seja na poupança ou outros investimentos, como renda fixa e CDB, dentre outros (23,8%). Somente 17,1% dos entrevistados pretendem viajar de férias no período de dezembro e janeiro, sendo que 16,1% escolherão um lugar mais barato que nos anos anteriores. O maior temor dos consumidores em 2016 é o de não conseguir pagar as dívidas (56,9%), mas também são mencionados os problemas de saúde (54,6%) e a possibilidade de ser vítima de violência/assalto (35,2%). Para a maior parte dos consumidores ouvidos, os problemas mais importantes a serem resolvidos em 2016 são a corrupção (42,5%) e a crise econômica (39,6%). 15

16 METODOLOGIA Público alvo: Pessoas residentes em todas as regiões do país, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas (excluindo analfabetos). Método de coleta: pesquisa realizada pela web. Tamanho amostral da Pesquisa: 600 casos; pós-ponderada, considerando a região do país, sexo, idade, classe e escolaridade, gerando margem de erro no geral de 4,0 p.p para um intervalo de confiança a 95%. Data de coleta dos dados: de 25 de novembro a 10 de dezembro de

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