O CENÁRIO ECONÔMICO ATUAL NA VISÃO DOS CONSUMIDORES

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1 O CENÁRIO ECONÔMICO ATUAL NA VISÃO DOS CONSUMIDORES Maio 2015

2 1. INTRODUÇÃO Consumidor espera ano pior para a economia em comparação a 2014: a maioria acredita em restrição ao consumo de supérfluos, sensação de juros mais altos e maior restrição ao crédito Boa parte dos brasileiros não parece estar otimista em relação à evolução da economia brasileira em A pesquisa do SPC Brasil e Meu Bolso Feliz sobre o cenário econômico atual na visão dos consumidores pretende investigar a percepção e expectativas dos consumidores sobre a atual situação da economia brasileira, as perspectivas para o ano e os impactos sobre o consumo e a tomada de crédito. Os dados revelam que praticamente a metade dos entrevistados (47%) espera uma situação pior para o cenário econômico em 2015 na comparação com o ano passado. As consequências deste cenário, de forma geral, estão relacionadas à restrição ao consumo e à diminuição de compras parceladas, caracterizado pela sensação de maior dificuldade para o acesso ao crédito (34%), percepção de taxas de juros mais altas (57%) e diminuição no consumo de itens supérfluos (56%). 2

3 Para 47% dos consumidores, 2015 SERÁ PIOR PARA A ECONOMIA EM COMPARAÇÃO A 2014 ANO 2015 EM RELAÇÃO A 2014: 56% 53% Afirmam que o consumo de produtos supérfluos será menor Acreditam que as compras parceladas deverão ser menores 47% 30% 14% 15% 12% PESSIMISMO Acreditam que o cenário econômico será pior em 2015 Diminuiram as compras parceladas Irão deixar de consumir coisas que não precisam tanto porque terão menos dinheiro Acreditam que será mais difícil as empresas concederem pagamentos com muitas parcelas Alegam que ficará mais difícil economizar e fazer reserva financeira 34% 37% 8% CRÉDITO Afirmam que está mais difícil conseguir crédito em 2015, em comparação à 2014 Sentem dificuldade em usufruir de algumas formas de pagamento e, destes, 37% desistem da por dificuldades com a forma de pagamento Levam apenas apenas uma parte da compra para poder pagar sem ter de parcelar. Nesses casos, as perdas dos lojistas chegam a 37% 57% 33% JUROS Acreditam que as taxas de juros, são maiores que aquelas cobradas em 2014 Não sabem dizer se as taxas de juros estão acima ou abaixo das cobradas em

4 Consumidor fala em restringir consumo e diminuir compras parceladas Quase metade (47%) dos entrevistados pelo SPC Brasil e Meu Bolso Feliz acredita que o cenário econômico será pior em 2015 em relação a 2014, sobretudo os pertencentes à Classe A/B (56%, contra 44% na Classe C/D/E) e aqueles com maior escolaridade (65% entre os que têm ensino superior e pós graduação, contra 45% entre os que têm até o ensino médio). Para os consumidores que esperam piora das condições da economia, os principais desdobramentos desse cenário, na interpretação do consumidor em relação ao seu cotidiano, estará a diminuição de compras parceladas (30%), sobretudo entre os homens (42%). Os respondentes também apontam a restrição ao consumo como consequência da deterioração econômica do país em 2015: 22% afirmam que deixarão de consumir coisas das quais não precisam, a fim de economizar, principalmente os homens (34%) e os mais escolarizados (41%, contra 20% entre aqueles com ensino médio). O consumidor também espera uma postura mais severa em relação à concessão de crédito: 15% acreditam que será mais difícil as empresas concederem pagamentos com muitas parcelas. Ao mesmo tempo, 14% dos que acreditam em piora com relação a 2014 entendem que sentirão o impacto da crise a partir da diminuição do poder aquisitivo: eles dizem que vão deixar de consumir coisas que não precisam tanto porque terão menos dinheiro. Também há aqueles que acreditam que ficará mais difícil economizar e fazer reserva financeira (12%), com aumento significativo entre os mais escolarizados (34%, contra 10% entre aqueles com ensino médio). 4

5 Percepção do cenário econômico ruim envolve juros mais altos e acesso ao crédito dificultado Está mais difícil conseguir crédito em 2015, em comparação ao ano passado, na opinião de 34% dos entrevistados. O acesso ao crédito também é percebido de forma desfavorável por aqueles que esperam um ano ruim para a economia, em relação a 2014: entre os consumidores que acreditam num cenário econômico pior em 2015 (47%), a maior parte (59%) afirma que está mais difícil conseguir crédito (contra 29% que acreditam estar mais fácil) dentre este mesmo público. Praticamente quatro em cada dez pessoas (37%) dizem sentir maior dificuldade em usufruir de algumas formas de pagamento atualmente, sobretudo no caso do cheque pré-datado (19%, aumentando para 22% entre as mulheres). Quando isso acontece, 37% dos consumidores que enfrentam esta situação desistem da compra. Por outro lado, 30% preferem pagar à vista dentre os que encontram algum obstáculo relativo à forma de pagamento, com percentuais de 37% entre os homens, 40% na Classe A/B (contra 27% na Classe C/D/E), 41% entre os mais escolarizados (contra 30% entre os que possuem ensino médio) e 36% entre os que possuem renda própria (contra 19% entre os que não possuem). Neste mesmo grupo, 8% que garantem levar apenas uma parte da compra para poder pagar sem ter de parcelar, as perdas dos lojistas são de ao menos 37%. 57% dos consumidores ouvidos na pesquisa acreditam que as taxas de juros, hoje, são maiores que aquelas cobradas em 2014, principalmente entre os homens (68%), pessoas das classes A/B (67%), com maior escolaridade (74%) e com renda própria (61%). Também é expressivo o percentual daqueles que nem sequer sabem se as taxas de juros estão acima ou abaixo das cobradas em 2014: 33%. 5

6 Restrição ao consumo passa pelo corte de gastos com itens supérfluos Para 56% dos respondentes, o consumo de produtos supérfluos será menor em 2015, com percentuais mais significativos entre os homens (61%), pessoas da Classe A/B (73%, contra 52% na Classe C/D/E), com maior escolaridade (73%) e sem renda própria (61%). A mesma expectativa pessimista envolve as compras parceladas, que deverão ser menores que em 2015 na comparação com 2014, na opinião de 53% dos entrevistados aumentando para 61% entre os homens, 63% entre as pessoas da Classe A/B, 67% entre os que possuem maior escolaridade e 62% entre aqueles que não têm renda própria. Novamente, observa-se que a interpretação é mais desfavorável entre aqueles que vislumbram um ano pior para a economia: entre os respondentes que apostam na deterioração do cenário econômico em 2015 (47%), a maior parte (55%) garante que fará menos compras parceladas, na comparação com o ano passado (contra 24% que esperam aumentar essas compras). Finalmente, 15% dos consumidores já tentaram usar uma forma de pagamento usual e não conseguiram, enquanto 66% tem recebido ofertas para pagar compras em dinheiro. 6

7 2. CONCLUSÃO As perspectivas para a economia, este ano, mostram-se desanimadoras na opinião de boa parte dos brasileiros, de acordo com os resultados da pesquisa O cenário econômico atual na visão dos consumidores, conduzida pelo SPC Brasil e Meu Bolso Feliz. Quase a metade (47%) espera um ano econômico pior em 2015 na comparação com o que faz com que muitos entrevistados pensem em frear o consumo, produzindo, por sua vez, reflexos importantes para o comércio e para o setor de serviços. A sensação ruim sobre o aspecto geral da economia é mais intensa na Classe A/B (56%, contra 44% da Classe C/D/E) e entre aqueles com maior escolaridade (65%). Inicialmente, a pesquisa mostra que a percepção negativa do consumidor passa pela restrição ao crédito e pelo aumento das taxas de juros: 34% acreditam que está mais difícil conseguir crédito, sendo que a sensação está mais presente (57%) entre aqueles que apostam na piora do cenário econômico em Ao mesmo tempo, 57% dos respondentes acreditam que os juros cobrados estão mais altos, hoje (74% entre os de maior escolaridade). 47 % esperam um ano econômico pior em 2015 na comparação com % acreditam que está mais difícil conseguir crédito 7

8 Os dados mostrados pela pesquisa realizada pelo SPC Brasil e pelo site Meu Bolso Feliz mostram que as percepções do consumidor são corroboradas pelos indicadores econômicos recentes. A taxa básica de juros (Selic) que baliza o preço das operações de financiamento no país havia ficado estável em 11% desde abril de 2014, e voltou a subir a partir de outubro de 2014, chegando a 12,75% na última reunião do Comitê de Política Monetária ocorrida em março. Com isso as operações de crédito ficam mais caras: em apuração recente, o Banco Central mostrou que a taxa média de juros para o crédito pessoal, que estava perto de 43% no início de 2014, acelerou para 47% em fevereiro de A alta nas taxas de juros, aliada à piora na confiança do consumidor e na conjuntura econômica já têm como reflexo a queda na oferta de crédito, o endurecimento das pré-condições para financiamento (como exigência de garantias, comprovação de renda e maior entrada) e até um recuo na demanda por itens financiados. Dados do Banco Central do Brasil mostram que a concessão de crédito livre a pessoas físicas recuou 5,5% em um ano até fevereiro de Os dados do comércio apurados pelo IBGE mostram a mesma tendência: as vendas no varejo ampliado mostram quedas repetidas na comparação anual, puxadas principalmente por itens ligados a financiamento como material de construção, veículos e móveis e eletrodomésticos. Pessimismo do consumidor em relação aos rumos da economia A experiência do dia a dia ajuda a reverberar o pessimismo do consumidor em relação aos rumos da economia: 37% dizem já sentir maior dificuldade em usufruir de algumas formas de pagamento, sobretudo no caso do cheque pré-datado (19%). Ao lado disso, os entrevistados imaginam que a postura em relação ao financiamento deverá ser mais conservadora, em virtude da crise: 15% acham que será mais difícil as empresas concederem pagamentos em muitas parcelas. 15 % acham que será mais difícil as empresas concederem pagamentos em muitas parcelas 37 % sentem dificuldades em usufruir de alguma forma de pagamento Dentre os que enfrentam obstáculos para utilizar a forma de pagamento escolhida no momento da compra, 37% desistem dela. Outros 8% optam por levar apenas parte do que intencionavam adquirir, ou seja: as perdas de vendas do comércio podem chegar a 45%, entre os consumidores que enfrentam dificuldades com as mais diversas formas de pagamento. Vale destacar que 30% dos consumidores preferem pagar à vista quando sua forma de pagamento é rejeitada (40% na Classe A/B, contra 27% na Classe C/D/E). 8

9 Com um cenário caracterizado fundamentalmente pela sensação de juros mais altos e restrição ao crédito, o estudo indica que haverá uma série de mudanças no comportamento do consumidor, com consequências práticas para os lojistas: 30% acreditam que farão menos compras parceladas, e 22% falam em deixar de consumir coisas das quais não precisam, a fim de economizar (41% entre os mais escolarizados). 22% falam em deixar de consumir coisas das quais não precisam, a fim de economizar De fato, em um ano de incertezas como o de 2015, uma atitude preventiva no que tange as finanças é o que deve ser feito. Aqui se incluem novos hábitos, como a preferência pelo pagamento à vista e a construção de uma reserva financeira para imprevistos, que podem ser bem vantajosos no momento de evitar a inadimplência. Os dados apurados pelo SPC Brasil mostram o número de consumidores inadimplentes avançou 3,76% em março de 2015 na comparação com o mesmo mês de 2014, a maior variação em 6 meses. 56% acreditam que o consumo de supérfluos será menor em 2015 A restrição ao consumo também será um desdobramento da diminuição do poder aquisitivo: 14% dizem que deixarão de consumir coisas que não precisam tanto porque terão menos dinheiro. Ao mesmo tempo, 56% acreditam que o consumo de supérfluos será menor em 2015 (73% na Classe A/B) e 53% dos entrevistados afirmam que farão menos compras parceladas em 2015, na comparação com o ano anterior (62% entre os que não possuem renda própria). 9

10 Em sintonia com o momento econômico brasileiro, a pesquisa do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz mostra que o ano de 2015 será caracterizado por um importante ajuste nas finanças dos brasileiros. Em um contexto em que a confiança de consumidores e empresários está em baixa e o desemprego começa a bater à porta das famílias o consumo de bens supérfluos e de compras ligadas a financiamento já começa a ser evitado, como mostra, por exemplo, a queda de emplacamento de carros novos divulgado pela Anfavea: mais de 20% apenas no primeiro bimestre do ano. O momento pede que os consumidores evitem compromissos financeiros de longo prazo, optando pelo pagamento à vista. Além disso, vale se prevenir contra imprevistos, como o temido desemprego, diminuindo o consumo para economizar e iniciando uma reserva financeira. O momento pede que os consumidores evitem compromissos financeiros de longo prazo, optando pelo pagamento à vista e iniciando uma reserva financeira para imprevistos como o temido desemprego 10

11 3. METODOLOGIA Público-alvo: Consumidores das 27 capitais brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas (excluindo analfabetos). Método de coleta: Pesquisa realizada pela web. Tamanho amostral da Pesquisa: 642 casos, gerando margem de erro no geral de 3,8 p.p para um intervalo de confiança a 95%. Data de coleta dos dados: 23 a 31 de março de

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