FORUM DE DIRETORES DE FACULDADE/CENTROS DE EDUCAÇÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS FORUMDIR
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- Felícia Salgado Coelho
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1 1 FORUM DE DIRETORES DE FACULDADE/CENTROS DE EDUCAÇÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS FORUMDIR XIII ENCONTRO NACIONAL VITÓRIA/ES - NOVEMBRO DE 2000 DOCUMENTO FINAL 1. CURSO DE PEDAGOGIA E SUAS DIRETRIZES Os inúmeros documentos e instrumentos normativos relativos às políticas educacionais, recentemente editados pelo Ministério da Educação e pelo Conselho Nacional da Educação, enfatizam as concepções de competência e prática pedagógica restritas ao saber fazer, à prática didática, associadas à idéia de eficiência pedagógica, centrada no indivíduo e nas habilidades pessoais. O FORUMDIR entende que a prática, na sua relação dialética com a teoria, deve se constituir em um espaço/tempo de produção de saberes e de formação política dos sujeitos nela implicados. Isto significa reafirmar a centralidade da ação conjunta, considerada componente fundamental na construção e consolidação de um projeto educativo comprometido com a formação de sujeitos coletivos, solidários e responsáveis e com o processo de democratização da sociedade e da educação. Sustentados nesses princípios, REAFIRMAMOS que: 1. A docência deve constituir a base da identidade e da formação do profissional da educação, articulada a uma formação mais ampla, que envolva capacidades de exercício da gestão e da coordenação pedagógica em ambientes escolares e não-escolares.
2 2 2. A formação inicial de professores deve ser feita mediante Licenciatura Plena, garantindo-se a integração ensino-pesquisa-extensão. 3. A formação posterior, realizada na Põs-Graduação, deve ser incentivada, na perspectiva da educação continuada, para o exercício de outras funções profissionais na área da educação. Diante das inúmeras análises conjunturais e do estudo dos documentos oficiais realizados pelos membros do Fórum, e no sentido de buscar garantir a efetivação desses princípios, os participantes do XIII Encontro Nacional do FÓRUMDIR, reiterando posições já manifestadas, REIVINDICAM : 1. Que sejam revogados os Decretos nºs 3.276/99 e 3.554/00, bem como os demais atos normativos que tratam da formação de professores, especialmente a Resolução CNE 01/99, tanto pela forma quanto pelo mérito. Esta matéria nunca deveria ter sido regulamentada da forma como o foi. Deveria, sim, ter sido objeto de deliberação do CNE, ouvidas as entidades representativas da área. No mérito, o curso de Pedagogia tal como vem sendo realizado pelas Universidades Públicas e pelas Universidades privadas, confessionais e comunitárias, é o padrão desejável para a formação de professores das Séries Iniciais do Ensino Fundamental e da Educação Infantil. As outras modalidades estabelecidas ou re-estabelecidas pela legislação recente somente deveriam ser admitidas em caráter transitório e excepcional, para atender demandas específicas que não possam ser supridas pelo ensino superior regular. 2. Que seja desencadeado um amplo debate nacional com a sociedade civil. envolvendo formadores, professores e estudantes, com vistas a revisão da LDB, especialmente o Título VI, que trata dos Profissionais da Educação.
3 3 2. EXAME NACIONAL DE CURSOS - PROVÃO O FORUMDIR manifesta-se favorável à Avaliação dos Cursos de Pedagogia procedida sob a responsabilidade das próprias Instituições de Ensino Superior, através dos mecanismos propostos pelo PAIUB. Frente à decisão de introdução do Curso de Pedagogia no processo de avaliação implementado pelo MEC/INEP, o FÓRUMDIR volta a reafirmar sua posição contrária à sistemática e aos princípios adotados, pois estes sustentam-se numa concepção de avaliação limitada à verificação de resultados e desempenho, numa perspectiva meramente produtivista e pragmática. Uma prova, como as realizadas pelo Exame Nacional de Cursos, elaborada a partir de determinados parâmetros, definidos, na maioria dos casos, sem considerar as peculiaridades das áreas de conhecimento e do campo profissional, representa apenas uma amostra do provável domínio de conteúdos alcançado pelos estudantes. Esse tipo de procedimento avaliativo não permite posturas diferenciadas ou experimentais em matéria de projetos pedagógicos, nem permite a avaliação de outros aspectos importantes do processo de formação profissional promovido pelos Cursos de Pedagogia das universidades, tais como, entre outros: o desenvolvimento do pensamento crítico; a compreensão dos aspectos sócio-políticos-econômicos-culturais que contextualizam a ação educativa; o compromisso da cidadania; o desenvolvimento de saberes e capacidades profissionais específicos e da atitude investigativa; a capacidade de coordenar e/ou assessorar equipes escolares e não-escolares. A legislação vigente desconsidera o conhecimento construído e consolidado na trajetória ainda recente do Curso de Pedagogia, em conseqüência da Lei nº 5.692/71 (LDB Arts. 29 e 30), que possibilitou propostas alternativas de formação nesse Curso, contribuindo, assim, para a implementação de inovadoras experiências, que ampliaram o âmbito de atuação do Curso de Pedagogia. Até então restrito à formação de especialistas e de professores para atuarem nas as Matérias Pedagógicas do 2º grau, passou o Curso de Pedagogia a ocupar-se também, e em muitos casos, prioritariamente, da formação de professores para a Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental. A coexistência entre o antigo modelo e as novas propostas adotadas, a partir de 1980, por número sempre crescente de IES, gerou grande diversidade no formato dos cursos e significativas diferenças de perfil dos profissionais neles formados.
4 4 Por sua vez, o advento da Lei nº 9.394/96 (LDB) e sua regulamentação, ao propor novos espaços formadores sem história no país, produziu um cenário de profunda incerteza quanto ao destino dos atuais Cursos de Pedagogia e de grande inquietação ao abrir possibilidades quase ilimitadas à expansão de novos cursos e programas de formação profissional, maciçamente de origem na iniciativa privada, com múltiplos formatos e, na maioria dos casos, prenunciando escassa qualidade. Finalmente, deve-se registar que a submissão dos cursos de graduação a tal exame, deixa de considerar, no caso das IES públicas, especialmente as federais, o agravamento dos problemas relativos às condições de trabalho e de autodesenvolvimento provocados pela atual condução das políticas governamentais para o Ensino Superior. Diante dessa realidade, e por entender que qualquer proposta avaliativa deve ocorrer a partir de amplo processo de participação e discussão com as instituições formadoras e seus sujeitos, o FORUMDIR expressa sua inconformidade com a inclusão do Curso de Pedagogia no Exame Nacional de Cursos de 2001.
5 5 3. SOBRE A RELAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICAS COM OUTROS SETORES DA SOCIEDADE. Toda ação formadora de profissionais de educação, inicial ou continuada, presencial ou à distância, utilizando novos meios tecnológicos ou não, deve obedecer aos seguintes PRINCÍPIOS : a) Que seja preservada a autonomia didático-pedagógica e científica das universidades na formulação e realização dos projetos de cooperação; b) Que os recursos advindos dessa cooperação não substituam o financiamento público das universidades, compromisso constitucional do Estado para com a educação; c) Que os projetos de cooperação sigam critérios de qualidade acadêmica e relevância social, garantidos pela apreciação e aprovação nas instâncias colegiadas de deliberação das instituições envolvidas. d) Que seja mantida a gratuidade do ensino para os estudantes, quando a cooperação implicar a realização de cursos. A partir desses princípios, o FORUMDIR reafirma a necessidade de que ações de parceria e cooperação com diferentes segmentos sociais sejam articuladas aos projetos político-acadêmicos e educativos das Instituições, tendo como horizonte a consolidação da sua autonomia, marcada por uma gestão participativa e democrática.
6 6 4. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) É inegável a emergência de novos instrumentos tecnológicos e de novas possibilidades de trabalho, passíveis de serem aplicados à formação do profissional da educação. Entretanto, essa aplicação deve resguardar os mesmos princípios acadêmicos dos cursos presenciais, evitando-se o aligeiramento da formação e uma concepção eminentemente técnico-operacional, oposta ao que compreendemos por qualidade educacional. O FORUMDIR entende que a incorporação de novas tecnologias na educação e o desenvolvimento de programas/projetos de EAD devem ser definidos num processo de amplo debate, que possibilite a participação dos diferentes segmentos na sua definição. Consequentemente, o processo de criação de experiências de educação a distância deve seguir todas as etapas institucionais de discussão e deliberação, exatamente como ocorre com os cursos presenciais, em qualquer nível. Tal como os cursos regulares, as experiências de EAD devem orientar-se para a formação do profissional da educação capacitado a contribuir na produção de conhecimentos educacionais e na compreensão crítica da sociedade e da prática profissional, ultrapassando as necessidades imediatas do contexto de sua atuação e avançando na reflexão criativa sobre seu próprio fazer didático. No caso específico da constituição da UNIREDE, o FÓRUMDIR entende que esta deve subordinar-se a um amplo processo de discussão nas Instituições Públicas de Ensino Superior, especialmente nas Faculdades de Educação, vinculando-se aos princípios acima delimitados. Vitória, ES, 21 de novembro de 2000 Participantes do XIII signatários do Documento
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