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1 6(0$1È5,2 1$&,21$/ 23(5È5,2 ( 62&,$/,67$ CAUSA OPERÁRIA ::: 3&2 25* %5 &$86$23(5$5,$ )81'$'2 ( '( $12 ;;; 1 '( $ '( )(9(5(,52 '( 5 OPERAÇÃO DE GUERRA DE JOSÉ SERRA CONTRA A POPULAÇÃO POBRE EM PARAISÓPOLIS: REPRESSÃO POLICIAL 2 GLD FRPHoD WHQVR SDUD RV PRUDGRUHV GH 3DUDLVySROLV VHJXQGD PDLRU IDYHOD GD FLGDGH GH 6mR 3DXOR /RJR GH PDGUXJDGD RX SHOD PDQKm WUDEDOKDGRUHV TXH LQLFLDP VXD MRUQDGD VDHP GH VXDV FDVDV HQIUHQWDQGR R FOLPD GH UHSUHVVmR (VWHV WrP XPD JUDQGH FKDQFH GH VHUHP HQTXDGUDGRV SHOD 3ROtFLD 0LOLWDU 'LYHUVDV EDUUHLUDV VmR PRQWDGDV SHOD SROtFLD H HP HQWURQFDPHQWRV SROLFLDLV IRUPDP EDUUHLUDV SDUD UHYLVWDU H KXPLOKDU DTXHOHV TXH SDVVDP H VmR FRQVLGHUDGRV VXVSHLWRV 2 WRTXH GH UHFROKHU SUHYDOHFH SDUD SDUWH GRV PRUDGRUHV TXH VLPSOHVPHQWH QmR VDHP GH FDVD FRP PHGR GH UHSUHViOLDV GD SROtFLD FDYDODULD WURSD GH FKRTXH H FDPEXU}HV D FDGD HVTXLQD 3ROLFLDLV FLYLV PLOLWDUHV FmHV IDUHMDGRUHV KRPHQV GR &2( &RPSDQKLD GH 2SHUDo}HV (VSHFLDLV YLJLDP D SRSXODomR HP FDGD PRYLPHQWR (VWD p D SULPHLUD LPSUHVVmR GH TXHP HQWUD QD FRPXQLGDGH GH 3DUDLVySROLV XPD LOKD GH PLVpULD HP PHLR jv PDQV}HV GR 0RUXPEL /HLD QHVWD HGLomR D FREHUWXUD FRPSOHWD H H[FOXVLYD FRP IRWRV HQWUHYLVWDV H D DQiOLVH GRV DFRQWHFLPHQWRV Página 6 ELEIÇÕES NO SENADO E NA CÂMARA RECESSÃO PROFUNDA PMDB consolida poder no governo Quase 600 mil demitidos em janeiro nos EUA O número de demissões nos (VWDGRV 8QLGRV HP MDQHLUR DWLQJLX R SDWDPDU PLO SRVWRV GH WUDEDOKR HOHYDQGR D WD[D GHVHPSUHJR D R PDLRU FRUWH HP DQRV Página 7 $ HOHLomR GH -RVp 6DUQH\ SDUD R 6HQDGR H GH 0LFKHO 7HPHU GR 30'% SDUD D SUHVLGrQFLD GDV GXDV FDVDV QR &RQJUHVVR 1DFLRQDO PRVWUD D QHFHVVLGDGH GD EXUJXHVLD O NACIONALISMO NOS PAÍSES ATRASADOS DIANTE DAS DEMISSÕES Uma discussão sobre a América Latina Burocracia da CUT, com Lula e os patrões, apóia arrocho salarial e demissões 3DUD OXWDU SRU XPD DOWHUQDWLYD SUySULD GRV WUDEDOKDGRUHV GLDQWH GD FULVH p SUHFLVR FRORFDU GH S p H P F D G D I i E U L F D H P F D G D FDWHJRULD HP WRGR R 3DtV XP PRYLPHQWR FRPEDWLYR LQGHSHQGHQWH QDFLRQDO GH OXWD GRV WUD- 2 WH[WR TXH SXEOLFDPRV DTXL p D UHSURGXomR WDTXLJUiILFD GH XPD GLVFXVVmR UHDOL]DGD HP GH QRYHPEUR GH HQWUH 7UyWVNL H PHPEURV QRUWH DPHULFDQRV H PH[LFDQRV GD,9,QWHUQDFLRQDO UHXQLGRV QR 0p[LFR 7UDWDQGR GD VLWXDomR SROtWLFD H GDV TXHVW}HV FRORFDGDV EDOKDGRUHV FRQWUD DV GHPLVV}HV TXH QHFHVVLWD D DPSOLDomR GDV FRUUHQWHV FRPEDWLYDV H FODVVLVWDV GH RSRVLomR HP WRGRV RV VLQGLFDWRV QXPD OXWD JHUDO SRU XPD QRYD GLUHomR SDUD R PRYLPHQWR RSHUiULR Página 9 SDUD D RUJDQL]DomR GR SDUWLGR UHYROXFLRQiULR GRV WUDEDOKDGRUHV QR FRQWLQHQWH DPHULFDQR D GLVFXVVmR UHVVDOWRX SRQWRV UHOHYDQWHV SDUD R HVFODUHFLPHQWR GDV UHODo}HV HQWUH D FODVVH RSHUiULD H R QDFLRQDOLVPR EXUJXrV QRV SDtVHV DWUDVDGRV Página 12 REVOLUÇÃO NA ÁFRICA SEGUNDO O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL... O assassinato de Patrice Lumumba e a luta contra o imperialismo colonial na África Defender direitos das mulheres agora é apologia ao crime 3URFHVVR FRQWUD TXDVH PLO PXOKHUHV QR 06 UHMHLomR QD &kpdud GRV 'HSXWDGRV GR SURMHWR TXH SURSXQKD D OHJDOL]DomR GR DERUWR SULVmR GH PXOKHUHV H IHFKDPHQWR GH FOtQLFDV HP GLYHUVRV HVWDGRV DFRUGR DGPLQLVWUDU FRP R SDUWLGR GD PDLRU EDQFDGD QR &RQJUHVVR RV FRUWHV QR 2UoDPHQWR GLDQWH GD FULVH H PDQWHU D JRYHUQDELOLGDGH GH /XOD Página 5 GR (VWDGR EUDVLOHLUR DVVLQDGR SRU /XOD FRP R 9DWLFDQR &3, GR DERUWR H DJRUD XPD RUJDQL]DomR TXH DWXD QD GHIHVD GRV GLUHLWRV GDV PXOKHUHV VHQGR LQGLFLDGD SRU ³DSRORJLD H IDFLOLWDomR GR FULPH Página 13 3DWULFH /XPXPED j IUHQWH GH XP DPSOR PRYLPHQWR GDV PDVVDV RSHUiULDV H FDPSRQHVDV GHGLFRX VXD YLGD j OXWD FRQWUD D H[SORUDomR LPSHULDOLVWD DWp VHU FRYDUGHPHQWH WRUWXUDGR H DVVDVVLQDGR HP XPD RSHUDomR PRQWDGD SHOD &,$ Página 16 SÃO PAULO Novo plano de segurança nas escolas prevê ainda mais repressão aos estudantes $ SDUWLU GR GLD GH IHYHUHLUR DV HVFRODV HVWDGXDLV GH 6mR 3DXOR VHJXLUmR XP QRYR SODQR GH VHJXUDQoD TXH SUHYr GHQWUH RXWUDV FRLVDV VFDOL]DomR YLUWXDO GRV HVWXGDQWHV H R DXPHQWR GH SROLFLDLV QDV HVFRODV $V HVFRODV VHUmR WUDQVIRUPDGDV HP YHUGDGHLURV FDPSRV GH FRQFHQWUDomR VRE RUGHQV SUp HVWDEHOHFLGDV SHOD EXURFUDFLD Página 15 EUROPA EM CHAMAS COLÔMBIA ELEIÇÕES NO IRAQUE Greves e protestos Desespero de Uribe Novos ladrões no poder,vokqgld 5HLQR 8QLGR )UDQoD 5~VVLD /HW{QLD %XOJiULD *UpFLD XPD HQRUPH RQGD GH PDQLIHVWDo}HV MRJD JDVROLQD QD IRJXHLUD GD FULVH Página 17 $ OLEHUWDomR GH VHLV SULVLRQHLURV SROtWLFRV ID] SDUWH GH XPD GLVSXWD SROtWLFD HQWUH DV )$5& H R JRYHUQR 8ULEH TXH GHYHUi LQÀXHQFLDU QDV SUy[LPDV HOHLo}HV Página 18 6RE XPD RFXSDomR GLOXtGD GRV HOHLWRUHV SDUWLFLSDUDP GR SOHLWR TXH HVFROKHX RV JRYHUQDGRUHV GH GDV SURYtQFLDV GR SDtV Página 19 UNIFESP Lula persegue estudantes e protege a corrupta burocracia universitária 2 FDVR GD 8QLIHVS LOXVWUD D SROtWLFD GH /XOD QDV XQLYHUVLGDGHV S~EOLFDV GH FRUWH GH YHUEDV IDYR- UHFLPHQWR GD EXURFUDFLD XQLYHUVLWiULD H SHUVHJXLomR DR PRYLPHQWR HVWXGDQWLO Página 14 (P XP JUXSR GH DXGDFLRVRV FUtWLFRV FLQHPDWRJUi FRV IUDQFHVHV FRORFDULDP HP DomR XP GRV PDLV LQRYDGRUHV PRYLPHQWRV DUWtVWLFRV GD KLVWyULD GR FLQHPD (UD D nouvelle vague H VHX FRQFHLWR GH FLQHPD DXWRUDO XPD GDV PDLV LQWHUHVVDQWHV H[SUHVV}HV GD FULVH VRFLDO ODWHQWH QR SyV JXHUUD Página 20

2 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA ATIVIDADES 2 Próximo Acampamento de Férias da AJR Karl Marx Vida e Obra parte III O Partido da Causa Operária e sua organização de juventude, a AJR, Aliança da Juventude Revolucionária, darão continuidade em julho de 2009, o seu já tradicional curso de férias de inverno com o tema Marx Vida e Obra parte III Nesta edição será dada continuidade ao tema tratado nos dois últimos cursos, realizado em julho de 2008 e janeiro de 2009, a história da vida e a contribuição teórica do revolucionário, Karl Marx. Será a 24ª edição do Acampamento de Férias da AJR, que tem como principal atividade a realização do curso de formação marxista, prezando pelo estudo e compreensão do marxismo como arma política na luta pelo socialismo. O curso apresentado será, Marx Vida e Obra parte III. Nesta edição será dada continuidade ao tema tratado nos dois últimos cursos, realizados em julho de 2008 e janeiro de 2009, a história da vida e a contribuição teórica do revolucionário, Karl Marx. Nesta primeira parte foi tratada a elaboração da filosofia marxista, o socialismo científico. Na segunda parte foi feita a discussão em torno do período que vai da elaboração e publicação do manifesto comunista até a Revolução de O curso tem como objetivo não apenas discutir e entender o marxismo como uma entre tantas correntes de pensamento, mas entender esta como uma ferramenta para atuar na sociedade, de acordo com uma teoria científica que só tem razão de existir ao ser aplicada na prática, para a ação da classe operária. O Acampamento de Férias da AJR é uma atividade única em toda esquerda nacional e internacional, de lazer e de educação política de um partido revolucionário. Os Acampamentos de Férias da AJR reúnem jovens de todo o País que acampam em meio à natureza participando diariamente das atividades organizadas coletivamente, tais como a realização das refeições e também a limpeza e manutenção do local. A atividade também conta com diversas atividades que promovem a integração e o lazer dos participantes, como a exibição de filmes, gincanas culturais, grupos de estudo, campeonatos esportivos e outras atividades como saraus, passeios turísticos etc. A participação é aberta a todos os interessados, não sendo necessária a filiação nem ao PCO nem à AJR. O local do acampamento oferece toda a infra-estrutura necessária para a realização da atividade, tais como cozinha, quartos, banheiros e salão para a realização do curso, além de outros que contribuem para proporcionar descanso e diversão para os participantes, tais como piscina, lagos, trilhas entre outros. Os jovens ficam alojados em barracas que devem, de preferência, ser levadas pelos próprios participantes. Para os mais velhos há a opção de alojamento em quartos. Durante todo o acampamento são servidas três refeições diárias: café da manhã, almoço e jantar. Todas as refeições são preparadas pelos grupos previamente divididos e em regime de revezamento. As refeições são bastante fartas e bem elaboradas desde o café da manhã até o jantar. Também é organizado no local, pela coordenação do evento, uma lanchonete que oferece outras opções de comidas e bebidas. Em 2009 o Acampamento de Férias da AJR completa doze anos. Realizado pela 1ª vez em 1998 na Serra da Juréia com a participação de 60 pessoas, o Acampamento, de lá para cá, já foi realizado nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Goiás e Paraíba e já contou com a participação de mais de mil pessoas. 8 DE MARÇO Participe do ato independente em defesa das mulheres Em 2009, o Partido da Causa Operária continuará suas atividades com cursos, palestras, atos públicos etc. A próxima atividade que será realizada pelo PCO vai ser o ato público do dia internacional de março, 8 de março. Este será um ato independente com o objetivo de defender as lutas e reivindicações das mulheres. Dia internacional de luta das mulheres Apesar de ser comemorado, oficialmente, em todo o mundo, esta data não resgata a origem da luta das mulheres pelo 8 de março que não existindo nenhuma história organizada sobre os fatos e discussões que levaram ao estabelecimento desta data como o dia internacional de luta na consciência das mulheres. O silêncio sobre a história de um dia tão comemorado e instrumento de campanhas supostamente em defesa da mulher pelo mundo todo, chama a atenção dos espíritos mais críticos e daqueles que lutam para resgatar a história do movimento operário, das suas lutas e das suas grandes realizações. O 8 de março é justamente mais uma destas grandes iniciativas da classe operária mundial que, com a Revolução Russa de 1917, firmouse como um instrumento de defesa internacional das mulheres. Posteriormente o imperialismo adaptou-se à esta conquista operária, procurando apagar suas origens revolucionárias, transformando o 8 de março em mais um instrumento da democrática política do imperialismo de ataque às mulheres, encoberta com os discursos e campanhas demagógicas sobre os direitos da mulher. Este será o primeiro ano que o Partido da Causa Operária realiza um ato independente no dia internacional da mulher. A data do 8 de março está ligada à luta das operárias têxteis de Nova Iorque. Foi uma das primeiras greves destas operárias têxteis de Nova Iorque, no ano de 1857 que deu origem à data. Nesta greve as operárias permaneceram paradas durante semanas, sendo brutalmente reprimidas pela polícia e perseguidas pelos patrões em uma grande manifestação exatamente nesta data. transformando-se num símbolo de luta para as trabalhadoras e as socialistas norte-americanas. No espírito de resgatar esta origem, o PCO vai realizar um ato independente para mobilizar as mulheres que estejam interessadas na defesa de um programa de luta. Participe! Informe-se sobre as datas, locais etc entrando em contato com algum militante do PCO por meio do endereço eletrônico: pco@pco.org.br ou pelo endereço: Rua Miguel Stéfano, nº Saúde - CEP São Paulo/SP ou então ligue para nós no telefone, (0xx11) ADQUIRA SEU EXEMPLAR Toda semana, nas bancas A edição semanal de Causa Operária já pode ser encontrada nas bancas de jornal de todas as regiões do País, nas principais capitais e cidades do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Alagoas, Brasília, Goiás, Amazonas e Roraima. Confira na página do jornal na Internet a relação completa com endereços das bancas que recebem seu jornal semanalmente. Reserve o seu com o jornaleiro e garanta a leitura semanal do seu jornal nacional, operário e socialista. Entre em contato com a redação e ajude a ampliar mais ainda a distribuição do jornal. Leve Causa Operária para as bancas da sua cidade e ajude a imprensa independente, de defesa dos interes- ses dos trabalhadores da cidade e do campo, da juventude, das mulheres e dos negros. Ligue para (11) ou escreva para assinaturas@ pco.org.br RECEBA SEU EXEMPLAR EM CASA TODAS AS SEMANAS Assine o jornal Causa Operária Nome Rua/Av Rua Av. jornal CAUSA OPERÁRIA CAMPANHA DE ASSINATURAS 2009 nº Complemento Distrito Preencha em letra de forma, de modo legível. Estado Bairro País Cidade CEP - Caixa Postal CEP - Fone (res.) ( ) - Fax ( ) - Fone(trab.)( ) - Celular ( ) Código do assinante CPF - RG - (obrigatório fornecer o CPF e o RG para pagamento por boleto bancário ou débito em conta) (não preencha este campo), / /, Local Data Assinatura do assinante OBSERVAÇÕES: Envie já o seu pedido Preencha a ficha de assinante nesta página e envie para o endereço abaixo, ou, se preferir, envie seu pedido pela internet, acesse o site: Sede Nacional do Partido da Causa Operária à Rua Apotribu, 111, Saúde. CEP , São Paulo, SP; entre em contato também pelo telefone (11) , ou por assinaturas@pco.org.br 1 ano de Causa Operária (50 exemplares) + acesso à edição digital de Causa Operária + um brinde especial por apenas: R$ 120,00 (20% de desconto à vista) ou 3 x R$ 50,00 Escreva para o Causa Operária Causa Operária está baseado em um claro programa político e no marxismo e, por este motivo, esforça-se para ser uma tribuna das necessidades e dos anseios das massas exploradas de trabalhadores da cidade e do campo, dos negros, das mulheres e da juventude oprimida. Neste sentido, as páginas do nosso jornal estão abertas para que qualquer trabalhador faça dele um veículo das suas denúncias contra a exploração e opressão de qualquer setor da sociedade. Convidamos, ainda, nossos leitores a fazer desta página um espaço para discussão das idéias relacionadas a esta luta que julguem importante. CAUSA OPERÁRIA Fundado em junho de 1979 Semanário de circulação nacional Ano XXX - nº R$3,00 de 8 a 14 de fevereiro de 2009 Editor - Rui Costa Pimenta - Tiragem - seis mil exemplares - Redação - Av. Miguel Stéfano nº 349, Saúde, São Paulo, Capital, CEP Telefone (11) Sede Nacional - São Paulo - Av Miguel Stéfano, nº 349, Saúde, São Paulo, Capital, CEP , Fone (11) Correspondência - Todas as cartas, pedidos de assinaturas ou de informações sobre as publicações Causa Operária devem ser enviadas para a redação ou para o endereço eletrônico - pco@pco.org.br, página na internet -

3 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA 3 Editoriais Começou o período das grandes mobilizações Depois de muito teorizar sobre o suposto fim do soci alismo, do movimento operário e até mesmo da pró pria classe operária, a burguesia imperialista teve de reconhecer o que já não dá para esconder: a retomada deste poderoso movimento, contra as demissões, as reduções salariais e das condições de trabalho, entre outros. Na reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos, terminada nesta semana, o clima era de pessimismo. Tanto pela falta de perspectiva de superação da crise, como pelo conseqüente aumento de mobilizações populares e convulsões sociais. Diversos representantes dos grandes capitalistas do mundo inteiro não conseguiram esconder a preocupação. A ministra da Economia da França, por exemplo, declarou que os tumultos sociais são um dos dois maiores riscos da situação. Foram obrigados, inclusive, a tocar em assuntos delicados para a burguesia e o imperialismo mundial, como a volta do comunismo. É o reconhecimento dos representantes das maiores empresas capitalistas, bancos e governos imperialistas da sua total falta de condições de dar uma solução para a crise que estourou de vez em meados de 2008 e da sua igualmente grande incapacidade de conter a revolta das populações de todo o mundo contra a situação de miséria que está sendo imposta. Nos principais países imperialistas do planeta os trabalhadores deram mostras do que está por vir. Na França, onde há uma grande tradição de mobilização, estudantes e trabalhadores realizaram inúmeras manifestações contra o governo, demissões, reduções salariais etc., culminando agora em fevereiro com a convocação de uma greve geral de um dia. Na Inglaterra, também este ano, os trabalhadores quebraram um O País para os bancos Em 2008, os quatro maiores bancos brasileiros lucraram quase R$ 30 bilhões enquanto que a crise financeira pro vocou a demissão que quase um milhão de brasileiros O governo brasileiro é mesmo uma mãe para os banqueiros e capitalistas. Em meio à maior crise financeira mundial, onde todos os países imperialistas estão profundamente abalados, os banqueiros brasileiros estão vivendo no paraíso dos lucros e dividendos. Segundo a agência de classificação de risco, Austin Rating, os quatro maiores bancos brasileiros tiveram um aumento de 15% no lucro obtido em Entre os bancos estão o Bradesco, o segundo maior banco do País, o Unibanco, o Banco Itaú Holding Financeira e o Banco do Brasil. Segundo as estimativas, estes bancos arrecadaram juntos R$ 29 bilhões no ano passado. Como as notícias vindas dos outros países só apresentam as falências e concordatas de dezenas de bancos, soa completamente anormal os lucros exorbitantes dos bancos brasileiros. O Bradesco registrou um ganho líquido de R$ 7,86 bilhões em 2008, com arrecadação de R$ 35,5 bilhões, com rentabilidade de 22,1%. O Itaú ficou com rentabilidade de 23,4%, o Banco do Brasil com 32,9% de rentabilidade e o Unibanco, com 21,3%. Os dados completos ainda não foram divulgados pelos bancos, ou seja, o lucro Salário mínimo de fome No domingo, dia 1º de fevereiro, o novo valor do salário mínimo entrou em vigor. Agora, os trabalhadores assa lariados brasileiros vão receber o valor de R$ 465. Este aumento é de cerca de 12%, pouco mais que a inflação do período. O governo aproveitou este aumento para abusar da demagogia apresentando isto como um grande avanço para os trabalhadores. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi teve o descaramento de dizer que o aumento do salário vai aquecer a economia brasileira, O reajuste é uma forte fonte de aquecimento da economia do país, capaz de melhorar o poder aquisitivo da base da pirâmide [da população]. Ou seja, vamos ter mais gente consumindo, mais produção e mais emprego (Folha OnLine, 1/2/ 2009). Uma farsa sem precedentes. Em meio à crise financeira, que somente no mês passado demitiu 654 mil trabalhadores formais em todo o País, Lula e sua corja querem que o povo acredite que um aumento de R$ 50 no salário mínimo vai mudar significativamente o consumo e a produção industrial. Este valor sequer vai pagar os gastos diários dos trabalhadores que aumentaram nos últimos meses com a alta da inflação, entre eles os gêneros de primeira necessidade, como os alimentos. Charge da semana longo período sem greves e realizaram um importante movimento grevista em defesa de seus empregos e salários. Pouco antes, como prenúncio da crise, uma revolta popular tomou conta da Grécia, depois do assassinato de um jovem pela polícia. No meio de tudo isso, a derrota acachapante de George W. Bush nas eleições presidenciais norte-americanas, depois de oito anos de implementação de uma política ultra-reacionária que visava esmagar os povos de todo o mundo para fazer lucrar um punhado de empresas e bancos norte-americanos, é mais um sintoma claro da evolução da situação política. A política imperialista do último período, de guerras, aumento da repressão, da vigilância da população e inclusive da legalização da tortura e suspensão dos direitos democráticos mais elementares, foi derrotado pela resistência e mobilização da população no Iraque, na Palestina, na Europa e dentro dos próprios Estados Unidos. A crise econômica, que despontou como uma crise localizada no mercado financeiro e em menos de dois anos já provocou um colapso na economia capitalista mundial que vai levar a um extremo a situação de miséria das massas, e a própria tentativa dos grandes capitalistas de intensificar a exploração dos trabalhadores para tentar sobreviver vai gerar, como já está gerando, uma enorme onda de mobilizações, greves e manifestações de todo o tipo em todo o mundo. O que os grandes capitalistas e banqueiros, os verdadeiros donos do mundo reunidos em Davos revelaram é o inevitável levante das massas trabalhadoras contra essa situação insustentável e a sua própria incapacidade de ação diante da crise. pode ser maior ainda. Mas a partir destes números prévios é simples constatar que existe uma política clara do governo brasileiro, comandado por Lula de atender de maneira religiosa os interesses de meia dúzia de banqueiros, sacrificando, para isso, as condições de vida da classe operária. Para este ano a farra deve continuar, segundo a Rating os principais bancos estimam uma evolução do crédito em torno de 15% em 2009, bem inferior em relação aos últimos anos (em 2008 o total cresceu mais de 31%). Essa desaceleração impactará as receitas dos bancos, mas eles continuarão bastante lucrativos este ano também. Salta aos olhos a discrepância entre os lucros estratosféricos dos bancos brasileiros e os milhares de trabalhadores brasileiros que perderam o emprego no ano passado e outros milhões sendo ameaçados diariamente de demissões, revelando que a política de Lula está voltada única e exclusivamente a garantir que os capitalistas não percam com a crise. Todo o lucro arrecadado dos bancos é uma transferência sem tamanho da produção nacional para satisfazer a sanha dos banqueiros, enchendo os cofres destas instituições parasitas com o dinheiro público vindo do suor dos trabalhadores. Ainda segundo o ministro do Trabalho, a economia vai receber R$ 21 bilhões por mês devido o super aumento do salário mínimo. O cinismo do governo brasileiro em apresentar este valor como se solucionasse a crise financeira no País é sem precedentes. O Brasil está à beira de um colapso financeiro como nunca se viu e R$ 50 de aumento não vai fazer a mínima diferença no bolso do trabalhador. Enquanto vai dar R$ 50 de aumento do salário mínimo, para os capitalistas, banqueiros e empresários, o governo despejou mais de R$ 160 bilhões com o depósito compulsório. Deu outros R$ 8 bilhões para as montadoras, ajuda para os exportadores, os latifundiários, isenção de impostos etc. Esta discrepância entre o valor dado aos bancos e o oferecido à classe operária faz cair por terra toda a mentira apresentada pelo governo de que não tem dinheiro para dar para a população, investimentos em áreas sociais etc. A política de Lula é claramente um ataque permanente aos trabalhadores e à população pobre e o atendimento de todas as reivindicações da burguesia. Lênin e Trótski na Revolução Russa RUI COSTA PIMENTA As revoluções são feitas pelos seres humanos, mas não são obra de indivíduos, são a obra das grandes massas humanas. A Revolução Russa foi a obra das massas operárias dirigidas por um partido de vanguarda, que se formou através de mais de meio século de luta sacrificada. A qualidade principal deste partido é que expressava no seu programa, na sua teoria revolucionária de vanguarda, na sua organização e na sua tática política, a consciência de classe profunda alcançada pelo proletariado russo. O Partido Bolchevique foi, também, o resultado de 15 anos de luta, de 1903 a 1917, contra as mais diversas tendências burguesas no interior do movimento operário e somente se formou de modo definitivo sob o calor da própria revolução. No momento em que toma o poder do Estado conta em suas fileiras com centenas de dirigentes talentosos, produto deste milieu revolucionário que os formou, no que diz respeito à maioria, desde a adolescência. Este partido não tinha absolutamente nada a ver com a maioria dos partidos de esquerda que os sucederam. Não se trata apenas de que haviam rejeitado todo o carreirismo pela causa do socialismo, da qual nunca tiraram, nem mesmo no governo, qualquer proveito pessoal ou que tivessem enfrentado a perseguição do maior estado policial da época, mas sobretudo do fato de que haviam tido a sua personalidade política formada sobre a base da luta operária real, da organização dos operários, da luta ideológica mais profunda e intransigente. Não é por nada que a ditadura stalinista tenha se erguido definitivamente apenas sobre os seus cadáveres em um dos processos políticos mais complexos da história da humanidade. Sobre este grupo extraordinário erguiam-se dois líderes ainda mais excepcionais, dos mais excepcionais com que qualquer classe, qualquer país, qualquer revolução já contou até hoje. Ainda hoje é difícil avaliar corretamente a grandeza política e moral de homens como Vladimir Lênin e León Trótski. Lênin, o verdadeiro arquiteto intelectual e político da vitória da classe operária na revolução e principal criador do seu partido dirigente, personifica acabadamente a evolução da classe operária sob a influência do marxismo. Merece justamente o título de maior cérebro político que o mundo já conheceu. Diferente dos heróis políticos da burguesia, alguns extremamente talentosos e até geniais, não pôde escalar uma máquina política já pronta dentro de um regime político já pronto, apoiado pela imensa riqueza de uma classe dominante. Ao contrário, ergueu dos porões da sociedade uma classe não apenas inculta como em grande medida analfabeta, organizando um partido acabadamente revolucionário e mostrou, pela primeira vez em toda a história, como uma classe despossuída poderia arrancar o poder das mãos dos poderosos, ricos, assentado no poder há séculos. Lênin, com seus 45 tomos de escritos em cerca de 30 mil páginas, não é um literato ou um intelectual no sentido vulgar da palavra. Toda a sua obra é polêmica e está voltada para um único propósito: facilitar o caminho para que a classe operária, através de um partido revolucionário, chegue às conclusões políticas revolucionárias. Justamente por isso, por ser uma obra isenta de demagogia, de literatismo vulgar, de frivolidade e de ecletismo elegante, é uma das mais importantes obras intelectuais de todos os tempos. Na seqüência e, pode-se dizer, inclusive acima das obras de Marx e Engels, constituem o maior e mais importante manual de política revolucionária de todos os tempos. Ali está traduzida para a linguagem da política prática, da organização, da tática, a grande concepção da história e da sociedade dividida em classes, de classes em luta permanente e sem saída fora da aniquilação da classe dominante, que Karl Marx expôs neste monumento teórico que é O Capital. Em seus escritos polêmicos, sobretudo de análise da marcha da revolução na Rússia, Lênin revela todos os aspectos da teoria revolucionária, da relação de todas as classes sociais e dos seus partidos entre si e destes com a revolução. Este método pode ser resumido breve e toscamente da seguinte forma: as centenas de páginas brilhantes de análise meticulosa, da observação de inúmeras páginas estatísticas, sobre as relações entre o mundo rural russo e o capitalismo estão todas e cada uma delas voltadas para um único objetivo, definir o papel das diferentes camadas camponesas na revolução, suas relações com a burguesia e o proletariado e, desta forma, extrair uma idéia nítida e concreta do caráter da própria revolução em curso. A obra literária de Lênin, que reflete a sua obra política, pode ser resumida em três palavras: teoria da revolução. Esta obra continua e adquire um aspecto ainda mais espantoso com Lênin à frente do governo soviético onde revoluciona completamente o que sempre se entendeu por arte de governar. Ao invés de estabelecer, como gostariam os utopistas reformistas da esquerda dos dias de hoje, criar castelos institucionais e sociais de areia, não deixou-se guiar por normas calculadas para um tempo remoto, mas por considerações revolucionárias conformes à sua finalidade (1). O governo de Lênin é o caso mais desenvolvido e acabado de governo revolucionário, isento de considerações utopistas. É um puro governo revolucionário porque responde, com uma consciência que nenhum governo revolucionário antes dele teve, à situação concreta da luta entre a revolução e a contra-revolução, ao fato de que a luta entre a classe operária e a burguesia estava muito longe de ser concluída, e não a fantasias de edificar por um ato de vontade o paraíso na terra. O tratado de Brest-Litóvski, a guerra civil e o chamado comunismo de guerra, a Nova Política Econômica, a luta pela unidade ante a classe operária e o campesinato, a luta pela unidade do partido governante, todos estes fatos e muitos outros somente podem ser compreendidos e corretamente apreciados à luz da idéia de que se tratava de um governo revolucionário, de luta contra a burguesia, cuja consideração primeira era a luta de classes e não planos artificiais. Toda esta obra, porém, ficaria para sempre incompleta sem os noves meses que vão da revolução de fevereiro à revolução de outubro, onde Lênin conduz com a segurança de um regente de orquestra que tivesse ensaiado exaustivamente antes do espetáculo. Lênin e Trótski sempre consideraram a revolução de 1905 como o ensaio geral da revolução de 1917 e, antes deste ensaio geral, com figurino e cenários completos, houve milhares de ensaios parciais, tanto na mente como na realidade prática, onde centenas de milhares de problemas concretos da revolução foram sendo resolvidos. Neste sentido, o virtuosismo político de Lênin na revolução não é misterioso, nem pode dar lugar a hipóteses sobrenaturais ou idealistas. No entanto, seu papel absolutamente central chama a atenção para o fenômeno histórico da concentração das forças em acontecimentos, instituições e indivíduos. Esta sabedoria adquirida pela longa e tortuosa marcha da deusa da revolução acumulou-se, concentrou-se em uma personalidade, um caráter e uma inteligência superior criando para a maior revolução de todos os tempos o maior líder revolucionário que se poderia conceber. Como eles disseram... Os monopólios, a oligarquia, a tendência para a dominação em vez da tendência para a liberdade, a exploração de um número cada vez maior de nações pequenas ou fracas por um punhado de nações riquíssimas ou muito fortes: tudo isto originou os traços distintivos do imperialismo, que obrigam a qualificá-lo de capitalismo parasitário, ou em estado de decomposição. Vladmir I. Lênin Imperialismo, fase superior do capitalismo Datas 9 de fevereiro de 1967 É sancionada a nova lei de imprensa que impunha a censura prévia com agentes presentes em todas as redações, emissoras de rádio e televisão Frase da semana "Alguns bancos não irão sobreviver" Barack Obama falando a respeito da crise em seu discurso

4 8 DE FEVEREIRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA 4 MOBILIZAÇÕES E CONVULSÃO SOCIAL OU NENHUMA PERSPECTIVA? As conclusões da burguesia e as conclusões da esquerda pequeno-burguesa sobre a crise capitalista O Fórum Econômico Mundial de Davos terminou prevendo uma onda de mobilizações mundiais como resultado da crise econômica e política do capitalismo. Já o Fórum Social Mundial, realizado pela esquerda de todo o mundo, terminou sem nenhuma resolução ou perspectiva para a crise Encerrado no domingo dia 1 o, o Fórum Econômico Mundial, realizado anualmente em Davos, na Suíça, não apresentou nenhuma perspectiva para os capitalistas superarem a crise financeira mundial, instaurando apenas um clima ainda maior de incerteza sobre os rumos do capitalismo mundialmente. As resoluções foram as mais vagas possíveis. Foram cinco dias em que a cúpula financeira e política do mundo se reuniu para tentar, em vão, achar uma saída para a crise financeira. Eram pessoas, entre elas dirigentes empresariais, ministros de Finanças, presidentes de bancos centrais, banqueiros, especuladores, analistas econômicos, ONGs e uma infinidade de pessoas ligadas ao mercado financeiro mundial. A profundidade da crise econômica e a total falta de alternativas contra esta crise eram um consenso entre os representantes econômicos dos países imperialistas presentes no encontro. Protecionismo, governos nacionalistas e estatização dos bancos Um dos assuntos debatidos em Davos foi a política protecionista que está se alastrando nos países como medida de evitar o agravamento das economias. Apesar de ser amplamente criticada de maneira demagógica pelos dirigentes políticos que participaram do Fórum, como pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao que disse que O protecionismo não serve a nenhuma causa e só pode piorar e prolongar a crise (Associated France Press, 1/2/2009), diversas medidas já estão sendo tomadas. O presidente da Rússia também atacou as medidas protecionistas, Na Rússia, não vamos recorrer ao isolacionismo e ao egoísmo (idem). O governo norte-americano, porém, que não tem medo de ser considerado egoísta, aprovou uma medida de restrição da compra de aço ou ferro estrangeiro para as obras de infraestrutura que serão realizadas com o dinheiro do pacote econômico aprovado pelo Congresso norte-americano, sinalizando a tendência geral. Esta medida visa valorizar o aço nacional e conseqüentemente evitar demissões nas fábricas norte-americanas. Medidas como estas devem ser adotadas nos Países em crise indicando uma tendência nacionalista mundial, em particular nos países imperialistas, com maior poder para impor suas próprias condições ao mercado. Na realidade, a tendência protecionista destes países será acentuada, mais que intruduzida, uma vez que seu liberalismo consiste sobretudo em criar melhores condições para o investimento dos seus próprios capitalistas em outros países. Outra questão em discussão foi a nacionalização dos bancos como medida para conter o enorme rombo provocado pelos títulos podres. Para o economista conhecido como Doutor Apocalipse, que fez as previsões mais acertadas da crise, Nouriel Roubini, o dinheiro despejado nos bancos falidos é uma medida que favorece apenas os credores e acionistas dos bancos e não os contribuintes, ou seja, favorece os próprios banqueiros sem maiores efeitos na economia em geral. Recomendou a estatização dos bancos norte-americanos, afirmando que o sistema bancário dos EUA está insolvente. Sem saída Chefes de Estado apresentaram opiniões contrárias para tentar resolver o impasse da crise capitalista. Gordon Brown, primeiro-ministro inglês, disse que uma ação coordenada entre os países pode conter a crise, Temos um sistema financeiro global, mas não temos um controle global, isso tem que mudar (DW.World, 1/2/2009). Para o primeiro ministro, é preciso um sistema internacional que fiscalize a economia mundial de forma a evitar futuras crises. Brown também disse que é necessário um conjunto de medidas econômicas internacionais para evitar excessos dos países. O primeiro-ministro ainda pediu o fortalecimento de instituições internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) para que possam ter mais controle sobre a economia dos países. Já Angela Merkel, chanceler alemã, criticou o fracasso do capitalismo anglo-saxão e sugeriu a criação de um Conselho Econômico das Nações Unidas com a função de fiscalizar o mercado mundial para que a farra financeira criada pelos capitalistas seja evitada, como aconteceu com o mercado imobiliário. Os governos imperialistas são conscientes da debilidade do imperialismo norte-americano e das suas finanças diante da crise e buscam criar um novo acordo mundial para superar esta debilidade. Foi marcada neste Fórum uma nova reunião do G20 para o mês de abril que tem a pretensão de definir uma política para a atual crise, mas com a total falta de rumo dos capitalistas em Davos não é difícil prever um novo fracasso. Sem salva-vidas Neste Fórum, nem os tão propalados países emergentes (Brasil, Rússia, Índia e China) foram poupados. Na avaliação do Fórum, estes países vão sofrer com a crise tanto quanto os países mais desenvolvidos já estão sofrendo. Fato que já está acontecendo e que foi completamente falsificado até pouco tempo atrás com a esperança de que estes países, com desenvolvimento capitalista debilitado, salvassem o mundo da maior crise já vista. Para o economista Nouriel Roubini, Com o crescimento global negativo, exportações e preços de commodities caindo, será um ano difícil. Os países emergentes vão ter uma aterrissagem forçada (O Globo, 29/1/2009). O crescimento econômico destes países vai despencar, Roubini chegou a dizer que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro poderia chegar a ser negativo em Conclusão inevitável Entre tanta incerteza, uma conclusão resultante das discussões do Fórum de Davos é bastante sintomática da situação econômica mundial e do caráter desta crise. A conclusão apresentada pelos capitalistas foi a de que está para eclodir em nível mundial uma revolta popular como efeito direto da crise financeira. Segundo a ministra da Economia da França, Christine Lagarde, a situação atual apresenta dois riscos maiores: tumultos sociais e protecionismo (Associated France Press, 1º/2/2009). O economista Nouriel Roubini foi mais enfático alertando que em alguns países, acontecerão levantes sociais. Por isso, as decisões políticas corretas têm que ser tomadas agora (DW.World, 1 o /2/2009). Durante o Fórum, números devastadores referentes aos efeitos da recessão mundial nos países foram publicados. Em menos de dois dias, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) elevou o número de demissões em 2009 de 20 milhões para 50 milhões em todo o mundo. E um total de mais de 230 milhões de desempregados no planeta, uma cifra astronômica indicando o tamanho da catástrofe econômica. As demissões no mundo atingiram uma média diária de quase 100 mil apenas no que diz respeito aos grandes monopólios imperialistas. Estes números superam os piores resultados da economia após a Segunda Guerra Mundial que devastou a Europa e vários países do mundo. Os capitalistas em Davos demonstraram uma séria preocupação com esse exército de desempregados que deve promover uma revolta mundial sem precedentes. A crise atual, para o megainvestidor George Soros é superior à de 1930, O tamanho do problema com que nos confrontamos hoje é significativamente maior do que nos anos 30. O sistema financeiro desmonorou! É chocante. O público, os empresário, os consumidores estão em estado de choque. (O Globo, 29/1/2009). Em documento oficial do Fórum, o clima era pior ainda, as dores da alta do desemprego, das retomadas de imóveis, das falências e da pobreza estão apenas começando a ser sentidas (Reuters, 1/2/ 2009). O pavor com a situação é tanto que o executivo chefe da petrolífera Royal Dutch Shell, Jeroen van der Veer fez a seguinte declaração, ninguém quer a volta do comunismo e o excesso de regulação dos anos 1960 e 1970 (EFE, 1/2/ 2009). Ressurgem as lutas da classe operária em grande escala no coração do capitalismo Não à toa, os maiores capitalistas industriais e financeiros representados no Fórum de Davos mostraram preocupação com as mobilizações pelo mundo. No último mês, as classes operárias dos países avançados deram uma demonstração concreta de que já iniciaram uma mobilização contra a crise no coração do imperialismo. Na França, a greve geral realizada pela classe operária francesa, que pressionou as centrais sindicais, fez com que o governo Sarkozy recuasse na tentativa de impor restrições ao direito de greve. A greve, como havíamos noticiado, teve enorme adesão, reduzindo a um terço o serviço do transporte público em todo o país, reduzindo à metade os serviços hospitalares. Cerca de 25% dos trabalhadores dos correios e 70% dos professores pararam, assim como 45% dos funcionários públicos. Depois da enorme greve geral chamada pelas centrais CFDT,CFE-CGC, CFTC, CGT, FO, FSU, Solidaires, e UNSA, nesta semana os ferroviários na estação Saint-Lazare, em Paris, e nas cidades de Nice e Marselha terminaram colocando o governo contra a parede. Um relatório preparado por um deputado do partido do governo Sarkozy, a União por um Movimento Popular (UMP), levantava até esta quarta-feira uma ameaça à realização de greves procurando coibilas, intervindo no sentido de modificar a lei que determina um funcionamento mínimo dos serviços paralisados e a legalidade das greves. No entanto, foi julgada legal nesta quarta-feira a greve dos condutores de trem. Esta, iniciada em 9 de dezembro conseguiu desorganizar o transporte e nem mesmo os esforços do governo e da burocracia de três sindicatos (CGT, CFDT, Fgaac) conseguiram impor restrições à ação independente dos trabalhadores. A greve, depois de várias mobilizações ocorridas na França colocaram em um impasse a política do governo de derrotar a classe operária e as massas para impor suas reformas econômicas liberais. Ao mesmo tempo, colocou em xeque a política colaboracionista de toda a burocracia sindical e de toda a esquerda francesa. Na Inglaterra, esta semana cerca de funcionários terceirizados na usina nuclear de Sellafield, em Cunbria, entraram em greve depois que os trabalhadores da refinaria de petróleo Lindsey entraram em greve na semana passada. Estas foram seguidas pela greve na usina de energia Longannet em Fife, onde cerca de 400 trabalhadores entraram em greve, trabalhadores escoceses também entraram em greve no dia 30 de janeiro, em solidariedade. Outras greves ocorreram na estação de energia Cockenzie, na ExxonMobil em Mossmorran e em uma das plantas da Shell. A partir da última segunda-feira, dia dois, segundo a BBC, operários realizaram greves em pelo menos nove empresas refinarias. A burocracia sindical se apressou na tentativa de conter a greve e se pôs a organizar comitês de greve e colocar seus representantes para falar em nome dos grevistas e acalmar as manifestações. No entanto, o que fica claro com a greve britânica que levantou os trabalhadores daquela região depois de décadas de paralisia, é uma clara crise da burocracia sindical, que ficou conhecida nas páginas da imprensa britânica como greve selvagem, mas que na realidade era uma greve totalmente impulsionada pela base diante da crise de demissões que só conseguiu ser administrada com uma intervenção da burocracia para trair o movimento grevista. O governo Brown, outro governo reformista foi completamente encurralado pela onda de greves. A burguesia, de um lado inconsciente sobre a crise, procura intervir para de maneira imediata resolvê-la levando em conta a sua dimensão, ao passo que a esquerda é completamente inconsciente da situação revolucionária. Fica evidente que a burguesia, apesar de inconsciente, tem previsões muito mais realistas a respeito da crise financeira que a esquerda que estava reunida, ao mesmo tempo no Fórum Social Mundial, em Belém (PA). Fórum Social Mundial, um encontro para esconder o mundo da crise Ao mesmo tempo em que ocorreram as reuniões do Fórum de Davos, que reúne a cúpula econômica e política capitalista e mundial, foi organizado no Brasil o que é considerado o maior encontro da esquerda internacional, o Fórum Social Mundial. O FSM transformou-se no Hajj anual da esquerda pequeno-burguesa, mais do que um encontro político, um grande convescote ou bazar, com manifestações políticas sem maiores conseqüências de ecologistas, esquerdistas governamentais, ONGs e todo tipo de organização que sobrevive à sombra dos amplos guarda-chuvas das frentes populares tais como as dirigidas pelo PT, pelo MAS de Evo Morales, pelo chavizmo etc. O encontro é normalmente dominado pelo PT, que autoriza os diversos grupos e movimentos esquerdistas e apresentar seu caso como um complemento à política dominante. Sem ter nada a ver com a classe operária e os movimentos de luta das massas adquiriu o caráter de um verdadeiro festival da esquerda pequeno-burguesa e um encontro de férias para esta ampla comunidade. O que seria um encontro para mostrar alternativas desta esquerda ou, com maior pretensão, de toda a esquerda, à crise capitalista mundial, na realidade não passou de um encontro para encobrir a crise capitalista e as demissões. As discussões realizadas no Fórum Social Mundial foram uma demonstração clara de que a esquerda pequeno-burguesa, mesmo diante da crise colossal do capitalismo e da onda de demissões causadas pela recessão mundial, não tem quaisquer perspectivas políticas ou sequer uma caracterização realista da situação. O sítio da organização do Fórum Social Mundial possui 23 resoluções de encontros do Fórum, das quais nenhuma se refere claramente à crise capitalista e à maior onda de demissões das últimas décadas. Sequer as demissões e a retomada das lutas do movimento operário na Europa foram tema de discussão, mesmo com a participação de grupos e partidos de esquerda europeus. A própria crise capitalista foi colocada em segundo plano e os temas em primeiro lugar se referiram à defesa do meio ambiente ou dos recursos naturais. Quando tratavam da crise capitalista, as organizações participantes o faziam de maneira apenas superficial ou abstrata. Das 23 resoluções do encontro, cinco tratavam da questão ecológica, e outros diversos sobre a questão indígena, de sexualidade, de gênero, movimentos anticorrupção entre outros, nenhum diretamente sobre a crise e as demissões. Parecia mesmo um econtro religioso, repetindo as mesmas preocupações de sempre, fora do tempo e do espaço. Uma das poucas resoluções das assembléias realizadas no fórum que se referiu de alguma forma mais direta à crise a fez de maneira secundária. Resolução da assembléia dos movimentos populares Diante da crise é necessário ir à raiz dos problemas e avançar o mais rapidamente possível para a construção de uma alternativa radical que erradique o sistema capitalista e a dominação patriarcal. É necessário construir uma sociedade baseada na satisfação das necessidades sociais e o respeito aos direitos da natureza, assim como na participação popular em um contexto de plenas liberdades políticas É necessário garantir a vigência de todos os tratados internacionais sobre os direitos civis, políticos, sociais e culturais que são indivisíveis. Neste sentido temos que lutar impulsionando a mais ampla mobilização popular, por uma série de medidas urgentes como: - A nacionalização dos bancos sem indenização sob controle social - Redução do tempo de trabalho sem redução do salário - Medidas para garantir a soberania alimentar e energética - Pôr fim às guerras, retirar as tropas de ocupação e desmantelar as bases militares estrangeiras - Reconhecer a soberania e autonomia dos povos, garantindo o direito à autodeterminação - Garantir o direito à terra, território, trabalho, educação e saúde para todas e todos - Democratizar os meios de comunicação e de conhecimento (...) Os movimentos sociais estamos diante de uma situação histórica para desenvolver iniciativas de emancipação em escala internacional. Só a luta social de massas pode tirar o povo da crise. Para impulsioná-la, é necessário desenvolver um trabalho de base de conscientização e mobilização. O desafio para os movimentos sociais é a convergência das mobilizações globais em escala planetária e o fortalecimento de nossa capacidade de ação, para favorecer a convergência de todos os movimentos que buscam resistir às formas de opressão e exploração (sítio do Fórum Social Mundial 2009). Em seguida, a assembléia chama uma série de manifestações pelo mundo, como a manifestação contra o G20, contra as guerras, contra a OTAN, entre outras. Ou seja, não apenas um programa abstrato, que sequer toca no problema das demissões no mundo inteiro, como um plano de lutas igualmente abstrato com manifestações gerais. Ao mesmo tempo em que se levantaram dissociadas as reivindicações como a nacionalização dos bancos sem indenização sob controle social e redução do tempo de trabalho sem redução do salário, por trás de um palavreado socialista há uma política reformista em defesa do capitalismo, que em nenhum momento defende qualquer revolução social. Ao contrário, defendem pequenas mudanças dentro do próprio regime capitalista, ou como o próprio texto reveste a idéia como uma alternativa radical que erradique o sistema capitalista e a dominação patriarcal. Não há clara qual é esta alternativa e não se faz menção à luta da classe operária mundial que começa a se levantar novamente. Ou seja, trata-se de uma alternativa que sequer compreende a tomada do poder pelas massas, quanto mais a luta por um governo operário ou pelo socialismo em um sentido concreto. a:segundo estes a luta só pode se dar com um trabalho de base de conscientização e mobilização e com a convergência das mobilizações globais em escala planetária. O que ignora toda a esquerda pequeno-burguesa é a luta que já ocorre em todo o mundo, como na Inglaterra e França, onde operários de diversos ramos realizam greve contra as demissões em massa, depois de décadas de paralisia completa. Nem mesmo a luta antiimperialista realizada no Oriente Médio e que tem levado os EUA a uma sucessão de derrotas militares históricas (Líbano, Faixa de Gaza, Iraque, Afeganistão), seria um sinal da crise terminal do capitalismo. Esquerda burguesa e pequenoburguesa O PT, que é o maior financiado do Fórum tratou de realizar uma campanha completamente cínica. O PT realizou durante o Fórum diversas atividades que incluíram a participação de ministros e inclusive de Lula. O secretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci, chegou a declarar: Criamos um novo modelo de desenvolvimento do país, quebrando os falsos dilemas que a receita neoliberal tentou impor nesses seis anos de governo. Havia sempre uma falsa dicotomia: estabilidade ou crescimento? O Governo Lula comprovou que é possível crescer mantendo a estabilidade (...) Muitos podem até não ter se apercebido, mas ao assumir, em 2003, o presidente Lula tomou uma medida vital para o país: suspendeu a venda do Brasil, suspendeu o criminoso programa de privatização das empresas públicas que o projeto neoliberal do governo Fernando Henrique estava levando a efeito. (Sítio do PT, 2/2/2009). Uma invenção sob medida para o auditório que se compraz na ilusão de que Lula é um governo de esquerda. Já a esquerda da frente popular, como o Psol e PSTU, que participaram e foram entusiastas do FSM 2009, ao tentarem levantar o problema da crise capitalista não fizeram mais que mostrar seu caráter contrário à luta operária independente e contra o socialismo. O Psol fez enorme propaganda de uma atividade no Fórum com os presidentes da América Latina na qual compareceram Evo Morales, Hugo Chávez, Fernando Lugo, Rafael Correa, entre outros Hugo Chávez, Presidente da Venezuela, o mais esperado e aplaudido também, falou o dobro do tempo dos seus colegas, fez uma cronologia da esquerda na América do Sul desde o final dos anos 90. Disse do compromisso com o Socialismo. (Sítio do Psol). O programa deste partido para a crise é a constituição de governos burgueses moderadamente nacionalistas que falam em nome do socialismo, uma perspectiva que deve ser completamente rejeitada pelo movimento operário como um caminho seguro de derrota diante do imperialismo mundial. As atividades relacionadas à crise capitalista foram colocadas em segundo plano em relação ao apoio que o Psol deu aos regimes burgueses latino-americanos. Ao comentar a crise no Fórum, o Psol demonstrou que não vê na luta da classe trabalhadora nenhuma perspectiva. Heloísa Helena em encontro no Fórum foi uma das que comentou a crise: Essa é mais uma crise da natureza do capital (...) Vai ser um desafio muito grande para os socialistas derrubarem as muralhas do capitalismo, no momento que se vive a privatização da Amazônia pelo governo federal, vamos resistir a tudo isso e criar novos e melhores caminhos para o Brasil, América Latina e o mundo. Segundo a musa eleitoral do Psol, não é a crise capitalista que faz com que a classe trabalhadora se levante, mas sim é o capitalismo que se fortalece com as privatizações e que cria um obstáculo para a luta operária. Segundo outra matéria no sítio do Psol, Se os FSMs anteriores significaram um ponto de referência para desenvolver a resistência à ofensiva neoliberal global econômica e militar -, desta vez cabe às organizações políticas fazer todos os esforços possíveis para oferecer respostas à nova ofensiva, aos novos problemas que enfrentam os trabalhadores, os povos oprimidos e os países explorados. Ou seja, o Psol vê como única saída para a crise a articulação das organizações políticas e não apóia minimamente a luta da classe operária no Brasil, onde o Psol ao invés de apoiar as greves ou ocupação de fábrica, defende o financiamento das empresas diante da crise, ou na negociação parlamentar à qual se restringe completamente o partido, que teve como última peripécia apoiar para a presidência do Senado Tião Viana do PT governista. O Psol, formado de elementos burgueses, pequeno-burgueses e parlamentares carreiristas não acompanha minimamente a crise capitalista e a consciência da classe operária diante da crise. O PSTU, que vai a reboque do Psol na chamada Frente de Esquerda, enquanto desenvolve no âmbito retórico, um discurso revolucionário, se valendo de mais rasgada demagogia também se apóia na mesma tese, de que a crise deve fazer levantar a esquerda e não que são os trabalhadores. Uma das conseqüências da crise econômica internacional é levantar o debate entre a esquerda para um terreno estratégico. (sítio do PSTU, 29/1/2009) E qual a saída para a crise? Para Zé Maria, essa crise do capital não pode ser superada pelos trabalhadores nos marcos desse sistema. Acabar com essa crise pressupõe superar a propriedade privada, destruir o Estado burguês rumo a uma sociedade socialis-

5 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA 5 ELEIÇÕES NO SENADO E NA CÂMARA PMDB consolida poder no governo A eleição de José Sarney para o Senado e de Michel Temer para a Câmara dos Deputados mostra a necessidade da burguesia administrar com o partido da maior bancada no Congresso Nacional os cortes no Orçamento diante da crise e manter a governabilidade de Lula Depois das eleições municipais, onde o PMDB confirmou ser ainda o maior partido do regime político, este recebeu na última semana da maioria das bancadas do Senado e da Câmara, o voto para presidir as casas no Congresso Nacional. Michel Temer recebeu 304 dos votos secretos, contra 129 de Ciro Nogueira (PP-PI) e 76 de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Votaram 509 dos 513 deputados, uma ampla votação. José Sarney derrotou o petista Tião Viana (PT-AC) por 49 votos a 32. O ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, declarou após a vitória de Sarney: Não houve surpresa, todo mundo já imaginava qual seria o O PMDB, formado de caciques políticos da oligarquia e pelos representantes da política mais direitistas como é o caso de José Sarney, figura surgida da ditadura militar, é o maior partido que mantém as alianças no Congresso Nacional, isto desde o início do governo Lula. resultado. Entendemos que as duas Casas são soberanas e experientes para escolher os seus representantes. O Palácio do Planalto tem a consciência tranqüila de que as casas estão em boas mãos (Último Segundo, 2/2/2009). Em ambos os casos ficou claro que não se conseguiu consolidar nenhuma candidatura contrária ao PMDB. Tampão da crise econômica José Sarney, ex-presidente (de 1986 a 1990) e por duas vezes presidente do Senado, tendo seu último mandato terminado em 2005 e Michel Temer, presidente do PMDB nos últimos sete anos e uma vez presidente da Câmara, foram os candidatos escolhidos pela burguesia para controlar respectivamente R$ 2,7 bilhões e R$ 3,2 bilhões de Orçamento, principalmente para conter a crise econômica e a crise política. Michel Temer em seu discurso de posse declarou Vamos atravessar um biênio complicado (...) Esta crise que se avizinha encontrará resistência no país e principalmente no Poder Legislativo (Reuters, 2/2/2009). Após ser eleito, Sarney (PMDB-AP) anunciou que fará um corte de 10% no orçamento da Câmara para conter a crise. Os dois foram eleitos para administrar a crise para a burguesia, o que significa cortar ainda mais verbas. Administração da crise política Ambos os candidatos receberam apoio muito claro do governo Lula, em especial Sarney, figura central do partido que terá no mais alto cargo antes da presidê/ncia a função de controlar as movimentações no Senado. Dilma Roussef, a principal candidata petista para as eleições de 2010, fez declarações claras em favor das candidaturas. Nós estamos falando agora de Esta vitória é em 2009 (...) Esta é contribuição à governabilidade (...) Nós consideramos tanto o presidente [José Sarney] como o presidente [Michel] Temer dois grandes brasileiros, com competência para dirigir a Câmara e o Senado (G1, 2/2/2009). Além de favorecer o governo na corrida eleitoral de 2010, o PMDB mantém a maior bancada do Senado e da Câmara e é o partido que conseguiu, apesar da crise geral do quadro partidário da burguesia, manter a maior influência e poder de decisão nas decisões no Congresso Nacional. O PMDB, formado de caciques políticos da oligarquia e pelos representantes da política mais direitistas como é o caso de José Sarney, figura surgida da ditadura militar, e Michel Temer ex-aliado direto de Fernando Henrique SENADO Primeira ação de Sarney: MP das Filantrópicas Os novos eleitos para a presidência da Câmara e do Senado, Michel Temer e José Sarney (PMDB), depois de acordarem o apoio ao governo para apoiarem todos os seus projetos e para fechar um acordo para a corrida eleitoral de José Sarney reconstituiu a votação, suspensa pelo ex-presidente do senado, Garibaldi Alves Filho. A Medida Provisória de nº 446 renova automaticamente certificados de cerca de entidades consideradas filantrópicas, entre fundações de Saúde e Educação, e ainda promove uma isenção de impostos colossal de R$ 2,1 bilhões, valor quantificado pelo Ministério Público Federal. Atualmente há entidades consideradas filantrópicas, ou seja, sem fins lucrativos, o e José Serra, da ala de Orestes Quércia e Luiz Antônio Fleury Filho e secretário de segurança no governo Franco Montoro, no início dos anos 80, durante a ditadura militar, é o maior partido que mantém as alianças no Congresso Nacional, isto desde o início do governo Lula. Esta é a melhor receita diante da crise para governar contra a população, pois o PMDB domina a maior parte da bancada congressual para fazer passar a política que toda a burguesia apóia unificadamente, ou seja, fazer com que a população pague pela crise econômica. que é hoje uma fachada social para verdadeiras empresas capitalistas. Estas adquirem isenção de pagamento da contribuição previdenciária patronal (20% da folha de salários), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), do PIS e da Cofins. A renovação do contrato pela MP isenta todas as entidades acusadas de corrupção, mesmo tendo sido descoberta na última gestão da comissão que cede o título de entidades filantrópicas a estas empresas, uma quadrilha que cobrava propina pela aquisição do direito de manter este tipo de entidade. A decisão é claramente uma medida requisitada pelos empresários em meio à crise para manter seus lucros e uma das prioridades no Congresso. RORAIMA Lula distribui terras da União aos latifundiários Para compensar latifundiários pelas perdas de território com a reserva indígena Raposa Serra do Sol, o governo Lula dará o equivalente a 25% do território do Estado de Roraima. Lula assinou na quarta-feira, dia 28, um decreto transferindo PÓS ELEIÇÃO As eleições são organizadas para colocar verniz democrático na ditadura da burguesia contra o povo. Depois do circo montado para tentar convencer a população, os corruptos políticos burgueses atacam abertamente a população para atender os interesses dos associados dos partidos burgueses. Nos dois primeiros meses de 2009, as prefeituras de importantes capitais como São Paulo, Porto alegre e Recife, liberam o aumento das passagens. Em São Paulo, o governador José Serra do PSDB anunciou o aumento da passagem de R$ 2,40 para R$ 2,55, que vigorará a partir de abril.já o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, depois de prometer à população que não aumentaria nenhum centavo das passagens, irá claramente ter que em pouco Lula assinou um decreto transferindo seis milhões de hectares de terras da União para o Estado de Roraima. seis milhões de hectares de terras da União para o Estado de Roraima. O total em área doada corresponde a cerca de 25% do território do Estado. Apesar de não ser permitido atualmente pela legislação, a não ser para fins de reforma agrária, a transferência de terras da União para o Estado será feita através de uma medida provisória e decreto presidencial. A medida foi uma forma de Lula compensar os latifundiários da região de Roraima pela eventual homologação pelo STF (Supremo Tribunal Federal) da demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol. Na área, que corresponde a 1,7 milhão de hectares, vivem hoje 19 mil indígenas em cerca de 190 aldeias. De outro lado vivem dois mil não indígenas que foram se estabelecendo ao longo dos últimos anos em quatro vilas. A terra é disputada ferozmente por latifundiários arrozeiros de seis famílias. Em 2005, Lula assinou decreto para que a região fosse homo- Passagens de transporte público aumentam em São Paulo tempo também anunciar um aumento nos ônibus e assim evitar as mobilizações dos estudantes como aconteceu no final de 2006 e começo de 2007, que desestabilizou seu governo além de tornálo ainda mais impopular. Em São Paulo, várias prefeituras anunciaram o reajuste. Em Santos, a passagem aumentou em 9,09% a partir do dia 21 de dezembro, e agora custa R$ 2,40. Em todas as sete cidades do ABC paulista a maioria das cidades aumentou suas tarifas em aproximadamente 10%, o que elevou o preço, na sua maioria, para R$2,50. O maior aumento foi em São Caetano, que reajustou o preço em 15%, passando de R$ 2,00 para R$2,30. Ainda na Grande São Paulo, os moradores de Osasco estão pagando desde o início de dezembro R$ 2,50, um aumento de 8,6% em relação à tarifa anterior. Em Porto Alegre, o reajuste no José Serra do PSDB anunciou o aumento da passagem de R$ 2,40 para R$ 2,55 logada de forma contínua e que a Polícia Federal retirasse os não arrozeiros da região. No entanto, os latifundiários em número reduzidíssimo fizeram alguns bloqueios de estrada e já impuseram ao governo sua vontade. Em discurso, durante a assinatura do decreto, o Lula também tocou na questão da terra indígena e disse que o governo federal estava em dívida com o Estado de Roraima. Nós estávamos em dívida com Roraima desde a celeuma de Raposa Serra Sol, reconheceu Lula. O que ocorre em Roraima pode se comparar à ação criminosa dos latifundiários direitistas da Bolívia, ilhados em estados como Santa Cruz e que promoveram este ano diversos ataques aos camponeses indígenas. Destes fazendeiros, muitos são mega-empresários brasileiros da soja provindos das regiões amazônicas e que coordenam pistoleiros no Brasil, como é o caso do estado vizinho da Bolívia, Rondônia. valor das passagens do transporte coletivo, aprovado pela prefeitura, começa a vigorar do dia 4 de fevereiro e passará de R$ 2,10 para R$ 2,30. O das lotações irão para R$ 3,30. Em Recife, uma das principais capitais do nordeste, estudantes organizaram protestos contra o aumento das passagens. O reajuste, na tarifa do anel A deve passar de R$ 1,75 para R$ 1,84. Já o anel B sobe para R$ 2,82. Além dos ônibus, foi autorizado também o reajuste para os bilhetes do metrô, que devem subir para R$ 1,40. Os reajustes que ocorrem em todo país, entre o fim e o começo do ano, procuram evitar as amplas mobilizações dos estudantes e da população. Aumentar a passagem é intensificar a miséria da maioria da população, que é obrigada a desembolsar fortunas para pagar o transporte, essencial para suas atividades fundamentais, tais como a escola e o trabalho. TERRA LEGAL : A Amazônia para os latifundiários O governo federal iniciou na quarta feira (4), o programa Terra Legal que será conduzido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e pretende regularizar 296,8 mil posses rurais de ocupações ilegítimas de latifundiários, em detrimento de pequenos agricultores e posseiros, em 436 municípios da Amazônia Legal. Serão 67,4 milhões de hectares de terras federais num período de três anos. O programa causou revolta entre os servidores do INCRA, que protestaram elaborando uma carta durante o Fórum Social Mundial, quando Lula anunciou à imprensa que o INCRA não porá os pés em regularização fundiária na Amazônia, transferindo a tarefa ao MDA, que passaria a conduzi-la por meio de uma Diretoria Especial a ser criada e incorporada a sua estrutura. Essa transferência de atribuições de uma instância administrativa para outra, sob o falso pretexto de combater a desordem fundiária na Amazônia Legal, e a inércia operacional do INCRA, na verdade esconde a intenção de permissiva à regularização de médias e grandes ocupações, as quais concentram grande quantidade de áreas griladas no território amazônico e que jamais deveriam ser regularizadas. O programa Terra Legal prevê valores diferenciados para a regularização e a titulação da terra, sendo que, para grandes propriedades serão descontado os valores das benfeitorias. Ou seja, serão beneficiados com isenções. Além da exigência do cumprimento da legislação ambiental, com a preservação de 80% da área nativa, áreas tituladas não poderão ser vendidas dentro de um prazo de dez anos, o que forçará os pequenos proprietários a vender suas propriedades aos grandes latifundiários. São várias as investidas do governo contra a região amazônica. Desde legalizar o desmatamento, a propriedade da terra para os latifundiários, as obras do PAC e a exploração econômica em reservas ecológicas, terras indígenas e quilombolas, às custas de expropriação e assassinatos de índios e camponeses. Em agosto de 2008, Lula tornou lei a Medida Provisória que aumenta em três vezes as terras para serem vendidas na Amazônia e ainda vetou qualquer regra para a utilização da área, para favorecer os latifundiários. A lei permite que as áreas ocupadas irregularmente possam ser vendidas sem licitação fazendo o seu limite máximo saltar de 500 para 1500 hectares. A lei foi aprovada no momento em que os dados divulgados pelo próprio INCRA, órgão do governo, revelam que 3% do total das propriedades rurais do País são latifúndios e ocupam 56,7% das terras agriculturáveis. De outro lado há pelo menos 4,8 milhões de famílias sem-terra, para as quais não há medida provisória, nem lei, nem defesa. A tentativa de regularização de terras na Amazônia pelo governo Lula, numa falsa tentativa de conter o desmatamento da floresta amazônica, visa favorecer os latifundiários que obtiveram suas terras de formas criminosas através da grilagem, em detrimento da maioria das 25 milhões de famílias espalhadas por toda a Amazônia, na qual o estado de Rondônia é o maior exemplo da ditadura imposta pelo latifúndio à população do campo. RIO DE JANEIRO PM assassina dez moradores em operação nas favelas A cada dia, cresce a repressão aos moradores das favelas do País. O Brasil assiste neste momento à ocupação da favela de Paraisópolis. A violência policial é utilizada pelo Estado para conter a luta da população contra a situação degradante em que vivem. Nesta última terça (3), cerca de 300 policiais realizaram uma operação em um conjunto nas favelas da Coréia, Taquaral, Rebu e Vila Aliança, nos bairros de Senador Camará e Bangu, todas localizadas na zona oeste do Rio. Em um ano e meio a polícia já matou 32 pessoas na região. Como acontece em todas as operações policiais, a violência foi marcante deixando um saldo de dez mortos. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde do Rio, dos dez mortos que chegaram ao hospital Albert Schweitzer, somente dois estavam com documentos: Diego Matos Brás, 15, e Rogério da Costa Vieira, 37. Os demais mortos têm entre 18 e 25 anos, segundo o órgão, e têm vários ferimentos à bala. Eles vieram das comunidades da Aliança, Senador Camará e Rebu (Folha Online, 4/2/2009). Para a polícia, todos eram traficantes. Foram presas sete pessoas e uma moradora foi ferida por uma bala perdida. A investida contra a população pobre das favelas ultrapassa a violência policial. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), publicou na última segunda-feira (12), no Diário Oficial, os decretos que permitem a demolição pela Secretaria de Ordem Pública dos prédios irregulares (O Estado de S. Paulo, 12/1/2009). Na mesma tarde do decreto, os moradores da Cidade de Deus, organizaram um protesto contra a demolição de 62 casas da favela. Na cidade maravilhosa, nasce uma favela por dia. Um relatório feito pela UN-Habitat em 2007, organização da ONU responsável pela moradia e situação das cidades, estima que até 2010 o Brasil produzirá mais dois milhões de moradores de favelas. Ainda de acordo com o estudo, o número de favelados no País chegará a 53 milhões em 2010 e a população nacional será de quase 200 milhões. Ou seja, de cada quatro brasileiros, um estará morando em uma favela (Causa Operária Online, 12/1/2009). A crise econômica, que está levando o conjunto da economia para a recessão, impulsionará o crescimento ainda maior das favelas, bem como uma maior deteriorização das já precárias condições de moradia da população carioca. Com o crescimento da pobreza, o Estado burguês amplia a violência. A repressão nas favelas em todo o País revela a ditadura do regime burguês contra a população pobre.

6 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA 6 SÃO PAULO Protesto espontâneo da população contra a polícia expõe a crise do regime Uma manifestação espontânea ocorrida no final da tarde desta segunda-feira, na favela Paraisópolis, zona Sul de São Paulo, mostrou o nível de revolta da população contra a polícia militar e a intervenção policial a mando do governo nas favelas. Segundo informações da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) os manifestantes fecharam a Rua Francisco Tomás de Carvalho, próximo à Avenida Giovanni Gronchi, a partir das 17 horas desta segunda-feira, lançando pedras e queimando carros estacionados nas ruas da região, além de prédios. O governador José Serra orientou a Polícia Militar a manter um cerco à favela que continua. O protesto ocorreu contra a ação da Polícia Militar no último domingo, que teria assassinado um morador. Ao contrário das primeiras informações da PM e do governo, não foi apenas um morador morto no último domingo o motivo dos protestos na última terça, que reuniu mais de 200 manifestantes em sete pontos do bairro. Os moradores acusaram dois policiais, conhecidos como Zoio Roxo (ou Raio ) e Nego Zica, de assassinarem quatro moradores no último fim de semana. Os assassinados seriam Marcos Porcino, 25, e outro chamado Roni, um adolescente de uns 14 anos e um trabalhador, que estava indo para o serviço e que teria sido morto. Os manifestantes, todos moradores da favela, chegaram a lançar fogos de artifício contra helicópteros da PM que sobrevoavam o local. O governador José Serra orientou a Polícia Militar a manter um cerco à favela que continua. O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Augusto Marzagão, declarou: Essa situação não deveria acontecer, não pode acontecer (...) A determinação é para que a área fique saturada [policiada]. A operação irá até a hora que for necessário (G1, 2/2/2009). Foram ainda relatados confrontos armados de manifestantes contra a polícia que apareceu para reprimir a manifestação. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, dois policiais foram baleados, um no abdome e o outro no joelho durante o protesto. Estes protestos espontâneos da população contra a repressão e as condições de vida estão se tornando cada vez mais freqüentes. Há alguns meses, os moradores da favela Paraisópolis paralisaram a avenida pois a falta de sinalização e o descaso provocaram a morte de uma criança. Cerco à população Já no dia seguinte ao protesto, os moradores acordaram para ir ao trabalho sendo revistados pela PM que procura as principais lideranças do protesto ocorrido na última segunda-feira, quando a população local fez barricadas, queimou carros e fechou a via de acesso ao local, contra a morte de um morador ocorrida no último domingo. Cerca de 100 viaturas estão no local em uma verdadeira operação para aterrorizar os moradores. As aulas no Centro de Educação Infantil (CEI) de Paraisópolis, CEI Santa Escolástica e CEI Lina Rodrigues estão paralisadas devido ao cerco policial. Há uma verdadeira operação de toque de recolher no local. A Polícia Militar age de forma selvagem, como já ficou evidente em diversas ações, como o assassinato de uma criança no Rio de Janeiro em uma perseguição e vários outros casos, realizando uma verdadeira chacina nas favelas brasileiras e só será barrada com a mobilização popular. Fora a PM de Paraisópolis A mobilização popular é a única maneira da população enfrentar a ditadura da polícia, como ficou comprovado em diversos acontecimentos no Rio de Janeiro, como no mor- ro da Providência antes das eleições, quando a população expulsou o Exército e no Morro Azul onde a população enfrentou as milícias e a polícia, colocando-as na defensiva. Deve-se levantar a palavra de ordem de fora a polícia de Paraisópolis bem como a de Ao contrário das primeiras informações da PM e do governo, não foi apenas um morador morto no último domingo o motivo dos protestos na última terça, que reuniu mais de 200 manifestantes em sete pontos do bairro. dissolução da PM, corporação corrupta e voltada exclusivamente para a repressão à população, um resquício das ditaduras militares. A única maneira de a população ter garantida sua própria segurança é que os próprios moradores componham, em favor de seus interesses, a segurança na comunidade, com milícias populares eleitas pelo povo, rotativas e fiscalizadas pela própria população. REPORTAGEM Operação de guerra de José Serra contra a população O dia começa tenso para os moradores de Paraisópolis, segunda maior favela da cidade de São Paulo. Logo de madrugada ou pela manhã, trabalhadores que iniciam sua jornada saem de suas casas enfrentando o clima de repressão. Estes têm uma grande chance de serem enquadrados pela polícia PARAISÓPOLIS O protesto de Paraisópolis é mais um episódio das manifestações espontâneas ocorridas em todo o País no último período. Centenas de manifestações nas favelas das principais cidades brasileiras ocorreram no ano passado contra as condições de vida da população jogada a situações insustentáveis. Os maiores exemplos disto ocorreram no morro da Providência no Rio de Janeiro e no Morro Azul, onde a população expulsou o Exército e a Polícia das favelas. Manifestações em São Paulo como a que ocorreu em M Boi Mirim foram enfrentadas pela população contra a polícia de maneira exemplar. As manifestações de caráter espontâneo são resultado da crise e estas tornam-se cada vez mais radicalizadas. O cerco à favela de Paraisó- militar. Diversas barreiras são montadas pela polícia e em entroncamentos policiais formam Ditadura em xeque DITADURA... Com o único objetivo de coibir os moradores, a Polícia Militar enviou cerca de 400 policiais e 100 viaturas para a favela de Paraisópolis a partir da quarta-feira (4), que passaram a revistar cada morador. O nome da operação policial realizada na favela de Paraisópolis em São Paulo já mostra qual é o seu objetivo. A Operação Asfixia tem PARAISÓPOLIS A polícia tem invadido a casa de diversos moradores sem qualquer mandato judicial. polis, no Morumbi, é uma tentativa de impedir o prosseguimento das manifestações que evidentemente são realizadas pela própria população da favela e não por uma minoria, como procura mostrar a imprensa capitalista. O local das manifestações, no Morumbi, é também próximo ao Palácio do Governo, área de segurança onde é proibido por decreto realizar manifestações. O Morumbi, conhecido bairro da parcela mais rica da cidade, reúne em seu seio um verdadeiro barril de pólvora para a burguesia que está sendo ameaçada. A tentativa do governo Lula de estabelecer mecanismos ainda mais repressivos contra a população, de colocar as tropas do Exército nas ruas, vai por água abaixo a cada ação da população contra a repressão. barreiras para revistar e humilhar aqueles que passam e são considerados suspeitos. O toque de recolher prevalece para parte dos moradores, que simplesmente não sai de casa com medo de represálias da polícia, cavalaria e tropa de choque, policiais e camburões a cada esquina. Policiais civis, militares, cães farejadores, homens do COE (Companhia de Operações Especiais) vigiam a população em cada movimento. Esta é a primeira impressão de quem entra na comunidade de Paraisópolis, uma ilha de miséria em meio às mansões do Morumbi. Este é o cotidiano enfrentado pela comunidade onde vivem cerca de 80 mil pessoas, que desde a última segunda-feira sofre seu pior cerco, no qual pelo menos 400 homens armados do governo vigiam os moradores que sofrem todo o tipo de humilhação. Graças ao clima de terror, a maioria dos moradores não aceita ceder imagens e com alguma resistência alguns deles aceitaram dar depoimentos em áudio mas todos com nomes falsos, condição normal ali para não ser caçado pelos policiais. Dentre as principais denúncias colhidas por nossa imprensa está a de que a polícia tem invadido a casa de diversos moradores sem qualquer mandato judicial. Apesar de polêmicas sobre a manifestação ocorrida na segunda-feira, quando cerca de 200 homens jovens realizaram um protesto pela tarde fechando uma das avenidas da principal via de acesso ao local depois que a polícia militar assassinou quatro pessoas no fim de semana retrasado. Os moradores denunciam a morte de um trabalhador e um jovem de 14 anos. Após colher alguns depoimentos nossa equipe ainda se deparou com uma cena em que homens do COE entraram na casa de uma moradora supostamente autorizados por seus filhos. Estes mantiveram os meninos na casa por 40 minutos até que a população em frente se reunia em frente à casa pedindo para que os meninos, que eram intimidados por cinco policiais fortemente armados fossem soltos. Depois de dez minutos de protesto os três garotos foram soltos. Polícia aumenta repressão em Paraisópolis O Morumbi, conhecido bairro da parcela mais rica da cidade, reúne em seu seio um verdadeiro barril de pólvora para a burguesia que está sendo ameaçada. como sentido sufocar a população de 80 mil pessoas de um dos lugares mais miseráveis de São Paulo, que é ilhado pelas mansões de um dos bairros paulistanos mais ricos, o Morumbi. A favela é composta por 70% de trabalhadores nordestinos, que gastam seu suor nas piores profissões para atender em sua maioria, a elite do bairro. Trabalham como domésticas, porteiros, motoristas, garçons, operários da construção civil, entre outros. A operação seguirá os moldes da Saturação, ocorrida ao longo de 2008 e que utilizou os batalhões mais violentos de São Paulo para implementar uma política de desocupação dos bairros mais pobres para atender aos interesses dos grandes capitalistas. No caso de Paraisópolis, além dos 400 policiais, das 100 viaturas, há também quatro cães, 20 cavalos e um helicóptero. A principal operação da polícia em conjunto com a imprensa capitalista é transformar em crime as manifestações que ocorreram depois de um aumento da repressão. ENTREVISTA DEPOIMENTOS A população está cansada de ser tratada feito bicho! Causa Operária: O que você acha que levou o pessoal se manifestar na última segunda-feira? Abel: Foi negligência de mais de dez anos. O fato de a polícia entrar aqui há mais de dez anos, batendo, forjando e espancando todo mundo. Achando que todo mundo que está na favela é bandido, é violento, é criminoso. O moleque de 16 anos que vê seu irmão, seu pai, seu tio e sua família toda, sendo espancada, sendo presa, sendo maltratada, humilhada, sem seus direitos de cidadão reconhecidos. O que você acha que um moleque dessa idade, na flor da sua juventude vai fazer? Ele vai se rebelar! Ele tá enjoado de ver os outros bater nele, está enjoado de forjarem pra ele, está enjoado de apanhar. A população está cansada de ser tratada feito bicho. A polícia quando entra aqui, não entra para exercer a sua devida função, eles chegam aqui batendo, espancando, forjando e matando. Qualquer dúvida, IML e mais umas séries de órgãos estão aí para comprovar. A defensoria pública, que era pra defender o pobre, não faz isso. Eles preferem esconder essas informações. Se você for à corregedoria hoje verá quantas ocorrências já foram feitas contra os policiais que vêm na favela Paraisópolis para oprimir o morador. As ocorrências são inúmeras, sabe quantas foram resolvidas? Nenhuma! Para onde se corre quando você precisa? Para ninguém. E quando você não precisa você é humilhado e maltratado. Estando certo ou errado. Você não tem escolha, você não tem opção, você mora na favela e é um favelado. Eles realmente te tratam como um favelado. Não querem saber se você estuda, trabalha, cursa ensino superior. Se você não conhece os seus direitos... Direitos não, deveres, porque pobre não tem direitos, tem deveres. Então, se você não conhece os seus deveres, você não é nada, é uma marginal, vive à margem da sociedade. Bateram no portão, invadiram e foram entrando, não pediram pra entrar Causa Operária: Maria, Qual a sua profissão? Maria: Babá Causa Operária: Mora a quanto tempo em paraisópolis? Maria: 22 anos Causa Operária: Seria possível um relato dos últimos 3 dias que a polícia está ocupando a comunidade de Paraisópolis? Maria: Eu acho que a polícia abusa do poder que tem, que barra muito quem é trabalhador, sabe? A polícia tá muito abusada. Causa Operária: A polícia está revistando a população na saída para o trabalho? Maria: Tá revistando, tá no direito deles, mais daí ficar invadindo casa e prendendo pessoas que não tem nada a ver, tipo, aquele cara que foi preso ontem, ele não é comandante de nada. Meu filho ficou no meio de um monte de crianças com armas na cabeça. Enquanto isso a cavalaria passa e ela prefere esperar. Maria: Aqui tem muita gente boa, muito trabalhador e a gente não quer pagar pelos erros de outros. Eu acho que a polícia tem que fazer o trabalho deles e também acredito que tem muito policial certo, muito policial bom, mas também tem muito policial abusado. Causa Operária: Invadiram a sua casa? Maria: Invadiram sim a minha casa, não bateram no meu filho, não bateram e nem prenderam, mas porque meu filho provou que trabalha, mas até meu filho provar isso... O que me magoa é isso mesmo, entrarem na minha casa. Eu não devo nada pra polícia, pago minhas dívidas, trabalho. O que magoa é você ser trabalhador e ser barrado toda hora por uma coisa que você não fez. Causa Operária: E a senhora acha que a manifestação aconteceu por causa da polícia? Maria: Sim, o que tem de criança, de jovem usando droga... E cadê a polícia nessa hora? A droga tomou conta de Paraisópolis. É por isso que acontecem essas coisas, vocês sabem, Causa Operária: A senhora disse que entraram na sua casa e colocaram a arma na cabeça do seu filho? Maria: Sim, mas foi a polícia, não foi bandido, eu não tenho problema com bandido, com ninguém. Tenho problema com a polícia. Causa Operária: E como eles entraram na sua casa? Maria: Ah, bateram no portão, invadiram e foram entrando, não pediram pra entrar. *Maria foi um nome escolhido por ela, afim de não se identificar.

7 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA ECONOMIA 7 RECESSÃO PROFUNDA Quase 600 mil demitidos em janeiro nos EUA O número de demissões nos Estados Unidos em janeiro, atingiu o patamar 598 mil postos de trabalho, elevando a taxa desemprego a 7,6%, o maior corte em 34 anos Os dados oficiais referentes ao número de demissões nos Estados Unidos foram divulgados nesta sexta-feira, dia seis, pelo Departamento do Trabalho norte-americano. Este resultado foi bem superior ao anunciado, um dia antes, pela Pesquisa Nacional de Emprego da ADP/Marcroeconomic Advisers que tinha previsto um número de demissões de 522 mil em janeiro, somente no setor privado. Com este resultado, a taxa de desemprego nos Estados Unidos atingiu em janeiro 7,6% da população economicamente ativa. Esta taxa de desemprego é a maior desde o ano de 1993, dos últimos 16 anos. Em dezembro o índice era de 7,2%. Já o número de demissões efetuada em janeiro é a maior em 34 anos nos Estados Unidos, desde dezembro de 1974, no final da crise do governo Richard Nixon e o fim da Guerra do Vietnã. Este número é apenas um pouco maior do que o registrado no mês de dezembro, 577 mil, indicando uma tendência crescente de agravamento da recessão nos Estados Unidos. Desde que, oficialmente, começou a recessão norte-americana, em dezembro de 2007, o número de trabalhadores que perderam o emprego é de 3,6 milhões. Sendo que metade dessas demissões aconteceram apenas nos últimos três meses, novembro e dezembro de 2008 e janeiro de 2009, uma média de 550 mil demissões em cada um desses meses. O setor que sofreu mais cortes de vagas foi a indústria com 319 mil demissões, um aumento considerável em relação a dezembro quando havia demitido 250 mil trabalhadores. O setor de produtos industrializados perdeu 207 mil empregos em janeiro. A perda de empregos neste setor foi a maior em 26 anos, desde 1982 quando a indústria demitiu 221 mil trabalhadores. O setor da construção civil também teve acentuado número de demissões no mês passado, 111 mil empregos perdidos, superior as 86 mil demissões de dezembro. Já o comércio varejista mandou embora 45 mil trabalhadores em janeiro e em dezembro foram outros 82,7 mil. Outro rombo aconteceu no setor chamado terciário, que concentra 85% da mão-de-obra considerada não agrícola, que teve 279 mil demissões em janeiro e outras 327 mil em dezembro. Mais de 17 milhões sem emprego A taxa de 7,6% de desemprego nos Estados Unidos referese a população economicamente ativa, correspondendo a um total de 11,628 milhões de trabalhadores sem emprego, sendo que somente nos últimos dois meses foram mais de um milhão de demissões. Mas, segundo o Departamento do Trabalho há outros 5,8 milhões de desempregados que não estão inclusos na população economicamente ativa por diversos motivos. Com mais estes milhões, o número de desempregados chega a 17,428 milhões de desempregados ou quase 6% de toda a população norte-americana. O que agrava ainda mais esta situação é o número recorde de pedidos de seguro-desemprego da última semana de janeiro, 626 mil pedidos. É o maior número em uma semana, desde O número de desempregados que receberam seguro-desemprego até o final de janeiro era de 4,788 mil pessoas. O maior número registrado desde E o desemprego prolongado, acima de 27 semanas atingiu em janeiro, 2,6 milhões de trabalhadores. Há um ano atrás, janeiro de 2008, este número era menos da metade. O agravamento da recessão norte-americana é inevitável, ou seja, as demissões devem con- Já o número de demissões efetuada em janeiro é a maior em 34 anos nos Estados Unidos, desde dezembro de tinuar de vento em popa no próximo período. Para um economista de Nova Iorque, Claramente a recessão está ficando cada vez pior. As pessoas estão muito mais pobres do que eram há um ano. Trata-se de uma recessão profunda que irá durar por muitos meses (Agência Estado, 6/2/2009). Com uma perspectiva de aumento gradativo das demissões, a economia norte-americana vai ficar ainda mais frágil, provocando uma queda maior no consumo, na produção etc. contagiando outros países e economias de grande porte em uma tendência internacional que agravará a crise. PROTECIONISMO Governo Lula veta regras para impor restrições às importações O presidente Lula vetou projeto que iria criar normas para a circulação de produtos importados. Depois de ensaiar uma série de medidas que visavam impor algumas restrições à entrada de produtos estrangeiros no Brasil, o presidente Lula vetou o projeto na última quarta-feira, dia 28. O projeto vetado pelo presidente previa uma licença para que produtos importados pudessem circular no País. Esta licença seria emitida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) com o prazo de até 60 EXPORTAÇÕES EM BAIXA Vendas de produtos caem 23% em janeiro As exportações brasileiras tiveram o pior resultado desde A balança comercial brasileira teve déficit de mais de meio milhão de dólares. Foi divulgado na última segunda-feira, dia dois, o pior resultado das exportações e importações no mercado brasileiro. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), a balança comercial brasileira teve um prejuízo de mais de meio milhão de dólares. A diferença entre as exportações e importações atingiram saldo negativo de US$ 518 milhões no primeiro mês de Este é o pior resultado alcançado pela balança comercial em oito anos, desde novembro de O Brasil vendeu 22,8% menos produtos para fora do País em dias. Esta regra iria valer para pelo menos 24 setores da importação, o equivalente a 60% dos produtos importados que circulam no País. Entre estes setores, o de combustíveis minerais, material de transporte, móveis, ferro e aço, cereais, têxteis, aparelhos cirúrgicos, óticos e brinquedos. No total, seriam produtos que apresentariam restrição. A medida, apoiada pelo ministro, Miguel Jorge, tinha como objetivo favorecer a indústria nacional aumentando as restrições para os produtos estrangeiros. Houve uma grande pressão sobre o governo dos janeiro deste ano que em relação a janeiro de No mês passado, as exportações atingiram US$ 9,788 bilhões enquanto que no mesmo período de 2008 foram vendidos US$ 13,277 bilhões. O País comprou mais do que vendeu produtos em janeiro. As importações fizeram o governo gastar US$ 10,306 bilhões. Mesmo assim está havendo uma diminuição também nas importações que em janeiro caíram 12,6%. Os produtos que tiveram maior queda nas vendas foram os industrializados, redução de 34%. As matérias-primas tiveram queda menor, 6,5%. A queda nas exportações é uma tendência geral que está atingindo todos os países exportadores e o Brasil, sendo um dos mais fracos no mercado internacional, está sofrendo bastante com a retração da economia mundial. Um dos produtos brasileiros que foram afetados na exportação é o aço. O Brasil está perdendo mercado para a China e para a União Européia que estão vendendo a preços mais baixos para os compradores do aço brasileiro. A Colômbia, os Estados Unidos e o Chile estão comprando da China e a América Latina está negociando aço com os países europeus. Mesmo com este desastre da queda das exportações, o governo Lula insiste em apresentar a economia brasileira como promissora. Para o governo, o Brasil vai se sustentar com a venda de produtos para os países em capitalistas ligados à importação, pedindo ao presidente que não aprovasse estas medidas. Depois de negociações entre o Ministério da Fazenda e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o governo rejeitou a proposta. A tentativa de protecionismo do governo foi uma medida tomada para tentar conter o avanço da crise financeira nas exportações brasileiras. Em uma pesquisa prévia do resultado da balança comercial em janeiro foi apontado um déficit muito grande. O déficit foi de mais de meio milhão de reais. Entre 1 o e 25 de janeiro, a diferença entre importações e exportações deu baixa de US$ 645 milhões. Houve queda nas duas transações, mas as exportações despencaram quase três vezes mais que as importações. Neste período, as exportações caíram 24,9% e as importações tiveram queda de 8,8%. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, houve um mal entendido com a licença para importação. Visivelmente há uma divisão entre o MDIC e o Ministério da Fazenda. De um lado, com o MDIC, propostas de protecionismo para favorecer o setor industrial e de outro, Mantega e Lula vetando o projeto e favorecendo os capitalistas estrangeiros. Com o veto de Lula ao projeto, fica ainda mais evidente a política do governo em defesa dos interesses do imperialismo. desenvolvimento, pois estes estariam crescendo mais que os Estados Unidos, Europa, Japão etc. O que é absurdo, pois é óbvio que os países mais pobres vão sofrer igual ou muito mais com a crise que os países ricos, pois tem economias muito mais debilitadas. A China, Rússia e Índia já estão apresentando resultados negativos nas exportações. As demissões nestes países também já começaram, ou seja, um claro sinal de retração econômica que vai fazer estes países consumirem bem menos. A baixa nas exportações brasileiras só vai agravar ainda mais a situação da produção industrial brasileira, provocando uma queda maior no consumo e o aumento exponencial das demissões. EUA Mesmo com pacote, montadoras registram queda de 55% nas vendas As principais montadoras norte-americanas tiveram em janeiro deste ano redução nas vendas de carros de até 55%, mesmo após pacotes de ajuda dados pelo governo dos Estados Unidos. A crise das montadoras norte-americanas parece não ter solução. No mês de janeiro, as principais fábricas de automóveis dos Estados Unidos tiveram quedas acentuadas nas vendas, chegando a atingir em alguns casos o patamar de até 55% de redução. Esta é a pior queda em mais de 26 anos. Desde 1982 a indústria automobilística norte-americana não tem uma redução tão drástica nas vendas de automóveis. Foi a primeira vez também que o mercado de automóveis dos Estados Unidos foi superado, em vendas, pelo mercado chinês. A recessão nos Estados Unidos fez com que o consumo no País mais rico do mundo fosse caindo sistematicamente. O grande financiador deste consumo, o mercado de crédito, está completamente falido e selecionando com grande rigor a aprovação de novos empréstimos. Esta escassez no crédito fez com que a economia norte-americana entrasse em estado de estagnação e retração. O mercado de automóveis foi um dos principais afetados, pois a maioria esmagadora das vendas de carros são feitas a prazo. A montadora mais afetada foi a Chrysler, a terceira maior dos Estados Unidos, que vendeu 55% menos carros em janeiro que em dezembro, um total de 62,2 mil carros. Outra grande afetada, entre as montadoras, foi a General Motors (GM), que reduziu em 49% as vendas de carros em janeiro. A GM vendeu quase a metade de sua média mensal de veículos. Em janeiro foram 129,2 mil automóveis, bem abaixo da média de 200 mil veículos por mês alcançada pela GM em seus áureos tempos. Os prejuízos não se restringiram às três maiores montadoras norte-americanas que, inclusive, já declararam estar à beira da falência. Montadoras japonesas também apresentaram grande queda nas vendas. A Toyota, Nissan e Honda registraram queda em janeiro de 31%, 30% e 28%, respectivamente. Outra montadora norte-americana que não estava entre as três montadoras falidas, a Ford, apresentou redução de 40% nas vendas. Esta chegou a recusar ajuda do governo norte-americano afirmando que não estava em estado tão grave, mas o panorama apresentado agora prova o contrário. Diretamente ligado à redução nas vendas está o corte de gastos das empresas que inclui principalmente férias coletivas, corte de salários, redução de benefícios dos trabalhadores, fechamento de fábricas e milhares de demissões, medidas que atacam diretamente as condições de vida dos trabalhadores. Os bilhões dados pelo governo norte-americano não estão contendo em nada a crise no setor. Ao contrário, a queda nas vendas apenas continua se acentuando. Isso indica que haverá um agravamento ainda maior não só da crise no setor automobilístico, mas em toda a economia norte-americana. PISANDO NO FREIO Comércio de veículos é o pior dos últimos 37 anos A crise econômica reduziu drasticamente a venda de veículos no Japão. Indústria automobilistíca sofreu queda de 27,9% em janeiro, uma crise que afeta as maiores empresas automobilísticas como Toyota, Nissan e Honda. A indústria mundial de veículos agoniza diante da crise econômica. Depois da derrocada das montadoras norteamericanas, que, perdendo o posto de maiores do mundo, foram à falência,tendo que ser socorridas pelo governo, agora foi a vez das japonesas, apontadas como o futuro das empresas do setor, que já iniciaram o ano no vermelho, com dificuldade para escoar a produção. O comércio de veículos no primeiro mês de 2009, sofreu uma queda livre de 27,9% em relação ao mesmo período de A queda do comércio de automóveis no Japão se aprofunda a cada mês. De acordo com a Associação de Vendedores de Veículos do Japão, este foi o sexto mês consecutivo de queda. A burguesia japonesa analisa a situação como uma crise sem precedentes na indústria automotiva. Segundo Efe, porta-voz da Associação de Vendedores de Veículos do Japão, A queda é porque o esfriamento dos níveis de consumo afetou a indústria do motor (Jornal do Brasil online, 2/2/2009). Vejamos. A Mazda lidera a queda de vendas, com 34,5% a menos que em janeiro de 2008, seguida pela a Nissan, a terceira maior empresa do país, com uma redução de 31,1%. A Honda caiu 30,7%. A Toyota apresentou o resultado negativo de 22,5% e a Suzuki 17,1%. Uma queda generalizada em todo um setor industrial importante. As empresas japonesas acompanham a tendência mundial do setor. À beira da falência, uma das maiores empresas de automóveis do mundo, a Ford, foi obrigada a pedir socorro de 14 bilhões de dólares para salvar a empresa. Seis meses de queda na venda de automóveis no Japão é o reflexo da crise generalizada de todo um ramo da produção industrial do país, que contribui para o colapso de um dos maiores setores industriais e comerciais da economia global. Tal fato acaba de vez com o mito de que a crise estaria localizada nas montadoras norte-americanas que estavam sendo suplantadas pelas japonesas, já que meses depois da falência das primeiras, as outras caíram logo em seguida, mostrando que a crise atinge todo o sistema capitalista mundial e não está localizado em alguns setores e países. Para não reduzir seus lucros, os capitalistas imediatamente começam o processo de demissão que se espalha pelo mundo, intensificando a exploração e miséria dos trabalhadores. Em outubro, a montadora japonesa Nissan anunciou a demissão de 3,5 mil trabalhadores no Japão, Espanha e EUA. A Honda e a Yamaha Motor da Amazônia concederam férias coletivas para 55% dos funcionários da fábrica de Manaus. A todo custo a burguesia procura empurrar a crise para os trabalhadores. Mas está cada vez mais claro que as demissões e outras medidas que visam a aumentar a exploração dos trabalhadores em favor dos patrões serão respondidas com a ampla mobilização das massas. A greve geral da França, que contou com a mobilização de um milhão, além das greves na Inglaterra e em outros países do mundo, são o primeiro grande passo dado pela classe operária mundial contra os ataques dos governos e da burguesia. As empresas industriais da China tiveram seus lucros reduzidos nos últimos meses de 2008, agravando ainda mais o crescimento econômico do País. A invencibilidade da economia chinesa pintada pela burguesia imperialista e pela imprensa burguesa praticamente nem existe mais como farsa. A recessão mundial está deixando o mais populoso país do mundo em um estado de alerta mundial. Dezenas de milhares de empresas estão fechando as portas e o número de desempregados deve chegar a 20 milhões, somente este ano. As exportações no País estão em queda livre e as importações, grande fonte de recursos para dezenas de países exportadores, como o Brasil, também estão em baixa. O investimento é outro setor em queda na China, nesta semana, foram divulgados prejuízos de dezenas de grandes empresas chinesas que destinam parte de seus lucros para o investimento industrial do País. Com estes pre- CHINA NA LONA Prejuízos de até 50% em empresas diminuemcrescimento do país juízos, os investimentos ficam seriamente comprometidos. As maiores perdas nos lucros aconteceram na China Shipping Container Lines Co. Ltd que perdeu em 2008, 50% do lucro. Para outra produtora de containeres, a China International Marine Container, o prejuízo resultou em 53% menos lucro, ficando em US$ 219 milhões. Empresas de outros setores também registraram perdas, nos setores de siderurgia, setor financeiro, montadoras de automóveis etc. Estes prejuízos estão promovendo gradativamente uma desaceleração da economia chinesa. Depois de crescimentos do PIB acima de 10% nos últimos anos, no ano passado a China teve crescimento de apenas 9% e há previsões de que não ultrapasse os 7% este ano. Apesar destes percentuais aparentarem um alto crescimento, na verdade é um crescimento bastante ínfimo para um país do tamanho da China que para obter um desenvolvimento satisfatório precisa de índices muito maiores.

8 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO OPERÁRIO 8 DEMISSÕES Da Força Sindical à Conlutas, uma política de colaboração de classes As diferentes alas da burocracia sindical apresentam as mais diferentes fórmulas com as quais dizem querer evitar as demissões. Só uma proposta não é apresentada por ninguém: a mobilização dos operários para combater os patrões e quebrar a política de demissões em massa A enxurrada de demissões que varre o país, 600 mil só em dezembro, obriga o posicionamento da burocracia sindical frente à crise. CUT, Força Sindical, CTB, Conlutas e outras burocracias menores, têm difundido diferentes programas e propostas de mobilização, mas todas procuram ocultar o caráter reacionário dessa política, ou seja, de que se trata, com as diferenças causadas pelas diferentes condições em que a burocracia atua, de uma busca de uma solução pela via da colaboração entre patrões, operários e governos burgueses. A CUT tem defendido insistentemente o aumento dos polpudos subsídios já dados aos capitalistas pelo governo Lula. Seguem defendendo a redução dos impostos, tanto federais, como estaduais, como também têm defendido a redução dos juros bancários, outra forma de subsidiar os capitalistas. A CUT também tem defendido com muita ênfase o banco de horas, ou seja, frente à crise caberia uma redução temporária da jornada de trabalho, sem a redução dos salários. Posteriormente, os trabalhadores compensariam as horas não trabalhadas com jornadas de trabalho exaustivas sem qualquer ganho salarial. Esta proposta, além de reacionária, não garante os empregos. O sistema de banco de horas foi uma invenção dos burocratas em negociação com os patrões e nunca evitou as demissões em massa. Basta ver o caso da indústria automobilística onde este sistema é aplicado desde a década de 1990, quando a CUT sob a batuta do burocrata mor Vicentinho, articulou com o governo Collor/Itamar e as empresas automobilísticas a chamada Câmara Setorial. Por este acordo, o governo reduziu impostos, os trabalhadores seus salários e as empresas deveriam manter os empregos. Os patrões nunca cumpriram sua parte no referido acordo. Esta é a política que a CUT quer ressuscitar agora, 20 anos depois. A Força Sindical por sua vez, expõe claramente a face direitista desta mesma política, ao propor pura e simplesmente a redução da jornada de trabalho com a conseqüente redução dos salários. Por esta proposta, os trabalhadores receberiam um salário menor em troca de uma jornada igualmente reduzida. Falta combinar com os trabalhadores como eles vão manter as contas em dia (prestação da casa, aluguel, alimentação, educação, saúde e lazer) com um salário menor. É evidente que a única forma é reduzir as despesas domesticas e aceitar uma quebra no seu já precário padrão de vida. É importante assinalar que esta política está muito longe de ser uma exclusividade da Força Sindical, sendo realizada por todas as centrais sem exceção. A burocracia cutista a tem empregado no ABC nas fábricas menores e a Conlutas, extrema esquerda do bloco, foi a primeira a utilizá-la diante da crise da GM em S. José dos Campos. O banco de horas também é usado por todos, tendo sido apoiado por todas as alas nos correios na última campanha salarial. Nem as mudanças na política econômica, nem o banco de horas, nem a redução da jornada com redução salarial são capazes de garantir os empregos dos trabalhadores. Estes são expedientes já muitas vezes utilizados pelos capitalistas nas crises, cujo principal objetivo é manter as altas taxas de lucro, ao mesmo tempo em que os trabalhadores continuam a ser demitidos. Ao fazerem tais acordos os patrões mantêm a alta lucratividade como um seguro diante da das crises. Quando estas passam, eles aproveitam, sobretudo para manter os salários o mais rebaixados possível, além de não recontratarem os trabalhadores que foram demitidos. Os que permaneceram ou foram recontratados terão de se sujeitar a uma jornada maior com salário muito menor. Esse é o resultado da reacionária política da burocracia sindical como um todo. A política da Conlutas: a esquerda do bloco burocrático A anti-governista Conlutas, dirigida pelo PSTU e apoiada pelas diversas seitas esquerdistas (LER-QI, LBI, Práxis, CST e outros), se posicionou frente à crise criticando, apenas retoricamente, as posições da CUT, Força Sindical, CTB e demais centrais, afirmando que: Todos sabemos que redução de salários e redução de direitos, em todos os lugares em que foram praticados até hoje, levaram a mais demissões e não à preservação do emprego. A razão é óbvia: diminuição do salário e dos direitos leva a diminuição do volume de recursos que circula na economia, a menos vendas no comércio, que por sua vez comprará menos da indústria e, por conseguinte, a mais demissões (Carta da Conlutas às centrais sindicais, 20/1/ 2009). Na verdade, a crítica da Conlutas às demais centrais se deve ao foco dado por elas. Para o PSTU, o problema é que a burocracia não concentra suas reivindicações dirigidas ao governo Lula: Precisamos somar forças, todas as centrais sindicais, todos os sindicatos, para a luta contra as demissões, contra a redução dos salários e de direitos dos trabalhadores. Para cobrar do governo federal (sic) medidas concretas em defesa dos trabalhadores, já que até agora, A CUT tem defendido insistentemente o aumento dos polpudos subsídios já dados aos capitalistas pelo governo Lula. todas as medidas tomadas pelo governo socorreram apenas os bancos e grandes empresas (idem). Este é o centro do problema, para o PSTU/Conlutas, a luta contra as demissões deve ter como perspectiva fundamental a pressão sobre o governo Lula para que este tome medidas para defender o emprego dos trabalhadores. Nada de ocupação de fábricas, nada de greves, em resumo nada de luta entre os patrões e os operários. A luta deve ser para fazer pressão parlamentar e, fundamentalmente, um lobby sobre o governo e seus deputados mensaleiros. É, portanto, sobre o governo burguês de Lula que o PSTU/Conlutas deposita as esperanças das lutas da classe operária. Além de apostar em Lula, a Conlutas também quer o apoio de Serra, Aécio, Cabral, Yeda e outros governadores: Cobrar do governo federal a edição imediata de uma Medida Provisória que assegure a estabilidade no emprego emergencialmente, por um período de 2 anos; a Estatização das empresas que demitirem em massa seus empregados; e a Extensão do seguro desemprego para dois anos; cobrar dos governos estaduais e municipais a manutenção dos investimentos em políticas públicas e medidas de apoio aos desempregados, como isenção das taxas públicas, por exemplo (idem). Toda a política da burocracia da Conlutas está voltada para pressionar o governo Lula e os governadores. Esta política mostra que o antigovernismo da Conlutas nada mais é que uma figura de retórica a ser usada em sua publicidade política: ser formalmente contra o governo, mas colocar nas mãos dos governos as resoluções dos problemas da classe operária. As críticas do PSTU/Conlutas às demais centrais são puramente cosméticas. Enquanto CUT, Força e outros negociam e rifam os direitos dos trabalhadores, a Conlutas está atuando ativamente para subordinar a luta contra as demissões a Lula e ao Congresso Nacional, como tem sido feito pelo PT e pela burocracia cutista em todos os momentos para estrangular a luta da classe operária. Apesar da verborragia sobre grandes lutas e até sobre uma possível greve geral: Acreditamos ser necessário, e possível, a unidade concreta na luta contra as demissões e à resistência dos trabalhadores que estão em curso, como a luta na GM, na TRW, Magneti Mareli, Vale etc. E que realizemos um Dia Nacional de Protesto, com paralisações e manifestações em todo o país, e que possa apontar para a preparação de formas de luta mais radicalizadas, como a Greve Geral (sic) (idem). Unidade ou luta contra a burocracia? A Conlutas propõe, como meio para levar adiante esta luta, a unidade de toda a burocracia sindical que impede a mobilização operária contra as demissões. Ou seja, dos traidores da CUT, Força Sindical e outros que estão fazendo acordos espúrios que reduzem os salários e os direitos dos trabalhadores. Junto com os traidores da Conlutas, que enterraram e entregaram a luta dos metalúrgicos da GM, apoiando os PDVs, bancos de horas, e agora frente a 800 demissões, ficaram totalmente paralisados, sem propor nenhuma greve, aceitaram passivamente as demissões que são apenas o início de muitas outras, não só na GM, como também em outras fábricas de São José dos Campos. Falar em mobilizações e greve geral, nestas condições, é pura demagogia e visa apenas a uma mobilização subordinada à burguesia e ao governo. O que a Conlutas propõe é mais uma das suas famigeradas marchas a Brasília, que a CUT também realiza periodicamente, levando um grupo de burocratas para fazer uma campanha de pressão com objetivos eleitorais e sem qualquer real conseqüência prática para impedir as demissões. Uma caracterização oportunista diante da crise Desde o início da crise, o PSTU, partido dirigente da Conlutas tem tido uma posição errática e oportunista na caracterização da situação. Primeiro afirmou que era mais uma crise cíclica e passageira do capitalismo: A gravidade da crise não justifica as demissões, ou a redução dos salários e direitos dos trabalhadores. Todas as grandes empresas, sem falar nos bancos, tiveram lucros astronômicos no passado recente em nosso país. Foram recordes seguidos, de rentabilidade. Agora chegou a hora dessas empresas gastarem um pouco do que lucraram, preservando empregos, salários e direitos de seus empregados (idem). Para o PSTU, não estamos diante de uma crise capitalista histórica, isto é, revolucionária, apesar da economia mundial estar em bancarrota, com países imperialistas como EUA, Japão, União Européia, além de outros como Rússia, China, Índia e Brasil, estarem em recessão ou apresentarem fortes quedas nas suas taxas de crescimento anuais. A posição do PSTU se aproxima a dos aloprados da LBI, para quem a crise é uma invenção dos capitalistas para aprofundar a exploração da classe operária e aumentar a especulação financeira. Seguindo em sua avaliação equivocada sobre a crise, o PSTU acaba concordando com a posição de Lula de que a crise é uma marola passageira: Por isso dizemos que, em que pese à gravidade da crise, não aceitamos que as empresas demitam ou queiram reduzir salários ou direitos dos trabalhadores. A única razão para fazerem isso seria para manter intocados os lucros espetaculares que tiveram nos últimos anos. Se as empresas usarem uma parte do que ganharam para manter o posto de trabalho de seus empregados vão ficar um pouco menos ricas, (sic) mas continuarão muito ricas. (Carta aberta ao Presidente da República frente à crise e às demissões, 20/ 1/2009). Esta caracterização extremamente confusa dá a entender, não que as demissões visam a descarregar o ônus da crise sobre a classe operária, mas que seria artificial. O PSTU adota a política reformista bernsteiniana, já criticada por Rosa Luxemburgo no final do século XIX. Propõe que os capitalistas distribuam algumas migalhas de seu lucro monumental para manter o emprego dos operários. Diante de uma das maiores crises da história do capitalismo, o PSTU propõe reformar o capitalismo, ao invés de defender como fizeram Marx e Engels a expropriação dos capitalistas. A luta contra as demissões não seria uma luta de vida ou morte entre a classe operária e a burguesia, mas uma flutuação do capitalismo que poderia ser resolvida com uma maior boa vontade dos capitalistas. Para o PSTU, os capitalistas podem sobreviver com um lucro menor, estariam como dizem, menos ricos, mas manteriam a exploração da classe operária. Esse é o eixo central da discussão, frente à crise qual deve ser a política do proletariado? Lutar pela expropriação dos expropriadores, ou aceitar algumas migalhas dos capitalistas? O PSTU aposta na segunda hipótese. Para fazer um agrado à CUT e demais centrais, Lula chamou um encontro com os sindicalistas no dia 19 de janeiro. No encontro, fez a sua habitual demagogia, dizendo-se defensor dos trabalhadores e contra as demissões. Enciumada por não ter sido convidada ao convescote sindical, a Conlutas marcou e realizou no dia seguinte uma reunião com o governo onde estiveram os ministros Carlos Lupi (Trabalho), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e Luiz Antonio Medeiros, secretário de relações do trabalho. Os dirigentes da Conlutas, entre eles, Zé Maria e Mancha, levaram a proposta para que o governo Lula edite uma Medida Provisória decretando a estabilidade no emprego por dois anos, além da redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários. Como resultado da reunião a direção da Conlutas afirmou que: A reunião arrancou o compromisso dos ministros em intervir nas demissões, em particular nas realizadas na GM e Vale, interrompendo o processo e buscando reverter pelo menos parte das que já ocorreram. De acordo com Zé Maria, o governo disse que vai intervir também junto à Embraer, para buscar impedir que a empresa consume as demissões que estariam previstas. Segundo os dirigentes da Conlutas, as afirmações dos ministros durante a reunião não necessariamente implicam em sua efetivação por esta razão é fundamental a continuidade e o fortalecimento das mobilizações que já estão em curso, da pressão sobre as empresas e sobre o governo, pois esta é a única garantia de que, de fato, sejam tomadas medidas concretas para impedir as demissões e defender os salários e direitos dos trabalhadores, destacou Luis Carlos Prates, o Mancha (Conlutas se reúne com governo e exige A Força Sindical por sua vez, expõe claramente a face direitista desta mesma política, ao propor pura e simplesmente a redução da jornada de trabalho com a conseqüente redução dos salários. medidas concretas contra as demissões, 21/01/2009). Para o PSTU, a reunião arrancou um compromisso que não será como de fato não foi cumprido. O governo não moveu uma palha para reverter às demissões na GM e na Vale. Ou seja, a reunião não serviu para absolutamente nada, não passando de uma encenação para o PSTU se apresentar como combativo e lutador, mas na prática pedir socorro ao governo Lula. MP para a estabilidade ou ocupação de fábricas? O PSTU é o complemento de esquerda da política de toda a burocracia sindical que não quer mobilizar os trabalhadores. O que, no entanto, deixa absolutamente clara a essência da política do PSTU é justamente a sua proposta central. Ao invés de levantar a palavra-de-ordem de ocupação das fábricas diante das demissões, não apenas a única proposta eficaz como a única que envolve mobilizar as forças e a consciência da classe operária para a luta, propõe pressionar o governo Lula para que edite uma MP pela estabilidade no emprego. Enquanto o PSTU e outros perseguem estas fórmulas vazias, os trabalhadores ficam deixados na mais completa paralisia diante das demissões que estão sendo efetivadas aos milhares. Por esta proposta pode-se ver que não se trata de colocar nas mãos da classe operária, através da sua luta revolucionária, a resolução do problema, mas encontrar uma solução de comum acordo com as instituições do regime burguês. Qualquer um que conheça a realidade da luta de classes sabe que os patrões não vão arredar pé das demissões, exceto se sentirem a força do golpe dos operários. Eles somente compreendem a linguagem da força e a única força real é a mobilização massiva da classe operária. Se os operários não vão se mobilizar diretamente para impedir as demissões, não irão às lamentáveis marchas do PSTU pela MP de Lula. É uma política vazia, de aparência e de publicidade. Serve para parecer revolucionário, mas não é uma política revolucionária, não é de luta e não é independente. Esta política de luta mostra claramente que o PSTU é a ala esquerda, o complemento de esquerda da política de toda a burocracia sindical que não quer mobilizar os trabalhadores, mas colocar a saída (fictícia) para as demissões no terreno de um acordo com a burguesia e das instituições do regime burguês.

9 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO OPERÁRIO 9 DIANTE DAS DEMISSÕES Burocracia da CUT, com Lula e os patrões, apóia arrocho salarial e demissões Política de acordo com a burguesia em torno de uma suposta saída comum, representam um bloqueio à luta da classe operária e o caminho para milhões de demissões Sob o slogan Querem lucrar com a crise. A classe trabalhadora não vai pagar esta conta, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) convocou para o próximo dia 11(quarta-feira) um Dia Nacional de Luta Pelo Emprego e pelo Salário. Com tal política, a direção da Central procura passar a imagem de que estaria de alguma forma realizando uma mobilização em defesa dos trabalhadores, depois que apenas nos últimos dois meses cerca de 1,5 milhões de trabalhadores teriam perdido o emprego em todo o País (com mais de um milhão apenas entre os trabalhadores formais, ou seja, que têm carteira assinada ). Entre as alas da burocracia que disputam qual aparece como maior defensora dos trabalhadores apesar do sólido compromisso com os patrões e seus governos e da ausência de qualquer luta real esta autopropaganda da direção da CUT parece funcionar. A direção do PSTU (Conlutas), por exemplo, saudou o fato de que supostamente pressionado pela base, a CUT reconhece a crise e impulsiona mobilizações contra as demissões. É seguida pelas demais centrais, como a CTB, central ligada ao PCdoB (conforme matéria de Eduardo Almeida, publicada no site do PSTU, em 30/1/2009). Ou seja, a CUT estaria se deslocando para a esquerda (segundo o PSTU, seu discurso e a prática mudaram ) e ainda, arrastando as demais centrais, inclusive, a central sindical da FI- ESP, a Força Sindical. Tal interpretação deveria conduzir os trabalhadores, em geral, e os ativistas classistas que desejam lutar por uma saída da classe operária diante da crise a uma unidade em torno da burocracia da CUT (como propõe o PSTU/Conlutas, inclusive em relação à Força Sindical), o que seria correto se, de fato, a política da burocracia caminhasse no sentido de uma mobilização geral dos trabalhadores contra as demissões. Neste caso, assinalando os limites de sua política seria o caso de apontar um programa que ajudasse os trabalhadores a superar as supostas limitações da luta levada adiante pela burocracia. A realidade é outra, como é fácil analisar e concluir e, portanto, outras devem ser as conclusões, como veremos a seguir. Acordo com a burguesia... Maior organização sindical do País, agrupando mais de 40% dos sindicatos filiados a uma das centrais, a CUT tem sido por seu peso e por sua política a liderança da política comum a todas as alas da burocracia: enfrentar as demissões não por meio de uma mobilização da classe trabalhadora, mas através de um amplo acordo com a burguesia e do apoio com algumas reivindicações ao governo Lula. Não há nisso nenhuma mudança em relação à sua política anterior. Como toda burguesia e seus governos, a burocracia da CUT buscou ocultar a proximidade da crise e suas conseqüências para os trabalhadores e, mesmo agora quando as centenas de milhares de demissões deixam evidente o tamanho do furacão no Brasil e em todo o mundo, o comando da Central como a maioria dos integrantes do governo Lula busca fazer propaganda do suposto crescimento anterior e de uma fictícia recuperação em breve da economia. Artur Henrique, presidente da CUT, não se cansa de repetir que o próprio mercado já aposta em crescimento de 4% do PIB em 2008, mesmo com crise e que manter empregos e salários é garantir que o mercado interno continue em expansão (Portal da CUT, 4/ 1/2009, grifo nosso). Se durante o período de crescimento, a política da burocracia foi de apoiar o aumento dos lucros patronais, com a implantação do banco de horas, dos contratos temporários, da terceirização em larga escala e, principalmente, evitando mobilizações que quebrassem o arrocho salarial e garantisse conquistas para os trabalhadores, como a redução da jornada etc. Agora, a manutenção desta política de defesa dos interesses patronais, que vem mascarada de mobilização contra o desemprego, assume a forma de encontrar soluções comuns (para trabalhadores e capitalistas), mas que, de fato, resulta apenas na pura defesa dos interesses patronais diante da crise como toda a política enganosa de colaboração de classes. Mais ainda, a política de colaboração de classes para encontrar soluções comuns serve para conter a tendência dos trabalhadores de lutar efetivamente contra as demissões. A única solução efetiva para as demissões é a luta massiva, vigorosa e enérgica dos próprios operários, contra os patrões e contra o governo patronal. Não há nenhuma outra solução realista. A direção da CUT fala que é hora de empresários contribuírem, mas não só não têm qualquer oposição à política do governo Lula (bem como dos governos estaduais) de distribuírem bilhões dos impostos pagos pelos trabalhadores para os bancos, montadoras etc. como também defendem a intensificação desta política, bem a gosto dos grandes capitalistas. Desde o final do ano passado, o centro da campanha da direção da CUT bem como da FIESP e outras organizações empresariais tem sido a luta em primeiro lugar pela redução drástica da taxa básica de juro e pela queda do spread (Portal da CUT, 4/1/2009, exatamente nessa ordem). O presidente da Central ainda propõe atenção especial aos investimentos públicos: é essencial que o governo federal, através do BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) mantenha e até amplie os investimentos em obras que gerem emprego e renda (idem). No discurso da burocracia (que o PSTU diz que mudou), assim como no dos capitalistas, as necessidades dos trabalhadores, o desemprego etc. são apenas pretextos para reivindicar do Estado uma maior parcela do orçamento público e um aumento da exploração da classe operária. Tais soluções são tradicionais tanto no Brasil como no mundo inteiro. A natureza do sindicalismo burocrático e oportunista, isto é, sem qualquer consciência de classe é o de se unir com os patrões em um bloco único contra outros setores sociais para defender a indústria. Tanto quanto é tradicional é inócua. As diversas câmaras setores da era Vicentinho somente serviram para engordar os cofres dos capitalistas enquanto que os trabalhadores perdiam emprego, salários e conquistas da época anterior. No ano passado, as centrais encenaram uma campanha parlamentar pela redução da jornada de trabalho. Agora que a crise estourou até mesmo esta campanha desapareceu. Nem mesmo a combativa Conlutas coloca a redução da jornada como questão central, o que demonstra que procura uma solução que não penalize os empresários. A palavra-de-ordem mais adequada para lutar contra as demissões neste momento é, logicamente, a da escala móvel de horas de trabalho, ou seja, a distribuição do trabalho efetivo entre todos sem demissões nem diminuição salarial. A burocracia da CUT fala de Burocracia: enfrentar as demissões não por meio de uma mobilização da classe trabalhadora, mas através de um amplo acordo com a burguesia e do apoio com algumas reivindicações ao governo Lula. contrapartidas sociais, explicando que o governo precisa exigir que todas as empresas que receberem isenção de impostos ou empréstimo com dinheiro público se comprometam a não demitir, sob pena de punição (idem). Isso em uma etapa em que os capitalistas atuam como verdadeiros parasitas totalmente dependentes da ação dos seus governos no sentido da expropriação crescentes dos trabalhadores por meio de impostos, taxas, multas etc. etc. que vão parar nos cofres dos capitalistas, fazendo com que os setores mais lucrativos da economia sejam aqueles que mantêm um maior controle dos governos, como é o caso notório dos bancos no governo Lula. Obviamente sem qualquer contrapartida. Basta ver que os casos dos bancos - os maiores beneficiários dos incentivos dos governos FHC e Lula que foram os recordistas em demissões (quase 60% dos bancários perderam os empregos) e as montadoras de automóveis que receberam bilhões, aumentaram seus lucros e vendas no Brasil mas que tem hoje quase metade dos trabalhadores metalúrgicos que empregava há duas décadas. Os bancos sequer transformaram o dinheiro recebido em crédito a juros de usura que costumam praticar? Será que vão utilizar o dinheiro para impedir demissões?... contra a mobilização operária Além de beneficiar diretamente os empresários, esta política da burocracia de encenar uma mobilização visa conter as enormes tendências a uma revolta da classe operária diante dos ataques patronais. O próprio dia nacional de luta não passa de uma farsa. A luta da CUT resume-se a panfletagens e atos isolados como uma concentração em frente à Vale do Rio Doce, no Rio de Janeiro ou um ato em São Paulo, no qual a CUT do Estado vai reivindicar que o Governo do Estado negocie com os trabalhadores ações para superação da crise e reversão das demissões. Uma proposta distracionista e com forte conotação eleitoral que tem como base a mensagem de que o governo Lula, apoiado diretamente pela burocracia, estaria fazendo tudo o que é possível contra as demissões e, nestas condições, A CUT vem defendendo que os governos estaduais e municipais entrem no jogo para estimular investimentos produtivos e, portanto, promover emprego e renda (Portal da CUT, 4/1/ 2009). Mais importante ainda é que por detrás desta mobilização a burocracia (toda ela) esta realizando uma série de acordos isolados em que abrem mão diretamente dos direitos dos trabalhadores para ajudar os patrões. Nos bancários as demissões ao longo dos últimos anos como também agora não tiveram qualquer reação da burocracia, apenas das enormes contrapartidas do governo para os banqueiros. Provavelmente a contrapartida dos banqueiros veio entre outras na polpuda ajuda financeira que deram à eleição de ex-sindicalistas e outros representantes dos trabalhadores para os governos e parlamentos (os bancos se tornaram os maiores financiadores das campanhas eleitorais dos partidos da esquerda ). Nos metalúrgicos, o próprio Sindicato dos Metalúrgicos do ABC vêm assinando acordos em empresas menores como a Fiamm Latin America e Sogefi, autopeças de São Bernardo do Campo, aceitando a redução salarial em 15% (acordos estão sendo discutidos em várias outras fábricas como a Arteb, TRW, Dana Nakata, Proxion etc), com o que mostram perfeita sintonia com a burocracia do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (da Força Sindical) que assinou reduções salariais em inúmeras empresas. Ao contrário de uma verdadeira luta, a política da CUT é a de acordos por fábricas ou setoriais como o anunciado na semana passada entre a CUT e a Abimaq que visam preservar os interesses dos capitalistas diante da crise, sacrificando ainda mais os trabalhadores. Com esta política, a CUT, longe de estar a caminho de uma mudança está, inclusive, reeditando a fracassada política de câmaras setoriais estabelecidas pela burocracia na gestão da CUT comandada pelo atual deputado Vicentinho (PT-SP), com o qual o PSTU fez chapa comum no congresso cutista. Na década de 90, esta política impulsionada pelo governo Collor/Itamar e pelas entidades patronais, como a FIESP, serviu apenas para dar um fôlego para os patrões e reverter o ascenso operário realizado na década anterior e, é claro, garantir uma razoável melhoria nas condições de vida dos sindicalistas traidores que passaram, inclusive, a ter relações pessoais mais íntimas com os capitalistas. Os trabalhadores nada ganharam e nada têm a ganhar com esta política. Para lutar contra as demissões, lutar contra a burocracia Os sindicalistas da direção da CUT (como das demais centrais ) que não têm problemas com desemprego, que não estão sofrendo reduções salariais e estão satisfeitos com seus salários e mordomias, encenam uma mobilização, brincam de lutar enquanto centenas de milhares de trabalhadores são lançados em uma das maiores desgraças do capitalismo que é o desemprego. Todo trabalhador consciente sabe muito bem que a única arma dos trabalhadores contra os patrões e seus governos é a sua organização independente e a luta por suas reivindicações com seus próprios métodos de luta. A enorme onda de demissões que está se levantando não poderá ser detida por discursos, reuniões de burocratas com empresários e governos, muito menos com uma frente de luta com os capitalistas. Só a luta massiva da classe operária pode deter as demissões. A ação criminosa da burgue- Todo trabalhador consciente sabe muito bem que a única arma dos trabalhadores contra os patrões e seus governos é a sua organização independente e a luta por suas reivindicações com seus próprios métodos de luta. sia contra os trabalhadores, só pode ser detida por uma reação de grande intensidade, por uma resposta à altura. É exatamente isso que os patrões e a burocracia sindical temem e procuram evitar. Contra as demissões, a única arma verdadeiramente eficiente é ocupação das fábricas e empresas, por que este é o único modo de garantir a unidade na luta entre os que foram demitidos e os que estão ameaçados de perder o emprego; os temporários, os horistas, mensalistas, enfim todos os trabalhadores. A ocupação das fábricas coloque em xeque toda a proposta patronal e deve ser levada adiante em torno da reivindicação de escala móvel de horas de trabalho. Deve ser acompanhada de uma reivindicação geral de redução da jornada de trabalho para 35 horas sem a redução dos salários. Somente estas propostas materializam o refrão, entoado por todos, de que os patrões paguem pela crise. Fora destas medidas concretas, toda a conversa das diferentes alas da burocracia é jogar areia nos olhos dos trabalhadores e vender ilusões. A burocracia diz que não é possível lutar e ganhar faz coro com os patrões que ameaçam os operários. Eles tentam esconder a realidade da situação de verdadeiro colapso do capitalismo e que a fragilidade da burguesia cria melhores condições para a luta da classe operária e todos os explorados. Nestas condições, é possível derrotar a ofensiva patronal. No entanto, esta luta não pode ser vitoriosa sob o comando da burocracia sindical que é, neste momento, o maior obstáculo para o desenvolvimento da luta dos trabalhadores. Para lutar por uma alternativa própria dos trabalhadores diante da crise, é preciso colocar de pé em cada fábrica, em cada categoria, em todo o País, um movimento combativo, independente, nacional de luta, dos trabalhadores, contra as demissões que necessita a ampliação das correntes combativas e classistas de oposição em todos os sindicatos numa luta geral por uma nova direção para o movimento operário. CAUSA OPERÁRIA NOTÍCIAS ONLINE Leia o jornal diário do PCO na Internet No portal do Partido da Causa Operária na Internet você pode encontrar as informações sobre o partido, seu programa, estatuto, sua organização pelos diversos estados do País, textos teóricos e de análise política, a programação de atividades e a ligação para as páginas das outras organizações que apóiam a luta da classe operária; como o coletivo Rosa Luxemburgo, de mulheres do PCO, do coletivo João Cândido, de negros e da Aliança da Juventude Revolucionária. Além de todas as informações a respeito do Partido e de suas atividades, o portal do PCO abriga ainda o jornal diário do Partido na Internet, o Causa Operária Notícais Online. Tratando dos mais diversos assuntos com uma cobertura especial para os problemas políticos centrais da política nacional e internacional, além do tema de mulheres, negros e juventude, o Causa Operária Notícias Online traz ainda um grande número de matérias especiais com entrevistas e reportagens, além da cobertura regional, a publicação de cursos e palestras em áudio e reportagens em vídeo. Acompanhe diariamente o Causa Operária Notícias Online. O portal do PCO na Internet abriga ainda a Rádio Causa Operária e a Causa Operária TV que trazem diariamente reportagens, entrevistas e a reprodução das principais atividades de discussão política e formação marxista promovidas pelo Partido da Causa Operária. Basta entrar na página do PCO na Internet para assistir a reportagem do dia e visitar as páginas da Rádio e da TV para ter acesso às matérias publicadas anteriormente bem como todo o arquivo multimídia disponível no portal do PCO. Acesse:

10 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO OPERÁRIO 10 SÃO PAULO Estado foi responsável por 44% das demissões no País Na quarta-feira, dia quatro, foram divulgadas informações pela secretaria Estadual de Emprego e Relações do Trabalho e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE/ USP) mostrando que o Estado de São Paulo foi onde ocorreu a esmagadora maioria das demissões no país no mês de dezembro do ano passado. O estado concentrou a perda da maioria dos postos de trabalhos fechados no País em dezembro do ano passado Esse resultado está mostrando que a crise está atingindo um dos principais centros econômicos do País e tende a se agravar muito mais com o desenrolar da crise, e afetar outras áreas ainda pouco afetadas. A produção automobilística teve peso significativo no indicador geral da indústria. O setor recuou 44,2% na comparação entre dezembro de 2007 a Segundo o secretário estadual de emprego, Guilherme Afif Domingos, sabemos que o impacto na indústria poderá em breve ser sentido no setor de serviços. Com a queda acentuada nas exportações, queda na produção, países que importam nossos produtos em crise, esses indicadores vão piorar e milhares de demissões vão acontecer para salvar o lucro dos capitalistas. Para a garantia do emprego é necessário os trabalhadores realizarem uma luta nacional nas fábricas, independente dos patrões e da política conciliadora da burocracia sindical. Somente através da ocupação é que os trabalhadores podem colocar a produção sob o controle da classe operária, organizando a produção sobre a base de uma escala móvel de trabalho garantindo trabalho para todos. EFEITOS DA CRISE Setor privado elimina mais empregos em janeiro nos EUA Nos EUA, em janeiro, foram eliminados 522 mil postos de trabalho no setor privado, isto sem levar em consideração a agricultura. Estima-se que no próximo mês este número passe a 659 mil. No setor de serviços, foram eliminadas 279 mil vagas. Na indústria, é o 24º mês de queda consecutiva, com corte de 243 mil postos. A política geral do capitalismo é fazer com que os trabalhadores paguem pela crise. O governo Bush já destinou 700 bilhões de dólares, na sua maioria para os banqueiros e Obama está esperando a aprovação de um pacote de 819 bilhões de dólares que, na sua maioria, serão para incentivos fiscais e para empreiteiras para realização de obras e uma minoria será EUA Petroleiros fazem acordo destinada à geração de empregos e assistência à população. Segundo dados do Departamento de Trabalho norte-americano, o número de pedidos de seguro-desemprego atingiu o nível mais alto em 26 anos. Aumentou em 35 mil na semana passada e chegou a 626 mil. Já são 4,79 milhões de pessoas recebendo o seguro desemprego até 24 de janeiro. A produção do país entre outubro e dezembro diminuiu 5,5%, e as horas trabalhadas caíram 8,4%. A queda na produção foi a maior desde 1982 e a redução nas horas trabalhadas, a maior desde Em 2008 a economia norteamericana perdeu 2,6 milhões de empregos, o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando 2,8 milhões de postos de trabalho foram perdidos. O número de pessoas desempregadas atingiu 11,1 milhões, sendo este número maior 3,6 milhões do que em dezembro de O fechamento de postos evidencia o tamanho da crise econômica. Espera-se que a situação ainda vá piorar. Situação que atinge, obviamente, não só os EUA, mas todos os países do mundo. A única saída para os trabalhadores de todo o mundo é organizar um amplo movimento de ocupação das fábricas, assim como aconteceu com a pequena Windows & Door, onde os trabalhadores ocuparam a empresa para impedir as demissões. res petroleiras do mundo. A política das empresas é a de descarregar o ônus da crise nas costas dos trabalhadores. Só a mobilização dos trabalhadores é que poderá barrar a ofensiva dos empresários. A cada ameaça de demissão ou de rebaixamento salarial os trabalhadores devem responder com a ocupação das fábricas até a garantia de suas reivindicações. A queda rápida e acentuada do preço do petróleo prejudicou os resultados financeiros das maiores petroleiras do mundo. MINEIROS Sindicato aprova acordo de 9% Sindicato dos Mineradores de Siderópolis põe fim a greve que paralisou as atividades de seis mineradoras. Na terçafeira, dias três, o Sindicato dos Mineradores de Siderópolis, Treviso e Cocal do Sul entregaram a greve dos trabalhadores, que reivindicavam reajuste salarial. Os trabalhadores reivindicavam 12,48% de aumento, contra a proposta patronal de 7,5%. O sindicato capitulou diante da ameaça dos empresários de entrar na justiça contra as paralisações, como foi demonstrado na declaração do presidente do sindicato Leonor Rampinelli, Essa proposta das empresas é boa, não poderíamos rejeitar. Até porque eles foram claros que a partir de amanhã (quarta-feira) iriam procurar a Justiça, e nós corríamos o risco de acabar sem nada. Foi a maior vitória dos últimos anos. A atitude da burocracia sindical é de frear o movimento dos trabalhadores em um momento de crise profunda do sistema capitalista. As mineradoras e outros setores da economia do país estão em um momento de crise devido a diminuição das exportações e do consumo interno. A burocracia sindical atrelada as propostas patronais, pois sua sobrevivência depende de impostos sindicais, e outras políticas patronais, não Os trabalhadores da indústria petroleira norte-americana ameaçaram entrar em greve caso não fosse acertado o novo acordo coletivo da categoria que venceu no final de semana retrasado. Com medo da crise que isto poderia gerar não só nos EUA, como no mundo inteiro, rapidamente os empresários entraram em acordo com os trabalhadores. O acordo foi para evitar greve da indústria petroleira norteamericana. Os termos do acordo ainda não foram divulgados. O temor dos capitalistas é que, com a crise econômica, as mobilizações de trabalhadores se generalizem pelo país e pelo mundo. Veja-se que no caso da Windows and Door, uma fábrica muito pequena, que foi ocupada pelos trabalhadores, também, rapidamente foi feito um acordo para acabar com a ocupação, pois isto poderia ser um exemplo para o restante das categoria no País e fora. A queda rápida e acentuada do preço do petróleo prejudicou os resultados financeiros das maioimpulsiona a luta dos trabalhadores. Em um momento em que a produção está em queda, os países estão em recessão, os trabalhadores devem se unir em torno de suas reivindicações e organizar a luta independente dos patrões e da burocracia sindical. Os trabalhadores reivindicavam 12,48% de aumento, contra a proposta patronal de 7,5%. CAMPANHA Leia e assine o jornal Causa Operária Um jornal de luta, operário e socialista, o único que cobre amplamente todos os acontecimentos da categoria dos Correios Os militantes do Partido da Causa Operária e da corrente Ecetistas em Luta estão realizando entre os trabalhadores dos Correios uma ampla campanha de venda e assinatura do jornal Causa Operária. O objetivo é fazer a publicação penetrar ainda mais na categoria dos Correios, de forma que sejam milhares o número de trabalhadores que são leitores assíduos do jornal, bem como fazer com que em cada setor de trabalhado exista pelo menos um assinante do Causa Operária. A luta para fazer avançar o jornal Causa Operária é parte fundamental da luta para evoluir o grau de organização dos trabalhadores dos Correios e da classe operária como um todo. O jornal é a única imprensa do país verdadeiramente independente, que não tem rabo preso com patrões ou com o governo. É uma publicação financiada fundamentalmente pelos trabalhadores, nos setores de trabalho, e por isso é o único jornal que defende de maneira intransigente os interesses de classe da maioria explorada da população. Enquanto toda a imprensa capitalista existe apenas para defender o interesse dos patrões e confundir os trabalhadores fazendo campanha em favor das privatizações; da entrega do dinheiro público, retirado dos trabalhadores, para banqueiros e empresários parasitas; chamando trabalhadores grevistas de baderneiros etc. o jornal Causa Operária surge é uma imprensa para ajudar a organizar e orientar os trabalhadores. Os funcionários dos Correios devem ter um especial interesse no jornal Causa Operária, uma vez que é a única imprensa que trata de maneira regular e aprofundada os assuntos da categoria, disponibilizando semanalmente uma editoria para analisar as ações do governo, a política da empresa, os acordos e traições do Bando dos Quatro e a luta sindical dos trabalhadores. O jornal Causa Operária noticiou com destaque a escandalosa fraude nas eleições para o Sindicato dos Correios de São Paulo, o golpe da burocracia sindical e do governo em atacar a periculosidade dos trabalhadores, as inúmeras greves que passaram por cima da política do Bando dos Quatro de depender dos deputados corruptos do congresso nacional, a imposição do PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) pelo Bando dos Quatro e empresa, além de estar acompanhando no detalhe os inúmeros casos de corrupção, como na operação déjà vu que acabou por exonerar dois altos diretores, o projeto de reestruturação visando a completa liquidação da ECT e os planos de demissão em massa dos trabalhadores. Companheiro ecetista, assine o jornal Causa Operária e fique bem informado, recebendo regularmente em sua casa ou no seu local de trabalho a mais importante, completa e regular imprensa operária e socialista do país. Além do jornal impresso, o assinante também ganha o acesso à versão digital do jornal no portal do Partido da Causa Operária na Internet. Apóie e participe desta iniciativa de ampliar o número de leitores e a influência do jornal que mais apoiou e divulgou o movimento dos trabalhadores do correio em nível nacional. Acesse já o portal do PCO na Internet e preencha sua ficha de assinatura ou, se preferir, envie seu pedido para a Sede Nacional do Partido da Causa Operária: Rua Apotribu, 111, Saúde. CEP , São Paulo, SP; entre em contato também pelo telefone (11) , ou por e- mail: assinaturas@pco.org.br. Mais de livros disponíveis na Internet Marxismo, Política, Artes, Socialismo, Ecologia, História, Literatura, Mulheres, Negros etc. Livros novos e usados Fitas VHS Pôsteres Bótons Camisetas CD s DVD s LIVRARIA do PCO em São Paulo ENDEREÇO - Av. Miguel Stéfano, nº 349, bairro Saúde, São Paulo, Capital, CEP TELEFONE - (11) INTERNET - livraria@pco.org.br COMPRAMOS LIVROS USADOS

11 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO OPERÁRIO 11 CORRUPÇÃO LIDERADA PELA DIREÇÃO DA ECT Controle da empresa pelos trabalhadores A única maneira de acabar com os esquemas do alto escalão da empresa de desvio de verbas e favorecimento de amigos é o total controle da empresa pelos próprios trabalhadores A dança das cadeiras nos cargos de alta direção da ECT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - não pára. Já no início de janeiro (12), dois novos diretores tomaram posse das áreas de Infra-Estrutura/Tecnologia e Comercial dos Correios, substituindo os antigos diretores envolvidos na operação criminosa déjà vu, que se tratava de uma ampla rede de favorecimento de acordos comerciais com agências franqueadas, além de favorecimento em licitações. Samir de Castro Hatem e Menassés Leon Nahmias foram os diretores exonerados do cargo e que estão sob investigação da justiça. Em seus lugares, foram indicados Ronaldo Takahashi de Araújo, para a diretoria Comercial, e José Osvaldo Fontoura de Carvalho Sobrinho, para a diretoria de Infra-Estrutura e Tecnologia. Os seis diretores que estão no topo da pirâmide administrativa da empresa são indicações meramente políticas, um vez que depois das denúncias de corrupção, alguns dos atuais ocupantes dos cargos estão na qualidade de interinos, funcionários de carreira, até que o governo escolha outro apadrinhado para tomar posse definitivamente. As indicações políticas visam a colocar membros da máfia dos partidos da base do governo para atender aos interesses de setores da empresa e políticos corruptos do congresso nacional. Mesmo sendo funcionários de carreira, os atuais substitutos dos corruptos da operação déjà vu tem uma ficha corrida, que explica porque foram indicados.o novo diretor de Infra-Estrutura e Tecnologia, José Osvaldo Fontoura de Carvalho Sobrinho, já havia sido exonerado da direção da empresa em dezembro de 2006, junto com outros dois diretores que também estavam sendo investigados pela CPI dos Correios. Sobrinho, volta agora para assumir uma pasta que controla nada menos que 54% de toda a verba dos Correios, que é responsável pelas obras e manutenção de 12,6 mil postos de atendimentos espalhados por todo o país. Em seu currículo, Sobrinho ainda ostenta a formação em política e estratégia pela Escola Superior de Guerra, instituição ligada ao militares, que foi o principal centro articulador da tenebrosa ditadura militar no Brasil. Atualmente, são diretores da ECT diretamente indicados pelo PMDB o diretor de Gestão de Pessoas, Pedro Magalhães Bifano, e Marco Antonio Marques de Oliveira, diretor de Operações. Bifano, os trabalhadores se lembram bem, foi o responsável pela realização dos famosos jantares em sua residência com os membros do comando de negociação do Bando dos Quatro da Fentect na última campanha salarial, que resultou num dos piores acordos coletivos da história e na aprovação do PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) do cargo amplo. A corrupção de pessoas para impor seus interesses contra a população é típico de políticos burgueses, como pode ser visto no caso de seu irmão, João Magalhães Bifano, deputado pelo PMDB de Minas Gerais, que no final de 2007 foi denunciado por ter sido pego em escutas telefônicas recebendo propina do lobista João Carlos de Carvalho, em um esquema de desvio de dinheiro para prefeituras que apóiam o governo. Tanto Bifano, como Marcos Antonio, são pessoas que nada tem a ver com a empresa, com as necessidades dos trabalhadores ou com o enorme esforço despendido durante décadas por mais de 100 mil funcionários para fazer da ECT uma das maiores empresas públicas do mundo. Estão na empresa na qualidade de interventores dos partidos do governo, para esvaziar a ECT para os esquemas do mensalão, da operação déjà vu e uma infinidade de outros esquemas criminosos montados para exploração a riqueza produzida pelos trabalhadores. A única forma de impedir o desvio permanente do lucro produzido pelos trabalhadores para sustentar a malta de criminosos dos partidos do governo e no congresso nacional é o controle da ECT pelos trabalhadores, a começar pelo fim das indicações políticas e a eleição da direção da empresa e de todos os cargos de confiança pelos trabalhadores. Por eleições direta para os cargos de diretor a supervisor com mandados revogáveis pelos próprios trabalhadores. CORREIOS PCCS 2008 assinado pela Fentect oficializa cargo amplo No dia 04 de dezembro de 2008, a direção da ECT conjuntamente com o Bando dos Quatro na Fentect (PT, PCdoB, PSTU e Psol), reunidos em Brasília, formularam o novo PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) dos trabalhadores dos Correios. No documento, assinado por todos os membros da Comissão de Negociação da Fentect, o Bando dos Quatro que negocia o PCCS, estabele a extinção definitiva de 17 cargos na empresa, entre eles o de Operador de Tráfego Telegráfico e Monitor Postal (PCCS/2008 atualizado, pág. 30 item 6.2), cuja tentativa de extinção destes cargos por parte da Direção da ECT no PCCS de 1995, levou a ECT a perder várias ações judiciais nos tribunais, movidas pelos trabalhadores que ocupavam estas atribuições. A obediência canina do sindicalismo do Bando dos Quatro para com os interesses da ECT também levou os negociadores da Fentect a elaborarem a conversão dos cargos de Carteiro, Operador de Triagem e Transbordo, Atendente Comercial, Motorista, Auxiliar Administrativo e mais 10 cargos de nível médio para um único cargo, o de Agente de Correios, o famigerado Cargo Amplo (PCCS/2008 atualizado, pág. 31 item 6.4). A formalização do Cargo Amplo, no documento assinado pelo Bando dos Quatro da Fentect fica claramente exposta no caso da extinção do cargo de motorista, que é confirmado no item 6.4 Quadro de Conversão de Cargos, já citado acima, onde a direção da ECT com a colaboração do Bando dos Quatro da Fentect, define que não haverá na empresa mais o cargo, convertendo-o ao Cargo de Agente de Correios motorizado, igual a todos os demais do nível médio, a fim de substituí-lo por outro trabalhador que vai fará a mesma atividade dos motoristas, mas com um salário bem menor, pois os motoristas na ECT sempre tiveram um piso salarial maior que o dos demais trabalhadores operacionais. Para operacionalizar a extinção dos dos motoristas na ECT formalizaram um quadro de conversão de cargos, que os extintos cargos de motoristas se converteram em Agente de Correios, desdobrando-se para todas as atividades operacionais, (Distribuição e Coleta, Triagem e Transbordo, Comercial e suporte). O documento do novo PCCS define no item 9. Glossário, que o significado da palavra Atividade É o desdobramento dos cargos da carreira de nível médio, correspondente a área de atuação da empresa. Ou seja, no cargo de Agente de Correios, as atividades do trabalhador serão desdobradas de acordo com os interesses da ECT. Os sindicalistas do Bando dos Quatro assinaram o acordo do novo PCCS no início de dezembro, e para impedir que esta arbitrariedade fosse questionada por qualquer trabalhador que vai ser prejudicado, anunciaram a aprovação deste PCCS, que abre as portas para a demissão, escravidão e privatização da ECT, em assembléias de mentirinha, onde sequer os trabalhadores foram avisados da traição que foi assinada. Em São Paulo, onde tem mais de 20 mil trabalhadores, a direção do sindicato que é dirigido pelos sindicalistas do PCdoB, com o apoio direto do PSTU realizou uma reunião no final de ano, que foi chamada de assembléia, com a presença de 50 pessoas, para aprovar a proposta da direção da ECT, pois sabiam que se fosse realizado uma assembléia com a categoria, jamais os trabalhadores aceitariam o novo PCCS, o cargo amplo e as demais atrocidades que a direção da ECT está preparando para a categoria. Nos outros estados, as diretorias destes sindicatos ligados ao Bando dos Quatro, também esconderam dos trabalhadores a traição feita no PCCS e anunciaram que os trabalhadores destes locais foram favoráveis a mudar de cargo e estabelecerem o cargo amplo, uma vergonhosa fraude contra a vida e o futuro dos trabalhadores. Os trabalhadores dos Correios não devem aceitar que a direção da ECT e a Fentect imponham na base da mais descarada fraude a escravidão nos Correios; - Os sindicalistas do Bando dos Quatro da Fentect não possuem autoridade nenhuma para tomar uma decisão desta gravidade em nomedos 110 mil trabalhadores da ECT; - Pela anulação do acordo de bastidores da ECT e da Fentect em torno do PCCS da escravidão! - Pela anulação do cargo de Agente de Correios, abaixo o Cargo Amplo! - Pela organização nacional da categoria de forma independente da ECT e dos serviçais da empresa reunidos em torno do Bando dos Quatro da Fentect; - Controle geral da ECT pelos trabalhadores, através de eleições diretas com mandatos revogáveis para todos os cargos da empresa, de Presidente a Supervisor. PCCS DA TRAIÇÃO Novo PCCS mantém o velho método de opressão do GCR e metas Já na Apresentação (item 1) do documento de atualização do novo PCCS/2008 Plano de Cargos e Salários da ECT, assinado no dia 03 de Dezembro de 2008 pelo Bando dos Quatro (PT, PCdoB, PSTU e PSol) na Fentect, a direção da ECT faz questão de deixar claro que o objetivo do Plano é adequar a empresa aos Planos de Carreiras do mercado, ou seja, preparar a reestruturação da ECT para Privatização. No item 1.3, pág. 4, é citado que As orientações e abordagens que fundamentam o plano retratam o que atualmente é praticado nos planos de carreiras adotados no mercado. No mesmo item, a direção da ECT apresenta um quadro com as características do Plano atual, onde afirma que este está focado em Competência e Resultados, e ainda, que outra característica é a Avaliação do desempenho das pessoas, tendo como base suas competências aplicadas e resultados alcançados. Fica claro pelo texto que a ECT e a Fentect pretendem com o novo PCCS oficializar o perverso método do GCR Gerenciamento de Competência e Resultados (GCR). O GCR é um instrumento para aumentar a super exploração, através da exigência de superprodução, desenvolvendo a competição entre os trabalhadores, dividindo-os, pois coloca um trabalhador para vigiar o outro, ocasionando várias doenças ocupacionais. O GCR também é usado nos Correios para penalizar os trabalhadores, uma arma poderosa na mão dos chefes para perseguir o trabalhador que não faz parte da panelinha da chefia. Os trabalhadores vêm se recusando a assinar o GCR, pois sabem que a avaliação da chefia está muito longe de ser a realidade, uma vez que mesmo dando suas vidas pela ECT, se não fizerem parte da panelinha dos chefes, que participam do churrasco e do jogo de futebol promovido pela empresa, nunca terão uma avaliação satisfatória. Ao mesmo tempo, os chefes utilizam-se deste mecanismo perverso para perseguir os trabalhadores grevistas, doentes e que contestam a forma de exploração da ECT, dando notas baixas, para forçar uma demissão futura do trabalhador, dizendo que ele não alcança a produção esperada. É uma unanimidade entre os trabalhadores a necessidade de extinção do GCR dentro da ECT, por isso, consta na pauta de reivindicação da categoria, o fim do GCR, desde o primeiro momento em que a ECT introduziu o GCR para atacar a categoria. O Bando dos Quatro da Fentect, não só ignora a reivindicação necessária da categoria, que com a concordância em relação ao novo PCCS está oficializando, um dos mecanismos mais perversos da ECT contra os trabalhadores. Os trabalhadores devem ser organizar independentes do Bando dos Quatro da Fentect, para impedir a oficialização do GCR e todos os demais ataques que a ECT está encaminhando contra a categoria, através do novo PCCS. Pelo fim do GCR! Pela anulação do acordo do novo PCCS da ECT e da Fentect! Abaixo o PCCS da Escravidão, da Demissão e da Privatização! PCCS DA TRAIÇÃO Fentect autoriza ECT deixar de pagar o Diferencial de Mercado Em 03 de dezembro de 2008, a ECT e a Fentect Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, elaboraram conjuntamente o novo documento de atualização do PCCS 2008, Plano de Cargos, Carreiras e Salários dos Correios. Neste documento, a direção da ECT apresenta diversos ataques a direitos e benefícios conquistados pela categoria, para aumentar a produção e diminuir os ganhos salariais dos trabalhadores, a fim de abrir as portas da ECT para privatização. Com a ajuda do Bando dos Quatro (PT, PCdoB, PSTU e PSol) da Fentect, é fornecido no novo PCCS, através do item 4.7.2, pág. 14, a autorização para a direção da ECT excluir a qualquer momento o pagamento do Diferencial de Mercado, parcela salarial que vem sendo paga aos trabalhadores dos correios. O Diferencial de Mercado é um ganho extra, conseguido pelos trabalhadores no ano de 1995, ou seja, há mais de 10 anos, portanto um direito adquirido que deveria já estar in- corporado aos salários dos trabalhadores. No entanto, o Bando dos Quatro da Fentect, ao invés de defender a reivindicação da categoria apresentada todos os anos na pauta salarial onde é reivindicado que o Diferencial de Mercado seja estendido aos demais trabalhadores dos correios que ainda não o recebem ajudam a corrupta direção da ECT a economizar dinheiro com o empobrecimento cada vez maior da categoria, assinando o novo PCCS que estabelece: Compete a Diretoria da Empresa deliberar sobre os critérios de elegibilidade e de concessão, manutenção, alteração ou exclusão do Diferencial de Mercado, fixando o valor da parcela, em conformidade com os estudos técnicos realizados pela Área de Gestão de Pessoas e ou aspectos estratégicos... O Bando dos Quatro entregou para a Diretoria da ECT o poder de rebaixar salários, ganhos e direitos de milhares de trabalhadores, através do novo PCCS. Os trabalhadores devem se opor à oficialização do PCCS, pois é um ataque brutal ao conjunto da categoria, uma vez o novo PCCS está frontalmente contra os interesses dos trabalhadores. A aprovação deste PCCS é conseguido em assembléias fantasmas, uma fraude, como é tradicional nos sindicatos dirigidos pelo Bando dos Quatro (PT, PCdoB, PSTU e Psol), para oficializar os acordos entre quatro paredes feito com os corruptos diretores da ECT. - Abaixo a tentativa de exclusão do Diferencial de Mercado imposto pela ECT e pelo Bando dos Quatro da Fentect; - Que o Diferencial de Mercado seja estendido a todos os trabalhadores dos correios, no maior valor, que hoje é pago aos trabalhadores de São Paulo e incorporado ao salário; - Contra o novo PCCS da escravidão, da demissão e da privatização OPERAÇÃO LIVROS DIDÁTICOS Ecetistas têm que trabalhar até duas horas a mais No último mês de setembro começou nos Correios a operação de distribuição de livros didáticos realizada em parceria entre a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) e o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Está prevista a entrega de cerca de 105 milhões de livros didáticos para as escolas públicas de ensino fundamental e médio. Com esses números, a operação é considerada a maior operação de distribuição de livros didáticos do mundo. Para o ecetista, principalmente OTTs e carteiros, essa operação representa nada mais nada menos do que 70 mil toneladas a mais de trabalho ou 30% a mais de carga. Desde que a operação começou, a empresa está usando os trabalhadores grevistas para fazer horas-extras sem ter que pagar nada pelo trabalho a mais. Isso, graças ao acordo aprovado pelo Bando dos Quatro (PT- PCdoB-PSTU-Psol), que domina a Fentect em conluio com a direção da ECT, e prevê o Banco de Horas. Os trabalhadores têm que ficar até duas horas a mais no serviço para poder triar e distribuir os livros. No CTE-Saúde a gerência está forçando os OTTs a fazerem horas-extras pelo menos duas vezes por semana para fazer o tratamento dos livros. Nesses dias os trabalhadores chegam a passar duas horas do seu horário normal. Como agora menos trabalhadores estão devendo horas da greve, a gerência decidiu que todos teriam que ficar além do horário. No turno 3 (noturno), como o horário do jantar termina às duas horas da manhã, e as horas-extras chegam a ultrapassar as nove horas da manhã, os OTTs ficam oito horas seguidas trabalhando sem intervalo, o que é ilegal. Quando não têm de trabalhar de graça, como é o caso dos que ainda devem horas, o valor da hora-extra não chega a cinco reais, em troca de carregar pacotes de livros que chegam a pesar mais de sete quilos por duas horas seguidas. A quantidade de livros é tão grande que os CEEs estão abarrotados, situação que obriga que os livros sejam enviados para os CDDs. Os livros estão lotando os CDDs agora e a situação dos carteiros não é muito diferente dos OTTs. Para garantir a entrega dos livros eles têm de fazer horas-extras, devido a imensa quantidade de carga. Há todo um esquema pensado pela empresa para aumentar a exploração aos trabalhadores. Exemplo disso é que quase todos os dias, no turno 3 do CTE Saúde, o caminhão que traz a carga de Belo Horizonte atrasa, obrigando os OTTs a ficarem esperando até o limite do horário ou até depois do horário de saída. No entanto, nos dias programados para o tratamento dos livros, misteriosamente o caminhão de Belo Horizonte chega na hora certa. Fica nítido que existe um controle por parte da chefia e da gerência da chegada dos caminhões para poder controlar rigidamente o horário dos trabalhadores. Carteiros e OTTs não devem aceitar o volume excessivo de trabalho para exigir da empresa a contratação de mais trabalhadores para suprir as reais necessidades do volume de carga. As constantes horas-extras que a empresa obriga os trabalhadores a fazer faz parte do plano de Banco de Horas aprovado pelo Bando dos Quatro e serve para a empresa explorar ainda mais os ecetistas. Na greve realizada no ano passado, a diretoria do sindicato e o Bando dos Quatro (PT- PCdoB-PSTU/Conlutas e Psol) soltaram rojões comemorando o acordo que instituía o Banco de Horas ao mesmo tempo em que colocaram os brameiros para impedir a companheira Anaí Caproni de falar contra a proposta que estabelecia o Banco de Horas. Os rojões na assembléia foram a comemoração dos sindicalistas da empresa pelos lucros que a ECT tem nas costas dos trabalhadores, com horas extras não pagas e excesso de serviço. -Pela contratação imediata de mais funcionários! -Triagem e entrega dos livros didáticos somente com contratação de efetivo suplementar! -Não ao Banco de Horas!

12 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA TEORIA 12 O NACIONALISMO NOS PAÍSES ATRASADOS Uma discussão sobre a América Latina O texto que publicamos aqui é a reprodução taquigráfica de uma discussão realizada em 4 de novembro de 1938 entre Trótski e membros norte-americanos e mexicanos da IV Internacional reunidos no México. Tratando da situação política e das questões colocadas para a organização do partido revolucionário dos trabalhadores no continente americano, a discussão ressaltou pontos relevantes para o esclarecimento das relações entre a classe operária e o nacionalismo burguês nos países atrasados Trótski: Alguns de nossos companheiros propuseram uma discussão geral sobre a situação no México e na América Latina, devido ao retorno do companheiro Charles. A discussão será de caráter geral com a única intenção de informá-los sobre a situação. Curtiss: Estive muito ocupado nos últimos dias tratando de esclarecer e dar unidade às minhas anotações... Conheço melhor a situação local do México do que dos demais países da América Latina. Parece-me que os companheiros no México, Porto Rico, Cuba e outras regiões, na medida em que pude observar, abordam o problema da revolução permanente de uma maneira extremamente mecânica. Tomam uma idéia e a tiram do contexto, e acho que isto, em parte, ocasiona algumas das dificuldades de que vocês ouviram falar sobre a situação mexicana. Trata-se, principalmente, de uma compreensão equivocada do problema de se saltar etapas. A literatura do movimento revolucionária se coloca principalmente do ponto de vista dos países industriais avançados e só é compreendida à luz destes. Por exemplo, os companheiros mexicanos colocam o problema do salto de etapas da seguinte maneira: por que não podemos saltar no México as etapas intermediárias e avançar diretamente para a etapa da revolução proletária?. Não vêem o movimento do ponto de vista do cumprimento das tarefas democráticas. Não estão acostumados a pensar desta maneira, e isto, creio eu, dá lugar a muitos mal entendidos. Uma questão, por exemplo, é a relação que há no México entre a burguesia liberal e o nosso movimento, a Quarta Internacional. Quando se tenta corrigir os camaradas mexicanos, estes recorrem à abstração da revolução permanente e saem com a seguinte colocação: o camarada Trótski está renegando seus princípios com relação ao México, por seu desejo de salvaguardar seu exílio. Isto nem sempre se coloca claramente, mas, no fundo, é o que os companheiros pensam. Não é muito difícil contestar isto, utilizando o caso da China, já que é um tanto parecido. No caso dos outros países com problemas semi-coloniais nossa posição é a mesma, em geral. Nossos camaradas nestes países não estudaram nem se interessam grandemente por estes problemas. Estão interessados no que é mais imediato. É necessário explicar a relação que há entre nosso movimento e o movimento democrático em geral. A ênfase deve ser colocada sobre o estudo de cada caso concreto, não sobre abstrações. Por exemplo, se chegarmos ao socialismo nos Estados Unidos, seria possível para todos os países saltar estas etapas intermediárias. Deve-se considerar cada circunstância específica e tratar de que se reduzam as etapas ao menor tempo possível. Trótski: Sobre o problema da revolução permanente nos países coloniais... Curtiss: Um momento, por favor... gostaria de enfatizar outra questão. A má interpretação deste problema concreto Na questão agrária, apoiamos as expropriações. Isso não significa, é claro, que apoiemos a burguesia nacional. Em todo caso, onde se dá uma luta frontal contra o imperialismo estrangeiro ou seus agentes fascistas reacionários, damos apoio revolucionário, preservando a total independência política de nossa organização, nosso programa, nosso partido e uma total liberdade de crítica por parte de camaradas dirigentes cria dificuldades e obstáculos que, de fato, lhes impossibilitam abordar o movimento de massas no México e o movimento popular em geral. Trótski: Sim, creio que o camarada Curtiss tem razão. A questão possuiu uma tremenda importância; esquematizar a fórmula da revolução permanente pode, ocasionalmente, chegar a ser extremamente perigoso para nosso movimento na América Latina, como de fato tem sucedido. Que a história pode saltar etapas é totalmente correto. Por exemplo, construir uma via férrea através das selvas de Yucatán, equivale a saltar etapas. Estaria ao nível de construção de vias de comunicação nos Estados Unidos. E quando Toledano 1 jura por Marx, é também saltar etapas, já que os Toledanos europeus contemporâneos a Marx juravam por outros profetas. É bem conhecido o fato de que a Rússia saltou a etapa da democracia. Não a suprimiu totalmente, mas a encurtou. O proletariado pode saltar a etapa da democracia, mas nós não podemos saltar as etapas de desenvolvimento do proletariado. Creio que nossos camaradas do México e de outros países tratam de omitir etapas em abstrato no que diz respeito ao proletariado, e inclusive com respeito à história em geral. Não saltam por cima de certas etapas, mas por cima da história em geral e, sobretudo, por cima do desenvolvimento do proletariado. A classe operária no México participa, e não pode deixar de fazê-lo, no movimento, na luta pela independência do país, pela democratização das relações agrárias etc. Desta maneira, o proletariado pode tomar o poder antes que se garanta a independência do México e se reorganizem as relações agrárias. Então, o governo operário pode se converter em instrumento para resolver estes problemas. Isto pode ocorrer; possivelmente ocorrerá. Mas é necessário dirigir, guiar os trabalhadores, começando com as tarefas democráticas, até a tomada do poder. Não reivindicando uma ditadura socialista abstrata em contraposição às necessidades e desejos reais das massas, mas partindo destas lutas cotidianas para enfrentar a burguesia nacional sobre a base das necessidades dos trabalhadores, ganhando a direção dos trabalhadores e tomando o poder. A sociedade latino-americana, como todas as sociedades desenvolvidas ou atrasadas está composta de três classes: a burguesia, a pequena burguesia e o proletariado. Enquanto as tarefas forem democráticas em um sentido histórico amplo, são tarefas democrático-burguesas; mas a burguesia aí é incapaz de resolver estas tarefas democráticas, da mesma maneira que foi incapaz de fazê-lo na Rússia ou na China. Neste sentido, durante a luta pelas tarefas democráticas, opomos o proletariado à burguesia. A independência do proletariado é absolutamente necessária, inclusive no início deste movimento, e principalmente opomos o proletariado à burguesia na questão agrária, já que essa classe governará o México igualmente a todas as nações latino-americanas que têm camponeses. Se os camponeses continuam apoiando à classe burguesa, como é atualmente o caso, então será um estado semi-democrático, semi-bonapartista, como os que existem agora em todos os países da América Latina, com inclinações em direção às massas. Este é o período em que a burguesia nacional busca um pouco mais de independência do imperialismo estrangeiro. A burguesia nacional se vê obrigada a flertar com os trabalhadores, com os camponeses, e assim temos o homem forte do país orientado à esquerda, como é o caso atual no México. Simultaneamente classe dominante e classe oprimida O texto reproduzido aqui é um extrato do artigo Nem Estado operário, nem Estado burguês?, escrito em 25 de novembro de 1937 e publicado no boletim interno da ala esquerda do Partido Socialista dos Estados Unidos. O tema geral do artigo é a caracterização da União Soviética, e o trecho reproduzido aqui é uma comparação feita com os países dependentes ou semi-coloniais (...) O regime interno dos países coloniais e semi-coloniais possui um caráter predominantemente burguês. Mas a pressão do imperialismo estrangeiro altera e distorce tanto a estrutura econômica e política destes países que a burguesia nacional (mesmo nos países politicamente independentes da América do Sul) não alcança mais do que parcialmente o nível de classe dominante. A pressão do imperialismo nos países atrasados não altera, é verdade, seu caráter social básico, já que opressor e oprimido não representam mais do que diferentes graus de desenvolvimento de uma mesma sociedade burguesa. No entanto, a diferença entre a Inglaterra e a Índia, o Japão e a China, os Estados Unidos e o México é tão grande que temos que diferenciar estritamente entre os países burgueses opressores e oprimidos, e considerar que é nosso dever apoiar os segundos contra os primeiros. A burguesia dos países coloniais e semi-coloniais é uma classe semi-oprimida, semi-dominante (...) Se a burguesia nacional se vê obrigada a abandonar a luta contra os capitalistas estrangeiros e trabalhar sob sua tutela, temos um regime semi-fascista como, por exemplo, o Brasil. Mas a burguesia desse país é totalmente incapaz de criar um governo democrático porque, por um lado, está o capital imperialista e, por outro, teme o proletariado, porque a história aí saltou uma etapa e o proletariado se converteu em um fator importante antes que toda a sociedade se organizasse democraticamente. Nestes governos semi-bonapartistas democráticos o Estado ainda necessita do apoio dos camponeses e disciplina dos operários por meio do peso dos camponeses. Essa é mais ou menos a situação do México. Agora, pois bem, a Quarta Internacional reconhece todas as tarefas democráticas do estado na luta pela independência nacional, mas a seção mexicana da Quarta Internacional compete com a burguesia nacional diante dos trabalhadores, diante dos camponeses. Estamos em constante competição com a burguesia nacional, como única direção capaz de assegurar a vitória das massas na luta contra o imperialismo estrangeiro. Na questão agrária, apoiamos as expropriações. Isso não significa, é claro, que apoiemos a burguesia nacional. Em todo caso, onde se dá uma luta frontal contra o imperialismo estrangeiro ou seus agentes fascistas reacionários, damos apoio revolucionário, preservando a total independência política de nossa organização, nosso programa, nosso partido e uma total liberdade de crítica. O Cuomintang na China, o PRM 2 no México e o APRA 3 no Peru são organizações muito semelhantes. É a frente popular em forma de partido. Evidentemente, a frente popular na América Latina não tem um caráter tão reacionário como na França ou na Espanha tem um caráter dual. Pode ter uma atitude reacionária enquanto estiver dirigido contra os trabalhadores; pode ter uma atitude agressiva enquanto estiver dirigido contra o imperialismo. Mas, do nosso ponto de vista, fazemos uma distinção entre a frente popular na América Latina, que toma a forma de partido político nacional, e a da França ou da Espanha. Mas esta diferença de apreciação histórica e esta diferente atitude só são permitidas sob a condição de que nossa organização não participe no APRA, no Cuomintang ou no PRM, que preserve uma absoluta liberdade de ação e de crítica. Os problemas da tomada do poder e do socialismo também têm que ter um caráter concreto. A primeira questão é a tomada do poder pelo partido operário no México e outros países avançados da América Latina. A segunda questão é a construção do socialismo. Evidentemente seria mais difícil para o México construir o socialismo do que para a Rússia. No entanto, não se pode excluir de nenhum ponto de vista que os trabalhadores mexicanos conquistem o poder antes que os operários dos Estados Unidos, se estes continuarem tão lentos como agora. Eu diria que isto é possível sobretudo se o movimento imperialista nos Estados Unidos impulsionar a burguesia em sua ofensiva para dominar a América Latina. A América Latina é para os Estados Unidos o que a Áustria e os Sudetos eram para Hitler. Como primeiro passo para a nova etapa do imperialismo norte-americano, Roosevelt ou seu sucessor mostrará o punho à América Latina, para poder assegurar sua tutela econômica e militar sobre ela, o que provocará um movimento revolucionário mais decisivo, como na China... acreditamos que com mais êxito. Sob estas condições os trabalhadores podem chegar ao poder no México antes que os trabalhadores nos Estados Unidos. Devemos nos alentar nesta direção. Mas isto não quer dizer que eles construirão seu próprio socialismo. Decidirão lutar contra o imperialismo norte-americano e, é claro, reorganizarão as condições agrárias do país e abolirão a sociedade pérfida e parasitária que desempenha um tremendo papel nestes países, dando-lhes o poder aos sovietes de operários e camponeses lutando contra o imperialismo. O futuro dependerá do que acontecer nos Estados Unidos e no mundo inteiro. (Continuaremos a publicação deste texto inédito em português na próxima edição). Notas 1 Vicente Lombardo Toledano, secretá rio geral da Confederação de Trabalhadores do México (CTM). Desempenhou um papel central na campanha de calúnias contra Trótski que levaram a cabo os stalinistas mexicanos para preparar o assassinato do dirigente soviético no exílio. 2 Partido governante fundado pelo general Plutarco Elias Calles em 1928 sob o nome de Evidentemente, a frente popular na América Latina não tem um caráter tão reacionário como na França ou na Espanha Tem um caráter dual. Pode ter uma atitude reacionária enquanto estiver dirigido contra os trabalhadores; pode ter uma atitude agressiva enquanto estiver dirigido contra o imperialismo Partido Nacional Revolucionário (PNR). O general Cárdenas, membro da ala esquerda do PNR, reorganizou o partido em 1938 sob as diretrizes da frente popular, mudando o nome para Partido da Revolução Mexicana (PRM). Ao finalizar a presidência de Cárdenas, a política mexicana se voltou à direita que se acelerou nos anos seguintes sob o presidente Manuel Avila Camacho. Em 1946, novamente foi mudado o nome do partido, para Partido Revolucionário Institucional (PRI), nome que sustenta até os dias de hoje. 3 Aliança Popular Revolucionária Americana, partido peruano organizado por Victor Raúl Haya de la Torre quando este residia no México em Durante um tempo Haya de la Torre expressou simpatia pela revolução russa e visitou a União Soviética, onde, junto com outros, conversou com Trótski.

13 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA MULHERES 13 SEGUNDO O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL... Defender e divulgar direitos das mulheres agora é apologia ao crime A Organização Católicas pelo Direito de Decidir está sendo chamada a dar explicações sobre a defesa e o esclarecimento prestado às mulheres sobre o direito ao aborto Processo contra quase 10 mil mulheres no Mato Grosso do Sul; rejeição em comissões da Câmara dos Deputados do projeto que propunha a legalização do aborto; prisão de mulheres e fechamento de clínicas em diversos estados do país; acordo do Estado brasileiro assinado por Lula com o Vaticano; CPI do aborto aprovada também na Câmara; e agora uma organização que atua na defesa dos direitos das mulheres sendo indiciada por apologia e facilitação do crime. Esta é a farsa do Estado laico e democrático de direito no Brasil. Mulheres sendo perseguidas, consideradas criminosas não apenas pela prática considerada ilegal, mas pela defesa do direito da alteração da lei. A denúncia contra a organização Católicas pelo Direito de Decidir chegou ao Ministério Público de São Paulo através de anônimo, supostamente enviado por alguém que participou da apresentação de uma integrante da organização na Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirmando que Rosangela Talib teria dito que na organização informamos às mulheres quais os profissionais e serviços prestam atendimento seguro. A organização que atua no Brasil desde 1993 e se define como entidade feminista de caráter inter-religioso, atua para a conquista da autonomia das mulheres. Lutamos especialmente para garantir o direito de decidir de homens e mulheres sobre sexualidade e reprodução. Em uma Carta Denúncia esclarecem que atuam no atendimento de mulheres vítimas de violência sexual, visando contribuir para a ampliação e melhoria dos serviços de aborto legal no país... informamos sobre a legislação e os locais de funcionamento dos serviços de aborto legal. Aumento da perseguição Essa é a nova etapa de perseguição inaugurada com a notícia de instauração da CPI do aborto. Agora, não apenas não se pode fazer aborto porque a lei diz que é crime, como também não pode sequer promover a discussão, o conhecimento do aborto legal, que também está previsto na lei como direito em casos de estupro e risco de morte para a mãe. Tampouco defender a alteração da lei, a defesa da emancipação, do direito de escolha e decisão das mulheres. Tal perseguição deve ser parte do acordo assinado pelo governo brasileiro com a Santa Sé em novembro do ano passado. Acordo de teor sigiloso, que não foi divulgado e nem discutido com a sociedade, assinado em conversa às portas fechadas entre Lula e o papa Bento XVI (ou Joseph Ratzinger, ex-integrante da Juventude Hitlerista). Deve ser parte também do acordo que levou essa semana à eleição do deputado Michel Temer (PMDB) para presidente da Câmara dos Deputados, com o apoio de toda a base governista e de boa parte da oposição (DEM, PSDB...), com direito a cargo de 3º Secretário para o fundamentalista Odair Cunha (assim como Bassuma, do PT da Bahia). É a clara demonstração de que o judiciário e as demais instituições do Estado sob a lógica do capital, da exploração capitalista, já não são capazes de lidar e muito menos de garantir nem mesmo os direitos democráticos da população, já nem falamos do aborto, mas do direito constitucional de liberdade de expressão e organização. As instituições democráticas estão a serviço dos setores mais conservadores da sociedade para reprimir e punir Mulheres sendo perseguidas, consideradas criminosas não apenas pela prática considerada ilegal, mas pela defesa do direito da alteração da lei. qualquer iniciativa de contestação. Mesmo as conquistas democráticas agora podem ser atacadas por meio do próprio Ministério Público, que tem por função defender as conquistas já legalmente disciplinadas ou por meio do legislativo, através de uma absurda CPI do Aborto que pretende incriminar cerca de um milhão de mulheres ao ano. Pelos direitos democráticos das mulheres O ano de 2009 está marcado para ser um ano de grandes lutas. Para a classe trabalhadora, a luta contra a retirada de direitos, desemprego etc. promete acirrar a luta de classes ao limite. Por outro lado, as contradições capitalistas que surgem com cada vez mais clareza (através de ações como essas de repressão e perseguição), promete para 2009 grandes lutas contra o obscurantismo, a ilegalidade, a clandestinidade, a repressão, pela ampla participação política, por seus direitos democráticos, por uma verdadeira emancipação e libertação das mulheres. BAHIA De cada 100 internações 25 são conseqüência de aborto Só no ano de 2007, em Salvador e Feira de Santana, complicações pós-aborto motivaram internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e foram responsáveis por, pelo menos, 30 óbitos. Essas são algumas das conclusões do dossiê A Realidade do Aborto Inseguro na Bahia: a Ilegalidade da Prática e os seus Efeitos na Saúde das Mulheres em Salvador e Feira de Santana realizado por organizações do movimento de mulheres (como Católicas pelo Direito de Decidir e Cfemea), com base em entrevistas e dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Uma das informações, tanto da pesquisa de campo quanto nos dados compilados sobre o assunto mostrou que o aborto é praticado clandestinamente por mulheres de todas as classes sociais, níveis de escolaridade, etnias e religiões. No entanto, tem conseqüências desiguais, sendo que a ilegalidade produz muito mais riscos à vida de mulheres pobres, com baixa escolaridade e pouco acesso a serviços de saúde de qualidade. Segundo o dossiê, a cada cem internações por parto, na capital baiana, 25 ocorrem em decorrência de aborto, número bem acima da proporção nacional que é de 15 para 100. Ou seja, aproximadamente 74 mulheres buscaram atendimento do SUS por conta de práticas abortivas. Os dados apontam ainda uma média de três internações por hora. As estatísticas colocam Salvador com um índice de mortalidade materna cinco vezes maior do que o mínimo definido como aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo o aborto a principal causa isolada. O estudo mostra ainda que a curetagem pós-aborto aparece como o segundo procedimento mais freqüente na rede do SUS. Só em 2007 foram realizadas curetagens. Isso signifi- ca quase 699 por mês, 23 por dia e 01 a cada hora. Em Feira de Santana, para cada dois partos realizados, ocorre um aborto. Dados do Ministério da Saúde sobre óbitos maternos por faixa etária no município indicam ainda que, no período 2000 a 2007, a maioria dos óbitos se concentraram nas faixas etárias de 30 a 39 anos (41%), de 20 a 29 anos (36%), e entre adolescentes de 15 a 19 (15,4%). Essa é a realidade para aquelas que se arriscam na ilegalidade, na clandestinidade, como única alternativa de exercer um mínimo de autonomia sobre seus corpos. Mas para aquelas que têm o direito, em casos previstos em lei, como estupro e risco de morte para a mãe, só existe um único hospital público em todo o estado da Bahia credenciado para realizar esse atendimento. O serviço de atenção para as mulheres vítimas de violência sexual do Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba) confirma por um lado o medo e por outro o descaso com a saúde e a vida das mulheres. Entre 2006 e 2007 foram registrados apenas 38 atendimentos, com um total de 12 procedimentos de interrupção da gravidez resultante de estupro. O perfil destas mulheres que sofreram violência sexual revela que as adolescentes e jovens são a grande maioria das vítimas: 35% tinham entre 10 e 14 anos, 23,6% entre 15 e 19 anos e 34% entre 20 e 29 anos. Essa violência em faixas etárias precoces envolve, sobretudo, casos intra-familiares, tão comuns na sociedade, revelando a vulnerabilidade das meninas em relação ao poder dos adultos, particularmente dos seus familiares diretos. Depoimentos de algumas mulheres demonstram a crueldade e o tratamento desumano a que mulheres estão submetidas, como resultado direto da legislação que transforma em crime a decisão por um aborto. Só a legalização do aborto e a luta por uma verdadeira emancipação das mulheres será capaz de dar termo à tamanha violência. Violência que muitas vezes passa pelo própria rede de saúde, onde muitas são punidas pelos profissionais que as atendem: elas são alvos de discriminações institucionalizadas, tanto nas práticas quanto na própria estrutura organizacional dessas instituições. Veja alguns Depoimentos de mulheres que realizaram aborto: Olívia*, 39 anos, parda, 2º grau completo, filho de 5 anos, chefe de família. Eu tava na ante-sala de fazer a curetagem, botavam ali como se fosse um castigo, eu achava que fosse um castigo. E fiquei o dia inteiro, dia inteiro, dia das mães. Veio o médico, fez o toque, não falou nada, nada, e fiquei lá, com a roupinha do hospital. E vinham os estagiários, levantavam a roupa e enfiavam o dedo, sem dizer nada, vinha um, vinha outro, me sentia uma coisa... Rosana*, 17 anos, parda, estudante do 1º grau. Me lembro como se fosse hoje, foi um sábado de madrugada, meu Deus, a gente compremos uma seringa de injeção, a gente coloquemos um pouco de água e dois comprimidos na seringa e minha irmã aplicou ni mim. E eu também tomei dois comprimidos... Quando foi umas 5:30, eu tava no sofá com a perna pra cima, comecei a ter ânsia de vômito, sentia uma agonia por dentro. Minha irmã me levou pro banheiro pra ver se eu vomitava. Quando levantei do sofá veio uma rajada de sangue, de uma vez, foi muito sangue, tinha sangue por toda parte, num parava de jorrar e a única coisa que pensei antes de desmaiar foi chamar por Deus, pedia que não me levasse, que me desse uma segunda chance. *As identidades foram preservadas Adquira seu DVD IMPUGNADO! A HISTÓRIA DE UMA CAMPANHA ELEITORAL DIFERENTE OU COMO O POVO APRENDEU A ACEITAR O MENSALÃO Documentário Impugnado, sobre as eleições de 2006 e a impugnação do candidato presidencial do PCO, Rui Costa Pimenta, produzido pela Causa Operária TV, departamento da Secretaria Nacional de Agitação e Propaganda do Partido da Causa Operária LIVRARIA DO PCO: Av. Miguel Stéfano, nº 349, Saúde, São Paulo, CEP , Fone (11), PROSTITUIÇÃO Tráfico explora mais de 1 milhão de mulheres no mundo Em Sex Trafficking -Inside the Business of Modern Slavery (Tráfico Sexual -Por Dentro do Negócio da Escravidão Moderna), Siddharth Kara estima em mais de US$ 35 bilhões ao ano o lucro da escravidão sexual no mundo. Para o autor, a importância do estudo está além da denúncia da violação aos direitos humanos. Segundo Siddahart, a escravidão sexual é também um crime econômico, que procura maximizar os lucros ao diminuir os custos do trabalho. No livro, Kara dá exemplos e detalhes dos custos da prostituição, revelando inclusive o tamanho da exploração baseado no PIB de diversos países, ressaltando a falta de punições, investigação, processo e condenação contra esse tipo de crime. O estudo foi baseado em mais de 400 entrevistas, viagens por 14 países e seis anos de análises. Com o modelo desenvolvido para analisar o mercado da escravidão sexual, Kara calculou receitas e despesas, numa análise com base na economia capitalista e chegou ao número de escravos no mundo. Em suas contas, existem 29 milhões de escravos no mundo. Desses, 1,3 milhão são explorados sexualmente. Um mercado que cresce anualmente cerca de 3,5%. Nessa crescente, ao menos novas pessoas são vítimas de tráfico, pra escravidão sexual por ano. Um mercado que parece Educação desigual reforça submissão feminina Quanto maior a educação feminina em um país, menores são os índices de doenças e de mortalidade infantil. Mas essa realidade se confirma na ordem oposta numa sociedade baseada na exploração. Especialmente em países de capitalismo atrasado onde vivem mais de 600 milhões de mulheres hoje. Dados confirmam que não apenas a educação recebida pelas mulheres é diferente, mas também o acesso, a manutenção e a perspectiva de futuro para elas, desde a infância, é diferente daquela possibilitada aos homens. Mulheres entre 10 e 24 anos representarem mais de um quarto da população da Ásia, América Latina, Caribe e África. Das 130 milhões de crianças sem alfabetização no mundo, 70% são do sexo feminino. Relatório das Nações Unidas para o Desenvolvimento de 2006 já demonstraram que as grandes desigualdades educacionais do presente são as desigualdades de renda e saúde do futuro. E assim como nos anos resistir à crise internacional. A estimativa é de que a exploração sexual rende em torno de 70% - entre 65% e 75%, dependendo de onde você está no mundo. Isso se compara com uma margem total em torno de 60% em todas as formas de escravidão. A taxa que eu calculei é de crescimento anual de 3,5%, globalmente, da escravidão sexual, enquanto as outras formas crescem de 0,5% a 1%. Há cerca de 29 milhões de escravos no mundo hoje em dia. Desses, 1,3 milhão são sexuais. O lucro total gerado por todas as formas de escravidão em 2007 foi de US$ 91,2 bilhões. O de escravidão sexual foi US$ 35,7 bilhões, quase 40%. (Folha de São Paulo, 1/ 2/2009) Nas palavras do autor, o tráfico de pessoas para exploração sexual é a mais grotesca e selvagem forma de escravidão contemporânea. Apesar de apenas 4% dos escravos no mundo serem sexuais, eles geram quase 40% do lucro para os donos de escravos do mundo todo.(idem) O problema fundamental é que o tráfico, a exploração e a escravidão sexual atingem em sua grande maioria mulheres, jovens, adolescentes e até crianças. Uma verdadeira indústria que está baseada fundamentalmente na opressão da mulher, na exploração de seu corpo como objeto e mercadoria. Neste sentido, a exploração capitalista é ainda mais cruel com as mulheres, vítimas das mais diversas formas de discriminação, e ainda sofrem com a aceitação social da submissão das mulheres, MORTALIDADE INFANTIL 90, mulheres continuam representando cerca de dois terços do analfabetismo entre os adultos. Crianças são educadas para as atividades domésticas, para o casamento, para o servilismo e a submissão. Sem conhecer seu próprio corpo, sua sexualidade, seus desejos e sem possibilidades. Uma das dificuldades para a manutenção das mulheres na escola está a gravidez precoce. Nestes países, entre 30% e 50% das adolescentes com até 18 anos tem pelo menos um filho. Em 2007, 14 milhões de mulheres entre 15 e 19 anos tiveram um bebê. Sendo que uma em cada sete meninas se casa antes dos 15 anos e 38% se casam até os 18 anos. Complicações causadas por uma gravidez indesejada são a principal causa de morte de meninas com até 19 anos. Na maioria desses países além do sucateamento, privatização e muitas vezes inexistência de sistema de saúde público, o aborto é um direito negado às mulheres, que morrem aos milhões todos os anos por causa de abortos em situação de risco, clandestinos. concedendo já não apenas ao patrão, mas ao homem o direito de usufruir do seu corpo, inclusive sexualmente. Pesquisa feita em 2002 identificou sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescente para fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil, identificou 241 rotas de tráfico de pessoas que passam pelo Brasil: 110 rotas de tráfico interno (78 rotas interestaduais e 32 intermunicipais) e 131 rotas de tráfico internacional. Nesse contexto o Brasil detém o título de maior exportador de mulheres para fins de exploração sexual da América do Sul. Opressão institucionalizada, com participação do Estado capitalista que tudo permite se o objetivo for o lucro e manutenção do regime. Com a crise capitalista, toda a população está sofrendo com a retirada de direitos, achatamento salarial, aumento do desemprego, da pobreza e miséria material. Problemas que atingem principal e primeiramente às mulheres, que com a ampliação da crise, ficam em situação ainda vulnerável. A exploração, escravidão sexual, é a forma mais cruel e acabada de exploração. E a melhor forma de combatê-la, assim como deve-se combater a crise, é com um programa revolucionário, que defenda a plena emancipação da mulher, que só pode ser conquistada com o fim do capitalismo e toda forma de exploração inerente a ele. Sem aborto, sem creches, sem emprego, sem salários. Na África, 75% dos portadores do HIV são mulheres. E de boa menina na infância, as mulheres seguem como um setor inferiorizado na sociedade, com salários menores do que o dos homens, menos oportunidades de trabalho, expressão, criatividade e liberdade. Toda essa ação, incluindo as profissões com maioria de mulheres, donas de casa, enfermeiras, professoras, até a ideologia promovida na família, na TV, nas escolas, serve para que desde pequenas as mulheres aprendam a ser submissas, passivas, obedientes, em nada contestadoras ou críticas. A manutenção dessa situação só é possível porque persiste na sociedade a cultura de opressão das mulheres, que no capitalismo serve para explorar a mão-de-obra feminina como um verdadeiro exército inculto, desorganizado e sem direitos, que por detrás de conquistas, como a possibilidade do voto, do acesso à educação e funções tradicionalmente ocupadas por homens, esconde a manutenção de valores que sustentam essa opressão, como a sensibilidade e submissão feminina.

14 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA JUVENTUDE 14 UNIFESP Lula persegue estudantes e protege a corrupta burocracia universitária O caso da Unifesp ilustra a política de Lula nas universidades públicas de corte de verbas, favorecimento da burocracia universitária e perseguição ao movimento estudantil O governo Lula age em defesa da burocracia universitária e reprimi os estudantes que praticaram um ato politi A ação repressiva do governo federal contra os estudantes da Unifesp revela o verdadeiro caráter da política do governo Lula para as universidades. Os estudantes que lutaram contra a corrupção da burocracia acadêmica (o ex-reitor da Unifesp, Ulysses Fagundes Neto, e seus aliados estiveram envolvidos no caso de corrupção do cartão corporativo, além de denúncias de desvio de verba do orçamento da universidade), a estrutura de poder da universidade e por suas reivindicações estão respondendo a um processo criminal na Polícia Federal. Já os que participaram da corrupção e da política implementada pelo governo de cortar verbas não receberam até agora nenhuma punição. A própria ação da Polícia Federal em dois casos também ajuda a esclarecer o esquema de impunidade para a burocracia universitária e, por outro lado, de repressão imposta aos alunos. No mês de setembro do ano passado a PF entrou no prédio da reitoria da Unifesp e fez e apreendeu uma série de computadores e documentos, todos eles eram parte de um processo contra uma série de pessoas da administração universitária. Entre as pessoas investigadas neste processo está o pró-reitor de extensão DITADURA DA BUROCRACIA Funcionários contra a política da reitoria também são reprimidos As sucessivas denúncias de corrupção que vieram à tona contra a burocracia universitária no ano de 2008 fizeram surgir um amplo movimento contra a atual estrutura de poder da universidade, uma vez que o contraste entre a falta de investimento na universidade e as quantias milionárias roubadas do orçamento da Unifesp fez com que o verdadeiro funcionamento da política fosse revelado de forma transparente a todos. Esta oposição ao regime de poder dentro da Unifesp teve como maior exemplo as lutas estudantis ao longo do ano, com durante a gestão de Fagundes Neto, Walter Albertoni. Atualmente Walter Albertoni não está somente impune como foi indicado e eleito através do processo-farsa de regime de escolha dos reitores nas universidades federais o novo reitor da Unifesp. Os estudantes da Unifesp, que durante o ano de 2008 estiveram à frente da luta contra a burocracia universitária, chegando inclusive a levantar a reivindicação revolucionária de um governo composto pelos três setores (professores, funcionários e estudantes) de forma proporcional, ou seja, com maioria estudantil, são um exemplo da repressão movida pelo governo Lula e reitorias contra o movimento estudantil. O roubo da burocracia universitária contra todo o povo não é crime para Lula Nenhuma oposição a ação da burocracia universitária pode ser visto por parte Polícia Federal no caso que envolvia estudantes em junho de 2008, que ocuparam a reitoria após o surgimento de mais uma denúncia de corrupção. Como resposta a ação estudantil a Polícia Federal abriu um inquérito criminal onde os estudantes acusados foram intimados por crimes fazendários, o que pode incluir desde depredação do patrimônio público até formação de quadrilha. O que temos na comparação destes dois casos é a ação da polícia, órgão repressivo ligado diretamente ao governo Lula, agindo em defesa da burocracia universitária e tentando reprimir os estudantes que praticaram um ato político contra a reitoria da Unifesp e o governo Lula. Pelo fim da sindicância e da perseguição pela polícia federal aos estudantes O que está em questão na repressão ao movimento estudantil é o direito político à liberdade de organização e manifestação dos estudantes nas universidades. Por este motivo é preciso ampliar a campanha contra a punição aos estudantes da Unifesp, campanha esta que deve se voltar diretamente contra o principal executor desta política nas universidades, o governo Lula. as greves realizadas no primeiro e segundo semestres, a ocupação da reitoria em junho e o acampamento realizado em agosto e setembro, onde a revolucionária reivindicação de um autogoverno dos três setores foi levantada pelos estudantes em luta. A amplitude da oposição a burocracia universitária pode ser vista entre os funcionários da universidade. Durante o acampamento realizado entre os estudantes, diversos deles apoiaram a luta e as reivindicações e durante a eleição metade da categoria não foi votar, tendo entre os votantes o candidato ligado à antiga gestão de Ulysses Fagundes Neto, o professor do curso de medicina Walter Albertoni, perdido a disputa. Desde então, a reitoria tem, à exemplo do que faz com o movimento estudantil, reprimindo estes funcionários. Estes são assediados moralmente em seus locais de trabalho cotidianamente. Além disso, a segurança de tipo fascista da universidade com estreitas ligações com a Polícia Militar, tem ameaçado constantemente alguns funcionários que trabalham no Hospital São Paulo, hospital vinculado à Unifesp e onde está a maior concentração dos funcionários da universidade. Para conter a oposição crescente entre funcionários e estudantes ao regime de poder da universidade a burocracia universitária, ligada majoritariamente ao PSDB, tem imposto cada vez mais medidas repressivas criando uma espécie de estado de exceção dentro da universidade. Este fato demonstra que é necessária uma ampla campanha contra a repressão dentro das universidades e este deve ser um dos principais eixos da luta contra a ditadura imposta pelas burocracias universitárias e pelo governo Lula nas instituições de ensino superior públicas. O Conselho Universitário da Unifesp foi obrigado a refazer a votação para a lista tríplice a ser enviada ao MEC (Ministério da Educação) para a escolha do novo reitor da universidade. O MEC rejeitou a votação realizada pela instituição, onde concorriam na época os professores Walter Albertoni e Aron Jurkiewicz, porque o nome dos candidatos foi apresentado em cédulas separadas, o que permitia que uma pessoa votasse nos dois candidatos. Desta forma, a burocracia universitária da Unifesp teve que recorrer a uma nova votação, desta vez de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ministério da Educação. No entanto, um fato novo expôs mais uma vez a farsa eleitoral, a manipulação e o controle que o atual grupo político, ligado ao PSDB, que domina a reitoria, tem sob a eleição. No meio tempo entre a primeira e a segunda votação no Consu (Conselho Universitário), Aron Jurkiewicz se aposentou, o que pela norma na escolha de reitores o impediria de concorrer ao cargo, e faria com que apenas um candidato concorresse. Fato que a burocracia universitária sempre tentou mascarar a simulação de uma disputa. Neste caso, tentando evitar que Albertoni se tornasse o único candidato ao cargo de reitor, surgiu uma nova candidata, a professora Maria Brasília, para concorrer ao cargo na votação realizada no conselho, contrariando completamente o estatuto eleitoral que estabelecia uma série de regras, entre elas o prazo de inscrição para os candidatos que havia terminado a mais de três meses. No final desta segunda votação, comprovando que a suposta eleição era um jogo de cartas marcadas, o CORRUPÇÃO Escolha da lista tríplice expõem eleição-farsa candidato escolhido para encabeçar a lista tríplice foi novamente Walter Albertoni que sempre contou com o apoio do governo a da burocracia universitária. O processo para a escolha do novo reitor da Unifesp teve três fases: na primeira houve uma consulta a comunidade acadêmica onde votaram estudantes, funcionários e professores. Sendo que o voto dos professores, setor minoritário, tinha o peso de 70% do total dos votos e os outros 30% eram divididos entre funcionários e estudantes. Ou seja, a distorção imposta pela votação não representava minimamente a vontade da comunidade universitária. Após esta primeira fase, ocorre uma votação no Consu para a formação de uma lista tríplice que é enviada para a escolha do presidente de plantão. Nesta votação não precisa ser levada em consideração a primeira. E por último, o presidente escolhe o candidato de sua preferência, demonstrando que apesar de todo o processo anterior, o único eleitor é Lula. Durante a consulta a comunidade acadêmica os estudantes já haviam manifestado seu repúdio a farsa eleitoral com 90% dos alunos boicotando a eleição. O fato que ocorreu agora com a saída de um candidato, e a entrada de outro, desrespeitando completamente as normas eleitorais elaboradas pela própria burocracia universitária, demonstra mais uma vez que os estudantes e o restante da comunidade acadêmica que denunciaram a eleição e a apontaram como um sistema viciado, onde o único voto que valia era o da indicação de Lula, estavam corretos. Este fato expõe completamente a manipulação imposta no processo realizado. ENSINO SUPERIOR Censo comprova crise nas universidades privadas Um levantamento feito pelo MEC mostrou que, em 2007, 21% das vagas oferecidas nas universidades estavam ociosas, 97% delas do ensino privado. O governo Lula desvia dinheiro público para salvar esse setor com programas como o ProUni. A crise nas universidades é cada vez mais evidente. As medidas tomadas pelos tubarões de ensino, tais como demissões, arrocho salarial, corte de bolsas de estudo etc., visam jogar para a população o preço da crise e garantir o lucro dos empresários, entretanto mesmo com todas essas medidas a situação se torna cada vez mais insustentável e tem como resposta o aumento do número de inadimplentes e das evasões. Foi o que mostrou o levantamento feito pelo Censo da Educação Superior, divulgada nessa semana pelo MEC (Ministério da Educação). De acordo com os dados do Censo, pelo menos 21% das vagas oferecidas no país em 2007 estavam ociosas, o que implica dizer que cerca de 1,3 milhão de alunos, de 6,2 milhões existentes, abandonaram o curso. A grande maioria das vagas ociosas provém das universidades pagas, um reflexo direto da crise. De acordo com o levantamento ao menos 97,7% dessas vagas ociosas pertence às universidades privadas, enquanto que 2,05% são das instituições públicas estaduais e municipais; e 0,25%, das instituições federais. A demanda de estudantes que abandonam os cursos nas universidades pagas vem acompanhada de um aumento no número de ensino à distância, outra medida de contenção de gasto. Além disso, foi comprovado o fechamen- Censo da Educação Superior divulgou que menos 21% das vagas oferecidasem 2007 estavam ociosas. 6,2 milhões existentes, abandonaram o curso. to de pelo menos 12 universidades privadas, em 2007, na região do Sul, outro dado que enfatiza a situação de colapso que se encontram as instituições privadas. A situação dos tubarões de ensino só não é ainda pior porque o governo Lula, através das suas medidas para sucatear o ensino, como é o caso das reformas universitárias, está desviando o dinheiro da população para salvar os empresários com projetos como, por exemplo, o ProUni que ao invés de investir nas universidades federais, transfere o dinheiro para as particulares, arcando assim com a crise das particulares. A reforma universitária, muito longe de representar melhora na educação pública, tem como objetivo entregar para os grandes capitalistas o dinheiro da população, tudo isso para garantir o lucro desses tubarões do ensino que roubam a população de várias maneiras, seja através das medidas de contenção de gastos, arrochos salariais, demissões, ou do roubo descarado do governo Lula. Esse balcão de negócios que é o ensino privado deve ser combatido e denunciado, bem como as medidas de Lula o financiador desses empresários. CRISE DAS PARTICULARES Estudantes passam 30 horas na fila para fazer matrículas Na manhã desta sexta, 30, uma fila imensa de estudantes aguardavam para conseguirem se matricular em uma das unidades da Unip. Os estudantes chegaram a esperar 30 horas para conseguir se inscrever no ProUni, porém sem saber ainda se terão ou não o privilégio de poder cursar o ensino superior. Durante a semana, estudantes de diferentes lugares enfrentaram a fila de duas a três vezes para fazer a inscrição, e mesmo assim, muitos não conseguiram. A imensa fila nas universidades particulares em busca do ProUni evidencia a ineficiência do programa, já que aquilo que seria para aumentar vagas está se PROUNI Centenas de estudantes deram entrada na justiça contra as arbitrariedades do programa que cancelou, por exemplo, a bolsa de uma estudante porque a mesma havia ganhado um aumento de R$ 1,96 no salário e acabou ultrapassando o valor permitido pela lei. O fraudulento programa do governo Lula, o ProUni, consiste em ampliar o número de matriculados sem melhorar o conteúdo,tão pouco destinar mais verbas para as universidades, não passa de uma enganação para ocultar a política de sucateamento do ensino público. O programa, que aparentemente elevaria o número de estudantes, demagogicamente defendido pelos direitistas como uma forma de inserir mais pessoas nas universidades, principalmente as mais tornando tão ou mais disputado que o próprio vestibular, não resolvendo, no final das contas, nenhum problema. O que dificultou ainda mais a inscrição foi a burocracia exigida para o preenchimento dos papéis. O estudante tem que apresentar um verdadeiro atestado de pobreza, se submetendo a humilhações de diversas espécies para conseguir aquilo que lhe é de direito: ingressar numa universidade. Além de mascarar o problema da falta de vagas e da restrição ao ingresso nas universidades públicas, o ProUni não garante em nada a qualidade do ensino que receberão os participantes do programa. Segundo os resultados do Enade 2008, 96 cursos superiores de instituições particulares tiveram nota um, a nota mais baixa possível, sendo que destes, 70% estão credenciados pelo ProUni. O ProUni é um uma ferramenta de desvio do dinheiro público para a máfia do ensino pago. A verba que deveria ser investida em mais vagas para a universidade pública, ampliação de cursos e melhoria da estrutura dos cursos é usado para custear as dívidas e farras dos empresários do ensino, isso porque o programa permite que as universidades particulares ganhem isenções nos tributos em troca de vagas para alunos carentes, um Uma enganação do governo Lula para sucatear o ensino carentes, está sendo denunciadas por centenas de pessoas que tiveram suas matrículas negadas como bolsistas. Algumas delas chegaram inclusive a ganhar na Justiça o direito de continuar recebendo bolsa, isso mostra a farsa que é o ProUni. Apenas no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), 20 processos referente ao programa do governo Federal já foram analisados. É o caso, por exemplo, de uma estudante de biomedicina de Porto Alegre, que somente agora conseguiu ganhar na Justiça o direito de cursar a universidade com a bolsa. A estudante teve sua matricula negada em 2006 porque seu salário era R$ 1,96 a mais do que os R$ 450 previstos nas normas do programa. Mesmo tendo cumprindo todos os requisitos exigidos pelo mesmo, ou seja, ela deixou de estudar com a bolsa por três anos, simplesmente porque seu salário era 0,43% a mais do que a lei determina. Um valor que não paga sequer a passagem de ônibus da estudante. Outro caso bastante ilustrativo é a de um estudante que recebia uma bolsa escolar de 93% e que ao tentar receber do ProUni o direito de cursar uma universidade teve a matrícula negada. A alegação era a de que o rapaz pagava 7% da mensalidade, um valor que a própria Justiça burguesa considerou irrisório. Os casos divulgados pela imprensa capitalista são apenas algumas das pouquíssimas pessoas que conseguiram entrar e obter judicialmente o direito de receber bolsas. Esse número, no entanto, é infinitamente menor do que os milhares de casos que acontecem, mas mesmo as- desconto que varia entre o integral e o parcial. A única coisa que o ProUni tem feito é aumentar ainda mais a política de sucateamento e destruição geral do ensino público e a privatização da educação, o que reforça os grandes monopólios capitalistas da Educação privada. A única maneira de garantir uma universidade de qualidade e para todos é com um maior investimento da verba estatal nas universidades públicas, o fim do vestibular e de qualquer outro obstáculo que dificulte o acesso ao ensino superior e a estatização das universidades particulares, colocando-as a serviço da juventude e da classe operária. sim, revelam o fracasso que é o principal projeto do governo Federal para educação. Não existe nenhum tipo de interesse dos governos burgueses em ampliar a qualidade do ensino e o número de estudantes nas universidades. Tanto é assim, que o governo Lula, ao invés de investir nas universidades públicas, destina o dinheiro para os tubarões do ensino através do pagamento de bolsas e isenções fiscais. Se o governo estivesse interessando em oferecer estudo para a população pobre, a maneira mais eficaz seria retirando as barreiras que impedem o ingresso dessa expressiva parcela da população como é, por exemplo, o vestibular. O real intuito da Reforma Universitária, tais como o Reuni, o ProUni etc. é ampliar, na prática, a política de sucateamento e destruição geral do ensino público e a privatização, reforçando os grandes monopólios capitalistas da educação privada, desviando o dinheiro dos cofres públicos para esses tubarões e deixando de investir nas universidades públicas.

15 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA JUVENTUDE 15 SÃO PAULO Novo plano de segurança nas escolas prevê ainda mais repressão aos estudantes A partir do dia 11 de fevereiro, as escolas estaduais de São Paulo seguirão um novo plano de segurança que prevê, dentre outras coisas, fiscalização virtual dos estudantes e o aumento de policiais Na última semana o governo do Estado de São Paulo deve anunciar o novo plano de segurança escolar para a rede estadual. As novas medidas entrarão em prática a partir do dia 11 de fevereiro, no início das aulas em escolas públicas. As novas medidas incluem um sistema de monitoramento virtual da rede pública estadual paulista que comunicarão a Polícia Militar em tempo real atitudes suspeitas dos estudantes. Ou seja, as escolas serão transformadas em verdadeiros campos de concentração, onde qualquer coisa que fuja às ordens préestabelecidas pela burocracia deve ser denunciada. O pacote das novas medidas solicita também um reforço do corpo militar nas escolas, são as chamadas rondas escolares, uma vigília de Policiais Militares sobre as crianças e adolescentes. O reforço das rondas escolares será feito em 137 unidades consideradas vulneráveis e o sistema virtual integrará 5,3 mil escolas. No início dessa semana, policiais militares do Batalhão Sistema de monitoramento virtual da rede pública estadual paulista que comunicarão a Polícia Militar a partir do dia 11 de fevereiro. de Patrulha Escolar Comunitária já começaram a receber treinamento para a recepção dos estudantes na Operação Boas-Vindas, logo no início das aulas. Além dos policiais, diretores e professores também receberão o treinamento para prevenção de casos de suposta violência. Não só nas escolas públicas, mas também as particulares estão tomando medidas para aumentar ainda mais a repressão aos estudantes. As particulares montam verdadeiras operações de segurança dentro e fora do colégio, que inclui vigilância eletrônica, monitores espalhados pelos pátios e rondas pelos arredores da escola. A principal função destas medidas de repressão nas instituições de ensino é o de controlar as ações que se passam dentro e fora das escolas. A violência é apenas uma desculpa para controlar os estudantes. Mesmo diante das denúncias, a imprensa capitalista manipula com o apoio que Serra precisa para implantar o sistema nas escolas e evitar outras manifestações. A fachada utilizada é a da falta de segurança, tomando como exemplo o conflito da escola estadual em São Paulo Amadeu Amaral, que sediou um dos maiores ataques da polícia às escolas. Os verdadeiros vândalos SUPERLOTAÇÃO E FALTA DE SANEAMENTO Falta de higiene nas escolas proliferam epidemias em crianças Além do Tracoma, outras doenças como piolho, hepatite A, pneumonia, sarna estão entre as mais comuns. Cozinhas, pratos e talheres sujos, falta de água, saneamento básico, falta de redes de proteção a moscas nas janelas é um dos cenários mais comuns entre as escolas públicas. A superlotação nas salas de aula, ambientes quentes e a falta de higiene constituem o ambiente ideal para a proliferação de doenças entre as crianças em idade escolar. Uma das doenças que vem se espalhando com maior rapidez é o Tracoma, doença infecciosa que ataca o olho humano e já deixou mais de 1,9 milhão de pessoas cegas no mundo. O Tracoma é provocado por uma bactéria e tem sintomas muito parecidos com os da conjuntivite viral. Segundo Maria Lúcia Rios, médica especialista de Brasília, os olhos do paciente ficam vermelhos, irritados, lacrimejantes, com coceira, secreção e a sensação de areia. As crianças em idade escolar são as vítimas mais comuns da doença. A doença atinge, principalmente, aqueles que coçam os olhos com as mãos sujas. A infecção atinge locais com poucas condições de higiene e saneamento básico. A transmissão por mosca parece ser um importante canal de infecção, alerta a médica. Pesquisas especializadas no assunto alertam a quantidade de doenças e agentes infecciosos cuja ocorrência já foi descrita em associação e creches. Os riscos são independente de fatores como idade, raça, classe social e outros que possam ser relevantes para a incidência das doenças, que vem aumentando ano a ano desde Além do Tracoma, outras doenças como piolho, hepatite A, pneumonia, sarna estão entre as mais comuns entre as escolas. O principal problema se deve a falta de um programa para a especialização e reciclagem dos profissionais que li- O conflito da Amadeu Amaral refletiu uma revolta geral de todos os estudantes contra a ditadura da burocracia nas escolas e universidades em geral. Foi um grito contra a deterioração e repressão da educação no País. Por causa de uma discussão entre duas estudantes, a diretora da escola acionou a Polícia Militar. Quando a Polícia chegou centenas de estudantes foram violentamente atacados, alguns chegaram a ser trancados em salas e apanhado dos policiais. Segundo os estudantes, os policiais estavam sem identificação. Os depoimentos dos estudantes da escola narram o verdadeiro horror vivido naquele dia: A adolescente da 7ª série, de 13 anos, saiu correndo para socorrer a irmã caçula, da 5ª série, de 10 anos, que estava desmaiada. Sentiu o ardor de uma forte cacetada nas costas, desferida por uma policial militar. T. correu, assim mesmo, rumo à classe da irmã. Tomou mais duas borrachadas. No caminho, viu crianças vomitando de medo. (UOL notícias, 13/11/2008). O responsável pela operação da polícia na Amadeu Amaral, o capitão Alessandro Marcos de Oliveria, alega que Com a criançada você dá dois ou três berros e eles sossegam um pouco. Parece que os berros se estenderam para a tortura, como já é de praxe da Polícia Militar brasileira. As maiores atrocidades, os maiores casos de violência em escolas estão relacionados diretamente com a invasão da polícia nas instituições. Em 2007, durante as ocupações de reitoria, centenas de estudantes foram torturados pela polícia militar. Na Unifesp, em que mais de cinqüenta estudantes apanharam, foram humilhados e levados para a delegacia por ocupar a reitoria contra o desvio de verba da universidade pela burocracia estudantil. Atualmente, os estudantes, que foram as maiores vítimas da situação, estão sendo chamados a depor na Polícia Federal. Em julho de 2008, um sargento e um soldado da polícia militar invadiram o Centro Integrado de Educação Pública e agrediram onze estudantes, todos com idades entre 11 e 17 anos. Os policiais entraram batendo nos estudantes, sendo um deles deficiente físico, empinando motos e ameaçando atropelar as crianças. Os estudantes do Ciep de Três Rios, RJ, foram colocados no muro do pátio, de costas, e foram espancados por policiais. As acusações foram feitas por funcionários da escola, pelas vítimas e seus parentes. Depois de serem espancados, os jovens foram detidos e levados para o 38º Batalhão de Polícia Militar, sob a acusação de prática de desacato. Perseguição do movimento estudantil A cada dia chegam mais e mais notícias das atrocidades cometidas pela polícia contra a população. Ter mais policiais nas escolas não garantiria, nem de longe, a maior segurança nas escolas, pelo contrário, com as últimas experiências, colocam os estudantes em risco de vida. A polícia militar brasileira é uma das mais violentas do mundo, são os cães de guarda do Estado que está investindo cada vez mais em repressão, levando uma política de extermínio da população pobre. A única preocupação de Serra é a de impedir que o movimento estudantil se organize novamente contra a política do estado de destruição da educação. dam diretamente com as crianças e a política do governo Lula de completo abandono das escolas públicas, que, na maioria dos casos estão jogadas as traças sem o menor trabalho de prevenção, saneamento básico e tratamento das crianças infectadas. Diante da importância das doenças infecciosas como causa de morbidade e mortalidade na infância, do uso crescente de creches e préescolas pela população infantil e das evidências do aumento de risco para aquisição de doença, associado à freqüência crescente a esses estabelecimentos, são fundamentais as medidas de prevenção e controle da transmissão de doença nesses ambientes, para minimizar o prejuízo à saúde das crianças e a disseminação do quadro infeccioso à comunidade. O treinamento de funcionários, a orientação dos pais e o envolvimento de profissionais e administradores de saúde são necessários para a existência de bons programas de prevenção e controle de infecções. (Portal de Ginecologia, 2/02/2009) Um dos trabalhos de prevenção também consiste na diminuição de alunos por sala de aula. A destruição do ensino e dispensa de professores para seguir a política de contenção de gastos, para doar aos bancos e empresários, têm colocado centenas de milhares de estudantes em total risco de vida. A superlotação nas salas de aula, ambientes quentes e a falta de higiene constituem o ambiente ideal para a proliferação de doenças. GUARDA CIVIL METROPOLITANA Patrulhamento policial irá aumentar nas escolas de Piracicaba Começou nesta semana na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, o novo plano elaborado pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) e as instituições de ensino da cidade para aumentar a presença da polícia nas escolas. As principais medidas tomadas são a ampliação do horário da ronda escolar e do número de escolas a serem patrulhadas. Antigamente o horário da patrulha era das 6 às 18 horas, agora ele foi estendido até as 23 horas. No que diz respeito ao número de escolas a GCM que efetuava a ronda escolar apenas nas escolas municipais passou a estar presente em escolas estaduais e particulares, totalizando 250 escolas da cidade. Segundo o comandante Narzi Alves Novaes, com quem foi feito o acordo, um grupo de 10 policiais atuará até das 6 às 15 horas, e outro grupo assumirá a operação das 15 às 23 horas. O aumento da repressão é parte do plano do governo de José Serra. Recentemente o governador de São Paulo, José Serra, do PSDB, lançou um plano para aumentar a repressão nas escolas através da ampliação da presença da polícia nas escolas e a instalação de um sistema virtual que permite os diretores de escola acionarem a qualquer momento a polícia. Neste sentido, as medidas implementadas em Piracicaba são parte de um recrudescimento da repressão nas escolas de ensino fundamental e médio com o objetivo de tentar impedir a revolta com a péssima situação do ensino. Conforme o próprio comandante da Guarda Municipal declarou a operação irá, a pretexto de garantir a segurança, aumentar o número de alunos abordados na porta das escolas. Faremos um trabalho de conscientização, abordagem de alunos na frente das escolas, buscando armas e drogas. O 7 MIL PROFESSORES A MENOS Escolas do Rio de Janeiro começam o ano com falta de professores O início do ano letivo nas escolas municipais do Rio de Janeiro expõem a crise da educação que ocorre na cidade e em todo o País em decorrência da política dos governos capitalistas, sejam eles administrados pela frente popular ou pela direita, de cortar gastos e não investir na educação. Segundo a estimativa da própria Secretaria de Educação da cidade, o déficit de professores para as escolas municipais este ano é de mais de sete mil professores, o que prejudicará os 770 mil estudantes matriculados com uma grande parte destes alunos correndo o risco de não poderem dar prosseguimento aos estudos. Ou ainda perder um grande número de matérias devido à impossibilidade de organizar a grade curricular em diversas escolas. Nem mesmo a contratação recente de 645 novos professores é capaz de conter minima- período noturno é muito importante, porque recebe em sua maioria adolescentes que são os que mais causam problemas (Gazeta de Piracicaba 04/02/2009). O plano inclui ainda palestras de policiais nas escolas que buscarão desta maneira intimidar os jovens e buscar convencer os pais dos alunos da necessidade da operação. Para se ter uma idéia do caráter das palestras uma delas terá o tema dez maneiras de se criar um jovem delinqüente, o que evidencia que por detrás do discurso de combate à violência há um plano deixar os jovens reféns da violência policial. A situação de caos imposta nas escolas, fruto da falta de investimentos na área da educação, somada à crise econômica faz com que cada vez mais diiversos setores da população se revoltem contra o governo. A política de aumentar o efetiivo policial nas escolas não irá garantir, nem de longe, a diminuição da violência no ambiente escolar. Pelo contrário, a polícia brasileira é uma das mais violentas do mundo e sua presença na porta das escolas e em seu interior tem como principal objetivo conter qualquer tipo de revolta por parte dos alunos, o que fará com que a ação policial aumente a violência ao invés de diminuí-la. O governo Serra sabe que vem aumento a revolta dos estudantes com seu governo e por isso está tomando estas medidas. Os estudantes devem se organizar e lutar contra este estado policial instalado nas escolas, reivindicando o fim da presença da polícia e de todo aparato repressivo das escolas como a instalação de câmeras, contratação de bedéis, obrigatoriedade da apresentação de carteirinhas na entrada e tantas outras. mente o estado em que se encontra a situação das escolas. Algo que vem levando a secretária municipal de educação, Cláudia Costin, a dar declarações na imprensa para tentar amenizar a crise, onde afirma que apesar dos problemas não há uma situação calamitosa, fato que não condiz minimamente com a situação das escolas. Os estudantes e a população devem lutar contra política do corrupto de Eduardo Paes (PMDB, ex- PFL, ex-pv) de dar continuidade à política dos outros governos de direita na cidade, onde os gastos mais vitais à população são cortados para atender interesses dos grandes capitalistas que apóiam a prefeitura. Deste governo deve-se exigir mais verbas para a educação e a contratação do número de professores suficientes para acabar com o déficit nas escolas da rede municipal.

16 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA HISTÓRIA 16 REVOLUÇÃO NA ÁFRICA O assassinato de Patrice Lumumba e a luta contra o imperialismo colonial na África Patrice Lumumba, à frente de um amplo movimento das massas operárias e camponesas foi uma das principais expressões do nacionalismo burguês africano, da sua luta e das suas limitações até ser covardemente torturado e assassinado em uma operação montada pela CIA O atual conflito na República Democrática do Congo soma-se a inúmeros outros conflitos recorrentes no continente africano. A imprensa capitalista, orientada pelos monopólios internacionais que se apropriam das Patrice Lumumba matérias-primas da África, atribui estas guerras a fatores puramente regionais e como um resultado natural das mazelas vividas por um povo não civilizado e bárbaro. Estas guerras, no entanto, não começaram a partir do nada e muito menos de forma espontânea, mas são o resultado e a continuação de um longo histórico de guerras patrocinadas pelo imperialismo. A libertação das colônias africanas e as lutas revolucionárias contra o imperialismo ganham vulto após a II Guerra, como enfraquecimento do capitalismo. Um dos mais importantes capítulos deste processo revolucionário é a luta do antigo Congo belga contra as potências coloniais da Bélgica e da França, dirigida por Patrice Émery Lumumba. A briga pelo domínio das reservas minerais congolesas continua em pleno vigor. A recente prisão do rebelde tutsi Laurent Nkunda, patrocinado pelos EUA, manteve no Leste do país uma acirrada disputa contra o governo do presidente Joseph Kabila. Esta interminável disputa comprova que o fim da exploração e da destruição destes povos depende do fim do domínio imperialista. O atual capítulo na luta nacional foi estabelecido com a derrota da revolução congolesa e a derrota da burguesia nacional, sobre a qual se estabeleceu a longa e tétrica ditadura de Mobuto Sese Seko. O Congo belga O então Estado Livre do Congo - livre apenas no nome - esteve sob a tutela pessoal do rei belga Leopoldo II, que literalmente ganhou o território em uma decisão aprovada pela Conferência de Berlim de 1885, época em que o colonialismo europeu tomou a liberdade de dividir entre si todo o continente africano. Segundo Lênin, este é o período da passagem do capitalismo para a sua última etapa, a etapa imperialista na qual conclui-se a divisão dos mercados e das fontes de matériasprimas entre os principais países imperialistas. O rei da Bélgica possuía uma colônia pessoal 80 vezes maior do que a própria Bélgica. Sob sua direção, instalou milhares de postos militares e campos de trabalhos forçados. Em apenas 20 anos, a população congolesa diminui de 25 milhões de pessoas para 15 milhões, um dos piores genocídios da história. Empresários belgas e norteamericanos (Rockefeller) rechearam seus bolsos com a exploração de borracha, madeira e azeite. Em 1908, após uma série de rebeliões populares, o Estado Livre do Congo deixou de ser uma propriedade pessoal e passou a ser administrado como uma colônia da Bélgica, que muda o nome do país para Congo Belga. No início dos anos 40, enormes transformações atingiram a colônia. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Congo foi a principal fonte mundial de borracha e de minerais essenciais para o equipamento bélico usado pela coligação imperialista dirigida pelos EUA. Para se ter uma idéia, o urânio usado pelos EUA nas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki foram retirados de uma mina congolesa. A necessidade da exploração para sustentar a guerra deu um grande salto no desenvolvimento das forças produtivas no país, formando uma pequena mas moderna classe operária ao lado de milhões de camponeses, que formavam a grande maioria da população. Só em 1941, o Congo possuía 500 mil trabalhadores, a segunda maior concentração operária da África. Como conseqüência direta das disputas entre os países imperialistas, uma enorme onda de lutas revolucionárias tomou a maior parte das regiões mais pobres do mundo. Movimentos de libertação nacional e revoluções ocorreram na China, em Cuba, Bolívia, Argélia, Vietnã e outros países. Mais de 50 países na Ásia e na África proclamaram sua independência após um tsunami revolucionário que tomou conta do mundo após a guerra mundial. O velho sistema colonial imperialista, como resultado direto da crise histórica capitalista expressa primeiro no colapso de 29 e, depois, na hecatombe da guerra mundial, havia se desintegrado por completo. O imperialismo francês perdia todas as suas colônias na África, assim como o governo britânico perdia a Índia. Esta situação revolucionária, que se manifestava na rebelião das massas dentro da colônia, levou a Bélgica a mudar sua estratégia e conceder uma falsa independência ao Congo, a única esperança que as empresas viam para manter o controle sobre as minas congolesas sem possuir mais uma colônia. A independência foi reconhecida pela Bélgica em 30 de junho de Lumumba assumiria o cargo de primeiro-ministro e Joseph Kasavubu a presidência. Mas, passados apenas dez semanas de sua posse, um golpe liderado pelo general Moise Tshom depôs o líder da independência, que foi imediatamente capturado e assassinado. Entre a militância e as prisões Quando a Bélgica já não podia mais conter o levante das massas revoltadas, o rei belga, Balduino I, foi pessoalmente a Leopoldville proclamar a independência do Congo na esperança de conter a maré revolucionária e preservar o status quo imperialista. Porém, todo este empenho fora frustrado pela radicalização constante das massas, que levou a burguesia local, cuja ala esquerda era representada pelo novo primeiroministro Patrice Lumumba, a ensaiar uma ruptura com a metrópole. Em seu discurso de posse, Lumumba deixou bem clara esta situação: Durante os 80 anos de governo colonial sofremos tanto que ainda não podemos afastar as feridas da memória. Nos obrigaram a trabalhar como escravos por salários que nem sequer nos permitem comer o suficiente para espantar a fome, ou se vestir, ou encontrar moradia, ou criar nossos filhos como seres queridos que são. Temos sofrido ironias, insultos e golpes dia após dia simplesmente porque somos negros. As leis de um sistema judicial que só reconhece a lei do mais forte nos tiraram as terras. Não há igualdade; as leis são brandas com os brancos mas cruéis com os negros. Os condenados por opiniões políticas ou crenças religiosas sofreram horrivelmente; exilados em seus próprio país, a vida tem sido pior que a morte. Nas cidades, os brancos puderam ter magníficas casas e os negros capengos barracos; os brancos não nos permitiam entrar no cinema, nos restaurantes ou nas lojas para europeus; fomos obrigados a viajar dentro das cargas ou aos pés dos brancos sentados em cabines de luxo. Quem poderá se esquecer dos massacres de tantos dos nossos irmãos ou das celas em que eram metidos os que não se submetiam à opressão e a exploração? Irmãos, assim tem sido a nossa vida. Apesar da independência, na prática, os militares belgas continuavam controlando o exército e a polícia, as empresas estrangeiras continuavam a controlar as minas e a CIA atuava conjuntamente com a inteligência belga para manter o país sob sua influência. O novo governo era, portanto, pouco mais que uma fachada da manutenção do regime colonial e a tentativa de Lumumba e do nacionalismo burguês de romper com esta situação levaria a uma crise geral. Patrice Lumumba Nascido em plena dominação belga, no dia 2 de julho de 1925, em Onalua, Patrice Lumumba estudou na infância em escolas religiosas católicas e protestantes, única maneira até então de se ter acesso à educação escolar. Suas primeiras experiências políticas viriam anos mais tarde, como trabalhador dos Correios, participando ativamente do Sindicato Independente dos Trabalhadores. Isso lhe valeu a primeira detenção pelas autoridades belgas, onde permaneceu encarcerado por dois anos. Dentro da prisão, teve seu primeiro contato com movimentos pela independência que culminariam na formação do Movimento Nacional Congolês (MNC) em 1958, primeiro partido político nacional pela independência, que dois anos mais tarde levaria seu líder fundador ao poder. O MNC era a expressão de um nacionalismo burguês africano, ou seja, das tendências incipientes à formação de uma burguesia nacional, que buscava se emancipar do domínio colonial, mas que se mostraria incapaz de fazê-lo. O MNC agrupava os setores da burguesia e da pequena burguesia mais progressistas do Congo e procurou fazer uma campanha pela superação das disputas regionais e separatistas para unificar e fortalecer o país contra o imperialismo. Além de Lumumba, muitos de seus partidários foram perseguidos e mortos pelo governo colonial. Mobilizando o povo para forçar a Bélgica a garantir a independência do Congo, o MNC tentou impulsionar uma transição social e política pela via institucional e pacífica, portanto não organizaram nenhuma força armada para combater as tropas coloniais. Este fato demonstrava claramente as limitações do nacionalismo para levar adiante a revolução pela independência nacional e a sua política de progredir através da colaboração com o regime colonial e o imperialismo belga. Duzentos dias até a morte Lumumba assumiria o cargo de primeiro-ministro e Joseph Kasavubu a presidência. Mas, passados apenas dez semanas de sua posse, um golpe liderado pelo general Moise Tshom depôs o líder da independência, que foi imediatamente capturado e assassinado. Ascendido como principal líder nacional, grandes mobilizações revolucionárias de massas em todo o país obrigaram o imperialismo belga a acelerar o processo de independência do Congo. Tirado da prisão, Lumumba foi levado ao poder após a realização de eleições para a escolha do novo governo. O MNC obteve a maioria dos votos e no dia 23 de junho forma-se o primeiro governo nacional com Joseph Kasavubu como presidente e Patrice Lumumba como primeiro-ministro. Este governo era uma espécie de governo de frente-popular, voltado para um acordo com o imperialismo e a contenção da mobilização das massas, ainda que fosse uma versão mais radical das frentes populares constituídas nos países imperialistas. Desde o primeiro momento em que Lumumba assumira o poder, o imperialismo belga e norte-americano se esforçava para explorar as fraquezas do nacionalismo burguês, e derrubar o governo eleito para impor uma derrota às tendências revolucionarias das massas. Os capitalistas belgas, vendo seu futuro ameaçado, promoveram uma rebelião de alguns setores do exército liderados por Moise Thombe que resultaria na proclamação da independência da província de Katanga, a região mais rica em diamantes do país. A Bélgica envia tropas a Katanga com a desculpa de proteger seus cidadãos, mas foram enviadas, na realidade, para consolidar o movimento secessionista. Diante desta situação, o novo governo congolês pediu a presença de tropas das Nações Unidas para restabelecer a ordem. Estas se recusam a enfrentar os soldados belgas, então Lumumba solicitou ajuda da União Soviética. Ao mesmo tempo tenta também reunir os principais líderes africanos em Kinshasa contra o movimento golpista, mas, ao invés disso, Lumumba é destituído do governo pelo presidente Kasavubu no dia 5 de setembro de Em 14 de setembro de 1960, o coronel Mobutu Joseph Désiré, ex-sargento da polícia colonial e então coronel do exército durante o governo Lumumba, usado pelo imperialismo norteamericano, toma o controle do Estado e inicia uma onda de terror contra as organizações políticas. Lumumba toma um avião até Kisangani, sua cidade natal, onde possuía mais apoio, mas ao chegar é preso pelos militares. Estava decretada sua sentença de morte. Depois de ter sido levado a Leopoldville, partiu para Katanga, onde os separatistas apoiados pelos EUA, pela ONU e pela Bélgica o torturaram e assassinaram, aos 35 anos, no dia 18 de janeiro de Um golpe após o outro Com a intervenção militar das Nações Unidas - que contou inclusive com a presença de tropas brasileiras - Thombe renunciou ao poder e fugiu, porém um ano mais tarde, com a ajuda da Bélgica e dos EUA, aproveitando-se da retirada das tropas da ONU, seria novamente conduzido ao poder. Pela última vez é deposto em 1964 em um golpe militar liderado por Mobutu Joseph Désiré. Sob sua direção, o Congo se transformou numa espécie de guardião imperialista e potência militar contra-revolucionária da África Central. Decreta o fechamento da Assembléia Nacional e assume para si todos os poderes legislativos, executivos e judiciais, passando a governar com partido único, estabelecendo uma ditadura bonapartista dependente e apoiada pelo imperialismo. Mobutu também não só muda mais uma vez o nome do país, que passa a se chamar República do Zaire, como muda seu próprio nome para Mobutu Sese Seko Koko Ngbendu wa za Banga (ou o todo-poderoso guerreiro que, por sua resistência e inabalável vontade de vencer, vai de conquista em conquista deixando fogo à sua passagem). Todo este nacionalismo de pura aparência, típico das ditaduras militares dos países capitalistas atrasados, mal conseguia ocultar a complwta entrega das riquezas do país ao imperialismo que era a base do seu governo e da sua ditadura. Foi a partir do Congo que o revolucionário Ernesto Che Guevara escreveria a famosa carta endereçada a Fidel Castro renunciando a todos os seus cargos e à sua nacionalidade cubana para dedicar-se a novos campos de batalha. No final de 1964, Che Guevara deixou o governo cubano para liderar uma guerrilha fracassada contra a ditadura de Mobutu Sese Seko. Durante toda a década de 1980, líderes tribais tentam consolidar uma ampla oposição política para tirar Mobutu Sese Seko do poder, mas vários de seus dirigentes são presos, exilados e assassinados. Com a ajuda do imperialismo norte-americano, que visava sua introdução no mercado de diamantes, o governo é obrigado a adotar um regime pluripartidário, elegendo em outubro de 1991 o premiê oposicionista Etienne Tshisekedi, que se recusa a jurar obediência a Mobutu e é substituído do cargo. É, no entanto, reconduzido ao posto após uma nova crise política levar à uma insurreição das tropas em Mais de mil pessoas são mortas durante essa rebelião. Os EUA e a União Européia se aliam a Tshisekedi, que reivindica um governo de união nacional como solução da crise. Em 1994 é realizado o monstruoso genocídio em Ruanda. Dezenas de milhares de hutus e tutsis fogem para o Zaire, desestabilizando o país com o início de uma disputa étnica impulsionada pelo imperialismo francês e norte-americano. Em 1960, Lumumba é capturado Os tutsis iniciam uma rebelião liderada por Laurent-Désiré Kabila, que tem o apoio da Uganda e do novo regime tutsi em Ruanda. Em 1997, a guerra civil tomou todo o país, com Mobutu muito doente, mas ainda no poder. A guerrilha conquista as regiões mais importantes, incluindo Mbuji-Mayi, a capital dos diamantes. E em maio de 1997, os rebeldes ocupam a capital Kinshasa sem nenhuma resistência militar. Kabila então assume o poder e muda o nome do país para República Democrática do Congo, enquanto que Mobutu refugiase em Togo. Sob a presidência de Kabila, os partidos e manifestações públicas foram proibidos e a aliança com Uganda e Ruanda é rompida. Em 1998, um novo levante se espalha, desta vez por forças tutsis, que se concentram no Norte do país, na região de Kivu. A capital esteve prestes a cair e Kabila pede ajuda a Angola, Zimbábue e Namíbia, que enviam tanques e aviões contra os rebeldes. O levante é sufocado em apenas duas semanas, mas Kabila é obrigado a se comprometer e realizar eleições diretas em Em 2001, Kabila é assassinado pelo seu próprio guarda-costas. Joseph Kabila, seu filho, assume o poder e inicia um processo de conciliação com a guerrilha. Eleições são realizadas em 6 de dezembro de 2006, com ele mesmo sendo eleito. Estas foram as primeiras eleições em 40 anos de história de conflitos e guerras. Lumumba foi assassinado sob ordens expressas da CIA e do presidente norte-americano Dwight Eisenhower em uma operação conjunta com a Bélgica. Posteriormente, a Comissão Church, presidida pelo senador Frank Church, revelou que Foster Dulles, na época diretor da CIA, entrou em contato com seus agentes instalados em Leopoldville e ordenou a remoção de Patrice Lumumba do poder. As investigações desta comissão provaram que em menos de dois meses após a independência do Congo, Eisenhower assinou em uma reunião secreta na Casa Branca uma ordem para assassiná-lo. Um dos agentes encarregados foi Frank Carlucci, futuro secretário de Defesa no governo de Ronald Reagan. Para apagar provas e ocultar o envolvimento da CIA, o corpo de Lumumba foi desenterrado e dissolvido com ácido. A independência do Congo do imperialismo belga foi a expressão de uma situação revolucionária em todo o mundo com os movimentos de libertação nacional e a desintegração do regime colonialista na Ásia e na África após a Segunda Guerra Mundial, processo que continua até os dias de hoje.

17 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL 17 EUROPA EM CHAMAS Greves e protestos se espalham pelo velho continente Islândia, Reino Unido, França, Rússia, Letônia, Bulgária, Grécia... uma enorme onda de manifestações de pequenos proprietários rurais e da classe operária joga gasolina na fogueira da crise Uma onda de protestos e greve se espalha pela Europa. O primeiro governo a cair foi o islandês, sucumbindo à pressão de manifestações populares diárias desde que a crise levou os três principais bancos do país à falência e arrastou consigo toda a economia altamente dependente do ingresso de moeda estrangeira. O novo governo interino, liderado pela social-democrata Johanna Sigurdardottir acenou com a mudança de toda a diretoria do Banco Central, tida como responsável pela rápida decadência do sistema financeiro da ilha nórdica. Também está em estudo, e em passo acelerado, a integração do país à União Européia, medida que servirá mais aos países do continente que, com isso, pretendem absorver parte das dívidas e o verdadeiro buraco nas contas que a especulação nas negociações com a Finlândia gerou. A Letônia, no Leste Europeu, também passou a ser palco de manifestações do enorme descontentamento popular com o rápido declínio da economia. O governo cortou gastos com os serviços públicos e aumentou impostos para fazer frente aos pagamentos de dívidas. Os maiores protestos desde a separação da União Soviética em 1991 eclodiram no dia 13 de janeiro. Fazendeiros cercaram o ministério da Agricultura e presentearam o ministro com cabeças de gado decapitadas, tendo este último anunciado sua renúncia logo em seguida. O governo aprovou uma medida de auxílio aos camponeses em 4 de fevereiro num valor total de 39 milhões de euros. Na Grécia, as manifestações populares e estudantis iniciadas com o protesto contra o assassinato de um adolescente pela polícia se combinaram em um movimento mais amplo, no qual fazendeiros colocaram tratores para bloquear estradas que ligam o país à Bulgária, Turquia e outros países bálticos para tentar arrancar mais subsídios do governo. A deflação dos preços dos alimentos causada pela queda do consumo nos principais países, um sinal claro da recessão mundial, levou a um extremo as contradições da União Européia, que impede o governo grego de aumentar os subsídios. Na Bulgária também os fazendeiros se levantaram contra o governo e bloquearam estradas. Diversas manifestações ocorreram pelo país para pressionar o governo a suspender a importação de produtos agrícolas que competem no mercado nacional. O governo prometeu pagar adiantado os subsídios previstos para este ano e aumentar salários, pensões e investimentos. Os maiores protestos em anos ocorreram também na Rússia, onde milhares de pessoas protestaram em Moscou e Vladivostok no dia 31 de janeiro exigindo a renúncia do governo Medvedev diante da sua incapacidade de apresentar uma solução para o problema econômico. As bolsas russas quebraram no auge da crise financeira do ano passado forçando o governo a gastar quase um terço das reservas do país 200 bilhões de dólares para conter a crise, na medida em que os preços do petróleo despencaram. A greve geral francesa do dia 29 de janeiro contra a crise econômica e o ataque do governo Sakozy contra a população trabalhadora para salvar os grandes empresários e banqueiros foi o sinal de que o movimento operário despertou do torpor e caminha para um levante avassalador contra o regime político da burguesia imperialista. As greves operárias do Reino Unido confirmaram a ten- Acuado diante da crise pelo movimento operário, o governo britânico se vê abalado pelas contradições do livre mercado de mão-de-obra e os efeitos do declínio dos salários e condições de vida da classe operária. dência apontada pela mobilização dos trabalhadores e estudantes franceses. Baseada nas refinarias e usinas elétricas do arquipélago, o movimento iniciado na usina da empresa Total em Lindsey contra a ausência de vagas para trabalhadores britânicos em um contrato com uma empreiteira italiana para a ampliação de suas instalações se espalhou para mais de 20 cidades e ganhou impulso nacional, dando margem a greves realizadas independentemente da aprovação da burocracia sindical e de sua comunicação aos patrões e ao governo. As manifestações operárias ocorridas do ano passado para cá constituem o primeiro capítulo de um novo ascenso operário no continente europeu. A revolta que tomou conta da parcela mais afetada dos produtores rurais é um sinal da desagregação das parcelas mais débeis do status quo, do sistema de relações econômicas vigente. É uma expressão da crise e da profunda desagregação do capitalismo. A próxima etapa será marcada pela ruptura da classe operária com suas direções reformistas e subordinadas ao imperialismo. Como já indicam os primeiros sinais presentes nas greves e manifestações por toda a Europa, os partidos e organizações sindicais que servem hoje de freio ao avanço da luta operária tendem a ser ultrapassados pelo movimento operário que gradualmente, mas inexoravelmente, avança num sentido revolucionário para liquidar os governos imperialistas. CRISE MUNDIAL Greves pela base cobrem a Inglaterra O movimento operário retornou à cena no Reino Unido. Uma onda de greves cobriu a Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte em um movimento que tende a ultrapassar a contenção imposta pela burocracia sindical ligada ao Partido Trabalhista. Em um panorama sobre a extensão da greve, a rede britânica apresentou as tendências apontadas pelos principais jornais do país. O Daily Telegraph acha que existe a ameaça de uma greve nacional que pode atingir os suprimentos de energia nesta semana. O Times afirma que há medo de que mais ação pela base ocorra depois que veio à tona que o Partido Nacional Britânico estava promovendo os protestos no seu site na Internet. O Daily Express acusa o secretário de Negócios, Lord Mandelson, de jogar gasolina na fogueira ao afirmar que seria errado manter os empregos na Grã Bretanha para os trabalhadores britânicos. Cerca de funcionários terceirizados na usina nuclear de Sellafield, em Cunbria, cruzaram os braços em protesto contra a 1. Refinaria de petróleo de Grangemouth, Escócia central 2. Usina elétrica de Longannet, Fife 3. Usina elétrica de Cockenzie, East Lothian 4. Planta de processamento de gás da Shell St. Fergus, Aberdeenshire 5. Usina elétrica da British Power de Torness, East Lothian 6. Planta química Mossmorran, Fife 7. Usina nuclear Aberthaw, Sul de Gales 8. Terminal de gás natural South Hook, em Milton Haven, Pembrokeshire 9. Refinaria química ICI em Wilton, Teesside 10. Planta de aço Corus próximo a Redcar, Teeside 11. Usina elétrica Scottish & Southern's Fiddler's Ferry, Cheshire 12. Usina elétrica AES em Kilroot, County Antrim 13. Usina elétrica de Marchwood, Hampshire contratação de trabalhadores estrangeiros. A medida seguiu o exemplo dado pelos funcionários da refinaria de petróleo Lindsey que, na semana passada, paralisaram seu trabalho contra a contratação de funcionários italianos. O centro da crise que impulsionou o movimento grevista foi a contratação de mãode-obra italiana e portuguesa para reformar a refinaria em Lindsey, preterindo os trabalhadores britânicos, em função de um contrato firmado com uma empreiteira italiana. Acuados pela avidez com que os empresários estão demitindo e contratando mão-de-obra em péssimas condições, com contratos precários e baixos salários burlando a legislação trabalhista britânica, os trabalhadores estão impulsionando um novo movimento sindical no país, surgido a partir da revolta das bases desamparadas pela burocracia sindical e atacadas pelo governo. Na usina de energia Longannet em Fife, cerca de 400 trabalhadores se mantém em greve considerada ilegal pelos patrões e pela imprensa capitalista em apoio à ação dos operários da refinaria Lindsey. O movimento grevista se espalhou ainda para outras usinas. Mais de trabalhadores escoceses também entraram em greve na sexta-feira, dia 30 de janeiro, em solidariedade. Outros 130, na estação de energia Cockenzie também cruzaram os braços juntamente com outros 80 funcionários na petroquímica Exxon- Mobil em Mossmorran e 150 operários em uma das plantas da Shell. A preocupação do governo Gordon Brown ficou evidente ao tratar das greves, pedindo aos sindicatos da categoria para que não impulsionem o movimento que se iniciou pela base. A partir da segunda-feira, dia 2, o movimento tomou impulso nacional e, segundo a BBC, adquiriu as seguintes proporções: - Cerca de 300 manifestantes se reuniram nos portões da refinaria de Lindsey. - Cerca de 600 trabalhadores se reuniram no estacionamento de Sellafiel, em Cumbria, para discutir uma ação e acredita-se que cerca de trabalhadores tomavam parte em uma paralisação de 24 horas na fábrica. - Cerca de 400 funcionários da Longannet em Fife votaram por uma greve de 24 horas e o retorno para outra reunião na manhã de terça-feira. - Aproximadamente 300 funcionários da refinaria de petróleo Grangemouth no centro da Escócia entraram em greve e decidiram pelo retorno ao trabalho na terça-feira. - Por volta de 200 operários da construção na usina de energia de Fiddlers Ferry, próximo a Warrington, Cheshire, largaram as ferramentas, repetindo o feito da sexta-feira passada. - Cerca de 150 operários paralisaram a usina de energia Drax, próximo a Selby, em North Yorkshire. - Os proprietários da refinaria de Coryton, em Thurrock, afirmaram que um número de operários havia entrado em greve mas que as operações da refinaria não foram afetadas. - Cerca de 500 funcionários no terminal South Hook da LNG, em Milford Haven, a Oeste de Gales, cruzaram os braços operários temporários da estação de energia Didcot em Oxfordshire cruzaram os braços, mas não houve suspensão do fornecimento de energia. A burocracia sindical se apressou na tentativa de conter a greve e se pôs a organizar comitês de greve e colocar seus representantes para falar em nome dos grevistas e acalmar as manifestações. O premiê Gordon Brown, afirmando que o que está por trás da onda de greves é o medo das demissões e a insegurança no trabalho, acrescentou que uma greve não oficial é um meio contra-produtivo de resolver os problemas que podem ser resolvidos através da discussão e da negociação (BBC, 2/2/2009). O setor energético é o pivô da crise. A partir da sexta-feira, dia 6, 120 funcionários do sistema nacional de energia haviam anunciado que suspenderiam o trabalho nas horas-extras como medida de protesto nas instalações em Wokingham, Berkshire e Warwick. Preocupado com a repercussão da resistência operária ao ataque, o dirigente sindical Derek Simpson declarou à BBC que o problema é ainda maior e que vai acontecer novamente, e estou certo de que vai ocorrer em outros países, a menos que se perceba que não se pode apenas utilizar a liberdade de trabalho para excluir os trabalhadores nativos. A continuidade do protesto tem dado margem à abertura de uma crise institucional. Nesta semana o premiê Gordon Brown rejeitou o apelo feito pela liderança conservadora no Parlamento, o tóri, David Cameron, para que o premiê trabalhista se desculpasse pelo uso do slogan empregos britânicos para trabalhadores britânicos, acusando-o de incitar um medo protecionista. Acuado diante da crise pelo movimento operário, o governo britânico se vê abalado pelas contradições do livre mercado de mão-de-obra e os efeitos do declínio dos salários e condições de vida da classe operária. Brown declarou dias atrás que o maior perigo para o mundo é a volta ao protecionismo (The Independent, 4/2/ 2009). A crise ameaça profundamente a estabilidade da economia integrada no continente europeu. O movimento grevista tem forçado os parlamentares trabalhistas a fazer demagogia e procurar uma aproximação que se dá concretamente através da burocracia sindical ligada ao Partido Trabalhista com os trabalhadores revoltados. John Mann, deputado pela região de Bassetlaw apresentou uma moção à Câmara dos Comuns condenando o uso de mão-de-obra estrangeira e parabenizando os sindicatos por expor esta exploração e ausência de oportunidades iguais para todos os trabalhos (The Times, 4/2/2009). Contrariados, alguns parlamentares trabalhistas pressionaram contra a medida proposta, que foi retirada do ar na página do Parlamento britânico na Internet. Com o compromisso de que a empreiteira italiana IREM, contratada pela refinaria do grupo Total em Lindsey admita pelo menos 50% de trabalhadores britânicos na obra de ampliação das suas instalações, a greve dos trabalhadores britânicos foi encerrada no dia 5. O acordo, costurado sob a intervenção dos dirigentes do sindicato nacional GMB, prevê que 102 dos 195 trabalhadores contratados sejam britânicos. Segundo a BBC, nenhum trabalhador estrangeiro já contratado será demitido. Acusados de serem racistas e discriminar os trabalhadores vindos de outros países europeus, como Itália e Portugal, pela imprensa capitalista internacional, os operários estão sendo atacados por estarem se defendendo do desemprego e do rebaixamento salarial. O conflito iniciado em Lindsey, e que se espalhou por todos os países da Grã Bretanha, está longe de ser encerrado. A própria burocracia sindical britânica reconhece: a luta não terminou, é só o começo da batalha para conseguir igualdade de direitos para nossos trabalhadores disse Tony Rian, membro do comitê de greve. Foi uma batalha bem lutada, esta semana estivemos em todos os climas. Estou contente que os companheiros voltaram ao trabalho, ganhando o seu dinheiro novamente, e os camaradas italianos ainda estão aqui (El País e BBC, 5/2/2009). Segundo o diário britânico The Guardian, os trabalhadores mobilizados em Lindsey afirmaram que o próximo conflito será na refinaria de Staythorpe, em Newark. Lá os trabalhadores estão acampados em torno ao edifício-sede da empresa Alstom reivindicando que os contratos sejam abertos para eles. O sindicato Unite declarou estar seriamente preocupado que cerca de 850 empregos para reconstruir uma turbina e outras instalações não vão para os tra- NEGÓCIOS CLANDESTINOS Ministro francês é acusado de enriquecer com contratos médicos Intitulado como Le monde selon K. (O Mundo Segundo K., em tradução livre), o livro que acaba de ser lançado na França acusa o ministro de Relações Exteriores, Bernard Kouchner, de ter se aproveitado de seu cargo para fazer negócios provados com países da África entre 2002 e Segundo o jornalista e escritor Pierre Péan, autor do livro, Kouchner, que é co-fundador das organizações Médicos Sem Fronteiras e Médicos do Mundo, durante este período trabalhou para os dois grupos em negócios no ramo da saúde junto aos governos do Gabão e do Congo. Além disso, segundo a publicação, o ministro pertenceu a um órgão público, Esther, especializado na cooperação internacional em equipamentos hospitalares. As duas organizações médicas teriam arrecadado cerca de 4,6 milhões de euros em contratos privados. Bernard Kouchner, 69 anos, é médico e é considerado um político de esquerda por seu passado como militante do Partido Comunista Francês, que o expulsou em Atualmente, é ministro do governo Sarkozy, integrado também pelo primeiro-ministro François Fillon, homem que quer acabar com a jornada de trabalho de 35 horas semanas na França. Defendendo-se, Kouchner questionou: o que há de errado que um antigo ministro da Saúde, que desempenhou anos em missões humanitárias, colija as informações que permitam aos países melhorar seus sistemas de saúde? (El País, 5/2/2009). Após uma reunião no palácio do governo, sobre a qual o presidente Nicolas Sarkozy evitou fazer quaisquer comentários, o primeiro ministro francês, François Fillon, afirmou: por enquanto, vamos deixá-lo se defender. Não vamos atirar pedras contra ele. Em um comunicado posterior, Fillon acrescentou, em defesa do membro do governo: nada justifica que a reputação de balhadores britânicos. O movimento que se alastrou por refinarias e plantas de energia elétrica num dos países mais importantes da Europa é um sinal claro do que está por vir em todo o continente europeu e nos países mais desenvolvidos do mundo. A classe operária, que estava morta e enterrada para os sociólogos burgueses e a esquerda subserviente à burguesia, levantou a cabeça com a crise e soou o alerta: foi colocado novamente na ordem do dia lutar contra o desemprego, os ataques do governo e as manobras da burocracia sindical. um homem seja assim atacada após simples alegações (Le Monde, 5/2/2009). Agindo com cuidado para evitar que qualquer atrito interno no governo resulte em um estopim para o agravamento da crise do regime político, o governo direitista vê seu flanco esquerdo atacado por uma ala da burguesia francesa. Não é politicamente oportuno nos prendermos a ele pois, diante da opinião pública, sua imagem evoca tanto a esquerda quanto o governo atual, afirmou o deputado parisiense Jean-Marie Le Guen, do Partido Socialista. Juntamente com a crise profunda por que passam os serviços públicos franceses, com especial destaque para a precarização dos serviços de transporte público e privado, uma nova onda de ataques dirigidos contra a classe operária está por vir. A Air France já recebeu aviso de que enfrentará greve caso mantenha a decisão de suspender os descontos e isenções dadas a funcionários na compra de passagens aéreas a partir de 26 de fevereiro. Outra empresa, a multinacional IBM, decidiu recentemente impor uma redução salarial de 15% a todas filiais. Cerca de 20% do efetivo francês de comerciários e técnicos comerciais da empresa será afetado pela medida em uma evidente chantagem contra os trabalhadores. Mais de 10 mil pessoas trabalham para a filial da empresa de tecnologia na França. O conflito entre os trabalhadores de diversas categorias e o governo Sarkozy permanece em marcha, no aguardo do pronunciamento do presidente francês marcado para esta quinta-feira. O governo de direita foi paralisado pela greve e gigantescas manifestações na última semana de janeiro na sua tentativa de descontar a crise sobre os trabalhadores com a legalização de medidas como a redução salarial e de aposentadorias e demissões nos serviços públicos, o governo de direita.

18 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL 18 COLÔMBIA FARC libertam prisioneiros políticos, para desespero de Uribe As negociações com as FARC são vistas como uma questão chave para o pleito presidencial. A libertação de seis prisioneiros políticos fazem parte de uma disputa política entre as FARC e o governo Uribe que deverá influenciar nas próximas eleições presidenciais Prisioneiros políticos em poder das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) foram libertados durante a semana como parte de um acordo negociado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e pela senadora oposicionista Piedad Córdoba. Ao todo foram seis reféns libertados em três fases diferentes durante a semana. Na segunda-feira (2), três policiais e um soldado foram retirados da selva. Na terça-feira (3), com um dia de atraso em virtude das ações do Exército contra a guerrilha que quase fez a operação ser abortada, foi libertado o ex-governador do departamento de Meta, Alan Jara. Por último, na quinta-feira (5), foi resgatado o ex-deputado Sigifredo López, capturado desde López é um dos reféns que sobreviveram após a morte no ano passado de 11 deputados que foram capturados com ele e pode dar informações precisas sobre este episódio. O governo alega que se tratou de um enfrentamento entre duas alas da guerrilha. A operação será concluída com êxito, mas integrantes da A decisão das FARC em libertar seis de seus reféns tem como objetivo influenciar as eleições presidenciais. comissão de negociação com as FARC acusaram o governo de Álvaro Uribe de estar utilizando o exército para atacar a guerrilha e impedir o resgate por objetivos políticos. Desde o dia 21 de dezembro (quando as Farc anunciaram a libertação) até hoje (dia 2) estivemos caminhando. Sofríamos todos os dias a pressão do Exército, disse Galicia Uribe, 27 anos, um dos policiais que foram libertados (EFE, 2/2/2009), revelando que o governo não cumpriu com sua promessa de não efetuar nenhuma ação militar contra as FARC por um período de 36 horas entre cada resgate. Os policiais Walter José Lozano Guarnizo (35), Alexis Torres Zapata (26) e Juan Fernando Galicia Uribe (27), além do soldado William Giovanny Domínguez Castro (23), capturados em 2007, chegaram às 19h do horário local em Villavicencio, capital do departamento de Meta, a 115 km de Bogotá. Esta foi a primeira libertação consentida pelas FARC desde fevereiro de Em julho do ano passado, 15 pessoas foram libertadas, incluindo a ex-candidata à presidência da Colômbia, Ingrid Betancourt, capturada há seis anos. Na ocasião, a Operação Jaque foi montada pelo governo com a participação de infiltrados enviados até a selva em nome de uma organização humanitária fictícia. Mas as FARC afirmam, no entanto, que os militantes responsáveis pela vigia dos reféns foram comprados pelo governo, não sendo portanto uma operação de resgate, mas de fuga. Conspiração do governo Enquanto o governo colombiano é acusado de impedir a operação, Uribe disse durante a semana que a senadora Piedad Córdoba não deveria mais participar das próximas fases da operação. O jornalista Jorge Botero, que estava a bordo de um dos helicópteros da missão, informou à rede de TV venezuelana Telesur que a operação estava sendo atrasada e quase chegou a ser abortada, porque o Exército colombiano está sobrevoando a região combinada para a entrega dos prisioneiros políticos. Segundo um comandante das FARC, Jairo Martínez, um militante teria sido morto por causa de confrontos com o Exército. A decisão unilateral das FARC em libertar seis de seus reféns tem como pano de fundo as eleições presidenciais do ano que vem. Após várias baixas de seus principais dirigentes no ano passado, as FARC procuram ganhar terreno para influenciar a votação contra uma possível tentativa de Álvaro Uribe ao terceiro mandato. Por outro lado, o governo Uribe fez de tudo para impedir o resgate dos reféns para desacreditar as ações de negociação com a guerrilha. O país entra na época eleitoral e as FARC querem enganar falando de diálogo. O país já caiu muitas vezes nisso, disse Uribe (El Tiempo, 2/2/ 2009). Em uma entrevista coletiva, Alan Jara fez várias críticas contra Uribe, responsabilizado-o por dar continuidade ao conflito armado no país. A atitude do presidente Uribe não ajudou em nada para que se realize o intercâmbio humanitário e a libertação dos reféns. Parece que convém ao presidente a situação de guerra que se vive no país e parece que as FARC gostam que Uribe esteja no poder, disse Jara (AFP, 3/2/2008). Ele comentou que em quatro ocasiões quase foi morto, mas não pelos guerrilheiros: Quase que o governo me mata. Em quatro ocasiões caíram bombas de aviões e a guerrilha corria para nos proteger. Para ele, era muito mais perigoso o Exército do que os guerrilheiros, pois em seu cativeiro protegia a guerrilha e temíamos o Exército. O ex-governador disse também que precisou caminhar cerca de 150 quilômetros em sete semanas para chegar ao local do resgate por causa das incursões do Exército colombiano, que rondava uma extensa área controlada pela guerrilha. O governo, portanto, descumpriu o acordo que estabelecia um cessar-fogo de 36 horas para que se realizasse o resgate. Jara disse que durante estas sete semanas de caminhada houve confrontos com o Exército, onde passou momentos de angústia enquanto o Exército atirava e a guerrilha o protegia. As FARC fizeram um gesto e esse gesto deve ser correspondido (...). A prioridade agora deve ser o acordo humanitário, concluiu Jara (Idem). Ainda durante a entrevista coletiva, Jara disse que, ao "Quase que o governo me mata. Em quatro ocasiões caíram bombas de aviões e a guerrilha corria para nos proteger". contrário do que afirmava o governo, as FARC não estão derrotadas. Em mais de 40 anos de guerrilha, as FARC nunca tiveram tantas baixas importantes como no ano passado. Seus principais dirigentes foram mortos, como o número dois da guerrilha, Raúl Reyes, que caiu em março do ano passado. A ação militar que resultou na morte quase desencadeou um conflito armado entre a Venezuela e a Colômbia. O ex-governador disse que a maioria dos integrantes das FARC possui idades entre 18 e 20 anos, sendo uma minoria militantes com mais de 30 anos. As FARC estão debilitadas, mas não estão derrotadas. Quando um jovem não tem como ganhar a vida, estudar, passa fome ou é humilhado, vai à guerrilha. Enquanto existirem essas causas, a guerrilha não vai acabar (El Tiempo, 3/2/2009). Participação do Brasil Segundo o porta-voz norte-americano, a Casa Branca elogia o trabalho de todos, em particular o papel do Brasil na missão. O Brasil também está participando das operações com apoio logístico, enviando dois helicópteros Cougar e 18 soldados do 4º Batalhão de Aviação do Exército, sediado em Manaus. O Exército brasileiro classificou a operação como uma missão simples, porém politicamente complexa. O governo dos EUA elogiou a participação do Brasil no resgate. Segundo o portavoz adjunto do Departamento de Estado norte-americano, Robert Wood, a Casa Branca elogia o trabalho de todos que ajudaram a recuperar a liberdade para estes quatro reféns, em particular o papel do Brasil na missão (AFP, 2/2/2009). O governo Lula está em total sintonia com o imperialismo norte-americano, na medida em que ambos desejam assumir o controle sobre os demais governos latino-americanos para conter a tendência de mobilização independente e revolucionária das massas. CORRUPÇÃO PRECOCE A primeira crise se instala no governo Obama A nova era de responsabilidade anunciada por Obama parece não ter emplacado. A renúncia - antes de assumir - de dois escalões indicados por Barack Obama para assumirem cargos no Congresso, precedido pelo impeachment do governador de Illinois, mostra que a decisão final nem sempre é do presidente, e que a disputa para assumir pastas no governo está a todo vapor. O ex-senador Tom Daschle, que deveria assumir como secretário de Saúde, e Nancy Killefer, que seria responsável pela fiscalização dos gastos públicos, desistiram no mesmo dia de suas futuras funções após serem denunciados por - pasmem - sonegação de imposto, fato que deixa ainda mais explícita a disputa interna da burguesia norte-americana em torno do governo. Enquanto os mais variados crimes acontecem à luz do dia nas dependências do Congresso, um ou outro são afastados como resultado de lobbies e manobras de forças maiores. Daschle teria deixado de pagar US$ 140 mil em impostos e juros, assim como Killefer. Em entrevista à rede de TV CNN, Obama fez uma mea culpa - ou como ele mesmo disse, deu uma pisada na bola - por ter indicado duas pessoas com nome sujo na praça. Tenho que assumir meu erro já que, em última instância, é importante para esta administração enviar uma mensagem de que não há dois conjuntos de regras. Você sabe, um para as pessoas proeminentes e outro para as pessoas comuns, que têm que pagar seus impostos, disse Obama em entrevista para a NBC News. Com o entorpecimento da obamania, a quem o imperialismo quer enganar tentando mostrar um governo ético, limpo e puro de corrupção ou pior ainda, um governo que não aceita no seu clube sonegadores de impostos? Seria muita ingenuidade ou loucura acreditar que somente duas pessoas teriam problemas com a lei no seu governo. Seria igualmente ingenuidade ou loucura pensar que nos EUA e no mundo o cidadão comum está tão preocupado em pagar tantos impostos ao ano. Só no Brasil, cada trabalhador pagou 35% do que produziu em impostos. O que estes recebem em troca? Milhões de demissões em todo o mundo. Mas, ainda há um patinho feio que acabou confirmando seu nome como novo secretário de Tesouro. Timothy Geithner admitiu há poucos dias, durante uma sabatina no Senado, que tinha uma dívida de US$ 34 mil com o Estado. Seu deslize foi perdoado, pois sua indicação é uma peça chave para a constituição do governo Obama. Neste governo, quem faz a festa e quem dita as regras são os lobistas. Obama jurou aprovar medidas que seriam as mais duras restrições à atuação de lobistas na administração de um presidente americano, mas acabou por indicar William Lynn como vice-secretário de Defesa, um lobista de carteirinha ligado ao setor de defesa. Mais uma exceção e mais uma explicação de que a indicação de Lynn era essencial para o governo. Infelizmente, a sorte (eufemismo para lobby) não sorriu para Tom Daschle. A imprensa já começava a questionar as contradições da nova administração e ele não pôde ficar. Nos primeiros dias de sua administração, a equipe Obama está sendo criticada por blogueiros da esquerda à direita, satirizada por humoristas televisivos e questionada por repórteres sobre se ele estaria realmente mudando a maneira pela qual Washington funciona ou apenas mudando o partido que a faz funcionar (The New York Times, em reportagem de capa da edição publicada em 3/2/2009). O próprio NY Times pediu a cabeça de Daschle, não porque ele sonega impostos, mas pelo fato mais óbvio, isto é, por se tratar de um milionário que acumulou milhões com a exploração do contribuinte norte-americano escravo dos planos de saúde privados. O ex-senador é ligado às grandes indústrias do setor de saúde. Daschle se dedicou muitos anos como braço direito da empresa de advocacia Alston & Bird, um dos maiores grupos de advocacia nos EUA, no qual representou os interesses dos criminosos planos de saúde, dentre elas CVS Caremark, Associação Nacional para Cuidados Casa e Hospício, Abbott Laboratories e Health- South. A empresa recebeu US$ 5,8 milhões entre janeiro e setembro de 2008 para representar as empresas e associações e pressionar o Congresso e o Poder Executivo. De todo este montante, 60% é procedente da indústria de saúde. Obama foi escolhido a dedo pela burguesia para tirar o regime da lama. Oito anos de governo Bush foram suficientes para aniquilar com o Partido Republicano, cabe agora ao primeiro presidente negro dos EUA resgatar a política republicana e o regime imperialista, mostrando que seu governo será diferente de todos os outros, uma guinada que o imperialismo foi obrigado a dar para não perder o controle total das rédeas do mundo. Antes do que se pensava, o discurso ético e Obama foi desnudado e reajustado pela realidade. NA ETIÓPIA União Africana elege Gaddafi como presidente A União Africana (UA) elegeu o presidente líbio, Muammar al-gaddafi, para assumir o cargo máximo da organização panafricana. Em ato oficial realizado às portas fechadas na segunda-feira (2) na Etiópia, onde foram reunidos os principais líderes do continente, Gaddafi substitui Jakaya Kikwete, presidente da Tanzânia e deverá assumir o cargo pelo período de um ano. A organização destacou através de um comunicado que dentre outras questões debatidas durante o encontro, foi apoiada a proposta da Líbia de estabelecer um governo único chamado de Estados Unidos da África. Os Estados membros também chegaram a um acordo de transformar a atual Comissão da União Africana em uma Autoridade da União Africana com o fim de dar-lhe um mandato que dure mais tempo. O presidente da Tanzânia fez seu último discurso como chefe da UA destacando sua atuação na gestão, como a mediação política durante a crise no Quênia que estourou em revoltas populares durante as eleições presidenciais de dezembro de Numa das crises mais graves da história deste país, a União Africana, com ajuda do imperialismo europeu e norteamericano, salvou o regime de um país considerado chave para a estabilização da África, contendo a tendência revolucionária e independente das massas. Também recordou a intervenção da União Africana na A União Africana foi formada com o apoio do imperialismo mundial. crise nas ilhas Comores, próximo à Madagascar, que derrotou um motim militar que havia tomado o controle da ilha Anjouan. A presidência da organização é rotativa entre os chefes de Estado africanos e quem a assume se apodera de um importante meio de poder para influenciar politicamente todo o continente. Inspirada na União Européia, a União Africana foi criada em 2001 e tem como objetivo firmar uma integração política e econômica de cooperação entre seus Estados membros. Marrocos é o único país do continente fora da UA por causa do seu não-reconhecimento à independência do Saara Ocidental, cujo Marrocos reivindica como parte de seu território. Uma das principais reivindicações dos delegados presentes ao ato de posse foi a suspensão dos embargos contra o Zimbábue, que sofre a pior crise em toda sua história, com uma inflação que ultrapassa os 130 milhões por cento e uma epidemia de cólera que já matou mais de três mil pessoas em todo o país. A União Africana foi formada com o apoio do imperialismo mundial com a missão de consolidar os interesses do imperialismo no continente negro e a manutenção de um verdadeiro neocolonialismo através de investimentos estrangeiros com o chamado NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África, na sigla em inglês). A elite africana, no entanto, não esconde uma tensão com a eleição de Gaddafi, que defende uma integração mais forte do continente e de desprendimento com o imperialismo, incluindo a formação de um Exército, uma moeda e um passaporte único. Um setor da elite representada por mais de 200 reis deu o título ao presidente líbio de reis dos reis. Gaddafi, presidente da Líbia desde 1969 após um golpe de Estado que derrubou a monarquia e instituiu o chamado Jamahiriya Líbia (ou socialismo árabe), foi nas décadas de 70 e 80 um dos impulsionadores do chamado pan-islamismo e apoiou vários grupos islâmicos de libertação nacional dos países capitalistas atrasados. Em 1993, a ONU (Organização das Nações Unidas) chegou a aprovar um pacote de sanções contra a Líbia pelas acusações de que Gaddafi seria um financiador do terrorismo mundial, mas estas medidas foram revogadas em A Líbia é hoje um dos colaboradores do imperialismo e apóia a política de guerra ao terror iniciada pelo governo de George W. Bush em O governo anunciou em 2003 sua desistência de ativar um programa nuclear e saiu da lista negra dos EUA em 2006.

19 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL 19 ELEIÇÕES NO IRAQUE: Novos ladrões substituirão os atuais ladrões Sob uma ocupação diluída, 51% dos eleitores participaram do pleito que escolheu os governadores de 14 das 18 províncias do país. Estimativas indicam permanência da atual coalizão governista fantoche do imperialismo As eleições provinciais no Iraque foram marcadas pela velha e costumeira política do imperialismo de criar uma fachada democrática para consolidar seu poder através de governos títeres escolhidos a dedo. No domingo (1), 7,5 milhões de iraquianos participaram das eleições para escolher os governadores de 14 das 18 províncias iraquianas. Não houve votação nas três províncias autônomas do Curdistão (no Norte) e nem na província de Kirkuk, que possui um status especial por sua composição multiétnico. Estas elegerão suas assembléias até o dia 19 de maio. Estas foram as primeiras eleições desde 2005 e a participação foi bem mais baixa que o pleito anterior em razão da ausência das regiões curdas, que haviam votado em Ao contrário das eleições passadas, os sunitas desta vez não boicotaram a votação. massa há quatro anos atrás. Apenas 51% do eleitorado compareceram às urnas. A maior participação foi registrada na província de Salah ad Din, onde 65% dos eleitores votaram. Já a província que teve menos participação foi Al-Anbar, um dos principais redutos da insurgência, que registrou 40% de votantes, segundo informou a Comissão Eleitoral. Ao contrário das eleições passadas, os sunitas desta vez não boicotaram a votação. Estimativas não oficiais apontam para uma vitória do partido do atual primeiro-ministro, Nouri al-maliki, que compõe a Coalizão Iraque Unificado. Segundo o parlamentar Abbas al-bayati, os aliados do governo de maioria xiita venceram com larga vantagem em dez das 14 províncias. Onde o governo perdeu, os partidos vencedores serão contatados para uma possível aliança. É o caso do Sul do Iraque, região estratégica que abriga o porto de Bassora, por onde todo o petróleo iraquiano escoa. O presidente da Rede Informativa das Eleições Iraquianas, Mohammed al Kanani, informou à imprensa local que não houve incidentes graves durante a votação e também posteriormente, exceto à morte de um soldado norte-americano no sábado (31), no entanto, divulgado como um caso não vinculado aos combates com insurgentes. Os resultados oficiais devem sair só nas próximas semanas. Segundo o jornal espanhol El País, as eleições indicaram dois elementos fundamentais, confirmando tanto a divisão sectária do voto como seu objetivo comum de reforçar o Estado central e obter segurança. Não é contraditório. Xiitas e sunitas parecem ter optado por aqueles grupos dentro de sua comunidade que se mostraram mais ativos combatendo elementos desagregadores, sejam milícias ou insurgentes (El País, 4/2/2009). Se isso for fato, é possível dizer que o voto, ainda que muito manipulado, reflete o nacionalismo iraquiano contra a divisão do país fomentada pelo imperialismo nestes últimos quase seis anos de ocupação. Uma composição híbrida Além da destacada participação dos eleitores na província de Salah ad Din, cuja capital Tikrit foi o principal reduto de Saddam Hussein, outras características devem ser destacadas. Em Nínive, por exemplo, venceu a coalizão árabe sunita Al Hudba, que fez campanha para conter o crescimento de representantes curdos, que controlavam até então a Assembléia Provincial. Em Al Anbar, subiram os grupos tribais que foram financiados e organizados pelos EUA para combater a Al Qaeda. No entanto, a rivalidade entre alguns destes grupos pode mudar a composição política nesta região a curto prazo. No começo da semana após as eleições foi decretado um toque de recolher em Ramadi, capital desta província, por causa de confrontos armados em meio à acusações de fraude eleitoral. No Sul, o poderoso Conselho Islâmico Supremo, do líder Abdulaziz al Hakim, que controlava sete Apenas 51% do eleitorado compareceram às urnas. A maior participação foi registrada na província de Salah ad Din. assembléias das nove províncias xiitas, perdeu para o Dawa, partido de Nouri al Maliki, que atende pelo tom nacionalista diante do fracasso da ocupação. A capital Bagdá é com certeza a região mais complexa. Com um quinto da população do país vivendo nesta cidade, todas as etnias e religiões estão representadas. Grupos laicos ganharam mais apoio, como o partido do expremiê e ex-cooperador da CIA, mas não o suficiente para derrotar os partidos islâmicos. O grupo do clérigo xiita Moqtada al-sadr, que se considera independente e principal opositor da ocupação, também deverá obter pelo menos 57 cadeiras na assembléia provincial. Fragmentação da ocupação Uma grande diferença destas eleições para a anterior foi a baixa movimentação de tropas norteamericanas. Percebeu-se claramente um número muito reduzido de patrulhas, enquanto que antes as ruas eram tomadas pelos militares. Em contrapartida, cresce cada vez mais o número de forças iraquianas. A proteção de zonas estratégicas, como o aeroporto e a Zona Verde, são vigiadas por seguranças provados, mercenários oriundos dos esquadrões da morte que atuaram na América Latina. Muitos iraquianos foram contra as eleições. Não vou votar em ninguém. Não podemos confiar em nenhum dos candidatos, como nas eleições de Que fizeram para nós? Que serviços proporcionaram para o país?. Esta é a declaração de Salah Salman, que trabalha como jornaleiro em Sadr City, na periferia de Bagdá (truthout.org). MILÍCIAS PARTICULARES Iraque não renovará contrato com a Blackwater A empresa de segurança privada Blackwater Security Consulting, com matriz na Carolina do Norte, EUA, não deverá mais atuar no Iraque. A empresa acusada de ter massacrado 14 civis em 2007 em uma Praça de Bagdá não terá seu contrato renovado pelo governo iraquiano, isso porque a população iraquiana criou um ódio ainda maior pelas empresas de segurança do que das próprias tropas estrangeiras. Os agentes privados não precisam se preocupar com nenhum código de conduta, ao contrário do Exército que pelo menos na teoria é obrigado a prestar esclarecimentos sobre qualquer ação considerada ilegal, apesar destes supostos esclarecimentos serem manipulados e ocultados. Estamos trabalhando com o governo iraquiano e com nossos terceirizados para resolver as A empresa possui cerca de US$ 800 milhões em contratos com o governo dos EUA. repercussões desta decisão, disse um funcionário da Embaixada dos EUA em Bagdá (AFP, 30/1/2009). O Ministério do Interior iraquiano responsabilizou a companhia pelos assassinatos, quando agentes escoltavam um comboio diplomático. De acordo com o plano de retirada das tropas norte-americanas do Iraque, que supostamente deveria ser concluída até 2010, os EUA devolveram ao Iraque a decisão de renovar ou cancelar contratos com empresas de segurança estabelecidas em seu território. No dia seguinte ao massacre, milhares de pessoas saíram às ruas de Bagdá exigindo a imediata saída das empresas de segurança, consideradas verdadeiros exércitos privados de ocupação. Intimidado com as mobilizações, o governo logo em seguida informou que cancelaria o contrato com a Blackwater, não punindo nenhum envolvido. Cinco dos agentes da Blackwater serão julgados nos EUA por homicídio doloso em janeiro de Um deles confessou a um juiz sua responsabilidade no massacre. A Blackwater simboliza a privatização das guerras do século XXI. A companhia é responsável pela escolta de funcionários norte-americanos e iraquianos, como o general David Petraeus, comandante dos EUA no Iraque, Jalal Talabani, presidente iraquiano, Nancy Pelosi, presidente do Congresso dos EUA e Ryan Crocker, embaixador em Bagdá. A empresa funciona com regras diferentes das do Exército norte-americano. Seus funcionários são mais bem pagos e até mais equipados. O quadro de funcionários é quase equivalente ao contingente militar - são cerca de 100 mil a 130 mil soldados privados. Estima-se que US$ 0,40 de cada dólar destinado ao Iraque pelo contribuinte norte-americano pare nas mãos de uma empresa de segurança privada, denunciou a democrata Jan Schakowsky, membro da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes (Folha de S. Paulo, 20/5/2007). Após a morte dos civis iraquianos, uma série de denúncias envolvendo empresas de segurança veio à tona. Após a morte dos civis iraquianos, uma série de denúncias envolvendo empresas de segurança veio à tona. O nome Blackwater é o mais citado pelas investigações e mostra apenas a ponta de um iceberg do problema. A empresa, sediada em Moyock, na Carolina do Norte, foi fundada pelo ex-militar e religioso Erik Prince, ligado ao Partido Republicano e um dos maiores doadores da campanha presidencial do ex-presidente Bush. A empresa possui cerca de US$ 800 milhões em contratos com o governo dos EUA, fazendo com que seja a companhia de segurança privada mais poderosa do mundo. Bush e seu pai já fizeram parte do conselho de outra empresa de segurança, a USIS, subdivisão do Carlyle Group. Livros foram publicados sobre a atuação das empresas privadas no Iraque. Blackwater - The Rise of the World s Most Powerful Mercenary Army (Ascensão do Exército Mercenário mais Poderoso do Mundo),de Jeremy Scahill, classifica a Blackwater como a Guarda Pretoriana da era Bush. O livro cita um comentário do fundador da empresa durante uma Convenção militar: A Blackwater é o Fedex dos Exércitos. Quando você tem pressa, não usa o correio normal, mas o Fedex. Nossa meta é ser o equivalente para o aparato de segurança nacional. A Blackwater e as outras empresas podem atuar da forma que quiserem, pois não estão submetidos a nenhum código de conduta. Os soldados norte-americanos, no entanto, respondem ao código do Pentágono. Juntamente com as tropas militares, está envolvida em vários crimes de guerra e com a morte de dezenas de milhares de civis. O CERCO ISRAELENSE À PALESTINA Quem se aproximar de Gaza, leva tiro Um barco libanês que transportava mais de 60 toneladas de mantimentos para os habitantes de Gaza foi interceptado pela Marinha israelense no Mar Mediterrâneo e impedido de prosseguir até o seu destino. Segundo a página na Internet da Al Jazeera, cinco soldados israelenses subiram no barco, agrediram e ameaçaram a tripulação. Estavam apontando armas contra nós. Eles nos chutaram e nos bateram. Puseram em perigo nossas vidas, disse um dos tripulantes (Al Jazeera, 5/2/ 2009). Em seguida, a comunicação com o barco foi perdida. Segundo o dono do barco, os israelenses destruíram o equipamento de comunicação e confiscaram todos os celulares das pessoas a bordo. Um pouco antes dos soldados subirem, funcionários no Líbano disseram que os navios de guerra dispararam tiros de canhão contra o barco, mas não há confirmação de nenhum ferido. Ao todo, estavam a bordo oito ativistas e jornalistas, assim como o ex-arcebispo greco-católico de Jerusalém, Monsenhor Hilarión Capucci, que já esteve preso em um cárcere israelense na década de 70 por ser um integrantes da Organização de Libertação da Palestina (OLP). Um dos organizadores da expedição, Maen Bashur, disse que o barco foi confrontado por uma lancha militar israelense a 32 km da costa de Gaza (BBC, 5/2/2009). Ele disse também que a Marinha ordenou que o barco retornasse, caso contrário dois helicópteros sobrevoariam a zona e abririam fogo. O Exército israelense informou que havia capturado a embarcação libanesa e levado para o porto de Ashdod, na costa de Israel, onde foi examinado a carga que estava sendo transportada (material médico, remédios, alimentos, roupa e brinquedos). A tripulação e o barco estão sob custódia policial. Chamado de Irmandade, o barco havia saído do porto da cidade libanesa de Trípoli na terça-feira (3). O presidente do Líbano, Foud Siniora, condenou publicamente o ataque à embarcação e destacou que se tratava de uma missão humanitária na Faixa de Gaza. Ele pediu à comunidade internacional que pressionasse Israel para que a ajuda humanitária chegue à Gaza. Ao mesmo tempo, tropas israelenses mataram um palestino na Cisjordânia supostamente ligado ao grupo Jihad Islâmica. Ala a-din Abu Rop, de 21 anos, foi morto a tiros em Jenin. Desde que Israel e o Hamas estabeleceram um cessar-fogo no dia 18 de janeiro, após três semanas de bombardeios que deixaram mais de mortos, ataques esporádicos ainda são registrados. São atos terroristas das Forças Armadas israelenses contra um povo cuja região está ocupada e que não tem nem mesmo condições de defender seus próprios lares. Quem quer que esteja disposto a ajudar a população em Gaza será ameaçado pelo Estado sionista e sua intenção de decretar uma sentença de morte a toda uma população. ÁSIA Coréia do Sul e Coréia do Norte abrem possibilidade de conflito militar Mais uma fenda se abre na crise dos países asiáticos e nos governos pró-imperialistas, desta vez aponto um dos enclaves do imperialismo na Ásia contra um não alinhado. Em um comunicado publicado no último domingo, a Coréia do Norte advertiu que o crescimento das tensões entre os dois países da península poderá levar inevitavelmente a uma guerra. A política de confrontação com a DPRK (Coréia do Norte), exercida pelo grupo (Coréia do Sul) é a fonte genuína de conflitos militares entre o Norte e o Sul, destacou o jornal do Partido Comunista norte-coreano, divulgado pela KCNA, a agência oficial de notícias do país. A relação se deteriorou na semana passada, quando Pyongyang decidiu não aceitar mais os acordos políticos e militares de nãoagressão com a Coréia do Sul, incluindo os limites fronteiriços entre os dois países. Desde a eleição há um ano do presidente sul-coreano, Lee Myung-bak assumiu, as tensões foram aumentando cada vez mais. Sua política de endurecimento à Coréia do Norte são vistas como hostis pelo país vizinho e como uma tentativa de Seul se aproximar do presidente norte-americano Barack Obama. Coréia do Sul e Coréia do Norte estão tecnicamente em guerra desde Na Coréia, onde vigora o armistício, confrontação significa escalada da tensão e isso pode conduzir a um conflito militar inevitável e incontrolável e à guerra, ressalta o comunicado. Coréia do Sul e Coréia do Norte estão tecnicamente em guerra desde Na época um cessar-fogo foi estabelecido, mas não um acordo de paz. Ambos os lados mantém mais de um milhão de soldados estacionados na fronteira. Na Coréia do Sul estão estacionados também cerca de 28 mil soldados norteamericanas com base em um acordo de cooperação com a Coréia do Sul. Ao mesmo tempo, as negociações entre as duas Coréias, mais EUA, Rússia, Japão e China sobre o programa nuclear nortecoreano continuam num impasse. A imprensa burguesa se esforça para modelar um conflito a la Guerra Fria, opondo o comunismo da burocracia norte-coreana à democracia sul-coreana. A questão de fundo nesta disputa regional revela acima de qualquer coisa mais uma etapa da crise do imperialismo em todo o mundo. Na Ásia, a crise de governos chave para a manutenção da política imperialista se estende desde o Oriente Médio e segue através de um longo corredor no continente asiático.

20 CAUSA OPERÁRIA 8 DE FEVEREIRO DE 2009 CULTURA 20 EM 1959, UM GRUPO DE AUDACIOSOS CRÍTICOS CINEMATOGRÁFICOS FRANCE- SES COLOCARIAM EM Jean-Luc Godard AÇÃO UM DOS MAIS INOVADORES MOVI- MENTOS ARTÍSTICOS DA HISTÓRIA DO CINEMA. ERA A NOUVELLE VAGUE E SEU CONCEITO DE CINEMA AUTORAL, UMA DAS MAIS François Truffaut INTERESSANTES EXPRESSÕES DA CRISE SOCIAL LATENTE NO PÓS-GUERRA Agnes Varda Alain Resnais E m 1945 terminava a Segunda Guerra, maior destruição de vidas humanas que já havia sido presenciada, após seis anos de destruição massiva e centenas de milhões de vítimas em todo o continente. A classe operária européia sublevada representava então a principal ameaça à existência dos gover nos burg ueses das principais potências imperialistas mundiais. Durante o rápido período de ascenso operário, nos anos imediatamente após a guerra, surgem em diversos países uma nova safra de jovens cineastas realizando filmes diretamente políticos, denunciando os verdadeiros responsáveis pela barbárie em que afundara a Europa. Destas manifestações, talvez a mais representativa seja o movimento conhecido como neo-realismo italiano, que se tornou a principal expressão da crise social européia no cinema por cerca de uma década. No momento em que Mussolini é pendurado em praça pública pelos operários italianos, está para eclodir uma verdadeira revolução no país, com a população armada tomando as ruas. Será apenas graças às manobras do Partido Comunista Italiano e seu principal dirigente, Palmiro Togliati, principal homem de Stalin na Europa Ocidental, que o levante popular será contido e o poder da burguesia restabelecido no País. Situações parecidas são vistas por toda a Europa, particularmente na França. Visando conter o que seria uma verdadeira catástrofe, estes governos, pressionados pela situação, são obrigados a aplicar uma política demagógica, concedendo uma série de benefícios sociais para a classe operária de seus países. Apesar dos claros sinais esgotamento da economia européia antes da guerra, a própria destruição decorrente dos conflitos permitiu a abertura de novos mercados e a criação de novos empregos e setores industriais estagnados desde os anos 30. Isto, aliado a uma política armamentista sustentada pelos estados nacionais, formaram uma base relativamente está- Jacques Rivette vel, ainda que extremamente contraditória, para um crescimento econômico consistente durante toda a década de 1950 nos principais países imperialistas do globo, como Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália e Alemanha Ocidental. Os anos dourados na França Essa situação de estabilidade foi gradualmente gerando um clima artificial de otimismo conformista entre as camadas médias da população. As conquistas sociais, como pleno emprego, seguro desemprego integral, saúde, educação e previdência públicas, também criaram um relativo conformismo entre amplos setores da classe operária em todos os países. Este seria o último grande período de crescimento da economia capitalista até o dias de hoje, crescimento este que muitos economistas burgueses consideravam improvável até então e que superestimaram grosseiramente quando aconteceu. Provocado por uma situação política e social muito específica naquele momento, permitiu aos governos contornarem e reverterem temporariamente a espiral de crise ininterrupta que o capitalismo vivia já desde o colapso da bolsa de Nova Iorque em Esse período - curtíssimo, que vai de 1948 a 1967, como se verificou depois ficou conhecido nas décadas posteriores como os anos dourados do capitalismo. O estado de espírito que vigorava então, de aridez intelectual, futilidade de objetivos e mediocridade geral dos modelos de vida, foi expresso melhor de que ninguém pelos norte-americanos, com o seu chavão exaltando o american way of life - Algo como jeito americano de viver -, país onde essa política teve mais sucesso e abrangência. Na França, a situação de bonança e otimismo dentro de suas fronteiras era similar, apesar de que o governo vivia então um período de permanente instabilidade. A artificialidade desse clima de otimismo expressava-se com clareza na situação exterior do colonialismo francês, onde a partir de 1954, não só o país é derrotado na Guerra da Indochina, como também perde, ao longo de toda a década, praticamente todas as suas colônias na África e Ásia. Acontece a independência de Marrocos, Tunísia, Guiné, Camarões, Togo, Senegal, Madagascar, Costa do Marfim, Congo e Argélia, entre diversos outros. A crise expressa pelo cinema francês Essa evidente contradição política do período, com o país explodindo externamente enquanto que nacionalmente o governo e a imprensa vendiam a idéia absurda de que as coisas iam às mil maravilhas, manifestava-se então como um clima geral de profunda inquietação e angústia em diversos setores da classe operária e da pequena burguesia. Esse clima seria uma base fértil para o nascimento da filosofia existencialista de Jean Paul-Sartre; o Teatro do Absurdo de Samuel Becket, e o noveau roman de Alain Robbe-Grillet, movimento literário que buscava um antiromance, que fosse abstrato no conteúdo. No cinema, essa crise se manifestou mais acabadamente no movimento que ficaria conhecido como nouvelle vague, a nova onda, formado por uma geração jovem de críticos e cinéfilos frustrados com a mediocridade dos filmes produzidos naquela época. Criticavam acima de tudo, o tipo de filme consagrado pelas superproduções milionárias hollywoodianas, bem como sua artificialidade, as atuações estereotipadas, e o convencionalismo geral que era a fórmula básica destes filmes, vistos por esses jovens franceses como meras repetições banais de modelos consagrados, realizados unicamente para serem vendidos a um público já seguro e garantido, mera usina de fazer dinheiro. Esse cinema era, na visão desses homens, a expressão mais típica dessa sociedade profundamente conservadora do pós-guerra. A reação a tal estado de coisas deu-se, num primeiro momento, já no início de 1951, com a fundação da revista de crítica cinematográfica Cahiers du Cinéma, e sua declarada intenção de erguer novamente o cinema ao seu status de arte. Fundada pelos críticos André Bazin, Jacques DoniolValcroze e Joseph-Marie Lo Duca. Posteriormente, integrou o corpo editorial da revista nomes de peso como François Truffaut, Claude Chabrol, Jean-Luc Godard e Jacques Rivette, com colaboradores como Éric Rohmer e Maurice Scherer. Todos, com exceção de André Bazin, formariam a linha de frente do movimento de renovação do cinema na França. Antes de tudo, a revista destacou-se por uma notável crítica em relação ao cinema, que seria a base do que ficaria conhecido como cinema de autor, expressa pelo famoso manifesto de François Truffaut e colocado em prática pelos cineastas da nouvelle vague. Cahiers du Cinéma e a política de autor Costuma-se marcar o nascimento da idéia de um cinema autoral, com a publicação de um famoso artigo de Truffaut chamado. Ali Babá e a Política dos Autores, sobre o filme de Arthur Lubin Ali Babá e os Quarenta Ladrões. Essa nova postura se caracterizava por uma ênfase não mais no conteúdo do filme, mas na sua forma. A visão do diretor acerca da concepção da obra. Os cineastas eram analisados então através de seus filmes, e o veredicto em relação ao sucesso ou não do trabalho dependia de sua conexão com a obra de conjunto, e não mais isoladamente. Cada produção adquiria assim uma importância vinculada ao todo, sempre contribuindo para esclarecer novos aspec- Éric Rohmer tos da visão artística de seu autor. Essa maneira de encarar o cinema e seus realizadores manifestou-se como um verdadeiro programa político para Truffaut, daí seu nome política dos autores. A partir desse tipo de atuação crítica, a Cahiers du Cinéma resgatou da obscuridade uma série de nomes que hoje situam-se entre os maiores realizadores do século XX, como Charles Chaplin, Fritz Lang, Alfred Hitchcock, Nicholas Ray e Howard Hawks, entre diversos outros. Num primeiro momento, vários críticos que trabalhavam na revista olharam com desconfiança os critérios adotados por Truffaut. Claude Chabrol ao contrário, foi o primeiro crítico a aderir a esse programa, seguido de Jean-Luc Godard.Posteriormente, Godard afirmaria sobre o trabalho de crítica feito pela Cahiers em torno da obra de Charles Chaplin: Hoje se diz Chaplin como se diz da Vinci. Ou melhor, diz-se Charlot como se diz Leonardo. E não há mais bela homenagem a prestar a um artista de cinema. Afirmação similar faria também sobre o reconhecimento de Hitchcock: Se hoje todos conhecem o Hitchcock presents é graças a nós. Pegamos no nome do autor lá em baixo, o jogamos para cima e dissemos: É ele que faz os filmes. Apesar de ser atribuído a Truffaut a teorização mais clara dessa idéia, a nova atitude já estava presente no primeiro corpo editorial da revista. André Bazin, por exemplo, já havia afirmado sobre uma produção recente de Orson Welles: Welles é decididamente um dos cinco ou seis cineastas do mundo dignos deste nome, um dos cinco ou seis que tem dentro dele uma visão do mundo [grifo nosso]. Nasce a nouvelle vague Em finais da década de 50, após anos de discussões, debates e duríssimas críticas contra as produções cinematográficas de sua época, os críticos da Cahiers Du Cinéma resolvem eles mesmos colocar em prática suas considerações teóricas. Essa sua aventura cinematográfica, que envolveria uma dezena de nomes na primeira safra, e tantos outros na seqüência, ganharia a envergadura de uma ampla cena renovadora que ficaria conhecida como a nova onda do cinema francês. No idioma nativo, nouvelle vague. ] Seus trabalhos tem início aproveitando-se das recentes inovações técnicas da indústria cinematográfica da época, que permitiam a realização de filmes a baixíssimo custo, com equipamentos baratos e recursos de edição acessíveis. O primeiro filme da nova safra, é um experimento de Truffaut intitulado Os Incompreendidos, de 1959, já reconhecido então como uma obra-prima. Sobre tal obra Godard afirmaria: Com Os Incompreendidos, François Truffaut entra no cinema francês moderno como no colégio de nossa infância. São os nossos filmes que vão a Cannes provar que a França tem um rosto bonito, cinematograficamente falando. No mesmo ano, Godard lançaria também seu primeiro trabalho, Acossado, com roteiro também de Truffaut. Os dois filmes rapidamente se tornariam os grandes modelos dos conceitos preconizados pelos dois críticos. Surgiriam quase ao mesmo tempo também clássicos como Nas Garras do Vício, de Claude Chabrol; Hiroshima Mon Amour, do documentarista Alain Resnais e Ao Cair da Noite, de Roger Vadim, entre outros. Surgiam subitamente na cena cinematográfica francesa de então, dezenas de produções que eram a expressão mais legítima da crise em que viviam esses jovens artistas asfixiados com aquele ar rarefeito dos otimistas anos 50. Nos anos posteriores, que antecedem imediatamente o novo período revolucionário na segunda metade dos anos, a nouvelle vague, na França, se tornaria a principal voz do descontentamento da juventude francesa, contra aquele estado de coisas.

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