Estudo de Caso: Patologias de um Duplex em Cabedelo-PB
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1 1 Estudo de Caso: Patologias de um Duplex em Cabedelo-PB Cássio Vinicius Carvalho de Sousa MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção Instituto de Pós-Graduação - IPOG João Pessoa, PB, 15/06/2015 Resumo O presente artigo científico aborda as patologias encontradas no duplex 101, do edifício Mirane de Areia, número 98, no bairro de Camboinha 3, na cidade de Cabedelo-PB. Através de pesquisas de campo, bibliográficas e análises de correlatos, buscou-se identificar as patologias, além de compreender as causas que originaram as mesmas. Após análise de dados obtidos, pelas pesquisas citadas anteriormente, verificou-se que a área de lazer acima do duplex 101, contribuiu de forma significativa para o aparecimento das patologias. Dentre as patologias observadas, se destacam as infiltrações, fissuras e trincas. Palavras-chave: Patologia. Umidade. Edificação. Fissuras. 1. Introdução O elevado crescimento da construção civil, aliado a competitividade do mercado imobiliário, exigem prazos menores a cada obra. Na tentativa de otimizar o tempo e reduzir gastos, os empreendimentos negligenciam em determinados casos, a qualidade dos materiais e mão de obra especializada. Além dessas negligências, a falta de um projeto de qualidade com as devidas especificações, ocasionam a maior parte das falhas e degradações de uma edificação. Segundo Martins (1996:13), "projetar uma estrutura significa resolver seu trinômio fundamental: segurança, funcionalidade e durabilidade, onde todos os termos são igualmente prioritários". De acordo com Souza e Ripper (1998:13), "as causas da deterioração podem ser as mais diversas, desde o envelhecimento natural da estrutura até os acidentes, e até mesmo a irresponsabilidade de alguns profissionais que utilizam materiais fora das especificações". Os dois autores supracitados ilustram a importância de um projeto bem elaborado, executado de forma satisfatória e com as devidas especificações. Fatores que dariam a edificação uma provável longa vida útil. A redução dos cuidados na execução de obras de determinadas tipologias de menor porte é outro fator comumente observado. As edificações populares apesar de embasadas de normas técnicas, a exemplo da Norma de Desempenho de Edificações (NBR ), ainda são construídas visando rapidez e redução de custos, em detrimento da qualidade. No entendimento de Martins: Não se pode admitir que casas populares não sejam executadas com os mesmos padrões de qualidade que uma barragem. Evidentemente os métodos e equipamentos não serão os mesmos. Todavia nada pode impedir que os resultados sejam os mesmos. Não se pode admitir que fundações de edifícios populares sejam feitas sem que se evitem recalques danosos aos proprietários, enquanto que, por seu caráter catastrófico, as fundações de uma barragem sejam objeto de minuciosos estudos. Ambos os casos, utilizados os instrumentos adequados, devem ser tratados com a mesma profundidade e seriedade. Este é o primeiro critério de desenvolvimento de ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
2 2 um projeto: não há projetos pouco importantes ou muito importantes; só há projetos grandes ou pequenos. (MARTINS, 1996:18). O presente artigo reflete sobre patologias comuns em edificações populares, que não possuem um rigoroso controle construtivo, atrelando-as ao estudo de caso, buscando compreender as prováveis causas que originaram essas patologias. 2. Conceitos de Patologia Segundo Robbins e Cotran (2010:4), "a patologia é o estudo (logos) da doença (pathos). Mais especificamente, a patologia está voltada ao estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais nas células, tecidos e órgãos que fundamentam doença". O termo patologia foi adotado pela construção civil para definir as doenças presentes nas edificações. Para Souza e Ripper (1998:14), define-se genericamente patologia das estruturas como um "novo campo da Engenharia das Construções que se ocupa do estudo das origens, formas de manifestação, conseqüências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas de degradação das estruturas". No entendimento de Figueiredo (2003:43), são utilizadas as seguintes classificações quanto à origem das manifestações patológicas: a) Umidade: - umidade decorrente de intempéries - umidade por condensação; - umidade ascendente por capilaridade; e - umidade por infiltração. b) Trincas e Fissuras: - fissuras provocadas por variações de temperatura; - fissuras decorrentes de variações do teor de umidade; - fissuras de origem química; - fissuras provocadas por ações mecânicas; - fissuras provocadas por deformabilidade; - fissuras por recalques diferenciados; e - fissuras provocadas por erros de projeto ou de execução. c) Patologia de Revestimentos: - eflorescência; - fungos; - vesículas; - descolamento com empolamento; - descolamento em placas; - descolamento com pulverulência; - fissuras horizontais; - fissuras mapeadas; ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
3 3 - descolamento por movimentação; e - descolamento por ação de intempéries e agentes agressivos. d) Corrosão: - deficiência do concreto; e - ação de agentes agressivos do meio ambiente. e) Outras Patologias: - soerguimento de pavimentos por crescimento de raízes vegetais. De acordo com Martins (1996), alguns fatores são determinantes para o aparecimento de patologias de estruturas, dentre eles estão: a) As patologias geradas pelo projeto: As antigas edificações, com cálculo baseado em tensões de serviço, apresentavam elevada robustez e, por conseqüência, baixo índice de esbeltez. Isto acarretava que suas deformações eram normalmente pequenas e raramente perceptíveis nos casos mais comuns. Assim se passava para a maioria dos edifícios residenciais ou comerciais construídos até a década de 70. Após essa época, visível redução nas dimensões dos elementos estruturais e uso de elementos de contraventamento mais leves, tornaram as edificações mais esbeltas e, portanto, sujeitas a estados de deformação anteriormente não percebidos. O aumento do gabarito das construções bem como o arrojo de suas formas também influi no surgimento de estados críticos de solicitação. b) As flechas nos pavimentos Inferiores: Nos edifícios modernos, o fato dos pisos inferiores serem praticamente livres de alvenarias, implica que nesses pavimentos as deformações (flechas sobretudo) devidas à fluência do concreto possam se desenvolver livremente. c) As flechas nas varandas em balanço e o esgotamento das águas pluviais: Um caso comum de patologia é o das varandas em balanço dos edifícios. Muitas vezes concebidas com vãos importantes (2 ou mais metros), raramente têm suas flechas ao longo do tempo verificadas. Isto acarreta quase sempre deformações excessivas e danos aos peitoris e fachadas. Surgem trincas no ponto de momento máximo que se tomam foco de ataque das armaduras. d) Os deslocamentos de origem térmica nas coberturas: Outro problema que ocorre com freqüência nas edificações é o do trincamento das lajes de cobertura e das paredes subjacentes. Tal fato está, em geral, associado às variações térmicas provocadas pela insolação. A laje de cobertura, sem isolamento térmico que evite dilatações e contrações importantes, trabalha ao sabor das significativas variações de temperatura que ocorrem em um só dia. e) As agressões das intempéries climáticas: Nas edificações expostas a condições particularmente agressivas de intempéries, as medidas corriqueiras de proteção não são suficientes. Um exemplo claro disto são aquelas cujas fachadas ou empenas são voltadas para a direção de ventos e chuvas dominantes. f) A retirada do escoramento e a desforma: Nas edificações convencionais, a retirada do escoramento está comumente associada à obtenção de uma resistência mínima para o concreto. Este é um equívoco corrente que deve ser sanado urgentemente. A retirada do escoramento deve considerar, além da resistência, o valor do módulo de elasticidade do concreto na data. g) A salada russa de pequenos equívocos e grandes dores de cabeça: A não ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
4 4 existência na maioria das obras de uma fiscalização efetiva de engenheiros responsáveis, quer do Estado, quer dos clientes, faz com que freqüentes falhas de execução venham a comprometer a qualidade das obras. h) A composição do concreto e dos revestimentos: O uso de materiais inadequados na mistura do concreto ou dos revestimentos que lhe são aplicados. A colocação de aditivos de qualquer tipo deve ser feita levando-se em conta também seus efeitos colaterais sobre a estrutura. i) As patologias geradas pelo uso: Freqüentemente ao longo do tempo os proprietários desejam efetuar alterações no uso das estruturas. Isto implica em remanejamentos e, não raro, em aumento de cargas permanentes. Em muitos casos se faz apenas uma verificação de capacidade portante. (MARTINS, 1996:14-18) 3. Umidade, Trincas e Fissuras Segundo Bauer (2008:924), dentre as manifestações mais comuns referentes aos problemas de umidade em edificações encontram-se manchas de umidade, corrosão, bolor, fungos, algas, liquens, eflorescências, descolamento de revestimentos, friabilidade da argamassa, fissuras e mudança de coloração dos revestimentos. No entendimento de Figueiredo (2003:44-45), a umidade é classificada em 4 principais tipos: a) Umidade decorrente de intempéries: advém de infiltração ocorrida basicamente por causa do contato com a água da chuva, que penetra diretamente pela fachada e/ou cobertura do edifício, em conseqüência de uma impermeabilização deficiente; b) Umidade por condensação: é produzida quando o vapor de água existente no interior de uma edificação (salas, cozinhas, dormitórios, etc.) entra em contato com superfícies mais frias (como vidros, metais, paredes, etc.), formando pequenas gotas de água. Este fenômeno normalmente acontece no inverno e favorece o crescimento de microorganismos que, além de alterar a estética do local, são prejudiciais à saúde; c) Umidade ascendente por capilaridade: é aquela que aparece nas áreas inferiores das paredes, que absorvem a água do solo através da fundação. As umidades por ascensão capilar podem ser permanentes quando o nível do lençol freático está muito alto, ou sazonal, decorrentes de variação climática; e d) Umidade por infiltração: é aquela causada pela penetração direta da água no interior dos edifícios através de suas paredes. É muito freqüente esse tipo de umidade em subsolos que se encontram abaixo do nível do lençol freático. De acordo com Bauer (2008:924), os mais importantes mecanismos que podem gerar umidade nos materiais de construção são: absorção capilar de água; absorção de águas de infiltração ou de fluxo superficial de água; absorção higroscópica de água; absorção de água por condensação capilar e absorção de água por condensação. Sendo "nos fenômenos de absorção capilar e por infiltração ou fluxo superficial de água, a umidade chega aos materiais de construção na forma líquida, nos demais casos a umidade é absorvida na fase gasosa". Bauer ainda descreve sobre os tipos de umidade: a) absorção capilar de água: os materiais da construção absorvem água na forma capilar quando estão em contato direto com a umidade. Isso ocorre geralmente nas fachadas e em regiões que se encontram em contato com o terreno e sem ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
5 5 impermeabilização. A água é transportada pelos capilares segundo as leis da física, sendo importante a velocidade de absorção capilar e a altura de elevação. b)águas de infiltração ou de fluxo superficial: se o local que está em contato com o terreno não tiver impermeabilização vertical eficaz, ocorrerá absorção de água, pela terra úmida com o material de construção absorvente, que poderá se intensificar caso a umidade seja submetida a certa pressão, como no caso de fluxo de água em piso com desnível. c) Formação de água de condensação: a uma determinada temperatura o ar não pode conter mais que uma quantidade de vapor de água inferior ou igual a um máximo, denominado peso de vapor saturante. d)absorção higroscópica de água e condensação capilar: em ambos os mecanismos a água é absorvida na forma gasosa. Na condensação capilar a pressão de vapor de saturação de água diminui, ou seja, ocorre umidade de condensação abaixo do ponto de orvalho.quanto menores forem os poros do material de construção, mais alta será a quantidade de umidade produzida por condensação capilar. Álem do tamanho dos poros, o mecanismo depende principalmente da umidade relativa do ar. e) Medidas protetoras: as medidas de proteção contra a umidade na construção deverão ser adequadas ao tipo de mecanismo gerador. No entendimento de Verçoza (1985), as origens de umidade nas construções são classificadas como: a)umidades provindas do solo: todo solo contém umidade, até mesmo o rochoso. Em muitos casos essa umidade tem pressão suficiente para romper a tensão superficial da água. Nesta hipótese, se houver uma estrutura porosa (terra, areia), a água do subsolo sobe por capilaridade e permeabilidade até haver equilíbrio. A pressão é tanto maior quanto mais próxima do lençol freático do terreno. Se uma parede porosa (tijolos, argamassa de cal) entrar em contato com esse terreno, a capilaridade também se faz sentir na parede, que umedece. Por esta razão, nunca se deve encostar terra diretamente nos tijolos ou rebocos. Até mesmo o concreto absorve umidade. A umidade do subsolo tem o agravante de trazer consigo sais perniciosos, que podem desagregar as argamassas e tijolos, e também manchá-los. b) Umidades provindas da atmosfera: as umidades devidas à atmosfera manifestam-se em duas formas principais: infiltração das águas de chuva e condensações. As águas de chuva penetram nos prédios e outras construções por pressão hidrostática e percolação. É comum, por exemplo, que a água penetre por goteiras em telhados e calhas, por má vedação das esquadrias, etc. Nestes casos a solução geralmente é mecânica; não é problema de impermeabilização. Ou então atravessam os terraços e paredes por percolação, quando essas paredes não são impermeáveis, ocasionando manchas no interior das peças. Mesmo que não apareça umidade no lado oposto, sempre há prejuízo. A condensação é muito comum em peças enterradas. Nesse tipo de peças as paredes geralmente estão bastante frias e há pouca ventilação. Então a água condensa-se nas paredes e não há ventilação para secá-las. Estas peças devem ser feitas deixando-se aberturas permanentes, de preferência em disposição tal que force a circulação de ar. Então haverá uniformidade de temperatura entre paredes e ambiente e também evaporação mais rápida. c)umidades provindas da própria construção: nem todas as manchas são decorrentes das chuvas ou umidade do solo. Reservatórios e canalizações, por exemplo, também causam infiltrações. Por isso eles devem ser absolutamente ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
6 6 impermeáveis. Também os materiais da própria construção podem causar problemas de umidade. Um metro cúbico de alvenaria nova, contém de 130 a 230 litros de água. A madeira nova tem de 15 a 40% de seu peso em água. É normal que a água de assentamento de pisos manche as paredes durante uns seis meses após a aplicação; é normal que o capeamento de parquês com resinas sintéticas impermeáveis retenha a água das argamassas por muitos meses, podendo levar até o apodrecimento, descolamento e, mais comumente, ao fissuramento do verniz. Por isso também é preciso levar em conta esse tipo de formação de umidade. Recomenda-se, por exemplo, só pintar a madeira depois de perfeitamente seca; só colocar verniz sintético em parque com mais de seis meses de colocação; procurar deixar os revestimentos para o final do verão ou princípio de outono, etc. (VERÇOZA,1985:20). No que diz respeito a fissuras e trincas, a norma de impermeabilização (NBR 9575:2003) classifica como microfissuras as que possuem abertura (ocasionada por ruptura de um material ou componente) inferior a 0,05 mm. As aberturas com até 0,5 mm são chamadas de fissuras e, por fim, as maiores de 0,5 mm e menores de 1,0 mm são chamadas de trincas. No entendimento de Bauer (2008: ), as fissuras são agrupadas em: a) Fissuras em revestimentos de argamassa: ocorre devido a fatores relativos à execução do revestimento argamassado, solicitações higrotérmicas e principalmente por retração hidráulica da argamassa. A fissuração é função dos fatores intrísecos, como o consumo de cimento, o teor de finos, quantidade de água de amassamento, e de outros fatores que podem ou não contribuir na fissuração, como a resistência de aderência à base, o número e espessura das camadas, o intervalo de tempo decorrido entre a aplicação de uma e outra camada, a perda de água de amassamento por sucção da base ou pela ação de agentes atmosféricos. b) Fissuras relacionadas ao cobrimento deficiente do concreto: Nas regiões em que o concreto não recobre ou recobre deficientemente a armadura, ocorre o contato da barra de aço com o ar e a umidade, causando oxidação. O volume de óxido produzido pela corrosão é de 3 até 8 vezes superior ao volume original do aço da armadura, gerando fortes tensões no concreto e a sua ruptura por tração, permitindo a penetração de agentes agressivos e a carbonatação do concreto. c) Fissuras relacionadas à deficiência de encunhamento da alvenaria: caso ocorram esforços que ultrapassem a resistência à tração, à compressão ou ao esforço cortante dos materiais, ocorrerá em alguns locais o aparecimento de fissuras ou trincas. Caso a heterogeneidade da resistência ocorra no perímetro do painel de alvenaria e sendo as juntas o plano de debilidade, a aparecerão fissuras no encontro da alvenaria com a viga ou pilar. d) Fissuras relacionadas à deformação lenta do concreto: a utilização de seções distintas de concreto e aço em pilares vizinhos de um mesmo pavimento, modificações na composição do concreto entre pavimentos, o uso de concretos ricos em cimento para lançamentos bombeáveis, a granulometria e o tamanho máximo dos agregados utilizados, o tipo e a fissura do cimento e as condições de umidade relativa do ar durante a concretagem, contribuem na deformação lenta do concreto. e) Fissuras relacionadas à argamassa de revestimento: a presença de argilominerais montimoriloníticos na argamassa de assentamento constitui uma causa geradora do aparecimento de fissuras no revestimento, assim como a expansão da argamassa de assentamento, devido à hidratação retardada do óxido de magnésio ou de cálcio, ou a reações expansivas cimento-sulfatos. f)fissuras relacionadas à ausência de vergas e contravergas: a não utilização de vergas e contravergas nas janelas, ou a utilização deficiente, contribui para o surgimento de fissuras. As vergas e contravergas deverão avançar de 30 a 40 cm ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
7 7 após o vão das janelas, e ter altura mínima de 10 cm, afim de neutralizar a concentração de tensões nos cantos das mesmas. Caso os vãos sejam relativamente próximos e na mesma altura, recomenda-se uma única verga sobre todos eles. g) Fissuras relacionadas a outros fatores: alguns procedimentos construtivos, como a falta de ferro de amarração ou deficiência no chumbamento dos mesmos, entre laterais dos pilares e alvenaria, podem causar fissuras. Alvenarias executadas sobre balanços e lajes de terraços, com fissuras devido ao deslocamento dos ferros negativos durante a construção, ou sobrecargas de paredes, peitoris e jardineiras, correspondem a um procedimento gerador de fissuras no revestimento. A laje de cobertura dos edifícios, além de impermeabilização, deverá receber isolação térmica eficiente, para minimizar a diferença de temperatura entre a face superior e a inferior da laje. A ausência desta isolação favorece a formação de fissuras, não somente na laje, como também nas alvenarias dos últimos andares, provocada pela constante movimentação por dilatação dos elementos de concreto da última laje exposta ao sol. (BAUER 2008) 4. Estudo de Caso O duplex estudado está inserido no Bairro de Camboinha, no município de Cabedelo, que faz divisa com a orla marítima de João Pessoa (figura 01). Limita-se ao Norte e Leste com o Oceano Atlântico, Oeste com o Rio Paraíba e Sul com o Rio Jaguaribe. Possui elevada umidade e presença de chuvas entre abril e julho. A edificação como um todo, apresenta cinco apartamentos tipo duplex, 5 vagas de garagem, área de lazer com piscina na cobertura. A área de lazer com piscina localiza-se exatamente acima do duplex 101 (figura 02), sendo a mesma, provável responsável pela maior parte das patologias encontradas no objeto de estudo. ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
8 8 Figura 01 - Localização do estudo de caso Fonte: Acessado em: 04/06/2015 Figura 02 Esquema das Plantas / Área de Lazer Fonte: Arquivo Pessoal (2015) As elevadas variações de temperatura durante o dia na cobertura, aliada a ausência de um isolante térmico, ocasionam as fissuras no revestimento. Um agravante maior seria a presença de locais de acúmulo de água (figura 03), os quais no período de chuva se tornam verdadeiras piscinas, levando em conta a falta de um sistema eficiente de drenagem das águas. Foi constatada a presença de apenas um ralo nessa área com revestimentos cerâmicos (figura 04). ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
9 9 Figura 03 - Piso da área de lazer Figura 04 - Ralo da área de lazer A piscina de fibra foi retirada do deck após sucessivos problemas de infiltração, sendo feito um trabalho de fechamento com manta impermeabilizante. Porém não é feita a devida manutenção do deck (figura 05) e abaixo do mesmo ocorrem frequentes acúmulos de água. O deck também possui apenas um ralo (figura 06) que não atende à quantidade de água aglomerada. Figura 05 - Deck da Piscina Figura 06 - Ralo da Piscina Observando os problemas detectados na área de lazer e piscina, analisou-se as patologias encontradas no duplex 101. No quarto 01 (térreo da duplex), as esquadrias apresentam umidade decorrente das águas de chuva (figura 07), que penetram diretamente na fachada, pela falta de uma impermeabilização adequada. Essa umidade também ocasionou desgaste nos revestimentos superficiais da alvenaria (figura 08). ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
10 10 Figura 07 - Infiltração na janela Figura 08 - Trinca na janela O teto do quarto 02 (pavimento superior do duplex) é a mesma laje do piso da área de lazer, mostrada anteriormente. Devido as infiltrações decorrentes da coberta, pela falta de impermeabilização adequada, o teto apresenta umidade, manchas e uma fenda aparente (figura 09), além de trincas verticais na parede imediatamente abaixo (figura 09). Figura 09 - Infiltrações e trincas no teto do quarto 02 Fonte: Arquivo Pessoal (2015) O quarto 02 também exibe umidade nas esquadrias decorrente da água de chuva que adentra diretamente na fachada, pela falta de uma impermeabilização adequada. Essa umidade ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
11 11 também ocasionou desgaste nos revestimentos superficiais da alvenaria. A base de toda esquadria apresenta fissuras e desgaste da pintura e do reboco (figuras 10 e 11). Esse quadro foi observado na maioria das esquadrias da edificação, com similares patologias. Figura 10 - Infiltração na janela Figura 11 - Trinca na janela No banheiro do quarto 02, foram observadas uma trinca na base da luminária (figura 12) e fissuras acima da bandeira da porta (figura 13). A luminária também apresentava indícios de infiltração originária da coberta (área de lazer). A fissura encontrada na porta do banheiro, se repetia em outros ambientes da edificação, o que leva a crer que a provável causa da patologia está relacionada com a não utilização de vergas nas portas, ou a utilização deficiente, as quais contribuem para o surgimento de fissuras. Figura 12 - Trinca na luminária Figura 13 - Fissura na porta No quarto 03, foram encontradas fissuras entre a laje e a alvenaria (figura 14) e uma fenda na laje (figura 15), provenientes de infiltrações na coberta (área do deck da piscina). Na laje observou-se o aparecimento de manchas e fungos provenientes da umidade. ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
12 12 Figura 14 - Fissura entre a laje e a alvenaria Figura 15 - Fenda na laje No banheiro do quarto 03 foi detectada infiltração no teto (figuras 16 e 17), proveniente da coberta (deck da piscina), a qual danificou os revestimentos superficiais da laje, deixando o concreto à mostra. Apesar dos frequentes reparos o problema volta a persistir e ocasionar umidade e manchas. Figura 16 - Umidade no teto do banheiro Figura 17 - Umidade no teto do banheiro Na porta do banheiro do quarto 03, observou-se uma trinca no revestimento cerâmico (figura 18), seguindo o padrão da patologia que está relacionada com a não utilização de vergas nas portas, ou a utilização deficiente, as quais contribuem para o surgimento de fissuras e trincas. Outra patologia observada foi uma infiltração na varanda do quarto 03, fazendo água escorrer no encontro da parede com a laje (figura 19). ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
13 13 Figura 18 - Trinca na cerâmica do banheiro Figura 19 - Infiltração na Varanda 6. Conclusão Para que este artigo científico fosse realizado, inicialmente se fez necessária uma pesquisa bibliográfica e documental para compreender acerca das patologias encontradas nas edificações, as quais serviram de alicerce para um maior conhecimento sobre o tema. Com uma maior lucidez sobre as patologias mais comuns, foi realizada uma pesquisa de campo no duplex (estudo de caso), observando e registrando as patologias detectadas. A área de lazer localizada imediatamente acima do duplex 101 mostrou-se provável causa da maior parte das patologias encontradas. A área de lazer apresentava elevadas variações de temperatura durante o dia, aliada a ausência de um isolante térmico, ocasionando fissuras no revestimento. Outro agravante maior seria a presença de locais de acúmulo de água os quais no período de chuva se tornam verdadeiras piscinas, levando em conta a falta de um sistema eficiente de drenagem das águas. Visto que foi constatada a presença de apenas um ralo nessa área com revestimentos cerâmicos. A piscina de fibra foi retirada do deck após sucessivos problemas de infiltração, porém não é feita a devida manutenção do deck e abaixo do mesmo ocorrem frequentes acúmulos de água. O deck também possui apenas um ralo que não atende à quantidade de água aglomerada. No duplex 101 as patologias mais encontradas foram infiltrações entre laje e paredes, tanto nos quartos como em banheiros. Infiltração nas esquadrias pela ausência de uma impermeabilização adequada, onde a água da chuva penetra diretamente pela fachada. Fissuras e trincas sobre os vãos de porta, que indicam a não utilização de vergas ou a utilização deficiente. Diante disto conclui-se que o empreendimento devido à competitividade do mercado imobiliário ou buscando aperfeiçoar o tempo e reduzir gastos, negligenciou em determinados casos, a qualidade dos materiais e mão de obra especializada. Referências ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
14 14 ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: resumo: elaboração. Rio de Janeiro, ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: citações: elaboração. Rio de Janeiro, ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: formatação de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9575: Impermeabilização - Seleção e projeto. Rio de Janeiro, BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. 5ªed. Rio de Janeiro, Editora LTC, FIGUEIREDO, Andrey Carvalho. Proposta de metodologia para estudo de patologias nas edificações do CTA São José dos Campos. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação) Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, MARTINS, P. C. R.. Pequenos incidentes, grandes prejuízos, graves anomalias de funcionamento. In: Albino J. P. da Cunha; Nelson Araújo Lima; Vicente Custódio Moreira de Souza. (Org.). Acidentes estruturais na construção civil. 1ªed.São Paulo: Editora Pini Ltda., 1996, v. 1, p ROBBINS; COTRAN. Bases patológicas das doenças. Vinay Kumar et al. Tradução de Patrícia Dias Fernandes et al. Rio de Janeiro: Elsevier, SOUZA, Vicente Custódio Moreira; RIPPER, Thomaz. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto. São Paulo: Pini, VERÇOZA, Enio José. Impermeabilização na Construção. Porto Alegre: Sagra, SITES: Localização do estudo de caso. Disponível em: < Acessado em 04 de jun. de 2015 ISSN Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
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