ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA - REVISÃO
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- Aurélio Chaplin Delgado
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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA CARDIOPULMONAR E TERAPIA INTENSIVA ELCIVANE APARECIDA DOS REIS ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA - REVISÃO Goiânia 2013
2 ELCIVANE APARECIDA DOS REIS ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA - REVISÃO Artigo apresentado ao curso de Especialização em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada, chancelado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Orientadora: Profª. Ms. Andrea Tufanin Thomazine Goiânia 2013
3 2 ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA - REVISÃO Approach physiotherapeutic in chronic venous insufficiency review Elcivane Aparecida dos Reis Fisioterapeuta fisio_elci@hotmail.com Andréa Tufanin Thomazine Mestrado em Medicina (Pneumologia) pela Universidade Federal de São Paulo, Brasil (2012) Professora do Ceafi Pós-Graduação, Brasil andreathomazine@yahoo.com.br RESUMO A insuficiência venosa crônica dos membros inferiores é a incapacidade de manutenção do equilíbrio entre o fluxo de sangue arterial, que chega ao membro inferior e o fluxo venoso, que retorna ao átrio direito, decorrente da incompetência do sistema venoso superficial e/ou profundo. Esta incapacidade acarreta um regime de hipertensão venosa crônica e que tardiamente leva as alterações na pele sendo então, uma das características da insuficiência venosa crônica. A terapia física complexa e os exercícios aquáticos são de auxílio nas doenças vasculares, sendo uma forma de tratamento e prevenção, promovendo maior mobilidade corporal e menor morbidade. Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico referente à atuação fisioterapêutica na insuficiência venosa crônica, demonstrando a importância desta terapêutica nestes pacientes.trata-se de um estudo descritivo, para a confecção de uma revisão biblíografica na língua portuguesa nos últimos vinte anos. A fisioterapia demonstra sua eficácia através de uma abordagem global do paciente com melhora da mobilidade, do edema, da dor, da postura e consequentemente das atividades funcionais. Palavras-chave: Insuficiência venosa crônica, terapia física complexa, exercícios aquáticos. ABSTRACT Chronic venous insufficiency of the lower limbs is the inability to maintain balance between the arterial blood flow that reaches the lower limb and the venous flow, which returns to the right atrium, due to the incompetence of the superficial venous system and / or deep. This inability leads to a regime of chronic venous hypertension and leads to late changes in the skin and then, one of the characteristics of chronic venous insufficiency. The complex physical therapy and aquatic exercise are of help in vascular diseases, being a form of treatment and prevention, promoting greater mobility and less morbidity body. This study aimed to conduct a literature related to physical therapy in chronic venous insufficiency, demonstrating the importance of this therapy in these patients. Physical therapy demonstrates its effectiveness through a comprehensive approach to improving patient mobility, edema, pain, posture and consequently functional activities. Keywords: Chronic venous insufficiency, complex physical therapy, aquatic exercise.
4 3 INTRODUÇÃO A insuficiência venosa crônica é definida como uma anormalidade no funcionamento do sistema venoso causada por uma deficiência valvular, estando ou não relacionada a obstrução do fluxo sanguíneo. A doença geralmente afeta membros inferiores sendo que estes podem apresentar as seguintes alterações: edema, hiperpigmentação, eczema, erisipela e lipodermatosclerose. A insuficiência venosa também causa rigidez articular e dificuldade na deambulação devido à diminuição da bomba muscular da panturrilha. O diagnóstico é basicamente clínico e através do exame físico, que deve ser realizado em ambiente bem iluminado, em que serão observadas as alterações na pele, descamações, se há presença de úlceras, sintomas de dor, sensibilidade aumentada ou diminuída e ainda presença de edema bilateral ou unilateral. A fisioterapia envolvida auxiliada pela técnica de terapia física complexa inclui um tratamento global do paciente onde este requer disponibilidade de horários e provimento de recursos financeiro no caso de tratamento aquático; é uma terapêutica, que envolve as propriedades físicas da água, com finalidade terapêutica e vem sendo alvo de grandes estudos quando se diz a respeito da insuficiência venosa crônica, se utiliza das diferentes propriedades do meio aquático que proporcionam flutuabilidade reduzindo o peso corporal, diminuindo o gasto energético desnecessário e além do efeito que a água proporciona no retorno venoso, os exercícios de bomba muscular que envolve principalmente o grupo de músculos flexores plantares auxiliam no fortalecimento muscular e o melhor retorno venoso. Já a drenagem linfática manual juntamente com a compressão elástica compreendem na redução do edema causado pela deficiência valvular presente nos membros inferiores. Para a fisioterapia é importante ter subsídios para a escolha da intervenção, que irá promover a melhora rápida e efetiva do paciente. As pesquisas relacionadas ao tratamento poderão contribuir com a melhor forma de tratamento onde o paciente poderá ter melhora do quadro clínico. A contribuição da fisioterapia está relacionada à pesquisa científica, a prática clínica e através de novos protocolos de atendimentos, dentre outros. Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico referente à atuação fisioterapêutica na insuficiência venosa crônica, demonstrando a importância desta terapêutica nestes pacientes.
5 4 MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de uma revisão de literatura como estudo descritivo e exploratório, cujo material bibliográfico para a realização do presente trabalho foi obtido através de pesquisas às bases de dados em captações de publicações em língua portuguesa, em artigos científicos, dissertações, teses e livros obtidos através dos sistemas Bireme, Lilacs, Medline, Scielo, Arquivos Brasileiros de Cirurgia Vascular, Pubmed e Biblioteca Central da PUC- Universidade Católica, pertinentes ao tema. A busca foi realizada sem período prédeterminado e de maneira circunstancial. Foram realizadas pesquisas inicialmente que continham as seguintes palavras chaves; insuficiência venosa crônica, terapia física complexa, exercícios aquáticos. Como criterios de exclusão foram os textos não pertinentes ao tema proposto e as referências nas quais a terapêutica era realizada em qualquer outra doença sem origem cardiovascular que não fosse à insuficiência venosa crônica. REVISÃO DA LITERATURA O conjunto de alterações que ocorrem na pele e subcutâneo recebe o nome de insuficiência venosa crônica, sendo que isso decorre de uma hipertensão venosa de longa duração, causada por insuficiência valvular ou mesmo por uma obstrução venosa 1. A insuficiência venosa crônica (IVC) é caracterizada por uma anormalidade do funcionamento do sistema venoso, sendo como principal causa a incompetência valvular que pode estar ou não associada à obstrução do fluxo venoso 2. As veias quando dilatadas, aumentadas e tortuosas muitas vezes está associada ao enfraquecimento das paredes e válvulas determinadas por problemas genéticos e/ou congênitos. Tais veias são incapazes de carregar com eficiência o sangue na direção do coração, permitindo desta forma que o sangue se acumule nos membros inferiores quando o individuo se encontra em posição ortostática. Outras varicosidades podem ser causadas por pressões sobre as veias tais como as que ocorrem durante a gravidez, obesidade ou um tumor abdominal. Nos casos mais severos, as veias varicosas podem interferir no retorno do sangue ao ponto de produzir câimbras 3. O sistema venoso funciona como reservatório sanguíneo tendo como função carrear o sangue desoxigenado de volta ao coração. As veias da panturrilha associadas com os tecidos
6 5 circundantes formam, uma unidade funcional conhecida como coração periférico ou bomba muscular, que atua na drenagem do sangue venoso durante o exercício 11. O início da insuficiência venosa crônica ocorre devido a recanalização das veias trombosadas restaurando a perviedade, ou seja, a passagem, mas há perda da competência valvular no local, devido a isto a função das válvulas começa a falhar e a válvula perde a capacidade de fechar corretamente 12. A IVC pode ser dividida em quatro formas clínicas sendo: as varizes primárias ou essenciais, a síndrome pós trombótica, as varizes por angiodisplasias congênitas (Síndrome de Klippel-Trenaunay, síndrome de Parkes-Weber, síndrome de Bockenheimer) e as varizes por fístulas arteriovenosas adquiridas. Considera-se hoje que as varizes da gravidez constituem, também, um grupo à parte, que possui características etiopatogênicas e fisiopatológicas próprias 1. A hipertensão venosa possui dois mecanismos onde, o primeiro ocorre através da pressão hidrostática, relacionado à pressão da coluna de sangue do átrio direito. O fluxo quando normal passa do sistema venoso superficial para o profundo, através de veias comunicantes com válvulas competentes, que não permitem que o sangue retorne para as veias superficiais. Essa incompetência valvular do sistema venoso profundo e comunicante e o refluxo resultante causam a hipertensão venosa 11. Em pacientes que tiveram trombose venosa profunda, a obstrução venosa tende à recanalização em um período que pode variar de três a seis meses. E logo após esse processo ocorre a lesão das cúspides das válvulas venosas pelo processo trombótico e o conseqüente refluxo venoso. Estando presente o refluxo no inicio do quadro, a musculatura da panturrilha tenta compensar a sobrecarga de volume das veias insuficientes, que ejetam um volume de sangue maior. Com o comprometimento do refluxo venoso, a bomba muscular da panturrilha torna-se insuficiente para promover uma redução cíclica da pressão de 100mmHg para níveis de 0 a 30mmHg. Dessa forma instala-se ao quadro de hipertensão venosa crônica permanente que leva aos sinais e sintomas da insuficiência venosa crônica 11. O segundo mecanismo depende do desempenho da musculatura da panturrilha que exerce papel importante no retorno venoso. Essa musculatura quando funcionando bem comprime as veias profundas da panturrilha durante sua contração. A válvula distal da veia profunda e as válvulas das veias perfurantes fecham-se, e o sangue é ejetado em direção ao coração 13. Quando essa musculatura está relaxada é produzida uma queda de pressão nas veias profundas, que pode chegar a atingir pressões negativas; fecha-se então, a válvula proximal do
7 6 eixo profundo. O resultado disso é que a pressão venosa da rede superficial torna-se mais elevada do que a dos eixos profundos, e o sangue é aspirado em profundidade através das veias perfurantes. Ocorre uma redução da pressão hidrostática venosa de um indivíduo durante a deambulação que ocorre devido à ação aspirante e compressora da musculatura, sendo que a pressão de 100mmHg reduz de 0 a 30 mmhg 11. Considera-se que a ulceração seja provocada por lesão capilar; sendo que ocorre pela adesão de leucócitos às células endoteliais capilares provocando uma liberação de radicais livres, catabólitos e substancias vaso-ativas 14. A estes processos segue-se a formação de tecido de granulação, proliferação de capilares e fibroblastos e, finalmente a cicatrização das feridas 15. Este processo leva a lipodermatosclerose, que atrofia e na forma mais grave, leva a ulcerações onde os mecanismos compensatórios não são capazes de reparar a lesão 1. Foram propostas duas teorias para explicar as mudanças que ocorrem em pacientes com insuficiência venosa crônica. Sendo que a primeira argumenta que a pressão venosa elevada causa um aumento do tamanho do leito capilar e o alargamento dos poros intersticiais, permitindo um extravasamento de fibrinogênio através dos poros, o qual é transformado em fibrina. O depósito de fibrina predispõe a formação de úlceras 16,17. Uma segunda teoria, afirmou que os leucócitos seriam seqüestrados na parede endotelial no leito capilar, exposto à pressão venosa elevada. Os leucócitos entrariam em contato com moléculas de adesão no interior das células na parede capilar. Assim as células seriam ativadas e ocorreria a liberação de citoquinas e radicais livres no leito venoso, e isso geraria uma reação inflamatória predispondo à uma ulceração 18. No mundo, aproximadamente cerca de 10 a 20 % possui veias varicosas ou algum grau de insuficiência venosa superficial ou profunda dos membros inferiores 4. A incidência mais alta da insuficiência venosa crônica é a partir dos 30 anos de vida, atingindo o ser humano em plena maturidade e sendo mais comum nas mulheres com aproximadamente 50% e nos homens com apenas 30% 1. De 2 a 7 % da população é acometida pela insuficiência venosa crônica, com presença de ulcera de perna presente em torno de 0,5 a 2% da mesma 4. A insuficiência venosa crônica vem aumentando na população devido à idade. Uma pesquisa realizada na Europa apontou que adultos de 30 a 70 anos de 5 a 15% apresentaram a doença sendo que 1% apresentou úlcera varicosa. Nos Estados Unidos aproximadamente 7 milhões de pessoas têm a IVC, sendo a maior causa de úlcera nos membros inferiores 5,6.
8 7 A importância socioeconômica da insuficiência venosa crônica, no Brasil somente teve grande consideração pelo governo nos últimos anos, o que tem levado a um grande interesse crescente no conhecimento científico e clínico das questões relacionadas a essa doença 1. A ulceração afeta a produtividade diária o que gera aposentadorias por invalidez, além da restrição das atividades de vida diária e lazer 7. A trombose venosa iliofemoral é apontada como a principal causa de insuficiência venosa. Aproximadamente 85% dos pacientes que apresentam trombose venosa profunda podem desenvolver úlcera venosa nos próximos 10 anos 8. Para compreender a origem da insuficiência venosa crônica nomeamos alguns dos possíveis fatores que predispõem, sendo eles: as úlceras, os traumas e a trombose venosa profunda 9,10. Existem alguns fatores que tem maior predisposição a desenvolver a IVC, com base nesta informação estão relacionados abaixo alguns fatores com maior incidência: a idade é o primeiro fator que predispõe a IVC sendo que a maior frequência de faixa etária está entre 30 e 50 anos. O sexo também apresenta influência, sendo que normalmente é mais comum em mulheres. A postura pode estar ligada aos fatores que predispõe ao desenvolvimento da insuficiência venosa crônica, sendo que a posição ortostática quando se permanece mais tempo de pé e parada aumenta a pressão venosa ao nível maleolar. A questão de sapatos também pode influenciar a diminuição do retorno venoso. O tabagismo pode formar microtrombos nas paredes das veias, sendo neste caso criado uma obstrução venosa 1. Devido à necessidade de maior especificidade e uniformidade na avaliação da doença venosa, foi criada a classificação CEAP (Clinical Signs; Etiology; Anatomic Distribution; Pathophyiology), que é descrita através de sinais clínicos visíveis e sintomatologia do paciente: classe 0 assintomática aquela que não apresentação nenhum sintoma; classe 1 a insuficiência venosa de grau leve, edema moderado, dor discreta e dilatação local ou generalizada de veias subcutâneas; classe 2 insuficiência venosa moderada, edema moderado a severo, varizes, dor em peso, hiperpigmentação e lipodermatosclerose; classe 3 insuficiência venosa crônica severa, edema severo, varizes calibrosas, anormalidades tróficas acentuadas e úlcera 7. Quanto à classificação a mais utilizada é a chamada CEAP. É mais completa e aborda, além do critério clínico e anatômico, o etiológico e o fisiopatológico e, através de um sistema de pontuação, classifica a gravidade clínica e a incapacidade para o trabalho. No entanto é a mais complexa 19.
9 8 O diagnóstico da insuficiência venosa crônica é altamente clínico sendo realizado através da anamnese e do exame físico. Na anamnese devem ser considerados: a queixa principal e a duração dos sintomas, que vão ser caracterizados por doenças prévias; traumatismos anteriores dos MMII e a existência de doença varicosa. A sensação de peso e a dor nos membros inferiores são sintomas que surgem ao final do dia, sendo que alguns pacientes ainda relatam possíveis pruridos 10. É importantíssimo, que este exame seja realizado em uma sala com boa iluminação, o paciente deve estar em pé, após alguns minutos nesta posição 10,20. A avaliação física pode revelar a presença de insuficiência venosa crônica, mas não é suficiente para localizar e quantificar onde estão os defeitos funcionais e anatômicos. Tornase necessária a utilização de exames subsidiários 4. Devem ser observados os seguintes sinais no exame físico: a lipodermatosclerose alteração devido à substituição progressiva da pele e do tecido subcutâneo pela fibrose, hiperpigmentação onde a hemoglobina transforma-se em hemossiderina, que caracteriza a coloração da pele castanha, edema aumentado na perna sintomática, presença de veias varicosas, aumento do comprimento do membro e varizes bem localizadas e sem irregularidades. O edema da insuficiência venosa e o edema da insuficiência cardíaca têm como característica a hiperpigmentação da pele devido ao extravasamento das hemácias para os espaços celulares 12. O sinal mais precoce que ocorre na insuficiência venosa crônica é o edema. Normalmente alguns testes são capazes de diagnosticar e quantificar os resultados das medidas através da circunferência dos membros inferiores e ainda pode ser realizado um teste que tem como princípio a volumetria pelo deslocamento da água sendo denominado por pletismografia à água 14. Os exames clínicos subsidiários podem ser divididos em não invasivos e invasivos: O sonar de efeito Doppler portátil é um exame de fácil realização que pode completar o exame físico, servindo também para a triagem ambulatorial. Podem ser diagnosticados 90% dos casos. O mapeamento Dúplex (MD) ou Eco-Doppler este exame fornece informações quanto ao fluxo normal e o refluxo em veias especificas, como no caso da femoral, poplítea e veias perfurantes. A fotopletismografia venosa é um exame que realiza a medida da variação do volume do membro através do enchimento venoso, onde é colocada uma célula fotoelétrica na pele da região que pretende verificar 21. Os exames clínicos invasivos são divididos em dois sendo: a medida da pressão venosa ambulatorial direta é de grande importância para o diagnóstico da insuficiência venosa
10 9 crônica, sendo útil para o seguimento dos procedimentos de reconstrução do sistema venoso profundo. Sendo obtidas pressões em repouso na posição supina de repouso, na posição ortostática e após um exercício. A flebografia é um exame considerado o padrão ouro para o diagnóstico da IVC, sendo que é um exame fundamental para a absoluta indicação do tratamento. Para a realização da flebografia ascendente o paciente deve estar deitado horizontal ou ainda à 60º onde é injetada uma substância conhecida como contraste no sistema venoso por meio da punção de uma veia dorsal do pé sendo necessário um garrotear do tornozelo. Já a flebografia descendente o contraste é injetado por meio de um cateter colocado na veia femoral ou por meio da punção venosa simples da veia femoral 4. O tratamento farmacológico visa aliviar as manifestações clinicas evitando e controlando as complicações. Utilizam-se, medicamentos dos tipos cardiotônicos, diuréticos; esses quase sempre não tão indicados, flavonóides, hidrossolúveis e sais de cálcio 22. Os medicamentos vasoativos são os mais utilizados, pois eles possuem diversos efeitos nos variados sintomas da insuficiência venosa crônica. Alguns medicamentos como a diosmina, a rutina, o dobesilato de cálcio, os rutosídeos e o estrato de castanha da índia proporcionam redução considerável do edema. Não é aconselhável substituir o tratamento compressivo pelas drogas, mesmo que os hábitos de vida melhorem 20, 23. O tratamento da insuficiência venosa crônica é norteado pelo tratamento clínico, onde requer medidas gerais e farmacológicas 17. Tornando-se necessário uma correta orientação sobre as medidas gerais higienodietéticas; onde vários fatores devem ser evitados e reduzidos, como a redução no consumo de gorduras, sal e álcool para tratar a obesidade; realização de exercícios físicos moderadamente (caminhadas, natação, bicicleta ergométrica e ainda pode ser feita a drenagem linfática manual) a realização de tratamento das doenças associadas; evitar a exposição ao calor ambiental ou as fontes diretas de calor, sobretudo se estiver em ortostatismo ou sentado por longos períodos; controlar a circulação de retorno quando gestante; utilização de suporte elástico, este sendo utilizado por toda a vida pela maioria dos pacientes. As meias compressivas, quando utilizadas de forma correta previnem algumas conseqüências tardias da hipertensão venosa e aliviam os sinais e sintomas 4. As meias compressivas que vão até os joelhos são eficazes no tratamento da IVC, pois a ação muscular no retorno venoso ocorre ao nível das panturilhas. A compressão elástica diminui o diâmetro do vaso, ou seja, ocorre uma regressão parcial das alterações da parede venosa 24. O tratamento cirúrgico é indicado para aqueles pacientes que não melhoram com a terapia clinica ou que desenvolveram complicações recorrentes (úlceras infectadas,
11 10 hidrolipodistrofia ginóide (celulites) ou tromboses). No caso da obstrução venosa a cirurgia de derivação em ponte, com ou sem fístula arteriovenosa; para o refluxo deve ser realizada a cirurgia de transplante ou interposição de segmentos venosos valvulados e para o refluxo e a obstrução associados deve ser realizada a cirurgia valvular direta ou valvuloplastias internas e externas. O tratamento cirúrgico é reservado para aqueles pacientes que são portadores de doenças graves, casos em que o tratamento conservador não teve resultados satisfatórios 4. A avaliação realizada pela equipe de fisioterapia é importante para a progressão do tratamento fisioterapêutico correto; tanto antes do tratamento quanto após, pois é a partir deste que se torna possível traçar os objetivos para a realização das condutas e ainda para verificar os resultados obtidos e correlacionar as possíveis diferenças entre os dois tipos de tratamento realizados. Esta avaliação constará de: inspeção (grau e localização do edema, perfusão periférica, aparência e coloração da pele), palpação (textura, temperatura da pele, sensibilidade, existência de dor, contraturas musculares, extensão do edema com ou sem o sinal de cacifo); medidas de circunferência e medidas volumétricas. No decorrer do tratamento, a avaliação deve ser repetida para verificar resultados 25. A observação é a parte inicial sendo realizada através da observação da própria paciente, observando então qualquer sinal de edema ou celulite e documentando a presença de descolorações e manchas de hemossiderina. Sendo ainda importante observar a perda de pelo, cianose ou palidez. A circunferência deve ser realizada nos dois membros sendo essências para identificar e monitorar a extensão do edema documentando as suas alterações 12. O tratamento fisioterapêutico para doenças vasculares é dirigido à pacientes e seus familiares, desenvolvido por uma equipe especializada, onde se propõe um atendimento individualizado ou em pequenos grupos, designado a otimizar a performance física e minimizar os sintomas apresentados pela doença, promovendo a autonomia funcional e funcional do paciente com doença vascular periférica 26. A hidroterapia é um recurso da fisioterapia que possibilita inúmeros benefícios tais como: benefícios psicológicos, melhora do condicionamento físico, diminuição da fadiga, auxilia na realização dos alongamentos musculares, aumenta ou auxilia na manutenção das ADM s e melhora a atividade funcional da marcha 27. Na terapêutica da insuficiência venosa crônica evidência como componente principal a drenagem linfática manual; estando bastante indicada pelos médicos angiológistas. A drenagem linfática manual objetiva a redução do edema através da redução de proteínas plasmáticas do interstício celular em consequência desse processo ocorre então um equilíbrio entre o transporte linfático e a carga do filtrado microvascular. A drenagem linfática manual
12 11 demonstrada por sua técnica é baseada no trajeto dos coletores linfáticos e linfonodos, associando basicamente duas manobras: sendo uma delas a captação ou reabsorção e manobras de evacuação ou de demanda e a técnica de evacuação ou demanda, os dedos desenrolam-se a partir do indicador até o anular, tendo contato com a pele que é estirada no sentido proximal ao longo da manobra 28,29,3031. Algumas das técnicas aplicadas na terapia física complexa aos pacientes foram inspiradas nas técnicas de Földi. Seguindo essa teoria elas consistem na orientação do líquido do espaço intersticial para os pontos em que se encontram os gânglios linfáticos, então mediante isso as manobras cinésicas especializadas recebem como nomeação drenagem linfática manual. Técnicas como a bandagem multiextrato e exercícios metabólicos personalizados também são aplicadas; em seguida, pode ainda indicar ao paciente as meias de compressão graduada para a manutenção do tratamento 31. Os exercícios de bomba muscular envolvem exercícios simples como subir escadas, ficar em posição ortostática de frente a uma mesa de suporte firme ou local mais adequado possível fazendo movimentos de dorsiflexão e flexão plantar ficando então na ponta dos pés; o mesmo movimento pode ser realizado em decúbito dorsal, com auxílio de colchonetes, bolas, ou qualquer material que possibilite o movimento. A esteira também é um dos aparelhos que proporciona o movimento da musculatura da panturrilha sendo que possui ainda a força de impacto em cada passada de perna 32. O enfaixamento compressivo é extremamente importante tanto no tratamento da insuficiência venosa quanto para o tratamento do linfedema nos membros inferiores, pois ao promover um suporte externo na pele, leva a um aumento da pressão intersticial com redução da ultrafiltração, melhorando assim a eficácia do bombeamento muscular levando a um aumento do fluxo venoso e linfático e não permite o refluxo causado pela incompetência valvular. Para este recurso existem algumas contra-indicações, como existência de infecções, arteriopatia, grandes alterações de sensibilidade e na hipertensão grave. A contenção realizada através da bandagem manual é feita da região mais distal do membro para proximal com auxílio de faixas elásticas medidas e ajustadas em cada indivíduo. Os procedimentos são realizados com os membros elevados para facilitar o retorno venoso e linfático. A compressão pneumática intermitente é realizada através de um aparelho que insufla uma manga que envolve o membro edemaciado. Recomenda-se que a pressão aplicada seja distal para proximal decrescente, sendo sempre as pressões menores que 40mmHg e um dos grandes benefícios desse tipo de terapia é o aumento do fluxo venoso através do aumento da pressão
13 12 intersticial, ocorre também aumento da pressão hidrostática, favorecendo a entrada de líquido nos capilares venosos 12,33,34,35. A atuação da fisioterapia no tratamento da IVC e recente e pouco divulgado, porem possui resultados positivos devido a melhora do retorno venoso e da qualidade de vida dos indivíduos com IVC, no entanto a alta prevalência da doença requer atenção de uma equipe multiprofissional já que o diagnostico precoce e o tratamento correto auxiliam a evitar o surgimento das complicações. CONCLUSÃO Este estudo identificou que o tratamento fisioterapêutico global promove melhora do quadro clinico dos pacientes com IVC e que este tratamento não só prolonga a vida dos pacientes, mas promove melhor qualidade de vida. REFERÊNCIAS 1. Maffei FH. Insuficiência venosa Crônica: conceito, prevalência, etiopatogenia, fisiopatologia. Doenças Vasculares Periféricas. Rio de Janeiro: Medsi; Porter JM, Moneta GL. An International Consensus Committee on Chronic Venous Disease. J Vasc Surg. 1995;21: Powers SK, Howley ET. Fisiologia do exercício-teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 3. ed. São Paulo: Manole; Barros JR N Insuficiência venosa crônica. In. Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e Cirurgia Vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; Brand FN, Dannenberg AL, Abbott RD, Kannel WB. The epidemiology of varicose veins: the Framingham study. Am J Prev Med. 1988;4: Heit JA, Rooke TW, Silverstein MD, et al. Trends in the incidence of venous stasis syndrome and venous ulcer: a 25-year population-based study. J Vasc Surg. 2001;33: França LHG, Tavares V. Insuficiência venosa crônica. Uma atualização. J Vasc Br. 2003;2(4): Nicolaides AN, Hussein MK, Szendro G, Christopoulos D, Vasdekis S, Clarke H. The relation of venous ulceration with ambulatory venous pressure measurements. J Vasc Surg. 1993;17: Souza GG. Insuficiência venosa crônica. In: Pereira AH. Manual de Cirurgia Vascular. Rio de Janeiro: Revinter; 1998; Muraco Neto B. Estase venosa e cardiopatia uma associação incômoda. Rev Soc Cardiol. Estado de São Paulo, 1999;6: DePalma RG, Bergan JJ. Chronic venous insufficiency. In: Dean RH, Yao JST, Brewster D. Current Diagnosis & Treatment in Vascular Surgery. 1st ed. Norwalk, CT: Appleton & Lange; 1995; O`sullivan SB, Schimitz TJ. Fisioterapia - Avaliação e Tratamento. Fernando GN (tradução). 4. ed. São Paulo: Manole; 2004.
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