Inexiste razão para minoração dos honorários advocaticios quando prudentemente fixados pelo Juizo de primeiro grau.

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N /001 ORIGEM : 3 a Vara Cível da Comarca de Campina Grande. RELATOR : Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. APELANTE:Meridiano Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios Multisegmentos - Não Padronizado. ADVOGADO: Leonardo de Aguiar Bandeira. APELADO : Ludmila Correia Costa. ADVOGADO: Walber José Fernandes Hiluey EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. DANO MORAL. CARTÃO DE CRÉDITO. COBRANÇA DE DÉBITO CONSTANTE NA FATURA. AUSÊNCIA DE UTILIZAÇÃO PELO SEU TITULAR. FATO INCONTROVERSO. CESSÃO DE CRÉDITO. PRELIMINAR. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO CESSIONÁRIO. REJEIÇÃO. INCLUSÃO EM CADASTROS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. ATO ILÍCITO. INDENIZAÇÃO. MINORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. VALOR FIXADO AO PRUDENTE ARBÍTRIO DO MAGISTRADO. CORREÇÃO MONETÁRIA A PARTIR DO ARBITRAMENTO. JUROS DE MORA A CONTAR DA CITAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO. DESCABIMENTO. PROVIMENTO PARCIAL DO APELO. O cessionário é parte legítima para figurar no polo passivo de demanda que envolve desdobramentos decorrentes do crédito objeto da cessão de direitos, inteligência do art. 294, do Código Civil. A inscrição indevida de nome em cadastros de inadimplentes enseja a condenação ao pagamento de indenização por danos morais, sendo desnecessária a comprovação dos danos sofridos. A indenização por danos morais deve ter uma função reparadora em benefício do constrangimento experimentado pela vítima, que não importe em enriquecimento sem causa, mas, que não seja inexpressiva a ponto de perder sua função pedagógica, servindo de reprimenda àquele que praticou o ato ilícito ou abusivo. Inexiste razão para minoração dos honorários advocaticios quando prudentemente fixados pelo Juizo de primeiro grau. VISTO, relatado e discutido o presente procedimento referente à Apelação Cível n /001 pertinente à Sentença proferida pelo Juizo da 3' Vara Cível da Comarca de -A Campina Grande, nos autos da Aç o de Indenização por Dano Moral c/c Pedido de Tutela Antecipad ajuizada por Ludmila Correia Costa contra Lojas Mansa Var4sa Ltda e AUDAC Consultoria e Assessoria Ltda (MERIDIANO FID 14. Rometdliáti* da DeSeffibar9adOf NtSeCa Urrak

2 ACORDAM os Membros desta Egrégia Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por unanimidade, acompanhando o voto do Relator, conhecer do Recurso e dar-lhe provimento parcial. VOTO Ludmila Correia Costa ajuizou Ação de Indenização por Dano Moral contra Lojas Mansa Varejista Ltda e AUDAC Consultoria e Assessoria Ltda MERIDIANO FIDC), alegando que ao tentar fazer compras teve o crédito negado por estar cor, o seu nome inserido nos cadastros de restrição ao crédito por uma divida de R$ 191,44, com vencimento em 27/10/2005. Afirmou que recebeu uma proposta de acordo da empresa AUDAC, referente a um débito junto a primeira Promovida no valor de R$ 851,22, que desconhece por completo, pois jamais contraiu as referidas dívidas. Asseverou que seu nome foi indevidamente inscrito nos cadastros de proteção ao crédito, razão pela qual, requereu a tutela antecipada para que seu nome fosse deles retirado, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00, e, ao final, a confirmação da tutela requerida e indenização por danos morais a ser arbitrada pelo Magistrado. A Mansa Lojas Varejistas Ltda apresentou Contestação, f. 16/20, arguindo, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva, tendo em vista que não negativou o nome da Autora, e, no mérito, afirmou que a dívida discutida não tem qualquer relação com ela, já que nunca celebrou qualquer tipo de contrato com a Autora, requerendo, ao final, a improcedência da ação. Em sua Defesa, f. 42/50, a AUDAC - Cobranças Norte- Nordeste Ltda - EPP aduziu, em preliminar, sua ilegitimidade passiva, uma vez que foi contratada pelo Meridiano Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios Multisegmentos - Não Padronizado para efetuar a cobrança dos seus créditos, agindo como sua mandatária, não sendo responsável pela negativação do nome de qualquer devedor nos órgãos de proteção ao crédito. Afirmou que não possui legitimidade para incluir ou excluir nomes dos cadastros restritivos de crédito, sendo responsável apenas pela notificação do devedor acerca da existência do débito, o que é realizado de acordo com as informações que lhe são repassadas, inexistindo qualquer culpa, negligência ou ato ilícito de sua parte, posto que agiu no exercício regular de direito, não havendo, portanto, que se falar em dano moral. Requereu o chamamento ao processo do Meridiano, titular do crédito, devendo ser excluída da lide, ou, caso ultrapassada a preliminar arguida, a improcedência da ação. O Juizo a quo deferiu o pedido de tutela antecipada, f. 82/83, determinando a baixa da restrição cadastral, no prazo de cinco dias úteis, sob pena de multa diária no valor de R$ 400,00, até o limite de R$ 12.00,00, e, determinou que a Autora providenciasse a citação do Meridiano, na condição de litisconsorte passivo necessáril. fel. Ramo gcào da onseca Okit nesembafgaaor

3 O Meridiano Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Multisegmentos - Não Padronizado contestou, f. 117/133, arguindo, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva, tendo em vista que celebrou um contrato de cessão e aquisição de direitos creditórios com a CREDI 21 - Administradora do Cartão Mansa, a qual vendeu alguns de seus créditos através do citado contrato, ficando estabelecida a sua responsabilidade pela existência, certeza, liquidez e exigibilidade dos créditos, o que demonstra a inexistência de relação entre ele e a Autora, tendo apenas adquirido de outra empresa crédito já existente. Afirmou que contratou á AUDAC para efetuar as cobranças desses créditos, o que foi realizado após o envio de correspondências aos clientes informando-lhes da cessão de créditos e dos canais de atendimento para o esclarecimento de eventuais dúvidas, tendo agido no exercício regular de direito, inexistindo de sua parte qualquer ato comissivo ou omissivo capaz de causar lesão à Autora, não havendo qualquer dano a ser reparado. Alegou, ainda, que na hipótese de terceira pessoa haver efetuado compras em nome da Autora, não tinha como prever que o débito não foi realizado por esta, devendo ser levado em consideração a exclusão de sua responsabilidade em decorrência do disposto no art. 14, 3 0, II, do CDC. Requereu o acolhimento da preliminar de ilegitimidade com a extinção do processo, ou, caso ultrapassada esta preliminar, seja julgada improcedente a ação, ou, na hipótese do Magistrado entender pelo cabimento da indenização por danos morais, que seja arbitrada com base no princípio da proporcionalidade. Audiência Preliminar, f. 210, na qual as partes recusaram a possibilidade de acordo, tendo o Magistrado, logo em seguida, analisado as preliminares de ilegitimidade passiva arguidas pelos Demandados, entendendo pela exclusão da AUDAC - Consultoria e Assessoria Ltda do polo passivo da ação, tendo em vista que o crédito questionado foi adquirido pelo Meridiano, por meio de contrato de cessão e aquisição de créditos, sendo, portanto, juntamente com a Loja Mansa, parte legítima para figurar no polo passivo da demanda. A Sentença, f. 213/216, julgou procedente o pedido inicial para, ratificando a tutela antecipada, condenar os Promovidos a pagarem a Autora, de forma solidária, indenização por danos morais no valor de R$ 6.000,00, em decorrência da inclusão indevida do seu nome nos cadastros de restrição ao crédito, corrigido pelo INPC, a partir da decisão, acrescida de juros moratórios de 1% ao mês, a contar do evento danoso, condenandoos, ainda, ao pagamento das custas e honorários advocaticios arbitrados em 15% sobre o valor da condenação. O Meridiano Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Multisegmentos - Não Padronizado interpôs Apelação, f. 218/236, arguindo, preliminarmente, sua ilegi 'imidade passiva, em razão de não ter mantido nenhuma relação ju ídica com a Apelada, tendo adquirido o referido crédito daresa CREDI-21, que é a responsável pela existência do crédil \,..., 7. garráo da Roca Okiir, -"o 5,sentargador

4 No mérito, alegou a ausência do dever de indenizar, face a excludente de responsabilidade, em virtude de terceiro ter realizado transações comerciais com o cartão da Autora, não podendo ser responsabilizada pela inclusão desta nos cadastros de restrição ao crédito. Pugnou pelo provimento do Recurso, ou não sendo acolhida nenhuma das teses anteriores, que o quantum indenizatório seja reduzido, levando-se em consideração os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, devendo os juros de mora incidirem a partir da citação e a correção monetária a partir da data da fixação do valor da condenação, e a necssidade de redução dos honorários advocatícios. Contrarrazões apresentadas pela Autora, f. 245/249, afirmando que o Apelante é diretamente responsável pela sua inclusão nos cadastros restritivos de crédito, sendo, portanto, parte legítima para figurar no polo passivo da demanda, e que o quantum arbitrado a titulo de dano moral e os honorários advocatícios estão dentro dos parâmetros da razoabilidade, não merecendo reforma a Decisão de primeiro grau. Pugnou pelo desprovimento do Recurso. É o Relatório. Conheço do Recurso, porquanto presentes os pressupostos de admissibilidade. A preliminar de ilegitimidade passiva arguida pelo Apelante confunde-se com o mérito, razão pela qual passo a analisá-los conjuntamente. O Apelante afirma ser parte ilegítima para figurar no polo passivo da demanda, em virtude de não haver mantido qualquer relação com a Autora, tendo apenas efetuado a cobrança de crédito adquirido em contrato de cessão de crédito com a CREDI Administradora dos Cartões Mansa, sendo assim, entende que como cessionário não poderá responder por eventuais equívocos cometidos pela cedente. Entretanto, na qualidade de cessionário do crédito, estava obrigado a certificar-se da existência, origem e validade do negócio subjacente, uma vez que tendo o crédito sido adquirido através de contrato de cessão, todos os direitos a ele inerentes foram transferidos, sendo perfeitamente possível à Apelada opor as exceções pessoais que poderia apresentar em face do primitivo credor, conforme dispõe o art. 294, do CC: "O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão,.tinha contra o cedente". Ademais, ao inscrever o nome da Autora nos serviços de proteção ao crédito, conforme documento de f. 09, exerceu um direito próprio, sendo, portanto, parte legítima para responder pelos danos sofridos pela Autora. Nesse sentido, jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL DECLARAÇÃO DE INE IGIBILIDADE DE DÉBITO INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS CESSÃO DE CR DITO DÍVIDA CONTRAÍDA POR TERCEIRO ÔNUS DA PROVA REME SA,D NOME AOS CADASTROS RESTRITIVOS DE CRÉDITO QUANTUM INDENI ATOR 0 RAZOABILIDADE. \...RWMWMaCelOdaR IMAbliff Desembargador

5 Latente a legitimidade do cessionário para figurar no pólo passivo de demanda que envolve desdobramentos decorrentes do crédito objeto da cessão de direitos.- A inscrição indevida de nome em cadastros de inadimplentes enseja a condenação ao pagamento de indenização por danos morais. - Compete ao julgador estipular eqüitativamente o quantum da indenização por dano moral, segundo o seu prudente arbítrio, analisando as circunstâncias do caso concreto e obedecendo aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. TJ/MG - APELAÇÃO CÍVEL N /001 - COMARCA DE BETIM - 1 APELANTE(S): MERIDIANO FUNDO INV DIREITOS CREDITORIOS MULTISEGMENTOS NÃO PADRONIZADOS - 2 APELANTE(S): MARCELO FABIAN TELLES DE SOUZA - APELADO(A)(S): MARCELO FABIAN TELLES DE SOUZA, MERIDIANO FUNDO INV DIREITOS CREDITORIOS MULTISEGMENTOS NÃO PADRONIZADOS - RELATOR: EXMO. SR. DES. JOSÉ ANTÔNIO BRAGA. DJ: 22/03/2011. DP: 11/04/2011. Quanto à alegação de excludente de responsabilidade por fato de terceiro, a tese levantada pelo Apelante não restou comprovada, tendo em vista que inexiste nos autos qualquer referência à utilização do cartão ou dos documentos da Autora por outra pessoa, inclusive a Loja Mansa afirmou em sua defesa a inexistência de qualquer transação comercial realizada por ela, o que restou confirmado pelo documento de f. 08, referente à fatura do mês em que a dívida impugnada faz referência, demonstrando a inexistência de saldo devedor ou de qualquer débito realizado no período. Sendo assim, diante da carência de provas hábeis a comprovar que a Autora efetivamente contraiu a dívida, desconfigurada está a situação de inadimplência, portanto, ilícito o ato de remessa do nome dela aos cadastros restritivos de crédito, o que foi realizado pelo Apelante, conforme documento de f. 09. Tem-se que os danos causados pela inscrição indevida de nome nos cadastros de proteção ao crédito são presumíveis, na medida em que as negativas de crédito na praça geram transtornos de diversas ordens, sendo inegáveis os efeitos maléficos oriundos do abalo de crédito sofrido pela Recorrida, agindo com acerto o Magistrado de primeiro grau ao condenar o Apelante ao pagamento de indenização pelos danos morais sofridos pela Autora. No que se refere à minoração da indenização, tem-se que o arbitramento efetuado pelo Magistrado singular, encontra-se em consonância com as recomendações doutrinárias e jurisprudenciais, devendo ter uma função reparadora em benefício do constrangimento experimento pela vítima, que não importe em enriquecimento sem causa, mas, que não seja inexpressiva a ponto de perder sua função pedagógica, no sentido de evitar que condutas dessa natureza voltem a se repetir pelo responsável pela prática do ato ilícito. Em relação ao pedido para que a correção monetária incida a partir da fixação do valor da condenação, entendo que não há o que ser corrigido na decisão de primeiro grau, uma vez que esta foi a determinação do Magistrado, onforme se observa na Sentença de f. 213/216. No tocante aos juros de m ra, diferentemente do estabelecido na Decisão de primeir rau, que entendeu.r 1115 D" ese mbaraja "seca dor çl

6 incidirem a partir do evento danoso, a jurisprudência dominante defende que estes devem incidir a partir da citação. Nesse sentido, jurisprudência do STJ: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RELAÇÃO CONTRATUAL. JUROS, MORATÓRIOS TERMO INICIAL.CITAÇAO. 1. Há responsabilidade contratual nos casos em que o dever jurídico violado tenha origem em contrato ou negócio jurídico firmado pelo indivíduo. 2. Tratando-se de responsabilidade contratual, os juros moratórios incidirão a partir da citação (artigo 219 do CPC e artigo 405 do Codigo Civil), e a correção monetária pertinente ao valor dos danos morais, a partir de sua fixação. 3. Agravo regimental provido para, reconsiderando decisão anterior, conhecer do recurso especial e dar-lhe provimento. (AgRg no REsp /MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 24/05/2011, DJe 01/06/2011) Quanto ao pedido de redução dos honorários advocatícios, observando-se o tempo da causa, o trabalho realizado pelo advogado e outros consectários e diligências inerentes ao profissional de direito, entendo que o Magistrado foi prudente em sua fixação, qual seja, 15% sobre o valor da condenação, não assistindo razão para a sua minoração. Razão pela qual, conheço do Recurso e dou-lhe provimento parcial, para determinar que os juros de mora incidam a partir da citação, mantendo a Sentença em seus demais termos. É o voto. Presidiu o julgamento, realizado na Sessão Ordinária desta Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba o Desembargador Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho, no dia 17 de janeiro de 2012, conforme Certidão de Julgamento, dele participando além de mim, Relator, o Desembargador João Alves da Silva. Presente a sessão, a Exma. Sra. Dra. Ana Cândida Espínola, P omotora de Justiça Convocada. Ça_bifiete no /---) /PB/em João Pesso 24aneiro de / / 2 ( Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. Relator

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