ACÓRDÃO. O mero descumprimento contratual não é suficiente para caracterizar dano moral. (Precedentes do STJ)

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1 4. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GAB. DES. RONIERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N' /002 ORIGEM : 4 Vara Cível da Comarca da Capital. RELATOR : Des. Romeu) Marcelo da Fonseca Oliveira. APELANTE : Bradesco Vida e Previdência S/A. ADVOGADO Renato Tadeu Rondina Madatiti e Fernando C. S. Tavares. APELADO : Edigelza Cavalcante Monteiro. ADVOGADO : Odilon de Lima Femandes. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE SEGURO DE VIDA. MORTE DO SEGURADO. RECUSA NO PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO. DOENÇA PREEXISTENTE. OMISSÃO DE INFORMAÇÃO ESSENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. DEVER DE EFETUAR O PAGAMENTO NA FORMA CONTRATADA. DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. PROVIMENTO PARCIAL DO APELO. Não havendo prova da preexistência de doença quando da celebração do contrato, não há como a seguradora se eximir da obrigação de pagar o seguro, tendo em vista que o ônus da prova incumbe ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. (Precedentes do STJ) O mero descumprimento contratual não é suficiente para caracterizar dano moral. (Precedentes do STJ) VISTO, relatado e discutido o presente procedimento referente à Apelação n /002 pertinente à Sentença proferida pelo Juízo da 4' Vara Cível da Comarca da Capital, nos autos da Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais e Perdas e Danos ajuizada por Edig. -elza Cavalcante Monteiro em face de Bradesco Vida e Previdência S/A. ACORDAM os Membros desta Egrégia Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por unanimidade, acompanhando o voto do Relator, conhecer do' Recurso e dar-lhe provimento parcial. VOTO Edigelza Cavalcante Monteiro ajuizou Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais e Perdas e Danos contra o Brades Wida e Previdência S/A, alegando que é beneficiária do Plano de Seguro de Via 'denominado "Vida Individual com Cobertura Adicional de Diárias de Internaç Iopitalar. Apólice n ", realizado pelo seu falecido marido, Sr. Alberes Vicente TIoiliteiro. \\ 1' eseil-,bw g -

2 Asseverou que todas as parcelas relativas ao prêmio do Seguro foram devidamente quitadas até o dia 26/06/2006, quando requereu o seu cancelamento em decorrência do óbito do Segurado, ocorrido em 13/06/2006. Afirmou que solicitou administrativamente o pagamento da indenização pelo sinistro e das diárias de internação hospitalar, o que lhe foi negado sob o argumento de que o Segurado omitiu ser portador de doença preexistente quando do preenchimento da "Declaração Pessoal de Saúde - no momento da formalização do Contrato de Seguro. Alegou tratar-se de uma relação de consumo e ser ilegal a recusa da Promovida em cumprir com a sua obrigação na forma pactuada. razão pela qual requereu o pagamento da indenização na modalidade em que foi contratada, o pagamento das diárias cobertas pelo Seguro decorrentes das internações hospitalares e indenização por danos morais a ser arbitrada pelo Magistrado. Citada. a Promovida apresentou Contestação, f. 97/117, afirmando que o Contrato de Seguro é regido pelo princípio da boa-fé, o qual foi violado pelo Segurado quando da sua celebração ao omitir doença preexistente, o que afasta o seu dever de adimplir o contrato por se tratar de excludente da responsabilidade. Asseverou que tendo agido no exercício regular de direito, inexiste o dever de indenizar, e que o mero inadimplemento contratual não gera lesão ao patrimônio moral do outro contratante, devendo a ação ser julgada improcedente. Na Sentença, f. 267/271, o Juízo a quo julgou procedente o pedido para condenar a Promovida ao pagamento de R$ a título de indenização por morte do Segurado, indenização referente às diárias de internação no valor de R$ 630,51 cada, cuja quantidade deverá ser apurada em fase de liquidação de sentença, atualizados monetariamente e com juros de mora de 1% ao mês, contados a partir da citação, e, ainda, condenação em R$ a título de indenização por danos morais, com juros de mora a partir da citação. Condenando-a, ainda, ao pagamento das custas e honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação. A Promovida interpôs Apelação. f , fundando-se suas razões nas mesmas argumentações da defesa, pugnando, ao final, pelo provimento do Recurso. Contrarrazões apresentadas pela Apelada, f. 400/408. afirmando a obrigatoriedade da Apelante em pagar o prêmio do Seguro, tendo em vista que não solicitou previamente perícia médica e que recebeu todas as parcelas do Seguro; assumindo, portanto, os riscos decorrentes do contrato. Alegou, ainda, que a Recorrente não comprovou a alegada má-fé nas declarações feitas pelo seu esposo na "Declaração Pessoal de Saúde", devendo o Recurso ser improvido. Não é o caso de intervenção Ministerial. É o relatório. O Sr. Alberes Vicente Monteiro contratou, em 15 de fevereiro de 2002, com a Apelante um Plano de Seguro de Vida denominado "Vida individual com Cobertura Adicional de Diárias de Internação Hospitalar, Apólice n , Proposta n , tendo como beneficiária a Sra. Edigelza CavalCante Monteiro, ora Apelada. A morte do Segurado ocorreu em 13 de junho de conforme Certidão de Óbito. f. 24, passados mais de quatro anos da celebração do Contr to. A Apelante alega excludente de responsabilidade, com o Nuito de se furtar ao pagamento da indenização relativa ao Seguro de Vida, sob o ar umento de que o esposo da Apelada quando da celebração do Contrato já ra prtador de doença, (,)%0

3 omitindo informações acerca do seu estado de saúde. Entretanto, não se desincumbiu do ônus de provar o alegado. contrariando o art. 333, II, do Código de Processo Civil, que determina competir ao Réu provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do Autor. Levando-se em consideração o período de mais de quatro anos da celebração do Contrato para a ocorrência do óbito do Segurado. que durante todo o período permaneceu pagando as parcelas do Seguro e que a Seguradora, ora Apelante, as recebeu sem qualquer tipo de questionamento acerca do contratado, não há que se falar cru má-fé por parte do esposo da Apelada. Por conseguinte, ao aceitar a proposta de Seguro, sem ressalvas, a Apelante aceitou os riscos do Contrato. mantendo o dever de saldar o valor previsto na Apólice, não se admitindo a negativa ao cumprimento da obrigação securitária, alegando fatos que não restaram comprovados, pois, como afirmado, o ônus probatório cabe a quem alega. Sendo entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça que cabe à Seguradora averiguar o estado de saúde do subscritor do seguro, por assumir o risco da atividade, como mostram as jurisprudências colacionadas: AGRAVO REGIMENTAL. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA. DOENÇA.. PREEXISTENTE. BOA FÉ E AUSÊNCIA DE EXAME PRÉVIO. RECUSA. ILICITA.DECISÃO UNIPESSOAL. ART. 557, CPC. - É lícito ao relator negar seguimento a recurso que esteja em descompasso com a jurisprudência do STJ. É ilícita a recusa da cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente à contratação do seguro-saúde, se a Seguradora não submeteu a segurada a prévio exame de saúde e não comprovou má-fé. Precedentes. (AgRg no Ag /SP, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA, TURMA. julgado em 12/ , DJe 17/03/2008) SEGURO DE VIDA EM GRUPO. ÓBITO. ALEGAÇÃO DE DOENÇA PREEXISTENTE. AUSÊNCIA DE EXAME PRÉVIO. Não pode a seguradora eximir-se do dever de indenizar, alegando omissão de informações por parte do segurado. se dele não exigiu exames clínicos prévios. Precedentes do STJ. Em sede de recurso especial não se reexamina matéria probatória (Súmula n 7-STJ). Recurso especial não conhecido. (REsp /ES, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 20/05/2004, DJ 06/09/2004, p. 266) E deste tribunal de Justiça: APELAÇÃO CíVEL E RECURSO ADESIVO- CONTRATO DE SEGURO DE VIDA MORTE DO SEGURADO- NEGATIVA DO PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO SOB O ARGUMENTO DE DOENÇA PRÉ-EXISTENTE INSUBSISTÊNCIA- ALEGADA MÁ-FÉ QUANDO DO PREENCHIMENTO DO CARTÃO- PROPOSTA NÃO COMPROVADA- PRÉVIO EXAME NÃO EXIGIDO PELA SEGURADORA-DEVER DE INDENIZAR CARACTERIZADO-HONORÁRIOS ADVOCATICIOS- MANUTENÇÃO- MULTA DO ÚNICO DO ART 740 DO CPC- NÃO APLICAÇÃO- DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. - SEGURO DE VIDA. INDENIZAÇÃO., DOENÇA ANTERIOR AO CONTRATO DOENÇA PRÉ-EXISTENTE. OMISSÃO. AUSÊNCIA DE PROVA NESSE SENTIDO. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ. DEVER DE INDENIZAR CARACTERIZADO. Cabe à Seguradora eriguar o real estado de saúde do segurado antes da celebração do contrato, não poderd se eximir do pagamento da indenização, após receber todas as contraprestações, sob ndamento de pré-existência da moléstia. Recurso não provido Relator Cabral da Silva dj

4 29/04/2009. TJPB - Acórdão do processo n Órgão (3' Cantara Ove]) - Relator DES. SAULO HENRIQUES DE SA E BENEVIDES - j. Em 02/06/2009 No que se refere à indenização por danos morais, prospera a tese de que não é indenizável o simples inadimplemento, tendo em vista que a recusa do pagamento do Seguro está adstrita à esfera do inadimplemento contratual, cujo instrumento deve prever em suas cláusulas os encargos para o signatário faltoso. Configura dano moral capaz de justificar ressarcimento financeiro, a dor, o constrangimento e a humilhação intensas e que fujam à normalidade, interferindo de forma decisiva no comportamento psicológico do indivíduo, desta forma, o mero contratempo, dissabor ou frustração própria dos negócios jurídicos não é objeto de tutela pela ordem jurídica. Assim tem se comportado a jurisprudência do STJ a respeito: CIVIL E PROCESSUAL. ALTERAÇÃO DA CAUSA PETEND1. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS N. 282 E 356-STF. SEGUROS DE VIDA EM GRUPO. ÓBITO. DOENÇA PREEXISTENTE. MA-FÉ NÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL ESTADUAL. MATÉRIA DE PROVA. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7-STJ. RECUSA AO PAGAMENTO. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. AÇÃO INDEN1ZATÓRIA. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. MERO CONTRATEMPO. I. Não há prequestionamento se o Tribunal a quo não se manifesta expressamente sobre a matéria. II. Entendido pelo Tribunal a quo que não se configurou a má-fé do segurado quando da adesão aos planos coletivos, porquanto desconhecia a gravidade da doença de que era portador (alcoolismo crônico), tal circunstância fática não tem como ser reavaliada em sede de recurso especial, ao teor da Súmula n. 7 do STJ. III. Condenada a recorrente ao pagamento dos seguros de vida em empo nos valores contratualmente previstos, mais os consectários legais. a recusa administrativa, por si só. não consubstancia dano moral indenizável. IV. Recurso especial conhecido em parte e parcialmente provido, para excluir o dano moral. (REsp /RJ, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em DJ 16/04/2007, p. 206) E deste Tribunal de Justiça: EMENTA Processual Civil Ação de Ressarcimento de Danos Seguro de vida Óbito Recusa no pagamento da indenização Comprovação do Sinistro Procedente em parte Apelações Cíveis Primeira Apelação Cível Afirmação de doença preexistente CiCncia do Segurado Omissão de Informação Essencial Não comprovação Segunda Apelação Cível Alegação de Ilegitimidade Passiva Necessária do Estipulante Descabimento da alegação Danos Morais Não comprovados - Não havendo prova da preexistência da doença da vitima, não há como a seguradora se eximir da obrigação de pagar seguro, tendo em vista que o ônus da prova incumbe ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo de direito do direito do autor. CPC. art 333, II. (-..) - "A negativa da seguradora em efetuar o pagamento do seguro contratado não é suficiente para caracterizar o dano moral alceado." Apelação Cível N , 1000, - Comarca De Belo Horizonte Relator Vàldez Leite Machado Data do Julgamento 18/ Data da P blicação 25/05/2007). TJPB - Acórdão do processo n ào (2 CÂMARA CIVEL) - Relator DR. JOSE AURELIO DA CRUZ - JUIZ ó DOz50:Zgi 12/02/ Wq 2'"

5 Posto. isso. dou provimento parcial ao Apelo, para afastar a condenação da Apelante ao *pagamento de indenização por dano moral, mantendo a Sentença em seus demais termos. É o voto. Presidiu o juluamento, realizado na Sessão Ordinária desta Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba o Desembargador João Alves da Silva, no dia 14 de junho de 2011, conforme certidão de E 419, dele participando além de mim, Relator, o Desembargador Frederico Martinho da Narega Coutinho. Presente a sessão. a Exma. Sra. Dra. Vanina Nóbrega de Freitas Dias Feitosa, Promotora de Justiça Convocada...Gabinete no TJ(113B em' João Pessoa-PB, 16dunh.od20l1. Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira Relator

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