A reconciliação com a floresta : por uma atitude ecológica

Transcrição

1 Porto Alegre

2 ÍNDICE CAPÍTULO 1: Os fundamentos O medo da selva e a reconciliação com a floresta O distanciamento entre ser humano e natureza Que qualidade de vida queremos? Reflorestar: uma necessidade A importância da flora para a conservação ambiental A evolução da visão ecológica As campainhas de Pavlov CAPÍTULO 2: A natureza ameaçada A ameaça das mudanças climáticas Crucificado da estação A obesidade e as mudanças climáticas Meditando no congestionamento A guerra do petróleo Parece que vai faltar luz Deu vaca louca nos transgênicos Transgênicos no campo Sobreviventes do Pampa O barulho do rio Dívida externa e dívida ecológica CAPÍTULO 3: A vida continua... O que fazer? Ecologistas são contra o progresso? Pela cultura da florestania Enfoque no problema, enfoque na solução A força dos ventos A fraternidade das águas Consumidor ou cidadão? Ecologia para crianças Uma tarde no jardim As baleias estão voltando Os caminhos dos bichos

3 CAPÍTULO 4: Como nasce um ecologista Família unida pelo meio ambiente Um ecologista de bastidor O professor de Ecologia Tributo a um mestre irado O mestre do silêncio O movimento ambientalista e a educação ambiental no Vale do Rio dos Sinos CAPÍTULO 5: Signos de renovação Signos de renovação Um poouco de aritmética Lições de convivência Lições do Mestre Heitor A maravillhosa água da chuva Nossos amigos, os borrachudos Uma reflexão que não pode ser descartada O siléncio A sabedoria do vendaval Um toque no coração Mosquitos num tonel O veículo ecológico O espaço das crianças Coisas sem valor Tudo limpo e arrumado ANEXOS A teoria de Gaia Propostas de trabalho Iniciativas de educação ambiental Materiais de apoio Dedicado à Cristina Beatriz Haag, por seu amor e empenho em me fazer escrever melhor.

4 Apresentação Crítica e otimismo na questão ambiental Um mergulho na alma ecologista é o que nos possibilita esta coletânea de artigos de Arno Kayser. A reconciliação com a floresta oferece uma rica oportunidade de olhar para o mundo de um ponto de vista ao mesmo tempo crítico e otimista. Em todos os textos há a ideia recorrente e fraterna de uma parceria com a natureza como forma de solucionar os graves problemas ambientais do século 21. Os escritos aqui selecionados foram publicados no jornal Mundo Jovem, na Folha de Novo Hamburgo e há alguns inéditos também. Arno Kayser é o único ecologista gaúcho que publica regularmente na imprensa, como fez no passado o pioneiro Henrique Luiz Roessler, formador de toda uma geração de ambientalistas. Tive a oportunidade de trabalhar com o alemão Arno, como o autor é conhecido entre os ecologistas, na Secretaria Executiva do Pró-Guaíba. Todas as ideias propostas aqui fazem parte do cotidiano dele. Trata-se de um ambientalista de escol. Aliás, um dos poucos que já conheci nas minhas quase duas décadas dedicadas ao tema. Técnico entusiasta, está sempre pronto para centrar o foco na solução dos problemas. O currículo dele é extenso. Já ajudou a criar entidades ecológicas, parques e principalmente florestas. Ele foi um dos responsáveis por uma das maiores campanhas de reflorestamento já realizadas no Rio Grande do Sul, estado que vem sofrendo e muito com a falta da sua vegetação nativa. Tudo que está escrito neste livro é fruto de muito trabalho e doação à luta ambientalista. Do consumismo desenfreado, que está exaurindo o nosso planeta, à erosão do solo, nada escapa do olhar sensível e original do 7

5 Arno Kayser, como no artigo em que ele é capaz de analisar o aquecimento global a partir da obesidade dos norte-americanos. A fina ironia do autor foi lapidada ao longo dos estudos, escritos e muitas leituras. Mais do que um alerta, esta coletânea é um convite à militância. Mãos à obra. Roberto Villar Belmonte Jornalista e especialista em Estudos Linguísticos do Texto. Foi um dos criadores da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental. Escreve sobre meio ambiente em revistas, jornais e sites. Seus trabalhos mais recentes estão em 8

6 Apresentação: Signos de Renovação Nesta nova edição de A reconciliação com a floresta, inserimos, no capítulo 5, uma seleção dos melhores textos do livro Signos de renovação, também de Arno Kayser, publicado pela editora Sinodal em novembro de Abaixo, reproduzimos o prefácio original da referida obra, assinado pelo ecologista José Lutzenberger. É triste admitir que a visão restrita do mundo em que vivemos, refletida pela predatória sociedade industrial moderna, é própria de grande parte do pensamento científico atual. A maioria destes cientistas, participando de seus institutos e universidades, restringe-se a abordar e investigar compartimentos estanques, reduzindo o Universo a um objeto externo a eles próprios. O cientista acadêmico está limitado às regras de sua disciplina, sem a liberdade de explorar o desconhecido com sua curiosidade e intuição própria. Mesmo entre os jovens profissionais é incomum encontrarse um espírito empreendedor e holístico capaz de perceber as maravilhosas interações e complementações que ocorrem em Gaia, este planeta vivo. Felizmente, sempre houve pessoas dispostas a contemplar o ambiente com verdadeira veneração, dialogando com a Natureza e percebendo as interações entre os seres vivos e destes com o mundo mineral. Incluem-se entre eles os naturalistas como Darwin, Balduíno Rambo e também os pioneiros da luta ecológica, como Henrique Roessler, que viveu no Vale dos Sinos, defendendo os ecossistemas desta região do Rio Grande do Sul. Um herdeiro desta tradição, e também um sensível cronista da vida de seus contemporâneos, é Arno Kayser. Este jovem agrônomo, natural de Novo Hamburgo, é capaz de conciliar uma consistente defesa do ambiente, juntamente com outros companheiros do Movimento Roessler, com um belo trabalho de agricultura regenerativa e educação ambiental, refletindo em ambos uma profunda paixão pelo seu ambiente nativo. Além disso, vem contribuin- 9

7 do para o jornal de sua cidade com artigos às vezes poéticos, outras vezes descritivos e jornalísticos, abordando temas que vão desde a música de Villa-Lobos até as reflexões sobre o lixo. Durante cerca de dois milhões de anos, mais de 99% de sua história, a espécie humana permaneceu perfeitamente integrada ao ambiente natural. Entretanto, a continuar a atual devastação generalizada, o desastre para nossa espécie será total. O homem moderno vive num ambiente artificial, totalmente distanciado daquele em que foi originado e onde evoluiu. Sua filosofia de vida, sua ética, encontram-se hoje em oposição às leis da própria vida. Ele já se tornou incapaz de sentir profundamente o belo, acostumando-se à feiura e à desordem que o rodeia. A tarefa de reverter esta visão é gigantesca, exigindo a participação de inúmeros indivíduos capazes de perceber a sinfonia do Universo. Estou seguro de que os artigos do Arno, agora reunidos neste livro, são uma valiosa contribuição para esta Cultura Ecológica, a qual possibilitará que continuemos participantes deste extraordinário organismo vivo que é Gaia. José Lutzenberger, prefácio original da primeira edição do livro Signos de renovação, em novembro de