Bancos valorizam-se 518 milhões após prejuízos
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- Agustina Igrejas Rosa
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1 Quarta-feira, 8 de Fevereiro de 2012 Diário Ano XII Nº ,60 Director: Pedro Santos Guerreiro; Directores-adjuntos: Helena Garrido, João Cândido da Silva; Subdirector: Nuno Carregueiro José Cutileiro O povo, unido LEX Lei protege inovação mas falta justiça eficaz Mediadora do crédito diz que malparado em Portugal é assustador Bancos valorizam-se 518 milhões após prejuízos Maria Clara Machado, que tomou ontem posse, diz que incumprimento no crédito vai agravar-se. Mercados 17 Fecho de aposta na queda das acções puxa pela cotação Duassessõesdepoisdeteranunciadoprejuízosrecorde,oBCPregistouamaiorvalorizaçãodiáriadesempre: 20,5%. Nãofoioúnico. BESeBPItambémacumulamfortesganhos embolsadesde que apresentaramas contas. Os analistas explicam o paradoxo com o fechodeposiçõescurtas,queobrigamaircompraracçõesnomercado,comosinvestidores aanteciparemqueospróximosnúmerosdo sectorserão melhores. Mercados 18 e 19 Carris com os melhores resultados dos últimos nove anos Casas para arrendar faltam em Lisboa e Porto e sobram no resto do País Economia 28 Governo já impediu por três vezes que a Cerâmica Valadares ficasse sem gás Empresas 12 Miguel Macedo paga 9,3 milhões à Microsoft por licenças de software Empresas 14 Troika em Portugal analisa reformas estruturais e crédito a partir de dia 15 Economia 25 Pub ACarris,aEspíritoSantoSaúdeea CentraldeCervejasestãooptimistas, apesar da crise. Os presidentes das empresas estiveram ontem numa conferência onde falaram de planos e resultados. E danecessidade de dar prémios aos melhores trabalhadores. Primeira linha 6 a 9 O presidente da Carris sublinha que uma parte dos resultados operacionais é comida pelos juros da dívida. Bruno Simão REN em tribunal por não seguir oacordocolectivodetrabalho Sindicato contesta congelamento de salários e de carreiras Empresas 10
2 6 Jornal de Negócios Quarta-Feira, 8 de Fevereiro de 2012 Primeira Linha. TRANSPORTES Carris consegue os melhores resultados em nove anos Transportadora viu a procura cair em 3% mas isso não impediu o EBITDA da empresa de atingir 35 milhões em Os resultados financeiros é que continuam a prejudicar a Carris ALEXANDRA NORONHA, MIGUEL PRADO UmEBITDAde35milhõesdeeuros e resultados operacionais francamente positivos. Estes sãodoisdosindicadoresqueopresidentedacarris,silvarodrigues, apresentouontemnaconferência Acompetitividadedasempresas e do Estado, organizadapelo NegóciosepelaconsultoraAccenture.Opresidentedatransportadorarodoviáriapúblicadacapitalrelembrou, em seguida, aquele que temsidooprincipalobstáculodo sector. Umapartedosresultados operacionaisédepois comida pelosfinanceiros,dissesilvarodrigues. IstonãoimpedeaCarrisdeter os melhores resultados em nove anos, apesar da procura estar a cair. Os passageiros desceram quase 3%, para cerca de 230 milhõesem2011,adiantousilvarodrigues.aempresaestáaconcentrarotrabalhodoladodocortede custosebeneficiatambémcomos aumentosdostítulosdetransportesquetêmsidointroduzidospelo Governo. SilvaRodrigues defendeu que haviaespaçoemportugalparaintroduzir aumentos tarifários, em comparação com os preços que sãopraticadosnorestodaeuropa. OpresidentedaCarris,queirá em breve iniciar um processo de fusãocomometropolitanodelisboa,dissequeaindahámuitoafazerparamelhoraroserviçoeosresultados dacarris, isto apesar do quadro orçamental restritivo em que as empresas operam neste momento. Temos que ser mais imaginativos e temos seguido o nosso caminho com resultados positivos, adiantou Silva Rodrigues. O responsável está a negociar com o Estado medidas que ajudem a empresa a compensar os quadros pelos cortes aque foram sujeitos.equedeverãolevarmesmoaqueacarristenhaquedispensartrabalhadores. Aliás, odocumentodogrupodetrabalhoque elaborouaspropostasparareformularostransportesemlisboae no Porto avançou com o corte de 300trabalhadores,masaindanão háumnúmero fechado. Cortes entram em vigor em Março O trabalho de reestruturação da rede da Carris deverá entrar em funcionamentoemmarço,segundosilvarodrigues.osecretáriode Estado dos Transportes, Sérgio Monteirotemditoqueapartirde FevereirocomeçarãoaseraplicadasasdiversasalteraçõesemLisboaenoPorto,queirãoincidirsobretudo nacarris e nastcp, respectivamente. Estamos a fazer pequenosajustamentosaoglobal que será aplicado em conjunto com o Metro [de Lisboa], adiantousilvarodrigues. Oresponsávelestáagora,como os restantes gestores das empresaspúblicasdetransportesàesperade saber qual seráadecisão da tutelanoquedizrespeitoàsadministraçõesdastransportadoras.o Governo irá desencadear ainda estetrimestreafusãoentreacarriseometrodelisboaeastcpe o Metro do Porto. Anorte,tantoFernandaMeneses (STCP) como Ricardo Fonseca(MetrodoPorto) jáafirmaram quenãoestariamdisponíveispara continuar.emlisboa,nãoéclaro aindaque gestores poderão integrar a futura administração da empresa que resultar da fusão. Mas SilvaRodrigues admitiu em públicoqueestavapreparadopara qualquerdesafio. Temos que ser mais imaginativos. SILVA RODRIGUES Presidente da Carris 230 Silva Rodrigues acredita que ainda é possível fazer mais na Carris num futuro próximo. A Carris transportou em 2011 cerca de 230 milhões de passageiros, menos 3% do que no ano anterior. A rede da Carris com as alterações aprovadas pelo Governo deverá entrar em funcionamento em Março. Conferência Alberto da Ponte (SCC), Martins da Costa (EDP), Isabel Vaz (ESS), Silva Espírito Santo Saúde i na privatização dos ho Empresa projecta para 2012 um crescimento do resultado líquido edafacturação AEspírito Santo Saúde (ESS) quer crescercom base em aquisições de activosemportugaleestáinteressadanaprivatizaçãodahpp,empresa dacaixageraldedepósitosquedetém,entreoutros,ohospitaldoslusíadas. Aguardamos aoperação de privatização do grupo HPP, no âmbitodoprogramadatroika,queprevêaprivatizaçãodosserviçosdesaúdedogrupocgd,disseapresidentedaess, IsabelVaz,ao Negócios. Estamosinteressadosemavaliar essedossiêquandoogovernoentenderoportuno, declarouagestora, à margemdaconferência Acompetitividadedasempresasedo Estado. NosúltimosanosaESSrecorreuaalgumasaquisiçõesdeclínicasemvários pontos do País paraexpandira suaactividade.eissotemtidoreflexonascontasdogrupo. Nos primeiros nove meses de 2011,aESSalcançouumlucrode2,7 milhõesdeeuros.osresultadosdo anocompletoaguardamaindaofechodecontasdoespíritosantofinancialgroup. Masfechámosfrancamentebem,comfortesmelhorias relativamenteaoanopassado,assegurouisabelvaz. Em 2012, apesar daconjuntura
3 . Jornal de Negócios Quarta-Feira, 8 de Fevereiro de Bruno Simão Sociedade Central de Cervejas iniciou 2012 com subida das vendas Perante um futuro cada vez mais incerto, a SCC alavanca o crescimento nas exportações Rodrigues (Carris) e Jaime Quesado falaram ontem sobre a competitividade das empresas e do Estado. nteressada spitais da CGD económicaadversa, apresidenteda ESSantevêqueonegóciocontinuea correrde feição. O que temos projectadoparaesteanoéumatrajectóriadecrescimentodosresultadoslíquidosedefacturação,emparteimpulsionadapelohospitaldeloures. Claramente,todaaactividadeprivadadogrupovaicontinuarnumatrajectóriaderesultadospositivos. Naconferênciado Negóciose da Accenture,IsabelVazdeixoucríticas aoministrodasaúde(vercaixa),sublinhandoaindaque aorganização do Serviço Nacionalde Saúde não é feitaparainduzircompetitividade. IsabelVazdestacouuma participaçãodemasiadoelevadadoestadona prestaçãodoscuidadosdesaúde. Quantoaosprivados,acrescentou Isabel Vaz, presidente da Espírito Santo Saúde, foi uma das convidadas da conferência de ontem. depois em declarações ao Negócios, tem havido uma lógica de equilíbrio. Nós temos sabido adaptarnosàprocuraquetemoseaoscustos que as seguradoras podem pagar. Achoqueissotemcorridobem,afirmouIsabel Vaz.Umagestoraquedefendeaconcorrêncianasaúde, porque melhoraainovação, traz melhores práticas, traz inquietude boa aosector. MP/AN Ministro cedeu aos interesses da classe médica O ministro da Saúde, Paulo Macedo, cedeu aos interesses corporativos da classe médica, acusou Isabel Vaz. A presidente da Comissão Executiva da Espírito Santo Saúde disse que orecuonocortedopagamento das horas extraordinárias a médicos e enfermeiros noticiado pelo Negócios explica-se pelo receio de que uma greve parasse as urgências. Isabel Vaz disse que a solução era alterar o esquema que faz com que tantas horas extraordinárias sejam necessárias. A responsável explicou que a solução passa pela centralização das urgências e reorganização no Porto, Lisboa ecoimbra.rf ASociedade Central de Cervejas (SCC), proprietária, entre outras, dasmarcassagreseluso,arrancou2012comumaumentode4% do seuvolume de vendas, alavancadoprincipalmentepelasexportações, revelou o presidente da SCC, Alberto daponte, durante a conferência A competitividade dasempresasedoestado,promovidaontememlisboapelonegóciosepelaaccenture. AlbertodaPonte,quenospróximos meses abandonará a liderançadascceassumiráfunções na Heineken (dona de 100% da SCC),disseao Negóciosqueocrescimento em Janeiro ficoudentro das previsões dacervejeira. Para estedesempenho, realçou, osectorexportadoréfundamental.de acordocomogestor,ocrescimento das vendas ficou associado aos suspeitosdocostume,nomeadamenteangola,caboverde,suíça, Luxemburgo,entreoutrospaíses. Em termos de conjuntura, Alberto daponte sublinhounaconferênciaemlisboaasdificuldades sentidas. O mercado caiu7% em 2011 e estima-se dois dígitos para 2012, afirmou. Alberto daponte acrescentou que asubidado IVA narestauração, de 13% para23%, não ajuda e, porisso, aindústria dasbebidasterádese focarnasexportações sem perder de vista a inovação. SobreasvendasqueaSCCesperaeste ano, avisão é cautelosa. Emtermosdevolumeiremos pelo menos fazero mesmo resultado que no ano passado, indica AlbertodaPonte.ParaPortugala estratégiapassapormanteraquotade mercado e promovermais a marca premium Heineken. O futuro está mais incerto OaindalíderexecutivodaSCCasseguraque aempresaestáaenvidar esforços de racionalização. Continuamos atrabalharmuito na melhoria de processos e isso leva-nosaqueconsigamosprodu- Alberto da Ponte prepara saída da Central de Cervejas, para assumir novas funções na Heineken. As empresas portuguesas devem ter a capacidade de se associarem. Sem escala não vamos a lado nenhum. ALBERTO DA PONTE Presidente da SCC ziracustosinferiores,explicoual- bertodaponte. O presidente dascc não consegue,parajá,dargarantiasdeque a racionalização não implicará ajustamentos no quadro de pessoal.recorde-sequeaconcorrente Unicerdecidiu no final do ano passadoprepararoencerramento dasuafábricaemsantarém. Temosdeestarpreparadosparatudo. Nósjásótemosumafábricadecervejas, que estáatrabalharaplena capacidade. O meu desejo é semprenuncafazê-lo[cortarpessoal], massóofuturoodirá.eofuturo estácadavezmaisincerto,declaroualbertodaponte. Uma questão de escala Naconferência,ogestorenfatizou aimportânciadeaeconomiaportuguesaganharescala. Aprodutividade de umpaís como Portugal nãopodeserconseguidasenãotivermos escala, afirmou. As empresasportuguesasdevemteracapacidade de se associaremmais, referiuaindaolíderdascc. MP/AN
4 8 Primeira Linha Jornal de Negócios Quarta-Feira, 8 de Fevereiro de 2012 A competitividade das empresas e do Estado Gestores defendem remunerações com prémios para os trabalhadores Háumanovaordemmundial,dizMiguelFrasquilho,que colocaaásianocentrodomundo,numaalturadesubida de impostos e cortes na Administração Pública. Empresas dizem que é importante valorizar os trabalhadores ALEXANDRA NORONHA MIGUEL PRADO. Umanodifícil,masquepodefazer com que o País ganhe competitividadeparaofuturo.estafoiumadas ideiasqueontemdominaramaconferência A Competitividade das EmpresasedoEstado,organizada pelo Negócios e pelaaccenture. E onde por mais que umavez se ouviu, daparte dos gestores, adefesa dos modelos de remuneração assentesemprémiosdedesempenho. AlbertodaPonte,presidenteda Sociedade Central de Cervejas, salientou a importância de factores como as remunerações variáveis. Não acredito que se motivem as pessoassemisso. Erapreferívelreduziraremuneração fixae manter avariável, disse o responsável, salientando que dar feedback aos colaboradoresetrabalharemequipa para atingir objectivos comuns sãotambémfactoresdemotivação. Silva Rodrigues, presidente da Carris,tambémsemostroupreocupado, porque, enquanto empresa pública,atransportadoranãopode dar prémios aos trabalhadores. E diz que os motoristas e guardafreiosdaempresasãoosprincipais prejudicados.opresidentedacarrisquisnoentantosalientarquea empresatem tido uma baixaadesão às greves, apesar de todas as condicionantes. E disse acreditar quemesmonestequadroháformas de compensaros trabalhadores. MiguelFrasquilho,economista, apontouqueafaltadecompetitividade aproxima mais Portugal da GréciadoquedaIrlanda.Masacredita, apesar de tudo, num futuro melhor. Estouconvencidodeque nãovamosterrecessãoemcimade recessão, disse. Isto apesar de admitirqueportugaléo elomaisfraco dazonaeuro aseguiràgrécia. Oeconomistaconsideraque Portugal estáafazero que é essencial para sair mais forte da crise. Muitasvezeséprecisodarumpassoatrásparadardoispassosàfrente de formasustentada, afirmouo MANHÃ DE DEBATE SOBRE EMPRESAS E ESTADO Perto de uma centena de pessoas assistiram à conferência promovida pelo Negócios e pela Accenture no hotel Tiara Park, em Lisboa. Com a competitividade das empresas e do Estado como prato forte, a manhã de debate serviu para reflectir sobre as perspectivas macroeconómicas do País, a posição de Portugal no mundo, as estratégias de promoção das empresas nacionais e a racionalização de custos. O outsourcing de processos foi outro dos temas analisados durante a conferência. Oempresário Henrique Neto esteve na assistência. A indústria dos moldes, à qual sempre esteve ligado, também foi referida no debate. O bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, foi aotiara Park Hotel ouvir falar sobre competitividade em Portugal. Uma plateia atenta acompanhou odebate promovido pelo Negócios em parceria com a Accenture.
5 . Jornal de Negócios Quarta-Feira, 8 de Fevereiro de 2012 Primeira Linha 9 economista. OantigosecretáriodeEstadodo Tesouro nota que Portugal não tinhacomofugiràausteridade. Nós não tínhamos hipóteses. Para termosoapoiodequeprecisávamostínhamosdeassumircompromissos edeoscumprir,declaroumiguel Frasquilho. Oeconomista,quesublinhouna conferênciapromovidapelo Negócios e pelaaccenture que 2012 é o ano em que não podemos falhar, disse ainda que actualmente não hámais margem de manobrapara aumentarimpostosecortarsalários epensões. Miguel Frasquilhosalientouváriasvezesqueomundoestádiferente. OqueaconteceunaEDPeREN é elucidativo danovaordem mundial.frasquilho,queétambémdeputado do PSD, disse que o novo mapamundial deixou de ter abaciadoatlântico nocentroepassou atera baciadopacífico. Recorde-sequePortugalalienou 21,35% do capital daedp aos chineses da Three Gorges e vendeu 25%daRENàStateGrid,outraempresaestatalchinesa. Nãoestamos habituadosaestanovaordem dissefrasquilho,afirmandoqueachina deverá ser a maior economia mundialapartirde Administração Pública estagnou a economia AAdministração Pública contribuiu paraestagnar aeconomia. A fraseédosecretáriodeestado AdjuntodoMinistroAdjuntoedosAssuntos Parlamentares, Feliciano BarreirasDuarte,queontemapontouodedoàsdiversastutelasquefizeram muito para ganhar eleições. O resultado, segundo o responsável, foique oestado endividou-se e tirou capacidade à banca de financiaras empresas. O governante disse ainda que temosuma AdministraçãoPúblicaquenuncacobroutantosimpostos nem nunca gastou tanto. Mas mesmo assim não consegue fazer faceaoquelheépedido. ECONOMIA, ESTADO E EMPRESAS Frasquilho diz que a bacia do Pacífico é agora ocentrodo mundo, em vez do Atlântico. Muitas vezes é preciso dar um passo atrás para dar dois em frente de forma sustentada. MIGUEL FRASQUILHO Economista Feliciano Barreiras criticou actuação da Administração Pública nos últimos anos. OEstado endividou-se e tirou capacidade àbancade financiar as empresas. FELICIANO BARREIRAS Sec de Estado Adjunto do ministro dos Assuntos Parlamentares Alberto da Ponte diz que não é possível gerir uma empresa sem factores de motivação. Para melhorar a competitividade, era preferível reduzir a remuneração fixa eaumentar avariável. ALBERTO DA PONTE Presidente da Central de Cervejas Frederido Moreira Rato, presidente da Reditus, à conversa com António Martins da Costa (CEO da EDP Internacional), um dos oradores. Manuel Alfredo de Mello (à direita na foto grande) vai integrar o Conselho Estratégico Internacional do BCP. Pub
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