industrial têm mercado na Colômbia"

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1 Empresas ENTREVISTA AO EMBAIXADOR DA COLÔMBIA EM PORTUGAL "Tecnologias, arquitectura e design industrial têm mercado na Colômbia" Há projectos de investimentos portugueses na Colômbia de mais de 800 milhões de dólares Bruno Simão

2 ALEXANDRA MACHADO O primeiro-ministro Passos Coelho começa hoje uma visita oficial à Colômbia O embaixador deste país em Portugal, Germán Santamaría Barragán, não parou nos últimos dias. E faladas oportunidades comerciais e de investimentos entre os países. ACoMmbiaapareochqjeem dia, como o El Dorado para as empresas portuguesas. Porque é que isso acontece? El Dorado é excessivo e exagerado, mas o aeroporto de Bogotá chama-se El Dorado, portanto quando entram na Colômbiaentram pelo El Dorado (risos). Arevista 'Time" há cerca de dois meses pôs na capa o presidente Juan Manuel Santos, com o título "O Regresso da Colômbia" e dizia que a Colômbia, depois de um processo grande de conflitos e de violência, nos últimos 10 anos teve um grande desenvolvimento e uma grande melhoria, porque melhorou a segurança interna e é um país que tem recursos humanos e naturais. Tem uma população que está a aproximar-se dos 50 milhões habitantes, tem uma dimensão 11 vezes superior a Portugal, equivalente a Espanha, França e Portugal. Tem uma mão-de-obra qualificada E tem grandes cidades, como Bogotá, com oito milhões habitantes, Medellín, Cali, Barranquilla, têm três a quatro milhões de habitantes cada Tem também recursos naturais, surgiu muito petróleo, minérios, ouro. Temos indústria como a dos têxteis. Custou muito esforço avançar porqueatendemosamuitosproblemas, mas como disse a "Time" a hora da Colômbia Mas porque é que os portugueses olham agora tanto paraacolômbia? No fundo são países parecidos. Há um sentimento físico, espiritual, cultural parecido. Claro, há muitas diferenças. A Colômbia também é um país generoso, recebe de braços abertos os estrangeiros e em especial os portugueses. Portugal desperta simpatias. Háum carinho natural por Portugal. As relações comerciais sáo poucas» Historicamente as relações comerciais são pequenas. Relações políticas interessantes, mas as comerciais não eram muitas. Aumentou. Actualmente há um processo de investimentos portugueses entre 800 milhões e mil milhões de dólares na Colômbia E investimentos colombianos cá? Também estamos interessados. Fala-se na Avianca. Está interessada AColômbia vai participar no processo, está à espera de ver o que se passa Também se esperava quealsa participasse na REUL. Não aconteceu. É importante para a Colômbia entrar para a Europa por Portugal? Muito importante. Há outros é mercados na Europa, como Alemanha, França, Inglaterra que para a Colômbia estão saturados. Portugal não está Portugal tem um conjunto de médias empresas... Que podem ir paraacolômbia? Sim. As tecnologias, a arquitectura e o design industrial têm um mercado colombiano interessante. Sozinhas ou em parceria? Em parceria, mas algumas sozinhas também. Portugal tem muitas PME com um maior desenvolvimento tecnológico e de inovação. É o que a Colômbia precisa? A Colômbia precisa de um processo de industrialização média, no qual Portugal tem oportunidade, porque tem investigação. Porexemplo, a empresa Prébuild vai abrir 25 fábricas de materiais de construção, com 300 milhões de euros. Já está no terreno, é real? Já tem escritório em Bogotá 300 milhões de euros em cinco ou oito anos para fábricas de cerâmicas, janelas, portas. A Mota-EngH é também uma empresa que já está na Colômbiaapensar na construção. As obras públicas sáo dos prindpais mercados para Portugal? Um dos grandes problemas da Colômbia é a falta de infra-estruturas, porque, primeiro, atrasou-se muito, segundo por causa da geografia, que é muito difícil, muitas montanhas. Além disso, agora com o Tra- Historicamente, relações políticas interessantes, mas comerciais não eram muitas. A Colômbia vai investir em infra-estruturas e há bastantes oportunidades. Estamos a dar 100 vistos de trabalho por mês a portugueses.

3 tado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos e, o que se espera, com a Europa, tem de se fazer um grande processo de infra-estruturas. A Colômbia vai investir 50 mil milhões de euros nos próximos cinco anos em infra-estruturas, como auto-estradas, aeroportos, portos, linhas ferroviárias e há bastantes oportunidades para os portugueses. 0 que seria um bom resultado desta visita ofldal de Passos Coelho? Pela primeira vez, vai haver um caraacaraentre osempresários portugueses e colombianos. Há uma grande reunião no dia 23 [amanhã] de negócios. Por norma, os empresários vão muito mais rápido do que os governos, que os estados. Proporcionar estas reuniões de negócio é uma oportunidade. Têm de sair negócios. Podem ser em percentagem pequena, mas isso já é importante. Há muitos colombianos em Portugal? Não. Amaior comunidade é ados 100 médicos colombianos. E pedidos de portugueses para a Colômbia? -20 vistos de trabalho. 100 vistos por mês. Antes eram 100 num ano. Colômbia: a crescer há 50 anos e nunca entrou em "default" Embaixador diz que os investidores não devem duvidar da segurança Todos os dias estamos a dar 10- Éfádl conceder vistos? Muito fácil, damosovisto rapidamente, quando têm documentos. Somos um país muito aberto. E turistas? Muito poucos. Haverum voo directo para Bogotá aumentaria Estamos a trabalhar nisso. Vai haver um acordo de cooperação no turismo. O grupo Pestana vai abrir o primeiro hotel [em Bogotá] e acreditamos que também o turismo português pode investir muito na Colômbia, tem muito conhecimento, tecnologia, inovação em serviços. É muito importante. A Colômbia poderá, este ano, ter um crescimento de 6%. Acrise, nomeadamente na Europa, pode levar a um valor mais baixo, mas não muito, e sempre de crescimento. Aliás, o embaixador da Colômbia em Portugal, Germán Santamaría Barragán, em entrevista ao Negócios, salienta que "a Colômbia tem crescimento económico constante e estável. Foi sempre positivo nos últimos 50 anos". Mas o próprio presidente colombiano, Juan Manuel Santos, alertou para a necessidade de ter cautelas, já que a crise europeia pode afectar os níveis de crescimento. Germán Santamaría Barragán, por outro lado, lembra, no entanto, que para muitas empresas europeias, nomeadamente espanholas, é a presença na América Latina que tem travado maiores dissabores. É o caso dos maiores bancos em Espanha Da Colômbia, a mensagem que chega é que o sistema financeiro é sólido, sem borbulhas creditícias. "Abanca colombiana é muito sólida", garante o embaixador. Salientando o crescimento que a Colômbia tem tido, Germán Santamaría Barragán fala, ainda, da estabilidade política - em 100 anos só houve três anos de ditadura "branda". "É opaís mais civilista da América Latina, com a democracia maior e mais constante". Lembra, ainda, que a Colômbia nunca deixou de pagar aos seus credores. "Default" não está na sua história. "Nunca foi intervencionada e nunca deixou de pagar abanca". Estabilidade é uma palavra que no entender deste diplomata caracteriza a Colômbia E fala, também, em segurança: física e jurídica Nos discursos oficiais há sempre a tónica de que na Colômbia não se vão passar episódios como o que aconteceu na Argentina, com a expropriação da Repsol na YPF. "O presidente Juan Manuel Santos foi quem abriu a economia, há 15 anos, quando era ministro da Economia E é um grande defensor do livre comércio e de abertura económica, da segurança jurídica e respeito pela propriedade estrangeira e pela repatriação de capitais". Também a garantia é dada quanto à segurança física Terrorismo, diz o diplomata, há também em Madrid, Nova lorque ou Paris. "Para os investidores estrangeiros não é factor preocupante ou impeditivo", garante o diplomata AM

4 PERFIL UM ESCRITOR QUE VEM DE UM PAÍS DE ESCRITORES E QUE GOSTA DE FERNANDO PESSOA Germán Santamaría Barragán, 62 anos, está em Portugal há cerca de um ano. É embaixador da Colômbia em Lisboa, Pessoa, a cidade de Fernando o seu escritor português preferido. O "Livro do Desassossego", do seu heterónimo Bernardo Soares, é destacado por Germán Santamaría Barragán, ele próprio um escritor. Colômbia já deu muito à cultura. A sua literatura, mas também a escultura (Botero), é reconhecida a nível mundial. Tal como Portugal também têm um Nobel da Literatura. Gabriel Garcia Márquez foi jornalista. Germán Santamaría Barragán também. Já não é a primeira vez que a Embaixada da Colômbia em Portugal recebe um escritor. Plínio Apuleyo Mendoza já foi embaixador em Portugal. Germán Santamaría Barragán escreveu ficção, mas refere o jornalismo como a sua anterior ocupação. Dirigiu a revista "Diners", mas foi durante muitos anos jornalista do "El Tiempo", um dos maiores jornais generalistas na Colômbia. Recebeu, por cinco vezes, o prémio de jornalista Simón Bolívar. Este jornalista, escritor e embaixador vê parecenças entre Portugal e a Colômbia, ou melhor, entre os portugueses e os colombianos. Sobre Portugal só tem elogios. "Parece-me um país muito bonito, generoso, as pessoas muito simpáticas, come-se muito bem e tem um bom clima". "Gosto da magia, da profundidade de Portugal em cada rua, casa, palácio, há profundidade e história, uma grandeza, um desenho. É um país que tem profundidade". E acrescenta que os portugueses "devem saber que têm um país muito bonito". Os portugueses conhecem expoentes da cultura colombiana, mas é também o futebol que tem trazido a Portugal a bandeira da Colômbia. Os jogadores Falcão e James Rodríguez são colombianos. As duas nações vão também estar unidas no próximo dia 20 de Julho, dia da Independência da Colômbia. No Teatro S. Luiz, fado e bolero vão juntar-se. Raquel Tavares, no fado, Lúcia Pulido, no Bolero. É uma forma de "unir as duas culturas". Mas gosta de Fado? "Muito, apesar de não entender nada. Gosto do sentimento e da música".

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