Análise: Desemprego Jovem e medidas de apoio IEFP. Análise: Desemprego Jovem e Medidas de Apoio IEFP

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1 Análise: Desemprego Jovem e Medidas de Apoio IEFP

2 Análise: Desemprego Jovem e Medidas de Apoio IEFP Com o número de jovens desempregados a não apresentar melhorias significativas, torna-se importante perceber que tipo de projetos tem o Governo disponíveis para incentivar à contratação. Foram selecionadas duas medidas do Instituto de Emprego e Formação Profissional Estágio Emprego e Estímulo Emprego e analisou-se a perspetiva dos jovens que fizeram parte das mesmas. Será que depois do período de apoio as empresas mantêm os postos de trabalho? Qual o feedback que os jovens transmitem? São duas das questões a que nos propomos dar resposta, à luz daquilo que é também noticiado em Portugal sobre o tema e tendo como base as experiências partilhadas na Internet. Importa ainda perceber o impacto que as medidas do IEFP assumem junto das empresas. No maior site de ofertas de emprego em Portugal com vai-se analisar a quantidade de ofertas existentes para os jovens: quer as que exigem elegibilidade para apoios, quer as de contrato efetivo. O objetivo é fornecer dados que permitam tirar conclusões sobre os incentivos do Estado e perceber se os mesmos estão a ser utilizados da melhor forma. 1

3 Análise Numa fase inicial, com uma amostra de 183 publicações em fóruns, blogues e sites de notícias verifica-se que o sentimento geral dos jovens que fizeram parte de medidas de incentivo à contratação é negativo. Das 183 publicações apenas 33 se referem às experiências profissionais como positivas, sendo que 120 são negativas e as restantes neutras. De 01 de janeiro a 15 de dezembro de

4 Muitos dos comentários referem o longo tempo de espera para aprovação das medidas e levantam dúvidas quanto à possibilidade de subsidio de desemprego findo o estágio, o que demonstra que muitas das empresas não mantêm os postos ocupados depois do estágio acabar. Num relatório sobre a Execução do Orçamento da Segurança Social publicado no Diário Económico, o Tribunal de Contas registou que, em 2014, penas um terço dos estagiários (33,3%) foram "integrados no mercado de trabalho" após um estágio. Esta percentagem é inferior à de 2013, que registava uma empregabilidade de 42,4%. No meu caso e após aprovação de direito a estágio, encontro-me faz já 3 meses à espera que, o IEFP confirme junto da entidade formadora o meu estagio profissional. É normal este tempo de espera? In: Terminei o estágio Profissional de 1 ano, tenho direito ao Fundo de Desemprego? E se tenho, quanto tempo tenho para puder beneficiar? In: Termino agora em dezembro um estágio profissional de 9 meses! Não tenho direito a nenhum tipo de subsídio de desemprego uma vez que fico sem retaguarda? Boa tarde, gostaria de confirmar a informação em relação aos documentos que a entidade patronal tem de nos dar para termos direito ao subsidio de desemprego. Acabando o estágio não somos avaliados? Não temos de avaliar a entidade patronal? Qual/quais o(s) documentos(s) que necessitamos p/ dar entrada no processo de fundo desemprego? Obrigada In: 3

5 Por outro lado, os enfoques positivos vêm de jovens cujas experiências de estágio foram produtivas. Há predominância de notícias sobre novas medidas de incentivo e sobre o empenho do governo em arranjar soluções para os jovens. Das 33 entradas registadas como positivas, 15 constam em fóruns e blogues e 18 vêm sob a forma de notícias e artigos publicados nos media portugueses. O meu estágio demorou 4 meses mas também era final do ano, entrei em dezembro do ano passado comecei logo a trabalhar e o contrato oficial só veio em abril, mas até lá fizeram me um contrato de curta duração. Atualmente já não estou nessa empresa, espantou me a quantidade de estagiários em que 70% era estagiários e os restantes efetivos, mas lá esta as medidas benéficas a mostrarem o seu valor para as empresas quantos mais estagiários menos impostos pagam. Foi o meu primeiro emprego infelizmente não era o que estava a espera, pela entrevista que tive na sede da empresa fiquei espantado com a qualidade enquanto que o ambiente era péssimo afinal as aparências iludem, tinha de fazer 50 kms diários e o salário mínimo não era propriamente um dos melhores atrativos. Gastava 150 em gasolina. Mas graças a Deus ja arranjei algo bem melhor e mais perto de casa mas afirmo que os estágios profissionais não deixam de ser uma boa forma de os jovens entrarem no mercado de trabalho. In: Também por ser fim do ano, pode estar a atrasar o processo. O meu estágio está a 1 mês do final, e não me podia estar a correr melhor... e também demorou uns 2 ou 3 meses(por ser final do ano) até ser aprovado(sendo que durante o período de espera tão longo, comecei a trabalhar na empresa antes de saber a resposta do IEFP). In 4

6 Com tantos casos relatados é importante analisar que ofertas de emprego têm afinal os jovens ao seu dispor. Pegando no site net-empregos percebeu-se que, entre 1 de janeiro 15 de dezembro de 2015, o site publicou mais de 870 ofertas relacionadas com as medidas de apoio promovidas pelo IEFP, desde estágios profissionais a medidas do estímulo emprego. Estes números tornam-se mais drásticos tendo em conta que o número de ofertas para recém-licenciados que não envolvam medidas do IEFP se encontra na ordem das

7 A par do que se contata nos fóruns e blogues, também as notícias, artigos e entrevistas veiculadas sobre o desemprego jovem foram carregadas de sentimentos negativos. O enfoque esteve em temas como a emigração, a falta de oportunidades e a má qualidade dos empregos oferecidos aos recém-licenciados. De 01 de janeiro a 15 de dezembro de 2015 Há tantos jovens qualificados a não terem oportunidades de emprego nas suas áreas, tanto assim é que alguns são obrigados a emigrar ou a arranjar trabalho noutra área qualquer. É muito mau não só para os jovens, mas também para as suas famílias e para o país que investiram neles. In Público: A OCDE considera que ( ) o elevado nível de desemprego jovem e de longa duração continua a limitar o potencial de crescimento da economia. In expresso: -de-3 Catarina Martins afirmou que o GUE tem tido posições muito claras sobre romper com a austeridade e de novas políticas para permitir que se ataquem problemas tão graves como o desemprego jovem In Público: A Inspeção Geral de Finanças está a bloquear 17, 5 milhões de euros de verbas já enviadas pela Comissão Europeia para apoiar estágios profissionais de jovens desempregados nas autarquias. In RTP: 6

8 A análise foi feita com uma amostra de 358 notícias e demonstra que, das mesmas, apenas 44 tiveram uma conotação positiva, referindo novas medidas do Governo para a contratação jovem e dando exemplos de sucesso. No entanto, a maioria dos assuntos noticiados teve uma conotação negativa. A palavra de ordem foi desemprego, seguida da palavra governo. A palavra governo, aparecendo maioritariamente associada à palavra desemprego cria um ciclo de negativismo naquilo que se lê. Focam-se diferentes partidos, diferentes medidas e objetivos mas, sempre que se fala de desemprego jovem, fala-se também do Governo. 7

9 A verdade é que o desemprego jovem não tem apresentado grande melhorias, o que prova que as medidas não têm tido o impacto desejado pelo Governo. De acordo com os dados da OCDE, relativos a outubro de 2015, o desemprego jovem em Portugal atinge atualmente uma taxa de 32% sendo ultrapassado pela Grécia (44,9%) e pela Espanha (47,7%). Na zona Euro, de um modo geral, o desemprego atinge uma percentagem de 22,3%. 8

10 Conclusões da Análise Apesar dos esforços do Governo as medidas de apoio à contratação não têm impacto relevante na continuidade dos jovens nos seus postos de trabalho; Nos fóruns e blogues somam-se as críticas a estas medidas e a partilha de experiências negativas ultrapassa as positivas com os jovens a acusar as empresas de se aproveitarem das medidas para terem mão de obra qualificada gratuitamente; Os meios de comunicação portugueses tratam o desemprego jovem nas notícias sob o ponto de vista da negatividade, assumindo o mesmo como uma infelicidade para o país; Os números do desemprego não apresentam melhorias o que leva a crer que as medidas, embora permitam uma experiencia profissional, não se traduzem na criação de postos de trabalho efetivos. 9

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