UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais CONTABILIDADE FINANCEIRA II EXAME FINAL

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1 CONTABILIDADE FINANCEIRA II Equipa Docente: Cristina Neto de Carvalho Gioconda Magalhães Data: 30 de Junho de 2007 Sílvia Cortês Duração: 2 horas e 30 minutos Joana Peralta Sofia Pereira Luiz Ribeiro EXAME FINAL Responda a cada grupo em folha separada Em anexo encontram-se as Demonstrações Financeiras Consolidadas da Sonaecom, SGPS, relativas ao ano Em todos estes documentos, os valores estão apresentados em euros. A Sonaecom opera na área de telecomunicações móveis, fixas e internet, multimedia e consultadoria em sistemas de informação. Entre as participações destaca-se a Optimus. Durante o período em análise o grupo lançou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a Portugal Telecom. A concepção e implementação desta operação envolveu custos muito significativos. A operação não se concretizou. Grupo I (3,5 valores 25 minutos) A Nota 1d) do Anexo ao Balanço e Demonstração de Resultados apresenta a seguinte informação: As imobilizações incorpóreas encontram-se registadas ao custo de aquisição, deduzido das amortizações acumuladas e eventuais perdas de imparidade. As imobilizações incorpóreas só são reconhecidas se for provável que delas advenham benefícios económicos futuros para o Grupo, se o mesmo possuir o poder de controlar as mesmas e se possa medir razoavelmente o seu valor. As amortizações são calculadas pelo método das quotas constantes, por duodécimos, durante o período estimado da sua vida útil (três a seis anos), a partir do mês em que as correspondentes despesas sejam incorridas, sendo as licenças de operador de rede móvel e de rede fixa amortizadas. 1. Diga o que entende por: a. Método das quotas constantes. Máx. 4 linhas. b. Duodécimos. Máx. 4 linhas. c. Perdas de imparidade. Máx. 6 linhas. 2. Justifique porque razão a empresa amortiza as licenças de operador de rede. Máx. 6 linhas. Contabilidade Financeira II Exame Final Ano lectivo 2006 /

2 3. A IAS 16 Activos fixos tangíveis refere: 61. O método de depreciação aplicado a um activo deve ser revisto pelo menos no final de cada ano financeiro e, se existiu alguma alteração significativa no modelo esperado de consumo dos futuros benefícios económicos incorporados no activo, o método deve ser alterado para reflectir o modelo alterado. Tal alteração deve ser contabilizada como alteração numa estimativa contabilística de acordo com a IAS 8. Indique em que medida esta possibilidade de revisão de método de depreciação pode ser utilizada para manipular os resultados. Máx. 8 linhas. Grupo II (4,5 valores 35 minutos) 1. A Nota 8 do Anexo ao Balanço e Demonstração de Resultados relativa a Investimentos disponíveis para venda apresenta os seguintes dados: a. Explique as origens das alterações do valor líquido de Activos disponíveis para venda em 2006, relacionando com os objectivos da Sonaecom para 2006/ 2007, referidos na página 1. b. Determine o impacto destas alterações na Demonstrações de Fluxos de Caixa. c. Como se justifica o valor líquido apresentado em cada um dos anos para a participação SESI Sociedade de Ensino Superior e Investigação, S A. Contabilidade Financeira II Exame Final Ano lectivo 2006 /

3 2. Considere a Nota 28 do Anexo ao Balanço e Demonstração de Resultados relativa a Outros passivos correntes: Também a Nota1 r) refere: Os proveitos relacionados com os cartões pré-pagos são reconhecidos à medida que os minutos são consumidos. No final de cada período é efectuada uma estimativa dos minutos por consumir e o valor de receita associado a estes minutos é diferido. a. Com base nesta informação indique quais os lançamentos realizados no momento do prépagamento e do consumo. Indique qual a base para apresentação das Demonstrações financeiras (princípio contabilístico) que está na origem destes lançamentos. b. Explique quais os factos que estiveram na origem das seguintes rubricas: i. Custos com o pessoal ii. Encargos financeiros a pagar. Contabilidade Financeira II Exame Final Ano lectivo 2006 /

4 Grupo III (2 valores 15 minutos) Utilizando as Demonstrações financeiras e a informação de seguida apresentada: 1. Determine para 2006 o valor das compras de Mercadorias e matérias-primas tendo presente que a Regularização de existências atingiu o montante euros (saldo credor). 2. Efectue, também para 2006, o lançamento referente às Perdas de imparidade em existências. Grupo IV (2,5 valores 20 minutos) O Relatório e contas refere um aumento de capital social realizado em 2006 nas seguintes condições: Aumento do capital social Na sequência da aprovação do aumento de capital social pelos accionistas da Sonaecom, na Assembleia Geral Extraordinária de 18 de Setembro de 2006, e da execução da respectiva escritura pública, a 18 de Outubro de 2006, o capital social da Sonaecom foi aumentado de 296,5 milhões de euros para 366,2 milhões de euros através da emissão de 69,7 milhões de novas acções, com um valor nominal de 1 euro cada e um prémio de emissão no valor de 275,7 milhões de euros. 1. Calcule o preço de emissão de cada acção. 2. Caso a Sonae tivesse procedido a um aumento de capital por incorporação de reservas de 100 milhões de euros quantas acções teria emitido e qual o preço de emissão praticado? 3. O Resultado líquido de 2005, no montante de euros, foi aplicado em Reserva legal ( euros) e em Outras reservas ( euros). Indique qual o lançamento realizado. Contabilidade Financeira II Exame Final Ano lectivo 2006 /

5 Grupo V (7,5 valores 55 minutos) 1. Analise o activo da empresa (valores, estrutura e evolução), relacionando-o com a sua actividade. Máx. 15 linhas. 2. Calcule o EBIT e o EBITDA. 3. Comente a performance económica da empresa (valores, estrutura e evolução). Máx. 15 linhas. 4. Relativamente à Demonstração de fluxos de caixa: a. Comente o Fluxo das actividades operacionais. Máx. 4 linhas b. Analise os investimentos feitos pela empresa. Máx. 4 linhas Contabilidade Financeira II Exame Final Ano lectivo 2006 /

6 RESOLUÇÃO DO EXAME FINAL Grupo I (3,5 valores 25 minutos) 4. a. O método das quotas constantes é um método de amortização/ depreciação, em que a amortização/depreciação do exercício se mantém constante ao longo da vida útil do activo fixo. Aplica-se uma taxa constante ao valor contabilístico bruto. 1. b. No método dos duodécimos a amortização/depreciação do exercício é feita com base mensal e não anual. No ano da aquisição não se procede à amortização anual mas sim ao duodécimo dessa amortização a multiplicar pelo número de meses que o bem esteve na empresa. O bem é amortizado/depreciado no mês da compra mas não no mês da venda. 1. c. Um activo está com imparidade quando a sua quantia escriturada exceder a quantia recuperável. A quantia escriturada é o valor contabilístico líquido. A quantia recuperável é o máximo valor entre o justo valor um activo menos os custos de o vender (quanto é que me rende a sua venda líquida) e o seu valor de uso (quanto é que o activo gera de valor ao ser usado pela empresa). Se o activo está com imparidade o seu valor contabilístico deve ser reduzido para o seu valor recuperável. 2. A empresa amortiza as licenças de operador de rede porque estas têm uma vida útil limitada. Neste sentido quando a licença terminar não vale nada. Então é necessário ir imputando o custo do uso desta licença ao exercício, tal como é necessário reflectir no valor do activo o facto de ela ir perdendo valor à medida que se aproxima do seu vencimento. 3. As depreciações do exercício são um custo pelo que vão afectar o resultado da empresa e os impostos que a mesma vai pagar. Por outro lado não envolvem qualquer pagamento. Assim, caso se altere o método de amortização também se alteram os resultados da empresa. Torna o processo todo mais subjectivo e permite uma maior manipulação dos resultados. Empresas que pretendam apresentar resultados superiores fazem uma depreciação menor, enquanto que empresas que pretendam apresentar resultados inferiores fazem uma depreciação maior. Contabilidade Financeira II Exame Final Ano lectivo 2006 /

7 Grupo II (4,5 valores 35 minutos) 1. a. O valor líquido dos activos disponíveis para venda aumentou de euros de 2005 para 2006 devido à aquisição de acções da PT. Vai de encontro dos objectivos da empresa porque a Sonaecom pretendia lançar uma OPA sobre a PT. 1. b. O fluxo das actividades de investimento torna-se mais negativo devido a aquisição de investimentos financeiros. 1. c. O valor líquido é de 0 em ambos os anos. No entanto em 2005 registava-se euros em valor bruto e o mesmo montante em perdas de imparidade acumuladas. Em 2006 não existe nem valor bruto nem perdas de imparidade. Ou a empresa foi vendida ou foi à falência. 2. a. Como acho que devia ser feito: Momento do pré-pagamento: (D) DO (B-A) montante pago (C) Receita antecipada de clientes (B-P) montante pago Momento da utilização: (D) Receita antecipada de clientes (B-P) montante usado (C) Prestação de serviços (DR P) montante usado Pela nota o que parece ter sido feito: Momento do pré-pagamento: (D) DO (B-A) montante pago (C) Prestação de serviços (DR P) montante pago No fim do período: (C) Receita antecipada de clientes (B-P) montante por usar (C) Prestação de serviços (DR P) montante por usar A base para apresentação das Demonstrações financeiras (princípio contabilístico) que está na origem destes lançamentos é o acréscimo ou especialização dos exercícios. 2. b. Em ambos os casos estamos a falar de acréscimos de custos. Ainda não temos o documento comprovativo mas a responsabilidade já foi gerada. iii. Deve dizer respeito a férias e subsídios de férias a pagar em 2007 mas que se tornam obrigatórios para a empresa no final de iv. Deve dizer respeito a encargos financeiros a pagar mais tarde devido a empréstimos bancários usados em Contabilidade Financeira II Exame Final Ano lectivo 2006 /

8 Grupo III (2 valores 15 minutos) 3. Compras = custo das vendas + Ef Ei +/- reg ex = = = (C) Proveitos operacionais (DR-P) (D) Perdas de imparidade em ex. (B-Reg. A) Grupo IV (2,5 valores 20 minutos) 4. Preço de emissão de cada acção = valor nominal + prémio de emissão = = ,7 / 69,7 = 4,96 5. Visto o valor nominal das acções ser de 1 euro teria emitido 100 milhões de acções. O preço de emissão tem de ser de 0. Por isso não há encaixe. 6. (D) Resultado líquido (C) Reserva legal (C) Outras reservas (Aceitar também caso os alunos façam primeiro a transferência para resultado transitado e só depois a aplicação) Contabilidade Financeira II Exame Final Ano lectivo 2006 /

9 Grupo V (7,5 valores 55 minutos) 5. O total do activo foi de M em 2006, registando uma subida de 18,5% face a 2005 em que atingiu os M. As rubricas que mais contribuíram para esta evolução foram as diferenças de consolidação e os investimentos disponíveis para venda, enquanto que a caixa diminuiu. O activo não corrente atingiu os M, representando 78% do activo total. Destacam-se as diferenças de consolidação (507 M) e as imobilizações corpóreas (495 M) com um peso no total do activo de 29,5% e 28,8% respectivamente. É de salientar também as imobilizações incorpóreas (com um valor de 167 M e um peso no activo de 9,7%) e os investimentos disponíveis para venda (112 M), que como já foi referido aumentaram muito significativamente (9.258%). As diferenças de consolidação justificam-se por se tratar de um grupo económico, as imobilizações corpóreas dizem sobretudo respeito ao equipamento básico (rede), as imobilizações incorpóreas incluem as licenças e os investimentos disponíveis para venda dizem sobretudo respeito à aquisição de acções da PT com o objectivo (falhado) de uma OPA. O activo corrente foi de 377 M representado 22% do total do activo. A principal rubrica é a de clientes (152 M 9%), seguida de perto pela caixa (126 M 7%). No entanto esta última rubrica sofreu uma queda significativa (-40%). Os outros activos correntes também tiveram um peso significativo (63 M 4%). Dado que estamos a falar de uma empresa de serviços é natural que as existências tenham um peso diminuto, de 1% do activo EBIT = = = EBITDA = = = EBIT = = = EBITDA = = = Devemos aceitar as duas versões embora a primeira esteja mais correcta porque na realidade os custos com a OPA não são operacionais e sobretudo não são recorrentes. Contabilidade Financeira II Exame Final Ano lectivo 2006 /

10 7. Os proveitos operacionais atingiram os 868 M em 2006, representado um crescimento de 2% face ao ano anterior em que foram de 849 M. A prestação de serviços é o principal proveito da empresa, representando cerca de 86% to total em ambos os anos. Os outros proveitos operacionais, embora de reduzido valor, registaram um crescimento significativo de 451%. Os custos operacionais mantiveram-se sensivelmente constantes na casa dos 820M. Os FSE são o principal custo, com um valor de 457M em 2006, o que corresponde a 53% dos proveitos operacionais (PO). Seguem-se as depreciações com 136 M (16% PO) e os custos com o pessoal com 103 M. (12% PO). Tanto o EBIT como o EBITDA aumentaram de 27M e 165M para 49M e 195M respectivamente, dado o crescimento dos proveitos e manutenção dos custos operacionais. No entanto os custos com a OPA (31M) reduziram bastante o resultado, o que, em conjunto com o agravamento dos custos financeiros e o montante de IRC pago levaram a que o RL fosse negativo de 5M face a 12M positivos em No entanto o problema não parece estar na parte operacional (que aparentemente até melhorou) mas sim na extra operacional, sobretudo devido aos custos com a OPA. Nota: dado o grande crescimento dos outros proveitos operacionais fui ver o que eram. Referem-se a mais valias. Assim, para a análise estar totalmente correcta teríamos de as retirar do resultado operacional o que levaria a uma alteração em termos das conclusões relativas à parte operacional. Apesar do EBITDA se manter quase constante face a 2005, o EBIT sofria uma redução. 8. a. Em 2006 o FAO é positivo (123M) mas decrescente (145M em 2005). É suficiente para pagar juros (19M) mas não os investimentos de substituição (136). b. A empresa fez investimentos líquidos de 182M. No entanto grande parte deste valor foi aplicado em investimentos financeiros (compra das acções da PT). O investimento em activos fixos foi inferior ao que deveria ter sido o investimento de substituição. Contabilidade Financeira II Exame Final Ano lectivo 2006 /