VOL/CRF-326/2009 RECORRENTE: JMA COMÉRCIO

Transcrição

1 Acórdão nº 156/2010 Recurso VOL/CRF-326/2009 RECORRENTE: JMA COMÉRCIO DE MATERIAIS ELÉTRICOS E FERRAGENS LTDA. EPP RECORRIDA: GERÊNCIA EXECUTIVA DE JULGAMENTO DE PROCESSOS FISCAIS PREPARADORA RECEBEDORIA DE RENDAS DE JOÃO PESSOA : AUTUANTE: EDUARDO CALISTO RIBEIRO RELATOR: CONS. FRANCISCO GOMES DE LIMA NETTO RECURSO VOLUNTÁRIO DESPROVIDO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. SISTEMA DE AUTOMAÇÃO COMERCIAL NÃO CONCOMITANTE COM O REGISTRO E EMISSÃO DE CUPOM FISCAL. AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE. MANTIDA A DECISÃO RECORRIDA. É terminantemente vedado ao contribuinte o uso de Sistema de Automação Comercial que deixe de emitir, concomitantemente, o cupom fiscal. Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc... A C O R D A M os membros deste Conselho de Recursos Fiscais, à unanimidade de acordo com o voto do relator pelo recebimento do RECURSO VOLUNTÁRIO, por regular e tempestivo, e quanto ao mérito, pelo DESPROVIMENTO, para manter inalterada a decisão de primeira instância, e julgar PROCEDENTE o Auto de Infração de Estabelecimento nº / , lavrado em 10 de julho de 2008, contra a empresa JMA COMÉRCIO DE MATERIAIS ELÉTRICOS E FERRAGENS LTDA., inscrita no Cadastro de Contribuintes do ICMS-PB sob nº , devidamente qualificada nos autos, e tornar exigível o crédito tributário de R$ 5.442,00, valor este equivalente a 200 (duzentas) UFR-PB à época da cosntatação da irregularidade fiscal, por infringir o art. 339 do Regulamento do ICMS-PB, aprovado pelo Decreto nº /1997, e concernente à multa por descumprimento de obrigação acessória, com fulcro no art. 85, VII, o, da Lei nº 6.379/1996..

2 Continuação do Acórdão n.º 156/ P.R.I. Sala das Sessões do Conselho de Recursos Fiscais, 09 de julho de FRANCISCO GOMES DE LIMA NETTO CONS. RELATOR R E L A T Ó R I O Recurso Voluntário impetrado por JMA Comércio de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda. EPP, inscrita no Cadastro de Contribuintes do ICMS-PB sob nº , em conformidade com o art. 125 da Lei nº 6.379/1996, ante a decisão contrária aos seus interesses, proferida pela Gerência Executiva de Julgamento de Processos Fiscais, ao considerar procedente o Auto de Infração de Estabelecimento nº / , lavrado em 10 de julho de A peça vestibular traz a seguinte acusação: UTILIZAR O ECF DE FORMA IRREGULAR. Acresce o fazendário que Por estar operando vendas através do ECF, número de fabricação , sem concomitância na impressão do cupom fiscal, contrariando o que preceitua o RICMS e a declaração conjunta assinada [pelo contribuinte e empresa responsável pelo sistema]. Infração cometida conforme art º combinado com o art. 339 do RICMS, aprovado pelo Decreto nº /1997. Penalidade proposta conforme art. 85, VII, o combinado com o art. 85, VII, f, da Lei nº 6.379/1996 (200 UFR-PB) por ECF. (fl. 03) A empresa autuada foi cientificada da acusação na própria peça vestibular (fl. 03), tendo reclamado tempestivamente, onde alega em sua defesa que [...] ao emitir suas notas fiscais mod-1, emitidas eletronicamente (EDF), sistema este onde todos os produtos comercializados pela referida são informados na Guia de Informação Mensal (GIM), tanto na entrada como na saída das mercadorias, inocentemente achávamos que não era mais necessária a emissão do cupom fiscal para aquela mesma venda, por medo que com isso houvesse uma bitributação. Considera que a autuação é injusta e que não houve perda de arrecadação para o erário (fl. 09). O representante fazendário reafirma que a empresa não atendeu às exigências estabelecidas nos arts. 345, 5º; 346, III e 368, 1º do RICMS-PB e aos termos da Declaração

3 Continuação do Acórdão n.º 156/ Conjunta assinada pelo próprio contribuinte e representante da firma responsável pelo sistema instalado, o que o levou a emitir o Termo de Autenticação de Arquivo Eletrônico para registrar a irregularidade, descaracterizando assim a defesa apresentada. Pede, ao término, que seja mantida a autuação (fls. 13 e 14). Sem registro de processo definitivamente julgado, que ateste a presença de reincidência pela autuada da infração capitulada na inicial (fls. 16 e 17), foram os autos conclusos (fl. 18) e encaminhados à Gerência Executiva de Julgamento de Processos Fiscais, onde foram distribuídos para a nobre julgadora Ivônia de Lourdes Lucena Lins, que se pronunciou pela procedência da autuação (fls. 20 a 22), com a seguinte ementa: USO IRREGULAR DO ECF. Caracterização. O uso irregular do ECF por estar operando vendas sem concomitância na impressão do cupom fiscal é passível de penalidade por descumprimento de obrigação acessória. Argumentos inócuos. Conseqüência. Procedência do feito. AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE. A empresa autuada foi cientificada da decisão preliminar por meio de Aviso de Recebimento (fls. 24 e 25), da qual recorre tempestivamente a essa Corte Administrativa alegando, em síntese: a) que a acusação assenta-se em um Termo de Autenticação de Arquivos Eletrônicos, sem qualquer outra prova material; b) que o referido Termo poderia ganhar legitimidade se identificasse quais operações de vendas foram realizadas sem a emissão de notas fiscais de saída e dos respectivos cupons fiscais; e c) que cabe a quem acusa o dever de provar o comportamento irregular do acusado. Pede, por fim, que seja declarada a improcedência do feito fiscal (fls. 26 a 29). Chamado a se pronunciar, o representante fazendário considera que as alegações da empresa autuada são meramente protelatórias, uma vez que foi constatado que a mesma vinha usando impressora não fiscal no recinto de atendimento ao público e o programa aplicativo não atendia à concomitância necessária, não obstante a declaração conjunta assinada pelo representante legal do contribuinte e o desenvolvedor do software. Solicita que seja confirmada a manutenção do feito fiscal (fl. 32). Eis o Relatório. V O T O

4 Continuação do Acórdão n.º 156/ Trata o presente contencioso de descumprimento de obrigação tributária dita acessória, verificada através de ação fiscal junto ao estabelecimento da recorrente, onde o autuante constatou que não havia a concomitância necessária entre o software de automação comercial e o Equipamento Emissor de Cupom Fiscal. O fim precípuo das obrigações acessórias é dotar a Administração Fazendária dos mecanismos necessários à constatação do efetivo recolhimento dos tributos devidos por parte dos contribuintes. Na seara do ICMS, entre as diversas obrigações acessórias, encontramos muitas que se reportam ao emprego de software de automação comercial no efetivo controle das vendas do estabelecimento, o qual deve, obrigatoriamente, captar o registro dessas vendas e transferir de imediato seus dados para o Equipamento Emissor de Cupom Fiscal, que não somente armazenará os dados da transação mercantil na memória fiscal, para posterior conhecimento e homologação do Fisco, como também emitirá os comprovantes da referidas vendas. Noutros termos, é obrigatório para os contribuintes que usam sistemas informatizados de controle das vendas e Equipamentos Emissores de Cupons Fiscais que haja concomitância entre o registro da venda e a transferência dos dados concernentes à mesma para o Equipamento Emissor de Cupom Fiscal e imediata emissão e entrega deste ao consumidor. Assim, ao requerer o uso de Equipamento Emissor de Cupom Fiscal, contribuinte e responsável pelo programa aplicativo se comprometem junto ao Fisco Estadual, por meio de declaração conjunta assinada e registrada em cartório, de que o software de controle das vendas não permitirá o registro dessas sem a necessária transferência dos dados para o aludido Equipamento Emissor de Cupom Fiscal. É o que dispõem os arts. 339, VIII; 345, 5º, e 368, 1º, do Regulamento do ICMS-PB, a saber: Art O uso de ECF será autorizado pela Secretaria de Estado da Receita, em requerimento preenchido no formulário "Pedido de Uso ou Cessação de Uso de Equipamento Emissor de Cupom Fiscal", Anexo 87, no mínimo em 3 (três) vias, contendo as seguintes informações: (...) VIII - a declaração conjunta do contribuinte e do responsável pelo programa aplicativo, modelo padronizado pela SER/PB, garantindo a conformidade deste com a legislação vigente; Art O ECF deverá apresentar, no mínimo, as seguintes características: (...) 5º Os registros das mercadorias vendidas devem ser impressos no cupom fiscal de forma concomitante à respectiva captura das informações referentes a cada item vendido ao consumidor. Art É permitida a interligação de ECF-PDV ou ECF-IF a computador ou a periféricos que permitam um posterior

5 Continuação do Acórdão n.º 156/ tratamento de dados. 1º É permitido ECF-MR interligado a computador, desde que o "software" básico, a exemplo do que acontece nos demais equipamentos, não possibilite ao aplicativo alterar totalizadores e contadores, habilitar funções ou teclas bloqueadas, modificar ou ignorar a programação residente do equipamento ou do "software" básico, conforme estabelecido em parecer de homologação da COTEPE/ICMS. Nesse sentido, constam nos autos dois elementos que, de modo contundente, confirmam a prática da infração exposta na peça vestibular: a análise dos dados do software de automação comercial utilizado pelo contribuinte em contraste com a ausência de registro das vendas no Equipamento Emissor de Cupom Fiscal e a confissão expressa de um dos sóciosadministradores que alegou, sem juntar provas, que o estabelecimento emitia notas fiscais, mod. 1, e, inocentemente, achava que não mais seria necessário emitir cupons fiscais das vendas controladas pelo software básico sem concomitância com o seu Equipamento Emissor de Cupom Fiscal (fls. 6 e 9), contrariando assim as disposições da Declaração Conjunta, que firmou ao lado do representante da empresa Software-House (Softcom Tecnologia Ltda.) (fl. 7) É importante que se registre que, ao obter os dados para análise concernente ao software básico e ao Equipamento Emissor de Cupom Fiscal, o fazendário os autenticou mediante o emprego de algoritmo hash de padrão internacional, denominado MD5 ou Message Digest Algoritm-5, entregando ao recorrente cópia dos mesmos (fl. 6). O emprego do MD-5 assegura, tanto à Fazenda Estadual como ao contribuinte, a integridade dos arquivos e dados neles inseridos, ao tempo em que confere veracidade às informações deles extraídos. A partir desse procedimento adotado pela fiscalização, após análise do software básico e do Equipamento Emissor de Cupom Fiscal utilizados pela empresa autuada, é possível ter a certeza de que não há a concomitância exigida entre aquele programa e este os mecanismos de registros desse equipamento. Configurado está, pois, o cometimento da infração pela recorrente e válida é a exigência formulada pela Fazenda Estadual. Corrobora o nosso entendimento manifestação dessa Colenda Corte que, recentemente, pronunciou-se pela procedência de acusação, em caso bastante similar, quando da análise do Recurso VOL-CRF nº 090/2009, que redundou no Acórdão CRF nº 294/2009, resumido na seguinte ementa da lavra do nobre Conselheiro José Gomes de Lima Neto: RECURSO VOLUNTÁRIO DESPROVIDO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. IRREGULARIDADE NO USO DO ECF. CONFIRMAÇÃO. MANTIDA A DECISÃO RECORRIDA. AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE. Confirmada a irregularidade no uso do equipamento ECF, pela utilização de programa aplicativo que permite os registros de vendas efetuadas sem a impressão concomitante do cupom fiscal, impondo-se a aplicação de penalidade pecuniária por

6 Continuação do Acórdão n.º 156/ Isso posto, descumprimento de obrigação acessória, diante da insustentabilidade dos argumentos apresentados pela empresa autuada, não sendo bastantes para elidir a acusação. V O T O - pelo recebimento do RECURSO VOLUNTÁRIO, por regular e tempestivo, e quanto ao mérito, pelo DESPROVIMENTO, para manter inalterada a decisão de primeira instância, e julgar PROCEDENTE o Auto de Infração de Estabelecimento nº / , lavrado em 10 de julho de 2008, contra a empresa JMA COMÉRCIO DE MATERIAIS ELÉTRICOS E FERRAGENS LTDA., inscrita no Cadastro de Contribuintes do ICMS-PB sob nº , devidamente qualificada nos autos, e tornar exigível o crédito tributário de R$ 5.442,00, valor este equivalente a 200 (duzentas) UFR-PB à época da cosntatação da irregularidade fiscal, por infringir o art. 339 do Regulamento do ICMS-PB, aprovado pelo Decreto nº /1997, e concernente à multa por descumprimento de obrigação acessória, com fulcro no art. 85, VII, o, da Lei nº 6.379/1996. Sala das Sessões do Conselho de Recursos Fiscais, em 09 de julho de FRANCISCO GOMES DE LIMA NETTO Conselheiro Relator

7 Continuação do Acórdão n.º 156/2010 7