Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc...

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1 Processo nº Acórdão nº 011/2012 Recurso HIE/VOL/CRF-390/2010 1ª Recorrente: GERÊNCIA EXECUTIVA DE JULGAMENTO DE PROCESSOS FISCAIS 1º Recorrida: RAPIDÃO COMETA LOGISTICA E TRANSPORTE S/A. 2º Recorrente: RAPIDÃO COMETA LOGISTICA E TRANSPORTE S/A. 2ª Recorrida: GERÊNCIA EXECUTIVA DE JULGAMENTO DE PROCESSOS FISCAIS Preparadora: RECEBEDORIA DE RENDAS DE JOÃO PESSOA Autuantes: WAGNER LIRA PINHEIRO E KLÉBIA CÁSSIA NUNES DE CASTRO Relator: CONS. JOSÉ DE ASSIS LIMA RECURSOS HIERÁRQUICO E VOLUNTÁRIO DESPROVIDOS. MERCADORIAS EM TRÂNSITO. NOTA FISCAL INIDÔNEA. CORREÇÃO DO TERMO DE INFRAÇÃO CONTINUADA. AUTO DE INFRAÇÃO PARCIALMENTE PROCEDENTE. MANTIDA A DECISÃO SINGULAR. A comprovação nos autos de que o emitente, o adquirente e a natureza da operação, contidas na nota fiscal, não condizem com a real transação mercantil efetivada, caracteriza a inidoneidade documental. Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc... A C O R D A M os membros deste Conselho de Recursos Fiscais, a unanimidade, e de acordo com o voto do relator, pelo recebimento dos recursos hierárquico, por regular, e voluntário, por regular e tempestivo, e no mérito pelo DESPROVIMENTO DE AMBOS, mantendo a sentença monocrática, julgando PARCIALMENTE PROCEDENTE o Auto de Infração e Apreensão e Termo de Depósito n.º 3459, lavrado em 08 de janeiro de 2008, contra a RAPIDÃO COMETA LOGISTICA E TRANSPORTE S/A, CCICMS , acrescido do Termo de Infração Continuada lavrado em 24/01/2008 (fls. 20), condenando-a ao crédito tributário de R$ ,00 (quarenta e três mil, oitocentos e setenta e cinco reais), sendo R$ ,00 (quatorze mil, seiscentos e vinte cinco reais) de ICMS, por infringência aos art.s 143, 1, III e IV, 150, 151, c/c art. 38, II, c, todos do RICMS-PB, aprovado pelo Dec. nº /97 e R$ ,00 (vinte e nove mil, duzentos e cinquenta reais) de multa por infração nos termos do artigo 82, V, b da Lei nº 6.379/96. Ao tempo em que cancelo por indevida a quantia de R$ ,00, sendo R$ 9.945,00 de ICMS e R$ ,00 de multa por infração, levantado no Termo de Infração Continuada (fls. 20). Desobrigado do Recurso Hierárquico, na expressão do artigo 730, 1, inciso II, do RICMS, aprovado pelo Decreto nº /97.

2 Continuação do Acórdão nº 011/ P.R.I. Sala das Sessões do Conselho de Recursos Fiscais 13 janeiro JOSÉ DE ASSIS LIMA CONS. RELATOR RELATÓRIO A análise deste egrégio Conselho de Recursos Fiscais advém dos Recursos Hierárquico e Voluntário, conforme previsões estabelecidas nos artigos 125 e 128 da Lei n.º 6.379/96, em face da decisão do Órgão Julgador da Instância Prima ter julgado PARCIALMENTE PROCEDENTE o Auto de Infração e Apreensão e Termo de Depósito n.º 3459, lavrado em 08 de janeiro de 2008, contra a Rapidão Cometa Logistica e Transporte S/A., CCICMS.: , nomeando como responsável solidário a empresa Alagoas Motos e Equipamentos Ltda., CNPJ n / A peça vestibular em análise consta a seguinte infração: O autuado acima qualificado está sendo acusado de transportar mercadorias acobertadas por documentação fiscal inidônea, fato este que resulta na obrigação de recolhimento do imposto estadual. Mercadorias acobertadas pelas N. Fiscais n s 15985, e 15987, emitidas por Alagoas Motos e Equipamentos Ltda., CNPJ n / , Maceió AL., destinadas ao contribuinte Atlantis Comercio e Serviços Náuticos Ltda., IE: , Cabedelo PB. O remetente utilizou a natureza da operação outras saídas não especificadas sem destaque do ICMS. Esta fiscalização através da análise de documentos outros, constatou que tratava-se de uma simulação. As notas fiscais de origem dos produtos estavam acompanhadas de um recibo de compra e venda (autorização para transferência) devidamente assinado e com firma reconhecida em cartório pelo adquirente originário (recibos anexos a este). Ademais, o destinatário quando contactado declarou (declaração anexa) que não adquiriu as mercadorias constantes das notas fiscais citadas. Os representantes fazendários constituíram o crédito tributário na quantia de R$ ,00, sendo R$ 9.945,00 de ICMS, por infringência aos arts. 160, I, c/c 143, 1º, II, III e IV; Art.

3 Continuação do Acórdão nº 011/ , 159, VI; e 659, III, com fulcro no Art. 38, II, c, todos do RICMS/PB, e R$ ,00, de multa por infração, arrimada no artigo 82, V, b, da Lei n.º 6.379/96, com a devida ciência pessoal da acusada em 09/01/2008 (fls. 03). Constatado pelos autores do feito fiscal um equívoco com relação à aplicação da alíquota do ICMS na peça vestibular, que, in casu, de acordo com o artigo 13, V, c do RICMS/PB, a alíquota correta a ser aplicada é de 25%. Assim, foi lavrado TERMO DE INFRAÇÃO CONTINUADA (fls. 20), no montante de R$ ,00, sendo R$ ,00 de ICMS e R$ ,00 de multa por infração, com ciência pessoal em 24/01/2008, no referido documento. Tendo em vista a concessão de pedido de liminar de Mandato de Segurança para liberação das mercadorias apreendidas, pelo Juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública da Capital, impetrado pela empresa emitente (responsável solidária), fls. 39, foram as mesmas liberadas, consoante Termo de Liberação de Mercadoria (fls. 40). Com informação de não haver reincidência, e atestada a revelia do autuado, conforme fls. 42, foram os autos conclusos à Gerência de Julgamento de Processos Fiscais, e distribuídos à Julgadora Fiscal Regina da S. Moura Santos, que na sua sentença, valeu-se do princípio da oficialidade para declarar parcialmente procedente o feito acusatório, sob o azo de que os autuantes não deduziram do Termo de Infração Continuada o montante cobrado na inicial. Em síntese, no Recurso Voluntário apresentado (fls. 54 a 56), a demandante não reconheceu a revelia por se tratar de matéria de direito, e não de matéria de fato, tendo em vista que o auto de infração foi objeto do Mandado de Segurança n , que foi julgado procedente, sendo o crédito tributário desconstituído, conforme resumo publicado no Diário da Justiça de (fls. 59). Assim, sob a alegação de falta de justa causa, citando jurisprudências, a acusada requer a improcedência do auto de infração em questão. Nas contrarrazões (fls. 62 a 63), os autuantes rebatem os argumentos recursais sob o prisma de que o referido Mandado de Segurança não ataca o objeto da autuação, e sim a ilegalidade da apreensão das mercadorias como garantia do pagamento do crédito tributário devido. Por fim, considerando que os autuados não acrescentaram nenhum fato novo no recurso apresentado, fazendo menção apenas na procedência do Mandado de Segurança liberatório das mercadorias, os autores do feito fiscal rogam pela procedência da inicial. Remetidos os autos a esta Corte Julgadora, foram os mesmos distribuídos a mim para apreciação e julgamento. Eis o Relatório. VOTO

4 Continuação do Acórdão nº 011/ A presente acusação originou-se no flagrante promovido pela fiscalização de mercadorias em trânsito de operação com mercadorias acobertadas pelas Notas Fiscais nºs 15985, e 15987, emitidas pela empresa Alagoas Motos e Equipamentos Ltda., destinadas a Atlantis Comércio e Serviços Náuticos Ltda., localizada em Cabedelo PB, consideradas inidôneas, tendo em vista conterem declarações inexatas, pois o remetente utilizou a natureza da operação como sendo de outras saídas não especificada, sem destaque do ICMS. Em anexo aos documentos fiscais denunciados (fls. 7 a 17), encontram-se notas fiscais de uma operação anterior com as mesmas mercadorias (veículo aquático 701 cc - Jet ski), cujas naturezas da operação são de vendas para uma pessoa física (CPF.: n ), endereçada ao município de Maceió AL, consoante as Notas Fiscais n s (fls. 09), (fls. 13) e (fls. 16), emitidas pela empresa YAMAHA MOTOR DA AMAZÔNIA LTDA.. Ao perscrutar os autos, vislumbro também que a empresa destinatária indicada nos documentos fiscais denunciados declara, na pessoa de seu sócio, não ter adquirido as mercadorias alvo do presente processo (fls. 18), além dos recibos de autorização de transferência de embarcação, assinados com firma reconhecida em cartório pela pessoa física Rafael de Oliveira Cerqueira (fls. 10, 12 e 17), destinatário original dos referidos veículos aquáticos. Assim, foram solicitadas por esta Casa à Capitania dos Portos informações sobre o real destino das embarcações denunciadas. Em resposta, foram fornecidos relatórios (fls. 66, 67 e 68) onde informam que as embarcações aludidas foram registradas em nome de pessoas físicas residentes no Estado de Alagoas, cujas origens foram das Notas Fiscais n s , e , acima citadas, o que comprova que as mercadorias não poderiam estar acobertadas pelas notas fiscais alvo da acusação, já que se extrai dos autos que as mesmas foram adquiridas inicialmente pela pessoa física, Rafael de Oliveira Cerqueira, e não pela pessoa jurídica emitente, Alagoas Motos e Equipamentos LTDA. Portanto, consubstanciado nas informações tecidas, evidencia-se que a operação descrita nos documentos fiscais em questão, não correspondia à verdadeira transação mercantil efetivada, tratando-se de uma simulação, de acordo com o conceito trazido pelo atual Código Civil, que se coaduna com a situação em tela, senão vejamos: Art. 166 (...) 1 Haverá simulação dos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem ou transmitem; (...) Assim, resta cristalina a acusação inserta na inicial, caracterizando a situação de irregularidade da operação, consoante o artigo 659, I, III e IV, sob a égide do artigo 143, 1 do RICMS/PB aprovado pelo Decreto n /97, in verbis: Art Considera-se em situação irregular, estando sujeita a apreensão, a mercadoria que:

5 Continuação do Acórdão nº 011/ I - não esteja acompanhada de documento fiscal regular, nos termos do art. 159; II (...); III (...) IV - tenha cobertura de documento que consigne transmitente ou adquirente fictício; Art (...) 1º É considerado inidôneo, para todos os efeitos fiscais, fazendo prova apenas em favor do Fisco, o documento que: (...) III - não guarde as exigências ou requisitos previstos neste Regulamento; IV - contenha declarações inexatas, esteja preenchido de forma ilegível ou apresente emendas ou rasuras que lhe prejudiquem a clareza; (...) (g.n.) Quanto aos argumentos apontados no Recurso Voluntário (fls. 54 a 56), não merecem guarida, pois se reportam tão-somente ao Mandado de Segurança n , julgado procedente (DJ de 06/07/2008, fls. 59), que não trata da matéria de mérito do feito acusatório ora analisado, e sim da liberação das mercadorias alvo da autuação, que foram apreendidas pela fiscalização autuante em função do auto de infração em análise (fls. 27 a 39), o que cai por terra as alegações de falta de justa causa para a acusação em tela, comungando, assim, o entendimento trazido aos autos nas contrarrazões. Ressalto que as mercadorias apreendidas foram liberadas para a empresa emitente das notas fiscais ora em análise, Alagoas Motos e Equipamentos LTDA., consoante Termo de Liberação às fls. 40, que é a autora do Mandado de Segurança acima referido (fls. 27 e 59), e não para a empresa Atlantis Comércio e Serviços Náuticos Ltda., conforme afirma a acusada em sua peça recursal às fls. 55. Vale salientar que em nenhum momento processual, a acusada rebateu a presente denúncia, presumindo-se verdadeiros os fatos apurados na inicial, ante a falta de argumentos sobre o mérito da acusação. Com pertinência, foi corrigida a alíquota aplicada na inicial para o cálculo do ICMS devido, de 17 % para 25 %, consoante art. 13, V, c do RICMS/PB, através do Termo de Infração Continuada (fls. 20), majorando o crédito tributário inicialmente lançado. Contudo, este deve ser lavrado como complemento da peça vestibular, ou seja, complementando os valores em detrimento a alíquota correta de 25%, o que não ocorreu, pois o citado Termo foi lavrado com o valor total do crédito tributário devido, sem a redução dos valores já lançados na inicial. Portanto, corroborando a decisão monocrática, promovo a correção do Termo de Infração Continuada, ficando a constituição do crédito tributário na forma abaixo demonstrada: PEÇA VESTIBULAR

6 Continuação do Acórdão nº 011/ BASE CÁLCULO DE ICMS (17 %) MULTA (200%) TOTAL (1) R$ ,00 R$ 9.945,00 R$ ,00 R$ ,00 TERMO DE INFRAÇÃO CONTINUADA (corrigido) BASE CÁLCULO DE ICMS (25% - 17 %) MULTA (200%) TOTAL (2) R$ ,00 R$ 4.680,00 R$ 9.360,00 R$ ,00 CRÉDITO TRIBUTÁRIO DEVIDO { (1) + (2) } R$ ,00 Ex positis, VOTO - pelo recebimento dos recursos hierárquico, por regular, e voluntário, por regular e tempestivo, e no mérito pelo DESPROVIMENTO DE AMBOS, mantendo a sentença monocrática, julgando PARCIALMENTE PROCEDENTE o Auto de Infração e Apreensão e Termo de Depósito n.º 3459, lavrado em 08 de janeiro de 2008, contra a RAPIDÃO COMETA LOGISTICA E TRANSPORTE S/A, CCICMS , acrescido do Termo de Infração Continuada lavrado em 24/01/2008 (fls. 20), condenando-a ao crédito tributário de R$ ,00 (quarenta e três mil, oitocentos e setenta e cinco reais), sendo R$ ,00 (quatorze mil, seiscentos e vinte cinco reais) de ICMS, por infringência aos art.s 143, 1, III e IV, 150, 151, c/c art. 38, II, c, todos do RICMS-PB, aprovado pelo Dec. nº /97 e R$ ,00 (vinte e nove mil, duzentos e cinquenta reais) de multa por infração nos termos do artigo 82, V, b da Lei nº 6.379/96. Ao tempo em que cancelo por indevida a quantia de R$ ,00, sendo R$ 9.945,00 de ICMS e R$ ,00 de multa por infração, levantado no Termo de Infração Continuada (fls. 20). Sala das Sessões do Conselho de Recursos Fiscais, em 13 de janeiro de JOSÉ DE ASSIS LIMA Conselheiro Relator

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