José Guilherme Said Pierre Carneiro Transformando sonhos em resultados Um guia para o sucesso, a prosperidade e a qualidade de vida ACADEMIA SAID 2014

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1 TRANSFORMANDO SONHO EM REALIDADE José Guilherme Said Pierre Carneiro Transformando sonhos em resultados Um guia para o sucesso, a prosperidade e a qualidade de vida ACADEMIA SAID Índice APRESENTAÇÃO, 04 Capítulo 1 Compreendendo o sucesso, 06 Capítulo 2 O que acontece com as pessoas, 10 Capítulo 3 Como funciona uma mente vencedora, 15 Capítulo 4 Aprendendo com as empresas de sucesso: o papel do planejamento estratégico, 23 Capítulo 5 O modelo de Planejamento estratégico pessoal, 30 Capítulo 6 Definindo a sua ambição pessoal, 36 Capítulo 7 Tenha um posicionamento!, 42 Capítulo 8 Avaliando suas fortalezas, fraquezas e crenças, 46 Capítulo 9 Definindo os seus objetivos e as suas metas, 52 Capítulo 10 Como acompanhar o seu plano pessoal: estratégias de produtividade, gestão do tempo e organização financeira, 63 E AGORA?, 72 O AUTOR, 73 4 APRESENTAÇÃO Este livro é o resultado de vários anos de estudos e vivências a respeito das mentes vencedoras, ou seja, como agem e pensam as pessoas vitoriosas e quais as qualidades necessárias para o êxito pleno em todas as áreas da vida. A partir da observação de pessoas de sucesso e o envolvimento em diversos cursos e metodologias de desenvolvimento humano, eu construí um método de planejamento estratégico pessoal, onde você será capaz de transformar os seus sonhos e objetivos em projetos palpáveis. Nos capítulos iniciais eu explico as bases internas as competências mentais - das pessoas que conseguem vencer e atingir as suas metas mais desafiadoras e como elas trabalham para chegar no seu futuro desejado. Em seguida eu explico o que significa o Planejamento Estratégico Empresarial e como podemos aproveitá-lo para o nosso método aplicado ao ser humano. Nesta fase eu faço uma relação da gestão empresarial com a gestão pessoal e de que maneira devemos utilizar alguns conceitos trazidos do mundo das organizações para o aumento da performance no nível pessoal. Na última parte do livro eu apresento o método do Planejamento Estratégico Pessoal, demonstrando como eu cheguei a um determinado modelo através de vários anos de tentativas e erros em busca do sucesso e equilíbrio em todas as áreas da minha vida. E por que escrever um livro sobre desenvolvimento pessoal? Há algum tempo eu aprendi que o mundo mudou. Nesse novo mundo, quanto mais compartilhamos conhecimento, mais conseguimos nos ajudar e auxiliar as pessoas, a sociedade. Eu costumo dizer que a maior riqueza do mundo não tem valor nenhum, se não é para ajudar as pessoas e favorecer a evolução da sociedade. Eu acredito que podemos, sim, fazer a nossa parte, e transformar o nosso ambiente através do compartilhamento do conhecimento, da educação voltada para a prática, para a reflexão a respeito dos nossos sonhos e como trabalhar para alcançá-los, com equilíbrio e qualidade de vida. 5 Por isso, durante muito tempo eu refleti sobre uma solução que pudesse gerar impacto em um número considerável de pessoas. Para mim, o método do Planejamento Estratégico Pessoal foi essa solução encontrada, a qual já tem recebido vários elogios de clientes, alunos e amigos, com resultados visíveis para eles. Por fim, compreendendo que é possível criar um mundo realmente melhor, com pessoas mais preparadas e motivadas em alcançar os seus sonhos mais desafiadores, eu escrevi este livro. Sempre escutei que sucesso é dor. E realmente é! Nada vai cair do céu, mesmo que você seja a melhor pessoa do mundo. Saiba que é preciso percorrer um longo caminho para ver os seus sonhos se materializarem. É preciso muito trabalho e determinação! Eu vou estar aqui, com você, para ajudá-lo, através de um método único e de conceitos humanos que

2 são necessários para a sua evolução em todos os sentidos. Aproveite esse momento para fazer uma revisão da sua vida, daquilo que você se tornou e quer ser. Busque um alvo em todos os aspectos da sua vida, seja pessoal, profissional, financeiro ou espiritual. A superficialidade está presente em grande parte dos seres humanos. Não queira estar entre estes! Busque a excelência constante e os resultados aparecerão. Agora, ao trabalho! 6 Capítulo 1 Compreendendo o sucesso "Saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu. Isso é ter sucesso. Ralph Waldo Emerson Sucesso! Uma palavra que atualmente está na boca do povo! Todo mundo fala em sucesso: Fernando é um cara de sucesso! ; A Luciana teve muito sucesso na vida... ou Marcos teve muito sucesso nos negócios..., e assim poderíamos destacar vários outros exemplos de como a palavra é empregada no nosso dia a dia. Mas o que é sucesso, afinal? Sucesso é ter quantias elevadas de dinheiro, imóveis, carros de luxo, enfim, é conseguir acumular muitos bens materiais? Ou sucesso é poder sempre viajar, todos os anos, para lugares longínquos e conhecer novos países, novas culturas? Ou é tornar-se um grande executivo? Ou é ter uma vida simples e uma família bem estruturada? Bem, como podemos ver, sucesso é um conceito bastante relativo. Em primeiro lugar, ele depende de suas expectativas, valores e ambições. Primeira lição: Sucesso depende de suas expectativas, valores e ambições. Por exemplo, se o seu sonho é ser executivo de uma grande empresa, você terá sucesso, quando atingir esse objetivo. Tudo depende do seu sonho inicial, ou seja, das suas ambições como profissional. Se pra você, sucesso, é ter um determinado cargo dentro de uma organização, ganhando X reais, com uma boa estabilidade, persiga essa meta. Ao conquistá-la, terá obtido o sucesso. Mas se esse sucesso profissional for atingido às custas de outros insucessos? Na família, na saúde, por exemplo? Posso ter sucesso em uma área 7 da vida, deixando outros aspectos ou pessoas relevantes para mim fora dessa dinâmica? Tudo vai depender do ângulo de visão. Você pode achar que está muito bem no seu trabalho, mas se dá uma nota 5,0 no relacionamento com a sua família. E, por sua vez, sua esposa lhe dá uma nota zero! Assim, não existe sucesso se as pessoas que estão no seu entorno não ganham com isso, não estão satisfeitas com você. Segunda lição: Sucesso deve envolver a sua felicidade e a das pessoas que você convive Para facilitar o seu caminho e é por isso que escrevi este livro eu analisei a vida de centenas de pessoas vitoriosas e cheguei a algumas perguntas, que servirão de base para você compreender o que significa realmente o sucesso na prática. Vamos lá, responda para si: 1. Você faz o que ama? É feliz com o seu trabalho? 2. Você consegue ajudar outras pessoas? 3. Você está indo efetivamente ao encontro de sua missão e visão pessoal? 4. Você define objetivos e desafios de curto, médio e longo prazo para a sua vida? 5. Você tem atingido as suas metas e expectativas financeiras? 6. Você consegue equilibrar os diversos aspectos da sua vida, inclusive amigos e família? Eles estão felizes com você? No decorrer deste livro vamos aprofundar esses aspectos e trabalhar com algumas ferramentas que irão lhe ajudar a construir o seu plano de vida, deixando-o mais preparado para os grandes desafios e armadilhas que o mundo oferece. 8 A sociedade do consumo Como percebemos, o sucesso não depende do que os outros acham ou falam sobre o que é ter sucesso. A coisa é bem mais abrangente do que se imagina e algumas variáveis influenciam o nosso olhar e a nossa atitude perante ele. Existem as variáveis internas, como as nossas ambições e valores, e as variáveis externas, como as mensagens e imagens que chegam até nós, as quais podem gerar

3 grandes estragos na nossa vida. E talvez seja por isso que grande parte da humanidade não consegue êxito nos seus intentos. Você sabia que a sociedade e a mídia lutam de forma consciente e inconsciente para imprimir um modelo único de sucesso baseado no consumo? Ou seja, você vale aquilo que você consome, aquilo que você TEM! Essa ideia começou a ser incutida mais fortemente na humanidade na década de 1950, após a segunda guerra mundial. Alguns estudiosos destacam o papel do economista norteamericano Victor Lebow na construção da base da chamada sociedade de consumo. Nessa época, Lebow publicou o seguinte enunciado: Nossa economia enormemente produtiva exige que façamos do consumo o nosso modo de vida, que transformemos a compra e uso de bens em rituais, que busquemos a nossa satisfação espiritual e do nosso ego no consumo. Nós precisamos que as coisas sejam consumidas, gastas, substituídas e descartadas em um ritmo cada vez mais acelerado. Observe você, caro leitor, que busquemos a nossa satisfação espiritual e do nosso ego no consumo... Como consequência, hoje vivemos na era da aparência e da ostentação. Uma grande parte de pessoas que deseja manter e demonstrar uma aparência - um status - que não têm. E muitos que já alcançaram certa prosperidade material, fazem questão de ostentar, de mostrar que são pessoas de sucesso. 9 Ei, você! Não está vendo a minha riqueza? Eu tenho, eu posso, e você não! Eu sou MELHOR, pois tenho MAIS do que você. BEM MAIS! Essa busca incessante pelo sucesso e pela riqueza, sem objetivos mais nobres, faz com que a vida se torne automática, fria, cansativa. Além disso, vejo como essas pessoas lutam para manter um status, tornando-se totalmente endividadas financeiramente, permanecendo em um círculo vicioso por anos, e em muitos casos, por toda a vida. A reflexão a ser feita aqui é: em que grau de escravidão à sociedade do consumo nós estamos? Como ela nos influencia? Como podemos reconfigurar o nosso EU, as nossas emoções, para que possamos alcançar a vitória, a prosperidade, com equilíbrio e as contas em dia? Tenho certeza de que com as reflexões e ferramentas trazidas por este livro, você poderá transformar a sua vida e ser a pessoa que sempre desejou. Eu estarei com você nessa jornada. Vamos adiante! 10 Capítulo 2 O que acontece com as pessoas "Todos têm uma criança alegre dentro de si, mas poucos a deixam viver. Augusto Cury Bem, caro leitor, e o que acontece com as pessoas? Por que muitas almejam o sucesso e passam boa parte da vida patinando na carreira e na vida pessoal? Neste capítulo vamos começar a desvendar o que se passa com elas. De fato, Somente 10% das pessoas estão honestamente procurando alcançar o sucesso. Os restantes 90% somente procuram uma DESCULPA para justificar o fracasso. Observe a diferença entre procurar alcançar o sucesso e procurar uma desculpa para justificar o fracasso. Tranquilamente analise com um olhar mais atento as pessoas ao seu redor. Estão todos reclamando das exterioridades, colocando a culpa nos outros. É difícil encontrar alguém que diga: a responsabilidade é MINHA! A responsabilidade pelo casamento que não deu certo foi MINHA! A responsabilidade por eu estar ganhando pouco é MINHA! A responsabilidade pela desorganização dessa cidade é MINHA! A falta de autoresponsabilidade é a primeira coisa que acontece com as pessoas da nossa sociedade. Veja, o ser humano está sempre perguntando: Por que logo comigo? ou O que eu fiz para chegar nessa situação?. Na verdade essas perguntas são feitas, porque as pessoas não acreditam de fato que a responsabilidade é delas. Reflexão: em que aspecto da minha vida eu não tenho assumido a responsabilidade e venho colocando a culpa nos outros? E quando um novo ano começa a despontar, com

4 as suas esperanças de dias melhores e novos desafios? Faça uma pesquisa com os seus amigos e 11 conhecidos. Menos de 10% cumprem as suas resoluções de Ano Novo. São muitas promessas e poucas ações práticas. Alguns estudiosos afirmam que somente 1 pessoa em cada 100 tem uma ideia aproximada de sua própria força e habilidade. Aqui chegamos em um outro ponto que eu sempre gosto de ressaltar nos meus cursos e treinamentos: a falta de autoconfiança das pessoas. Nas minhas andanças tenho verificado que esse aspecto do comportamento humano é ESSENCIAL para o sucesso. Geralmente se trata do conceito que a pessoa tem de si mesma: discursos internos negativos que a levam a não acreditar nas suas potencialidades. Eu mesmo passei por isso e pude alcançar muita coisa na minha vida quando melhorei a minha autoconfiança em tudo o que me propunha a fazer. Na prática, são aquelas afirmações do tipo: Eu não sou tão bom quanto ela... Eu acho que não vou conseguir...está muito difícil... Ele é muito mais preparado e inteligente do que eu... Será que eu sou isso mesmo que falam de mim? De acordo com esses diálogos internos, desenvolvem-se pelo menos 3 tipos de atitudes que levam o ser humano a perder a sua autoconfiança. São eles: 1) A pessoa sempre está se comparando com outras, e acha que está constantemente em desvantagem. 2) A pessoa recebe tantas críticas de amigos ou familiares mais próximos, que após tantas repetições, passa a acreditar que é mesmo um fracassado. 3) A pessoa só observa as suas fraquezas e esquece dos excelentes pontos fortes que possui - isso a paralisa. 12 Para você que está nessa situação, seja qual for o nível, eu vou colocar a minha experiência e lhe dizer como você pode começar a mudar essa visão de si próprio e alcançar melhores resultados. Inicialmente posso dizer que passei alguns anos trabalhando a minha autoconfiança. Foram muitos cursos, reflexões e vivências onde o tema sempre esteve presente. O que amadurece de fato o ser humano são as vivências, e os reconhecimentos provenientes delas. Não quero tirar isso de você (nem tenho poder para isso), e sim diminuir esse tempo de aprendizado através dos questionamentos que faço neste livro. Eu sei que esse tempo poderia ter sido menor pra mim. E eu vou ajudálo nesse sentido. Vamos lá. A primeira pergunta que você deve fazer a si mesmo é: Se outros seres humanos alcançam a prosperidade, se eles conseguem alcançar os seus maiores objetivos, por que eu não conseguiria também? O importante aqui é ter a certeza de que você tem as mesmas condições e as mesmas estruturas cerebrais, emocionais e espirituais de qualquer outra pessoa no mundo. A humanidade já gerou milhares de exemplos de homens e mulheres que nasceram na pobreza, não tinham nada e que conseguiram criar grandes ideias, empresas, produtos e invenções que revolucionaram o mundo. Eu não sei se o seu objetivo é esse, mas sei que você tem todas as condições para atingir os seus objetivos e movimentar o ambiente em que você está inserido. A segunda pergunta a ser feita diz respeito ao grau de comprometimento que você tem com as suas metas: Eu estou me esforçando com todas as minhas energias em estabelecer os meus sonhos e trabalhar com afinco no dia a dia para alcançar os resultados almejados? 13 Na verdade todas as pessoas são capazes de sonhar, de ter objetivos e metas. Porém uma pequena parcela efetivamente TEM SONHOS, ou no máximo, pensa neles de vez em quando, sem foco, sem energia. E dentre os que possuem sonhos, poucos são aqueles que possuem as características necessárias para atingi-los. De uma forma geral e bem resumida, posso dizer que os REALIZADORES cumprem determinados requisitos,

5 sendo que aproximadamente 75% depende deles próprios, e 25% desses aspectos estão ligados aos fatores externos. São eles: 1. Firme sentido de propósito, uma missão bem definida. 2. Comprometimento com uma visão de longo prazo. 3. Uma forte motivação para serem bem-sucedidos. 4. Capacidade de concentrar esforços para realização de objetivos específicos. 5. Apoio do ambiente familiar. Agora analise os cinco itens. Apenas um aspecto não depende do próprio indivíduo: o apoio do ambiente familiar. Apoiar é educar corretamente, é dar o exemplo e oferecer aos filhos uma base de valores que servirá de guia orientador na jornada rumo ao êxito pessoal. Um aspecto importantíssimo que poderia mudar o futuro de uma nação. Veja também que estamos falando de esforço, energia, comprometimento, capacidade de concentrar esforços... tudo isso nos leva ao terceiro conceito ainda pouco encontrado nos seres humanos atuais: autodisciplina. Sempre fui um admirador da cultura japonesa justamente devido a esse ponto. A autodisciplina não só torna as pessoas melhores e mais próximas de seus objetivos, como também ajuda as nações a florescerem, com pessoas mais cidadãs, mais focadas, mais cumpridoras dos seus deveres. A autodisciplina é o poder que o indivíduo tem de cumprir aquilo que planejou; de conseguir trilhar um caminho com FOCO, sem deixar se desviar, a fim de alcançar as suas metas de curto, médio e longo prazo. 14 Por exemplo, as redes sociais podem diminuir a produtividade no trabalho diário; trocar de carro para manter uma aparência pode prejudicar meus investimentos no médio prazo que seriam mais relevantes, como um curso de pós-graduação; a falta de controle dos gastos pessoais pode me distanciar de minhas metas futuras. Reflexão: que atividades e ações têm me tirado do foco e me deixado mais longe dos meus objetivos? Por hora eu gostaria que você fizesse uma reflexão sobre os três grandes conceitos que vimos até aqui autoresponsabilidade, autoconfiança e autodisciplina. Aprofundar esses aspectos e procurar colocá-los em prática no dia a dia, a partir de hoje, será o início da construção consistente de uma personalidade vencedora. Mais adiante veremos como novas atitudes e comportamentos de sucesso podem ser desenvolvidos a partir dessa base bem estruturada. 15 Capítulo 3 Como funciona uma mente vencedora "A altura das suas realizações será igual à profundidade das suas convicções." William F. Scolavino Neste capítulo vamos adentrar nas mentes vencedoras, e entender como elas funcionam. Já sabemos que essas pessoas são autoconfiantes, autodisciplinadas e assumem a responsabilidade, isto é, sabem que o seu futuro só depende delas mesmas. Agora iremos aprofundar outros aspectos que, somados às três bases vistas anteriormente, nos dão uma visão ampla do ser humano que consegue se destacar e obter a prosperidade. Utilize esses conceitos e procure colocar em prática. É para isso que este livro foi escrito. Existe uma história que nos faz entender, primeiramente, quem são e onde estão as mentes vencedoras. Trata-se de um professor que estava tentando iniciar sua aula e, sem êxito, precisou levantar a voz com todo o vigor, dando uma bronca exemplar em sua turma. A fala inicia com o relato de um estudante que presenciou o breve discurso do mestre, logo após o retorno da turma de um feriado. Vejamos: Tínhamos uma aula de Fisiologia na Escola de Medicina logo após a semana da pátria. Como a maioria dos alunos havia viajado aproveitando o feriado prolongado, todos estavam ansiosos para contar as novidades aos colegas e a excitação era geral. Um velho professor entrou na sala e imediatamente percebeu que iria ter trabalho para conseguir silêncio. Com grande dose de paciência tentou começar a aula, mas você acha que minha turma correspondeu? Que nada! Com certo constrangimento, o professor tornou a pedir silêncio educadamente. Não adiantou;

6 ignoramos a solicitação e continuamos firmes na conversa. Foi aí que o velho professor perdeu a paciência e deu a maior bronca que eu já presenciei. Veja o que disse: 16 - Prestem atenção porque eu vou falar isso uma única vez, disse, levantando a voz e um silêncio de culpa se instalou em toda a sala. Desde que comecei a lecionar, isso já faz muitos anos, descobri que nós professores, trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma. Em todos esses anos observei que de cada cem alunos, apenas cinco são realmente aqueles que fazem alguma diferença no futuro, apenas cinco se tornam profissionais brilhantes e contribuem significativamente para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Os outros 95% servem apenas para fazer volume. São medíocres e passam pela vida sem deixar nada de útil. O interessante é que esta porcentagem vale para todo o mundo. Se vocês prestarem atenção notarão que de cem professores, apenas cinco são aqueles que fazem a diferença, de cem garçons, apenas cinco são excelentes; de cem motoristas de táxi, apenas cinco são verdadeiros profissionais; e poderia generalizar ainda mais; de cem pessoas, apenas cinco são verdadeiramente especiais. É uma pena muito grande não termos como separar estes 5% do resto, pois se isso fosse possível, eu deixaria apenas os alunos especiais nesta sala e colocaria os demais para fora, então teria o silêncio necessário para dar uma boa aula e dormiria tranquilo sabendo ter investido nos melhores. Mas infelizmente não há como saber quais de vocês são estes alunos. Só o tempo é capaz de mostrar isso. Portanto, terei de me conformar e tentar dar uma aula para os alunos especiais, apesar da confusão que estará sendo feita pelo resto. Claro que cada um de vocês sempre pode escolher a qual grupo pertencerá. Obrigado pela atenção e vamos à aula de hoje. Vamos entender inicialmente que as mentes vencedoras estão em menor quantidade no mundo. Bem menor. Os exemplos colocados pelo professor são visíveis a todos nós, seja qual for a profissão ou setor da sociedade. Os melhores, os campeões, sempre são a minoria. A história da humanidade é repleta de casos que demonstram essa realidade. A própria verdade, seja ela na ciência, na economia ou na religião, segue um caminho bem linear: 17 1) Uma mente vencedora descobre algo, antever uma realidade ou apresenta uma verdade já conhecida internamente por ele. 2) A realidade - a verdade - é negada pela maioria e reconhecida por pouquíssimas pessoas. 3) Muito tempo depois a verdade é reconhecida e considerada por todos. Quando o cientista Galileu disse que a terra não era o centro do universo, você acha que essa realidade foi aceita normalmente pela sociedade? E quando alguns visionários da tecnologia afirmaram que no futuro as pessoas precisariam de computadores pessoais em suas casas, a maioria das pessoas não acreditou nessa visão, inclusive aqueles que estavam à frente do setor. Veja o exemplo de Steve Jobs, um dos símbolos da inovação do século XXI. Com suas atitudes, muitas vezes foi designado de louco, porque fugia do normal, do padrão. Criou um império baseado na inovação não apenas de seus produtos, mas principalmente do seu marketing e da gestão do negócio. Como ele mesmo aconselhava: Continue sempre insatisfeito, e continue sempre louco". A loucura aqui significando a quebra de paradigmas amplamente aceitos pela sociedade. Max Planck, que descobriu o quantum de energia (negado pelos cientistas da sua época) dizia que a ciência avança sobre os cadáveres da velha geração, pois uma nova teoria revolucionária é aceita não porque convence os opositores, mas porque estes vão morrendo e novos pesquisadores vão nascendo em familiaridade com a nova teoria. Assim, as novas gerações vão reconhecendo as realidades trazidas pelos visionários, que sempre estão à frente do seu tempo. O ideal seria que a maioria reconhecesse as verdades trazidas pelas mentes vencedoras, porém, infelizmente isso não ocorre na humanidade desta terra, como demonstra a história.

7 Assim, identificamos o principal elemento de uma mente vencedora: a INOVAÇÃO, o pensar fora da caixa. São aquelas pessoas que não seguem os padrões estabelecidos e sempre oferecem respostas criativas, inesperadas para os problemas humanos. 18 O exemplo do Tenente Coronel Christopher Hughes é fundamental para entendermos essa inovação no pensar. O fato aconteceu na segunda invasão dos Estados Unidos ao Iraque. O exército americano estava buscando o líder religioso da cidade para organizar uma distribuição de suprimentos para a população. Ao chegar em uma mesquita, os soldados foram recebidos por centenas de muçulmanos enfurecidos e dispostos a lutar. Existia o temor de que os americanos estivessem ali para destruir o local sagrado. O momento não podia ser mais tenso. O comandante Hughes precisava tomar uma decisão. Rapidamente, ele pegou o seu alto-falante e deu três ordens: - Todos com um só joelho no chão! Em seguida falou: - Apontem as armas para baixo! E por fim, esbravejou: - Sorriam! Sorriam! Logicamente que os muçulmanos nunca esperariam tal atitude. Para o senso comum, a reação lógica do pelotão seria reagir com a mesma hostilidade vista nos homens daquela localidade. E o que ocorreu depois? Os muçulmanos começaram a sorrir também e dar tapinhas nas costas dos soldados. Enquanto o clima tenso foi se dissipando, os soldados foram se retirando aos poucos e um fim trágico foi evitado. Na realidade, o que ocorreu naquela situação, foi o que a neurociência chama de Quebra de resposta programada: imprimir uma ação diferente do padrão, do que é programado, para gerar no outro uma resposta emocional. No nosso exemplo, os sorrisos e brincadeiras dos muçulmanos demonstraram que eles foram atingidos emocionalmente por uma ação inesperada do exército americano, quebrando o clima de hostilidade que existia até o momento. As pessoas de sucesso sempre sabem quebrar as respostas programadas. 19 Para o professor e educador Ken Robinson, a educação tem um papel fundamental na construção de mentes vencedoras, criativas, que não têm medo de errar. Porém com o decorrer dos anos, a crianças vão crescendo e perdendo a capacidade de serem criativas, de buscarem soluções fora dos padrões. De acordo com o educador: As crianças arriscam. Se não sabem, tentam. Elas não receiam estar erradas. O fato é: se não estivermos preparados para errar, nunca conseguiremos nada de original. E quando chegam a adultos, a maior parte das crianças já perdeu essa capacidade. Elas ficam com receio de errar. Estigmatizamos os enganos. E agora desenvolvemos sistemas de educação onde os erros são a pior coisa que podemos fazer. E o resultado é que estamos educando pessoas sem as suas capacidades criativas. Picasso disse uma vez que todas as crianças nascem artistas. O problema é nos manter como artistas enquanto crescemos. Eu acredito nisto apaixonadamente: não crescemos para a criatividade, afastamonos dela. Ou antes, somos educados para perdê-la. Por que é assim? Certamente se o nosso modelo de educação fosse diferente, não apenas nas escolas, como também na família e mais tarde nas universidades, teríamos um percentual bem maior de mentes vencedoras. Assim, devemos ter em mente que é a inovação que transforma o mundo, as organizações, as pessoas! Quando saímos da normalidade, do previsto, a mente do ser humano é literalmente sacudida, fazendo-o rever seus paradigmas e conceitos. É daí que acontece a evolução social, econômica e espiritual da humanidade. Evolução essa capitaneada pelas mentes vencedoras. O segundo elemento que nos faz compreender como funciona uma mente vencedora chama-se CRENÇAS FORTALECEDORAS. Vimos no capitulo 2 que as pessoas de sucesso são autoconfiantes, acreditam verdadeiramente nelas próprias e têm a certeza de que irão alcançar os seus objetivos. Porém, qual a base da autoconfiança? As crenças positivas a respeito de si próprio e do

8 seu ambiente. A crença é o ato de crer, de acreditar com convicção em algo que pode lhe aproximar ou distanciar dos seus sonhos e objetivos. Trata-se de princípios 20 orientadores, máximas, fé ou paixão que podem proporcionar significado e direção na vida. As mentes vencedoras utilizam a autoresponsabilidade e a autoconfiança para construir crenças fortalecedoras a respeito da vida. Por exemplo: se eu sei que a prosperidade financeira depende apenas de mim, do meu esforço e do meu trabalho autoresponsabilidade - e que eu tenho todas as condições, forças e energia para obter o que eu quero autoconfiança eu desenvolvo, então, uma crença fortalecedora, um ACREDITAR, uma CONVICÇÃO, de que eu vou conseguir atingir as minhas metas mais ousadas. Qual deve ter sido a crença, por exemplo, de Thomas Edison, que se propôs a criar a lâmpada elétrica, algo inimaginável e impossível para a sociedade da época? Imagine que esse homem falhou centenas de vezes e não desistiu. Quais eram as suas crenças a respeito do trabalho? Do sucesso? Do futuro? E dos concorrentes? Após algumas tentativas, uma mente padrão já teria desistido, considerando que a concorrência já deveria estar bem à frente nas pesquisas. Enfim, quais eram as crenças que Thomas Edson tinha a respeito dele próprio?! A questão é que, para chegar nesse patamar, precisamos começar a analisar cada crença que construímos e verificar se ela nos limita ou nos fortalece. Pra mim, um grande exemplo de crenças fortalecedoras foi quando uma empresa local de um estado do nordeste do Brasil, inexpressivo economicamente, resolveu fabricar computadores e notebooks e concorrer com grandes organizações multinacionais. Vejo pessoas e empresas com medo de se lançar em novos projetos, devido a esse tipo de crença limitante, baseada na força da concorrência, no mercado saturado ou de que não há público para tal negócio. Será que não? O terceiro elemento que compõe a mente vencedora chama-se INTUIÇÃO. As pessoas vitoriosas sabem utilizá-la em momentos críticos de sua vida. Assim, ao acertarem em suas previsões e feeling, geram resultados fantásticos para elas e para a sociedade. Milhares de cientistas, filósofos e religiosos já falaram e escreveram muita coisa sobre a intuição. Na prática, trata-se de uma habilidade que parece estar fora da compreensão mais racional. É como uma espécie de sentimento que 21 resgata rapidamente conhecimentos e experiências e que, a partir disso, oferece respostas geniais para os problemas humanos. À primeira vista, a intuição externada pode parecer uma ideia absurda para a maioria dos seres humanos. Quando Albert Einstein imaginou subir em um facho de luz para saber o que ocorreria com o seu corpo e o seu conceito de espaço-tempo, quem disse que ele era uma pessoa normal? Uma ideia inspiradora, baseada na intuição, que serviu de base para a Teoria da Relatividade. Simplesmente uma revolução da ciência. Pude conviver com alguns executivos e empreendedores que tinham uma intuição acima da média. São pessoas muito inteligentes racionalmente e emocionalmente, porém não confiam apenas nas estatísticas, nos números, mas também em suas ideias e sentimentos. Uma capacidade singular de pensar fora da caixa, de conseguir dar um tiro certo em algo que ninguém está vendo. Um dos maiores empresários do Brasil, Ivens Dias Branco, presidente de uma das maiores empresas do mundo no setor de alimentos, sempre é citado como um homem de intuição extraordinária. Um verdadeiro engenheiro e construtor, sem nunca ter feito qualquer curso superior. Quem explica isso? Alguns estudiosos dizem que a intuição seria a voz do espírito ou de uma parte profunda do nosso ser, capaz de abranger a realidade de forma mais completa. O fato é que existem muitas opiniões divergentes e não se sabe ao certo a sua origem. Os materialistas acreditam em algo mais ligado ao cérebro, enquanto que os espiritualistas veem a intuição como um

9 conceito ainda inexplicável pelos recursos materiais existentes atualmente. No entanto, devemos saber que ela existe realmente, e as pessoas de sucesso sabem utilizá-la de alguma maneira ainda incompreensível para a ciência. O quarto aspecto da mente vencedora é, na verdade, a junção da DETERMINAÇÃO E FÉ, duas atitudes que levam as pessoas diferenciadas a não desistirem dos seus sonhos por nada, apesar dos erros e acertos vivenciados. Os efeitos desses dois conceitos são variados, o que inclui uma dose de paciência para resistir as adversidades; a resiliência, que é a capacidade de suportar as