DEMOCRACIA E PRIVATIZAÇÃO A Mudança Estrutural da América Latina nos Anos 90. Tharcisio Bierrenbach de Souza Santos

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "DEMOCRACIA E PRIVATIZAÇÃO A Mudança Estrutural da América Latina nos Anos 90. Tharcisio Bierrenbach de Souza Santos"

Transcrição

1 DEMOCRACIA E PRIVATIZAÇÃO A Mudança Estrutural da América Latina nos Anos 90 Tharcisio Bierrenbach de Souza Santos Professor Titular das Faculdades de Administração e de Economia da FAAP Vice-Diretor da Faculdade de Administração da FAAP Professor do FAAP-MBA Diretor do FAAP-MBA Research Schollar da Robert O. Anderson School and Graduate School of Management da University of New Mexico tsantos@faap.br

2 SUMÁRIO A década de 1990 marcou um duplo desafio para a América Latina. Os países emergentes do continente, que haviam experimentado um conjunto de regimes autoritários nas duas décadas precedentes, marcados pelo populismo e pela utilização de estratégias de desenvolvimento voltadas para o mercado interno, tiveram de enfrentar um duplo desafio: de consolidar a democracia alcançada na década anterior, e de superar as dificuldades econômicas geradas pela crise da dívida externa e pelo agravamento da inflação. A adoção de uma agenda de reformas e de privatizações se fez em meio às pressões criadas pelo cenário externo do período, em que ocorreu uma aceleração do processo de globalização ao mesmo tempo em que a volatilidade financeira causava um conjunto de crises de liquidez internacional. Este artigo pretende abordar a questão das reformas empreendidas na América Latina durante a década de 1990, verificando em que medida a transição para a democracia teve de conviver com a questão de reformulação do modelo de crescimento econômico. 2

3 1. INTRODUÇÃO A análise das reformas econômicas realizadas nos países da América Latina e particularmente no Brasil foi realizada a partir do levantamento da situação existente antes do seu início, ao mesmo tempo em que se considerava o conjunto das mudanças na ordem econômica e política mundial que caracterizou a aceleração da globalização. Os textos de Gerefi (1995) e de Griffith-Jones & Stallings (1995) foram particularmente importantes para descrever com detalhes os aspectos de organização da produção e de estrutura do sistema financeiro internacional. A questão dos diagnósticos e das diferentes agendas de reformas deles decorrentes foi enfocada a seguir, com destaque para os textos de Williamson (1993), Stiglitz (1998), Rodrik (1999), Bresser Pereira (1993) e Williamson et alia (2004). Procurou-se distinguir claramente as diferenças entre a abordagem preconizada pelo Consenso de Washington, que consiste de um conjunto de reformas de caráter neo-liberal, e aquela recomendada alternativamente, que leva em conta a necessidade de um mínimo de intervenção do Estado, para nortear os aspectos de política industrial e agrícola, para administrar as questões básicas de educação e de saúde pública e para promover uma maior equidade nos países da América Latina. O final do trabalho enfoca a questão da forma com que a reforma econômica se processou durante os anos 90 no Brasil, analisando as dificuldades que tiveram de ser enfrentadas pelo fato de que, paralelamente ao processo de estabilização econômica que vem sendo desenvolvido a partir de 1993, foi necessário compatibilizar a agenda de mudanças com um processo ainda em curso de afirmação do regime democrático e com o poder de veto dos diferentes atores políticos. Verifica-se que a transição e a reforma econômica transitaram por um percurso demorado e arduamente negociado, mas que as perspectivas que se abrem para o futuro imediato são claramente positivas. Nesta parte da análise, os textos de Sola (1993), Tavares de Almeida (1996 e 1999), Diniz (2000) e Fiori (1997) foram a base para a reflexão. 2. O QUADRO MAIS AMPLO 2.1 Os Sistemas Globalizados de Produção e o Desenvolvimento do Terceiro Mundo Nas últimas décadas a economia mundial sofreu uma modificação fundamental em relação à divisão de trabalho entre produção e comércio. No passado, as matérias primas provinham da periferia para o centro industrializado, enquanto bens manufaturados eram produzidos desde os países desenvolvidos para todo mundo. O investimento direto na produção se constituiu na resposta às políticas protecionistas, tanto de países do centro como da periferia, que desejavam 3

4 reduzir seu dispêndio de divisas na importação e usufruir do aumento nos empregos na produção local. Criou-se um sistema integrado de comércio e produção, o que levou países a se especializarem em diferentes aspectos da manufatura e mesmo em estágios diversos de uma mesma indústria. O processo determinou o aparecimento de um sistema global de manufatura, no qual a produção se acha dispersa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. As corporações ficaram crescentemente desconectadas de seus países de origem, buscando sempre as melhores oportunidades de comércio, produção, compras ou finanças que se pudesse dispor no mundo inteiro. Em conseqüência, surgiram novos centros de produção constituídos pelos NIC s 1 do Leste Asiático e da América Latina, que durante os anos 70 e 80 expandiram sua participação na produção e subseqüente exportação de manufaturados. Os baixos custos de mão de obra e o melhor nível de habilidades e da produtividade dos trabalhadores do terceiro mundo, tem contribuído para caracterizar o fornecimento global como uma necessidade para qualquer empresa que procure melhorar sua posição competitiva. Assim, verificou-se a emergência de novas divisões regionais do trabalho, que exploram os diversos recursos dos países centrais, dos semi-periféricos e dos periféricos. A moderna tecnologia facilitou a globalização econômica. Dramáticas mudanças nos sistemas de transporte e de comunicações reduziram o custo para enviar bens, mensagens e pessoas de uma parte do mundo para outra. A tecnologia da informação, através de soluções como o CAD 2 e os equipamentos de controle numérico, permite produzir, com alta qualidade, produtos diversificados e de menor custo, tanto em lotes pequenos como em grande volume. Assim, a tecnologia fortalece as forças de localização e de globalização no processo de produção. As TNC s 3 são os principais agentes econômicos no capitalismo global. Os paradigmas teóricos anteriores falharam porque não havia uma forma de ligar as atividades das transnacionais na estrutura da economia mundial (teoria da dependência) ou, inversamente, porque não encaixavam o capital transnacional nas peculiaridades e dinamismos associados às economias locais (teoria dos sistemas mundiais). Uma nova estrutura, chamada de cadeia global de mercadorias, tenta superar as limitações das duas formas de teorização. A estrutura de cadeia global de mercadorias identifica novas características do capitalismo global, distinguindo entre as cadeias de mercadorias orientadas para a produção e aquelas voltadas para as compras, ao mesmo tempo em que realça os papeis centrais desempenhados, respectivamente, pelos capitais industriais e comerciais. Tenta também reduzir a distância entre os enfoques macro e microeconômicos, enfatizando o contexto local da produção global e mostrando o reforço que a globalização 1 Newly Industrialized Countries países recentemente industrializados ou de industrialização tardia. 2 Computer Aided Design projeto auxiliado por computação. 3 Trans National Companies companhias transnacionais. 4

5 traz aos processos de localização na economia mundial. Além disso, destaca os múltiplos papeis exportadores que ligam os países à economia mundial, embora com conseqüências variadas sobre o desenvolvimento nacional. Grandes bancos comerciais seguiram as transnacionais durante os anos 60 e 70 nos mercados mais relevantes da Europa, Ásia e América Latina. No final dos anos 70 e início dos 80, ocorreu a crise da dívida provocada pela expansão dos empréstimos que se seguiu à abundância de recursos provocada pela crise do petróleo. Países do terceiro mundo desenvolveram ambiciosos programas de investimento e de custeio, com financiamentos contraídos a taxas variáveis, que sofreram o impacto da crise dos juros, acarretando enorme dispêndio de divisas e conseqüente moratória. Essas operações sofreram posteriormente um refinanciamento forçado, a taxas substancialmente mais elevadas do que aquelas a que tinham sido contratadas. A crise foi particularmente severa na América Latina e trouxe um conjunto de reformas econômicas neo-liberais, que se traduziram na morte da ISI 4 como uma estratégia de desenvolvimento. Instituições internacionais, como o FMI e Banco Mundial forçaram a adoção de políticas ortodoxas de estabilização. Nos anos 90, o sistema financeiro global passa a ser entendido muito mais como uma oportunidade que como uma restrição no terceiro mundo. Instituições financeiras internacionais e investidores privados pareceram dispor de amplos recursos e o foco parece ter sido deslocado da crise da dívida, onde havia permanecido durante os anos 80, para como empregar recursos novos no sentido de restaurar a competitividade internacional e gerar exportações não tradicionais. O ambiente criado pelo GATT permitiu o acesso de países do terceiro mundo a mercados desenvolvidos, especialmente dos EUA. Barreiras tarifárias e não tarifárias foram usadas pela Comunidade Européia, Estados Unidos e Canadá para regular o comércio em setores como têxteis e confecções, calçados, automóveis e eletrodomésticos. O protecionismo provocou ao aumento da capacidade competitiva da maioria dos fabricantes do terceiro mundo. Outra conseqüência do protecionismo foi a diversificação da competição internacional: a imposição de barreiras não tarifárias levou ao estabelecimento de bases de produção no primeiro mundo. Três tendências específicas servem para ilustrar a natureza do sistema de produção mundial contemporâneo: a- surgimento de industrialização diversificada no terceiro mundo; b- adoção de estratégias de desenvolvimento baseadas na exportação em países periféricos; e, c- elevada especialização do perfil exportador dos países do terceiro mundo. O impacto desses processos de mudança é bastante desigual, com alguns países melhorando suas posições e outros ficando marginalizados. 4 Import Substitution Industrialisation Industrialização Substituttiva de Importações 5

6 Desde 1950, o fosso entre os desenvolvidos e os sub-desenvolvidos foi sendo reduzido em termos de industrialização. No final dos anos 70 os NIC s tinham igualado e ultrapassado os países centrais no grau de industrialização. Na medida em que os países do primeiro mundo caminhavam na expansão do setor terciário, a industrialização crescia na periferia. A industria superou a agricultura como fonte de desenvolvimento em todos os países do terceiro mundo. Entre 1965 e 1990, a participação industrial no produto bruto cresceu 13% no leste e sudeste asiático, 10% na África subsahárica, 5% no sul da Ásia e 3% na América Latina. Ao mesmo tempo, a participação da agricultura decrescia 16% no leste e sudeste da Ásia, 11% no sul da Ásia, 8% na África sub-sahárica e 6% na América Latina. O comércio mundial expandiu-se 30 vezes desde 1960: bens manufaturados, que representavam 55% do total das exportações em 1980, passaram a representar 75% em A participação dos NIC s nas exportações de manufaturados de alta tecnologia saltou de 2% em 1964 para 25% em 1985, enquanto que nos produtos de média tecnologia passou de 16 para 22% no mesmo período. As exportações representaram 22% do produto no leste e sudeste asiático, 23% na África sub-sahárica, 15% nos países industrialmente avançados, 11% no sul da Ásia e 10% na América Latina e Caribe. Em todas as regiões, a importância relativa das commodities, tanto nas exportações, como no produto, decresceu bastante desde A maturidade ou sofisticação da estrutura industrial de um país pode ser medida pela complexidade dos produtos que ele exporta. Os têxteis e confecções, que foram o carro-chefe nas exportações dos tigres asiáticos nos anos 60 e 70, perderam importância entre 1970 e 92. Ao mesmo tempo em que os tigres mudavam seu foco para produtos de elevado valor adicionado nos anos 80 e 90, passando a exportar equipamentos de produção e fibras têxteis para países com menor grau de desenvolvimento na região, estes assumiam a exportação de confecções. Enquanto a diversificação das exportações de produtos não tradicionais é uma tendência clara, verifica-se de forma menos acentuada uma outra tendência de concentração desses países no desenvolvimento de nichos específicos de mercado. Surgem, então, três questões relativas ao desenvolvimento dos países do terceiro mundo: a- Como assegurar a entrada dos países nos nichos de exportação mais atraentes, onde eles tenham as maiores vantagens relativas? b- Em que extensão a posição de um país no sistema global de produção é determinada pela disponibilidade de capital local, infra-estrutura econômica e existência de uma força de trabalho adequada? c- Qual é o leque de opções de desenvolvimento disponíveis para os países do terceiro mundo? Os sistemas transnacionais de produção ligam as atividades econômicas de empresas às redes tecnológicas, organizacionais e institucionais usadas para desenvolver, produzir e comercializar mercadorias específicas. A globalização 6

7 implica num grau de integração funcional entre essas atividades dispersas internacionalmente. As cadeias globais de mercadorias tem quatro dimensões principais: a- cadeias com elevado valor adicionado de produtos, serviços e recursos ligadas entre si num leque de indústrias relevantes; b- dispersão geográfica das redes de produção e comercialização, nos níveis nacional, regional e global, envolvendo empresas de diferentes dimensões e tipos; c- estrutura de governança de relações de poder e de autoridade entre empresas, que determina como os recursos são alocados e fluem numa cadeia; e, d- esquema institucional, que identifica como as condições e políticas locais, nacionais e internacionais dão forma ao processo de globalização em cada estágio da cadeia. As cadeias de mercadorias orientadas à produção ocorrem quando as transnacionais, ou outras empresas industriais integradas, fazem o papel central no controle de um sistema de produção. Trata-se de uma característica de setores de capital e tecnologia intensivos, como automóveis, computadores, aviões e equipamento pesado. A sub-contratação de componentes é comum, especialmente nos processos de mão de obra mais intensiva. Também é comum a existência de alianças estratégicas entre rivais internacionais. O que caracteriza os sistemas orientados à produção é o controle exercido pela matriz administrativa dos fabricantes transnacionais. As cadeias de mercadorias orientadas às compras, segundo Gerefi, são encontradas em setores onde grandes varejistas, empresas de marketing de marcas e trading companies estabelecem redes de produção descentralizada em uma variedade de países exportadores do terceiro mundo. A produção é desenvolvida por empresas de capital local, que se encarregam da produção dos bens acabados para compradores externos. Por outro lado, as especificações são fornecidas por companhias de marketing e marcas ou por grandes varejistas, que desenham e encomendam os produtos. Essas empresas usualmente não são proprietárias das fábricas, mas apenas projetam e comercializam os produtos de marca que encomendam. O aspecto mais importante é administrar as cadeias de produção e de comércio, assegurando que as partes se mantenham unidas, como um todo integrado. Os lucros nessas cadeias não decorrem da escala, volume ou avanços tecnológicos, como nas cadeias orientadas à produção, mas de combinações específicas de pesquisa, projeto, vendas, marketing e serviços financeiros, que permitem a varejistas e companhias de marca atuarem como corretores estratégicos entre os produtores e comerciantes externos e seu próprio mercado interno. As cadeias globais de produção e de compras tem seu valor decorrente das barreiras de entrada, que permitem às companhias centrais de industria e comercio controlar os elos para frente e para trás no processo de produção. Os 7

8 diversos autores que se ocupam das teorias de organização industrial, entre os quais se deve ressaltar Michael Porter, sustentam que a lucratividade é elevada em segmentos industriais caracterizados por elevadas barreiras de entrada a novos competidores. As cadeias globais de produção caracterizam-se por tecnologia e capital intensivos, enquanto que aquelas focadas nas compras apresentam, como aspecto mais relevante, o fato de ocuparem mão de obra intensiva na produção industrial. A distinção entre ambos os tipos de cadeias decorre da diferença entre a produção de massa e as formas flexíveis de especialização na organização industrial. A produção de massa é um modelo orientado para a produção, no qual as industrias verticalmente integradas reduzem custos de fabricação de mercadorias padronizadas utilizando-se de equipamento específico, partes intercambiáveis e trabalhadores pouco especializados, além de fábricas que tenham linhas de montagem contínua. A produção flexível, em contraste, é baseada em equipamento flexível, partes padronizadas e trabalhadores especializados em fábricas ou oficinas localizadas freqüentemente em distritos industriais onde redes de cooperação tendem a facilitar a inovação e a adaptação. Enquanto a perspectiva de organização flexível trata especificamente da organização da produção em economias nacionais ou em distritos industriais locais, a noção de cadeias orientadas à produção ou às compras focaliza as propriedades organizacionais de industrias globais. O surgimento do esquema de produção flexível, numa cadeia orientada para compras, é explicado, pelo menos parcialmente, por mudanças na estrutura do consumo e no varejo dos principais mercados de exportação, que por sua vez refletem mudanças demográficas e novos imperativos organizacionais. Enquanto se discute se a produção flexível é uma forma que poderia deslocar o sistema de produção de massa, as cadeias orientadas à produção e às compras são vistas como pólos divergentes num espectro de possibilidades de organização industrial. Denomina-se de produção triangular a forma utilizada pelos países que se acham em cadeias orientadas às compras para poder competir com fornecedores de custos mais baixos. Os compradores colocam ordens de compra junto aos NIC s, que por sua vez colocam a totalidade ou parte dessas ordens junto a fábricas off-shore, localizadas em países de baixos salários. Essas empresas podem ou não ter participação acionária dos fabricantes que estão localizados nos tigres. O triângulo se completa quando a mercadoria é embarcada para o mercado americano, de acordo com quotas que os Estados Unidos concederam a esses terceiros países. Apesar contato e confiança que os fabricantes dos NIC s gozam, quando o volume de encomendas cresce há uma tendência de evitar a intermediação, ocorrendo a negociação direta entre compradores e 8

9 fabricantes. Se os produtores se acham mais ligados, a mudança se acelera e eles contam com menos tempo para explorar suas vantagens competitivas. Outro aspecto relevante da estrutura dos mercados mundiais reside na redução continuada dos ciclos de vida dos produtos. Esse encurtamento tem várias causas: a- a questão da sazonalidade dos produtos de moda; b- a proliferação de novos modelos de produtos; c- o crescimento das habilidades produtivas no terceiro mundo; e, finalmente, d- a grande velocidade com que os países centrais impõe barreiras ao comércio. A globalização econômica aumentou o papel do comércio, especialmente de manufaturas na economia mundial. Os países estão ligados a cadeias globais de mercadorias através dos bens e serviços que oferecem à economia mundial. Esses laços de comércio assumem cinco alternativas: a- exportações de mercadorias primárias; b- processamento de exportação e operações de montagem; c- fornecimento sub-contratado de componentes; d- produção de equipamento original (OEM); ou, e- produção original de produtos de marca (OBM). Cada um desses papeis diferentes é progressivamente mais difícil de ser assumido, porque implica num elevado grau de integração doméstica e capacidade empreendedora local. Essas relações de comércio não são mutuamente exclusivas e a maioria dos países se acha ligada à economia mundial de múltiplas formas. O desenvolvimento implica em avanço tecnológico e aprendizagem organizacional, sendo que ambos são necessários para a aquisição de maiores graus de complexidade industrial. Para isso é necessário contar com uma dinâmica base empresarial, políticas estatais favoráveis e competências crescentes, ao lado de salários mais elevados para a força de trabalho. É necessário destacar que os países do terceiro mundo utilizaram-se de várias estratégias na últimas décadas para tentar melhorar sua posição global. Essas estratégias podem ser resumidamente apresentadas como sendo: a- políticas governamentais e iniciativas das organizações no sentido de melhorar a produtividade; b- novas relações entre o capital nacional e o capital estrangeiro; e, c- participação em blocos econômicos regionais. A globalização não é inevitável, nem uma benção em termos de desenvolvimento. Ela gera resistências de natureza social e cultural, por suas conseqüências desiguais e suscetíveis de tornar paises e regiões inteiramente marginais. As mudanças provocadas por este processo afetam todas as regiões do mundo. Os tigres asiáticos, que consolidaram sua posição de liderança nos últimos 25 anos, estão em meio a uma transformação radical em seu perfil industrial e exportador, à medida que industrias de baixo custo de mão de obra cedem lugar a setores tecnologicamente mais sofisticados e com 9

10 foco nos serviços. Para outras regiões, no entanto, o problema perdura enquanto os países tentam modificar sua estratégia de exportações orientadas por baixos salários, baixa produtividade e formas marginais de integração econômica. Na perspectiva da teoria econômica neo-liberal, a globalização promove maior eficiência no mundo: as industrias de trabalho intensivo continuarão a procurar mão de obra barata, enquanto os países que investem em tecnologia e capital terão benefícios da inovação e da sofisticação industrial. A eficiência precisa ser contrabalançada por uma estrutura regulatória que enfatize o desenvolvimento para toda a sociedade e não apenas para alguns segmentos. A globalização exuberante é criticada, porque deixa muitos grupos da sociedade desprotegidos. O dilema que se coloca é a necessidade de defender os interesses nacionais sem correr o risco de sofrer um desligamento da economia mundial. É importante destacar que, apesar da performance em exportações se constituir em medida da competitividade internacional dos países e regiões, não deve ser confundida com o pleno desenvolvimento nacional. A globalização estimulou a EOI 5 como uma estratégia de desenvolvimento, mas seus investimentos tendem a se concentrar em determinados setores ou regiões. Como as fontes básicas de vantagem competitiva são transitórias (salários baixos e estabilidade econômica), muitas indústrias de exportação são livres e com alta mobilidade. Existem diversas formas de integrar a EOI no esforço de desenvolvimento: a- por meio da diversificação econômica, espalhando seus efeitos por vários setores e regiões; b- procurando concentrar a economia em atividades exportadoras que agregam maior valor adicionado; c- estabelecendo elos para frente e para trás, quando necessário; d- combinando a EOI com etapas de ISI, com o objetivo de evitar a estrita dependência dos mercados externos ou mesmo do doméstico. Deve-se ressaltar que, considerando a ordem econômica mundial prevalecente, o desenvolvimento autárquico não é uma opção viável num mundo interdependente, em que a inexistência de laços comerciais pode representar a marginalização do país. Assim, o desafio principal dos países do terceiro mundo, nesta era de reestruturação global, é lidar com três aspectos: a- produtividade; b- dependência; e, c- eqüidade. A questão da produtividade requer capacidade empreendedora, para gerar exportações não tradicionais, para melhorar a eficiência das empresas e para desenvolver nos trabalhadores as habilidades requeridas pela economia moderna. 5 Export Oriented Industrialisation Industrialização Orientada para a Exportação 10

11 Por outro lado, o problema da dependência decorre da abertura do terceiro mundo ao capital estrangeiro e da ênfase em políticas de livre comércio, que deixam vários setores das economias nacionais ao sabor das flutuações cíclicas. Sua solução está no fortalecimento do capital local. Finalmente, a necessidade da busca da eqüidade envolve considerações fundamentais sobre empregos, trabalhadores e qualidade de vida. 2.2 As Novas Tendências Financeiras Globais e suas Implicações sobre o Desenvolvimento Ao se analisar a trajetória mais ou menos recente do processo de desenvolvimento, especialmente nos países periféricos e semi-periféricos, verifica-se que um aspecto relevante foi desempenhado pelos fluxos de capital estrangeiro. A disponibilidade e o emprego de capitais estrangeiros sofreram acentuadas mudanças nos anos 80 e no início do século XXI. A rigor, é possível distinguir seis sub-períodos distintos: a- período 80/82 antes da chamada crise da dívida ter início, quando as tendências dos anos 70 se mantiveram; b- período 83/86 que se constituiu numa fase de ajustamento à crise da dívida, ao mesmo tempo em que os fluxos de capital realizavam o chamado flight to quality, buscando o abrigo de aplicações menos rentáveis em países centrais, que no entanto pudessem minimizar os riscos a que o capital estava exposto no terceiro mundo. c- período 87/90 em que ocorreu uma elevação do volume de capital decorrente valorização do iene, que conduziu à expansão dos investimentos japoneses, mas em que a tendência de preferência por mercados mais estáveis continuou a se verificar. Nesta etapa a Ásia deslocou a América Latina, como destino preferencial dos investimentos. d- período 91/95 quando fluxo de capital continuou aumentando rapidamente, mas em que cresceu o volume de recursos destinados ao terceiro mundo, especialmente para a América Latina. e- período 95/00 no qual a volatilidade financeira contribuiu para crises no México (95); Tigres Asiáticos (97); Russia (98); Brasil (98 e 99) e Argentina (a partir de 2000). f- período 2001/2003 em que se verificou uma tendência de recessão mundial, iniciada nas bolsas norte-americanas, especialmente na Nasdaq, com a queda dos ativos financeiros ligados à industria de telecomunicações e à Internet e potencializada pelo atentado terrorista de 11 de setembro de Outro aspecto importante que deve ser destacado neste processo de mudança, se constitui na confirmação da relevância e do volume dos 11

12 investimentos diretos e em portfolio 6, que suplantaram o crédito de bancos comerciais e se afirmaram como a fonte mais relevante de recursos. Ao lado dessa importante modificação, deve-se também destacar que, no final dos anos 80 os Estados Unidos foram deslocados, pela Alemanha e pelo Japão da posição de principal fornecedor de capital. Essa alteração no volume dos recursos investidos no terceiro mundo foi momentânea, tendo-se chegado a um equilíbrio de fluxos de capital no início dos anos 90. Também ocorreram outras mudanças importantes nas estruturas dos mercados financeiros: durante os anos 60 verificou-se a emergência dos euromercados, inicialmente separados dos mercados domésticos. Ocorreu o desmonte das barreiras constituídas pelas fronteiras nacionais, eliminando-se controles de câmbio e varias restrições de acesso aos mercados domésticos. Em conseqüência do maior acesso, os bancos começaram a colocar agências ou comprar outros bancos nos países centrais. Isso ocorreu em grande escala nos Estados Unidos e na Europa, mas muito pouco no Japão. A ampliação do número de bancos trouxe, como conseqüência, um grande incremento no volume de empréstimos. Ao mesmo tempo, novos instrumentos financeiros foram desenvolvidos. A securitização 7 tomou o espaço dos empréstimos bancários, os ativos foram transformados em títulos negociáveis. Ao lado dessas modificações, as operações de futuros e de opções ficaram populares, sendo que os swaps 8 tiveram seu surgimento nos anos 80. Esse processo de alteração estrutural do mercado financeiro se completou pelo surgimento de grandes fundos mútuos de investimento, que trouxeram investidores individuais para os mercados e aumentaram a quantidade disponível de capital. Finalmente, deve-se ressaltar que, no início dos anos 90, o mercado internacional de bônus abriu-se novamente para os países emergentes, ao mesmo tempo em que, através da emissão de ADR 9 s e de GDR 10 s as companhias desses países tivessem acesso a mercado de capitais mais sofisticados, do primeiro mundo. Os fluxos de capital no terceiro mundo experimentaram mudanças significativas nos anos 80 e início dos 90, em termos de composição e estabilidade. Na Ásia, a região que mais recebeu recursos, ocorreu um crescimento persistente. A América Latina experimentou uma elevada volatilidade nos fluxos de capital, com pontos elevados no início e ao final do período e grande baixa no intervalo. Na África ocorreu estagnação do acesso 6 termo técnico utilizado no mercado financeiro para designar investimentos em carteira de títulos públicos e privados, geralmente negociáveis em Bolsa de Valores. 7 neologismo para designar esquema de financiamento de novos investimentos não mais através de empréstimos bancários, mas por intermédio de emissões públicas a serem absorvidas pelo mercado de capitais. 8 operação financeira no mercado de derivativos em que se pode trocar o indexador ou a moeda em que uma obrigação se acha constituída. 9 American Depositary Receipt título negociável no mercado bursátil norte-americano, que tem correspondência em uma dada quantidade de ações emitida por determinada companhia no mercado doméstico do país em que tem sede. 10 Global Depositary Receipt mesmo mecanismo dos ADR s, mas um título negociável em vários mercados do mundo desenvolvido. 12

13 ao financiamento externo, num nível relativamente baixo. A causa mais evidente das flutuações se deve ao comportamento dos bancos comerciais, que respondiam por mais de metade do fluxo de recursos para a América Latina no início dos anos 80. A partir de 1983 os fluxos se tornaram negativos, tendo havido recusa dos bancos em rolar os empréstimos vencidos. Parte dessa perda de recursos foi compensada por operações de reestruturação de dívida, mas o total de novos financiamentos e empréstimos excepcionais declinou de US$ 33 bilhões em média, durante o período 80/82, para US$ 11 bilhões em 83/90 e atingiu apenas US$ 5 bilhões em 1991/92. Os volumes de IED 11 e de investimento em portfolio foram mais positivos. Os IED s declinaram na AL após a crise da dívida, mas voltaram a subir no final da década e mais que dobraram, alcançado uma média de US$ 27 bilhões entre 91 e 92. O mesmo padrão de movimento se repetiu nos investimentos em portfolio, mas isso é tanto devido ao aumento da confiança do investidor americano na América Latina, como decorrência da queda da taxa de juros nos Estados Unidos, provocada pela crise recessiva experimentada por aquele país no início dos anos 90. O comportamento dos fluxos de capital para a Ásia, por sua vez, diferiu bastante do verificado na América Latina. Em relação aos empréstimos bancários, com exceção das Filipinas, não ocorreu nenhuma crise de dívida. A Coréia do Sul apresentava uma relação dívida/produto bruto equivalente à do México e do Brasil, mas suas exportações permitiam uma receita em moeda forte suficiente para enfrentar o serviço de juros e da amortização dos empréstimos. Por outro lado, ocorreu uma regionalização da percepção de risco pelos bancos, fazendo com que os empréstimos ficassem escassos na América Latina e disponíveis na Ásia, mesmo que os fundamentos econômicos dos países fossem semelhantes. Assim, nunca houve redução de créditos para os países asiáticos. Os IED s cresceram lentamente na Ásia até os Acordos do Plaza, em 1985, quando ocorreu a valorização do iene, que levou ao aumento de custos no Japão e provocou investimentos japoneses nos tigres, como forma de compensar a perda de competitividade. No final dos anos 80, a valorização das moedas da Coréia do Sul e de Taiwan provocou novo movimento de IED s na região. Finalmente, cabe analisar os investimentos em portfolio, que cresceram bastante nos anos 90 em comparação com o que havia ocorrido nos 80, porém sem o dinamismo verificado na América Latina. A partir de 1997, no entanto, deve-se destacar que ocorreu uma severa crise financeira nos tigres, caracterizada por efeito dominó entre os diferentes paises, com perda de reservas em moeda forte, overshooting 12 cambial, redução do nível de atividade e inflação. No caso africano, repetiu-se a queda verificada na 11 Investimento Estrangeiro Direto 12 Desvalorização excessiva de uma moeda nacional frente às moedas fortes, como decorrência da perda de confiança dos investidores estrangeiros na solvabilidade do país emergente. 13

14 América Latina, mas no início da década de 90 o volume dos recursos era semelhante ao que havia se dirigido para o continente no início dos anos 80. No início da década de 90 havia grandes diferenças entre os fluxos de recursos para as diferentes regiões. Na Ásia havia a predominância de IED (44% do total), com os empréstimos de bancos comerciais ao setor privado e ao setor público, não sujeitos a condicionalidades, em menor escala. Na América Latina, o mais importante item era representado pelos investimentos em portfolio (55% do total), seguido do IED (28%). Na África as transferências oficiais e os empréstimos de reestruturação tinham igual importância. É importante destacar que a natureza dos fluxos de recursos tem importante implicação para as perspectivas de desenvolvimento de um país. As transferências oficiais de recursos, das agências bilaterais e dos programas especiais das IFI 13 s são os recursos mais baratos, porque em parte não precisam ser amortizados (doações) e, quando isso não ocorre, as taxas de juros e os prazos de amortização são atraentes. No entanto, esses recursos estão disponíveis unicamente para os países mais pobres.apesar da África ter recebido em grande volume esse tipo de fluxo de capital, os recursos não tem sido suficientes para gerar o crescimento necessário na região. Na seqüência, os empréstimos mais favoráveis tem sido aqueles sem condicionalidade, que provém de agências multilaterais ou bilaterais. O caso mais comum é representado por créditos destinados à compra de bens exportados pelos países doadores dos recursos. Apesar dos créditos apresentarem custo mais elevado e prazo de amortização mais curto que os do grupo anterior, seus termos são mais favoráveis que os empréstimos de bancos comerciais ou que o mercado de títulos de dívida. Os créditos de bancos comerciais apresentam custos mais elevados, bem como prazos de amortização mais curtos. Além disso, esses créditos tendem a apresentar taxas de juros variáveis, o que eleva a instabilidade do ambiente econômico. Sua vantagem é a não condicionalidade de concessão. Os IED s foram considerados desinteressantes ao longo dos anos 70, porque não permitiam aos governos o exercício de um controle maior sobre sua utilização. A percepção do interesse dos países do 3o. Mundo pelos IED s mudou nos anos 80 em função de vários aspectos. Em primeiro lugar, trata-se de capitais mais estáveis, já que é difícil o processo de desinvestimento. Por outro lado, o fluxo de lucro varia, de modo que é mais interessante remeter dividendos que comprometer as divisas na remessa de juros. Um terceiro aspecto importante é que o investimento direto normalmente representa também uma forma de importar tecnologia e know-how.finalmente, deve-se destacar que o investimento direto facilita o crescimento das exportações, sendo que o caso dos tigres asiáticos ilustra essa facilidade, quando se analisa os IED japoneses na região). Os investimentos em portfolio compreendem investimentos em participação acionária (fundos, ADR s e GDR s e investimentos diretos em participação 13 International Financial Institutions instituições financeiras internacionais. 14

15 propriamente dita) e instrumentos de dívida (bônus, commercial papers e certificados de depósito). A maior parte do fluxo de recursos aplicados em portfolio se acha em bônus, que representavam mais da metade do total nos primeiros anos da década de 90. A vantagem dos bônus é que se acham ligados a taxas fixas de juros, apesar de que a maioria de bônus emitidos pelos países em desenvolvimento nos anos 90 apresentava prazo de amortização muito curto, sendo ao redor de 4 anos na América Latina. O primeiro problema daí decorrente é que existe um risco muito elevado de não renovação desses títulos, ao mesmo tempo em que pode haver renovação, mas com custos de empréstimo significativamente elevados. Por ocasião da crise mexicana de 95, a não renovação dos bônus teve um papel importante no agravamento da situação, uma vez que muitos desses títulos apresentavam prazos de amortização inferiores a um ano. Uma nova forma de obtenção de recursos privados externos é o investimento internacional em participações acionárias, composto por participações diretas, ADR s, GDR s e investimentos através de fundos mútuos. Da mesma forma que os IED, a sensibilidade dos investimentos em participação também se refere à questão dos dividendos: eles são devidos apenas quando a posição da economia recipiente é favorável. Se a economia se acha em dificuldades, as empresas não apresentam lucros e as divisas em moeda forte não serão pressionadas pelo pagamento de dividendos. No entanto, existem outros riscos quando se capta recursos através de participações acionárias: na hipótese de um aumento da percepção de risco por parte dos investidores privados, haverá um movimento geral de venda dos ativos, que pode pressionar tanto o mercado de títulos no país, como a taxa de câmbio. Isso pode ser ainda mais difícil se houver elevada alavancagem financeira no mercado, ou se os bancos e o mercado de capitais se acharem fortemente interligados. A composição dos fluxos de capital na Ásia e na América Latina tem tido uma importância crucial na forma de reação dessas regiões em termos de velocidade de desenvolvimento.os IED s sempre se acham ligados a novos investimentos, enquanto os recursos de outras fontes podem ser aplicados com outros propósitos. A maior participação de IED s em relação ao total de fluxo externo de recursos, obtida pela Ásia relativamente à América Latina, pode explicar porque nessa última região o ingresso de capital estrangeiro não se traduziu em imediato aumento do volume de novos investimentos. Outro aspecto importante reside no impacto macroeconômico desses fluxos de capital estrangeiro nas economias regionais: na América Latina o crescimento desse volume levou a um processo de apreciação cambial, enquanto que na Ásia isso não foi significativo. Evidentemente, a apreciação cambial não é um efeito interessante, na medida em que reduz a competitividade externa do país e desencoraja a produção de bens exportáveis. 15

16 Também é importante notar que os IED s parecem afetar menos a conduta da política monetária do país recipiente dos recursos. Na medida em que os IED s não são intermediados pelo sistema bancário doméstico, não há uma paralela expansão no crédito interno e assim a questão da esterilização dessa expansão monetária é menos importante. Assim, a variada composição do fluxo de capital, bem como a diferente estabilidade histórica na evolução desse fluxo, pode explicar porque inquietações sobre o hot money 14 e súbita reversão no sentido e no volume dos fluxos são mais freqüentes entre os formuladores de política na América Latina do que na Ásia. Além do sua conseqüência sobre os investimentos e a política macroeconômica nos países recipientes, outro impacto causado pelos fluxos financeiros diz respeito às condicionalidades. Nos anos 80, após a crise da dívida na América Latina e África, o FMI e o Banco Mundial desempenharam importante papel na mudança de política econômica ocorrida nesses países, após a negociação dos pacotes de reestruturação financeira. Deve-se destacar pelo menos três tipos de condicionalidades criadas durante a renegociação das dívidas nos anos 80. O primeiro diz respeito às condições macroeconômicas, orientadas especificamente para eliminar déficits orçamentários e de balanço de pagamentos. O segundo tipo de condicionalidades se acha ligado a reformas estruturais destinadas a criar economias de mercado nos países recipientes, que forçaram a abertura econômica dos países do 3o. Mundo ao comércio internacional e a limitação do papel exercido pelo estado. Finalmente, cabe ressaltar que o terceiro grupo de condicionalidades ultrapassa o terreno econômico, encorajando políticas de redução da pobreza, de redução dos gastos militares, de respeito aos direitos humanos, de estabelecimento de boa governança, de manutenção do regime democrático e de proteção ambiental. Existem três formas pela quais os fluxos internacionais de capital podem influenciar as estratégias de desenvolvimento e as perspectivas. Uma primeira forma se acha explicitada nas condicionalidades impostas pelas IFI s. Além das condicionalidades do FMI e Banco Mundial, deve-se destacar o papel exercido pelas restrições impostas por agências bilaterais e bancos regionais de desenvolvimento. O aspecto mais importante dessas condicionalidades é representado pelas reformas estruturais que tendem a substituir a tradicional estratégia de ISI, com elevado grau de protecionismo e forte participação do estado na economia, por políticas orientadas para o mercado. O segundo tipo de influência decorrente do emprego do capital estrangeiro reside no que pode ser chamado de condicionalidade implícita. Por condicionalidades implícitas deve-se entender o conjunto de requisitos colocados pelos investidores privados, que devem ser seguidos pelas nações recipientes, de modo a se tornarem confiáveis. Esses requisitos não são claramente enunciados, como as condicionalidades apresentadas pelas IFI s, mas constituem os fatores que são considerados pelos administradores de 14 recursos de curto e curtíssimo prazo. 16

17 corporações transnacionais, de companhias de seguro e de bancos privados, quando se trata de alocar recursos. Entre as condicionalidades implícitas pode-se enumerar: a- O contexto macroeconômico, com ênfase no equilíbrio fiscal; b- O papel do Estado na economia; c- As leis que regulam os investimentos estrangeiros, inclusive a questão da remessa de lucros; d- Os direitos de propriedade; e- A questão da propriedade intelectual; f- O arcabouço jurídico; e, g- A estabilidade política. Além das condicionalidades explícitas e implícitas, um grande impacto sobre as estratégias de desenvolvimento reside na percepção, pelos países sobre o sucesso ou fracasso provocado pela adoção das novas políticas. Assim, o impacto do fluxo de capital externo sobre o crescimento dos países a longoprazo dependerá tanto do tipo desse fluxo e de sua sustentabilidade, como em grande medida da forma com que o governo adapte sua administração macroeconômica para maximizar os impactos positivos desse fluxo e para minimizar os efeitos negativos, tais como o excessivo aquecimento da economia ou a sobrevalorização das taxas de câmbio. Analisando a reação dessas condicionalidades sobre as diferentes regiões, pode-se verificar que enquanto a América Latina, no início da década de 90, parecia caminhar mais rapidamente na direção das estratégias de desenvolvimento baseadas no livre mercado, isso não ocorria na Ásia, onde os formuladores de política preferiam um papel mais ativo do estado, ainda que de modo seletivo. 3. Reformas e Desenvolvimento Econômico na América Latina De acordo com Bresser Pereira, existem duas interpretações para a crise da América Latina nos anos 80/90. A primeira, neo-liberal, deriva do Consenso de Washington. A segunda, denominada de pragmática pelo autor, acha-se focalizada na crise fiscal do Estado. De acordo com o Consenso de Washington, as causas da crise na América Latina eram o excesso de intervenção do Estado, que se traduz em protecionismo, sobre- regulação e um inchaço do setor público e o populismo econômico, expresso na incapacidade de eliminação do déficit orçamentário. As reformas econômicas deveriam, a curto-prazo, combater o populismo econômico e controlar o déficit orçamentário, adotando a médio-prazo uma estratégia de crescimento orientada pelo mercado, o que significa reduzir a intervenção estatal, liberalizar o comércio e promover exportações. 17

18 O Consenso de Washington compreendia dez medidas, sendo que as cinco primeiras (eliminação do déficit fiscal, eliminação de subsídios e reforço das despesas com educação e saúde, reforma tributária, política monetária ativa, câmbio livre) poderiam ser resumidas num processo de estabilização com políticas fiscais e monetárias ortodoxas, em que o mercado desempenha um papel fundamental. As demais cinco reformas (liberalização do comércio, livre entrada de investimentos diretos estrangeiros, privatização, desregulamentação e respeito ao direito de propriedade) constituem-se em meios para redução do tamanho e do papel do Estado. Para Bresser Pereira, no entanto, a retomada do crescimento não dependeria apenas de se estabilizar a economia e promover a redução da intervenção do Estado. Era necessário combater a crise fiscal, recuperar a capacidade de poupança do setor público e definir o novo papel estratégico para o Estado, de forma a promover o crescimento da poupança agregada e do progresso tecnológico. De acordo com este enfoque, a crise da América Latina é decorrente do populismo econômico e do problema da dívida. Ambos os fatores provocaram a crise fiscal do Estado, que se traduziu em elevadas taxas de inflação. Na medida em que salários e preços tendiam a ser indexados informalmente, a inflação apresentava um aspecto crônico ou inercial. Os programas de estabilização deveriam, além de políticas monetárias e fiscais ortodoxas, incluir políticas de renda e reduzir o débito público. Após a estabilização e a implementação de reformas, deveria surgir um Estado menor e reorganizado, cuja tarefa mais relevante seria manter uma política industrial orientada para a exportação. A crise fiscal é um fenômeno estrutural e não circunstancial, de curto-prazo, sendo necessário destacar cinco fatores na crise dos anos 80, na América Latina: o déficit orçamentário; uma poupança agregada do setor público muito pequena ou negativa; o grande volume de dívida externa e interna; a baixa credibilidade do Estado, que resultava em falta de confiança na moeda nacional e prazos curtos de financiamento do dívida interna; e, a falta de credibilidade do governo. A perda de crédito por parte do Estado e sua incapacidade de se financiar, exceto pela seigniorage, constituem a característica da crise fiscal. Sempre é necessário contar com investimentos públicos em infra-estrutura, sociais (educação e saúde), em segurança (reaparelhamento da polícia e novas prisões), bem como os incentivos e subsídios aos investimentos privados (políticas agrícola e industrial). Se a poupança agregada do setor é baixa ou negativa, a única forma de financiar esses investimentos é através do déficit público. Os governos da América Latina, que haviam se utilizado largamente de poupança pública forçada entre 1930 e os anos 70, se viram imobilizados. Assim, a crise foi resultado: a- do excessivo endividamento externo dos anos 70; e, 18

19 b- da demora em substituir a ISI por estratégias orientadas para a exportação. Como a maioria dos impostos na América Latina é indireta, o sistema tributário tende a ser regressivo. Originalmente o financiamento do Estado vinha sendo feito através dos impostos de exportação. Na medida em que as receitas de exportação se reduziram, o mecanismo foi substituído pr impostos indiretos e por impostos decorrentes de fundos de investimento. Nos anos 70, quando essas fontes de recursos se esgotaram, a alternativa utilizada foi a do endividamento externo. As políticas econômicas desenvolvimentistas e populistas foram mantidas na maioria dos países da América Latina pelos regimes militares. A dívida externa e os investimentos estrangeiros diretos foram as novas fontes de financiamento para essa segunda onda de ISI. Quando essas fontes secaram no início dos anos 80, os diferentes países da região foram à bancarrota e a crise se iniciou. Existe para o autor uma distinção clara entre o populismo em geral, o pacto populista, que prevaleceu entre os anos 30 e 60 e o populismo econômico. Nos países da América Latina tende a haver um padrão cíclico entre o populismo econômico e as políticas ortodoxas. Adotando políticas de redução da inflação enquanto aumenta a demanda agregada e o crescimento, o regime populista se utilizava da sobrevalorização da taxa cambial. A estratégia se completava pelo crescimento dos salários reais e nominais e pelo incremento das despesas do governo. Num quadro dessa magnitude, por algum tempo parece que os resultados são ótimos: a inflação parece estar sob controle e a economia sadia. Quando surgem dificuldades com o balanço de pagamentos, os controles de importação são fortalecidos. Quando a inflação de demanda começa, os controles de preço são incrementados. No entanto, essas soluções improvisadas não produzem o efeito desejado: na medida em que as exportações caem e as importações se avolumam, o país enfrentará uma crise no balanço de pagamentos. As reservas estrangeiras se exaurem e, como o governo tem que promover uma desvalorização cambial, a inflação volta com grande intensidade. Na seqüência, a crise econômica traz a crise política. No passado, esse era o momento do golpe militar, apoiado pela classe capitalista. O novo governo tinha que enfrentar a crise e a mera desvalorização da moeda não era suficiente. A solução residiu, muitas vezes, em aplicar a terapia ortodoxa em sua plenitude: liberalização de preços, liberalização do comércio, cortes de despesas e elevação de impostos. Nestas condições os custos da transição são extremamente elevados, e os resultados nem sempre brilhantes. O populismo econômico é uma conseqüência de política democrática em países que contam com eleitorado constituído por imensa massa de pessoas escassamente educadas e economicamente marginais. A alternativa ao 19

20 populismo é idealmente a democracia moderna, mas freqüentemente tem ocorrido o surgimento de regimes autoritários. Geralmente os programas de estabilização que seguem a orientação neoliberal tendem a falhar quando a inflação é alta e crônica, com um forte componente inercial, autônomo em relação à demanda. Esse tipo de inflação, situado entre o nível moderado que ocorre habitualmente em vários países e a hiperinflação, tem recebido a designação de autônoma, inercial, elevada ou crônica. Sempre que a inflação é elevada, acima de 5% ao mês, uma série de sistemas de indexação formais ou informais tende a surgir, como forma dos agentes protegerem sua participação relativa na renda: é o chamado conflito distributivo. A indexação informal torna a inflação rígida, autônoma, inercial. Para debelar este tipo de inflação, as políticas monetária e fiscal convencionais não são suficientes: há necessidade de um choque fiscal, acompanhado de congelamento. A razão principal pela qual as reformas são retardadas é a falta de um consenso mínimo sobre o que deve ser realizado. Os objetivos mais gerais, como estabilização, crescimento e distribuição são geralmente aceitos, o que não acontece em relação ao ajuste fiscal, ajuste do balanço de pagamentos e liberalização do comércio. O autor reconhece que as políticas populistas tem sofrido crescente descrédito, enquanto que a disciplina fiscal e a orientação para o mercado são progressivamente pontos de consenso. A questão central é como dividir os custos do ajuste entre os diferentes setores da sociedade. Existe um trade-off entre os custos, que ocorrem a curto-prazo, e os benefícios que advirão das reformas, que ocorrem a médio-prazo. O ideal é que se ataque as distorções causadoras do desequilíbrio tão cedo quanto possível, mas a democracia é basicamente um processo de negociação e persuasão, que pode consumir muito tempo. Na opinião de Bresser Pereira, existiriam duas alternativas para que a América Latina pudesse superar a crise fiscal. A primeira consistiria em atacá-la diretamente, reduzindo a dívida pública interna e externa e elevando os impostos. Uma segunda alternativa seria de reduzir o sacrifício imposto aos setores dominantes da economia, enquanto se promove o ajuste e se implementa as reformas. O autor continua sua análise, considerando que a primeira alternativa implicaria em riscos, na medida em que se as mudanças não fossem bem planejadas e adequadamente fortes, a situação poderia deteriorar-se ainda mais. O andamento das medidas fiscais e das reformas, bem como a renegociação com os bancos de acordo com o Plano Brady é que contribuiriam para a criação de um clima de confiança. Apesar disso, na medida em que parece inviável obrigar os trabalhadores e os setores médios da sociedade a aceitar os custos do ajuste, a crise fiscal não será completamente resolvida. O enfoque neo-liberal para a crise envolve pressão internacional, com ações formais e informais por parte dos governos de países desenvolvidos, das agências multilaterais e da comunidade de negócios. 20

Prof. José Luis Oreiro Instituto de Economia - UFRJ

Prof. José Luis Oreiro Instituto de Economia - UFRJ Prof. José Luis Oreiro Instituto de Economia - UFRJ Palma, G. (2002). The Three routes to financial crises In: Eatwell, J; Taylor, L. (orgs.). International Capital Markets: systems in transition. Oxford

Leia mais

TRABALHO DE ECONOMIA:

TRABALHO DE ECONOMIA: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUIUTABA - FEIT INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO E PESQUISA DE ITUIUTABA - ISEPI DIVINO EURÍPEDES GUIMARÃES DE OLIVEIRA TRABALHO DE ECONOMIA:

Leia mais

Exercícios sobre Tigres Asiáticos

Exercícios sobre Tigres Asiáticos Exercícios sobre Tigres Asiáticos Material de apoio do Extensivo 1. (UNITAU) Apesar das críticas, nos últimos tempos, alguns países superaram o subdesenvolvimento. São os NIC (Newly Industrialized Countries),

Leia mais

ESTUDO DE CASO MÓDULO XI. Sistema Monetário Internacional. Padrão Ouro 1870 1914

ESTUDO DE CASO MÓDULO XI. Sistema Monetário Internacional. Padrão Ouro 1870 1914 ESTUDO DE CASO MÓDULO XI Sistema Monetário Internacional Padrão Ouro 1870 1914 Durante muito tempo o ouro desempenhou o papel de moeda internacional, principalmente por sua aceitabilidade e confiança.

Leia mais

* (Resumo executivo do relatório Where does it hurts? Elaborado pela ActionAid sobre o impacto da crise financeira sobre os países em

* (Resumo executivo do relatório Where does it hurts? Elaborado pela ActionAid sobre o impacto da crise financeira sobre os países em * (Resumo executivo do relatório Where does it hurts? Elaborado pela ActionAid sobre o impacto da crise financeira sobre os países em desenvolvimento) A atual crise financeira é constantemente descrita

Leia mais

GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA E GLOBALIZAÇÃO PRODUTIVA

GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA E GLOBALIZAÇÃO PRODUTIVA GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA E GLOBALIZAÇÃO PRODUTIVA GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA Interação de três processos distintos: expansão extraordinária dos fluxos financeiros. Acirramento da concorrência nos mercados

Leia mais

MARKETING INTERNACIONAL

MARKETING INTERNACIONAL MARKETING INTERNACIONAL Produtos Ecologicamente Corretos Introdução: Mercado Global O Mercado Global está cada dia mais atraente ás empresas como um todo. A dinâmica do comércio e as novas práticas decorrentes

Leia mais

Análise do Ambiente estudo aprofundado

Análise do Ambiente estudo aprofundado Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Etapa 5 Disciplina Gestão Estratégica e Serviços 7º Período Administração 2013/2 Análise do Ambiente estudo aprofundado Agenda: ANÁLISE DO AMBIENTE Fundamentos Ambientes

Leia mais

Apresentação de Teresa Ter-Minassian na conferencia IDEFF: Portugal 2011: Coming to the bottom or going to the bottom? Lisboa, Jan.31-Fev.

Apresentação de Teresa Ter-Minassian na conferencia IDEFF: Portugal 2011: Coming to the bottom or going to the bottom? Lisboa, Jan.31-Fev. Apresentação de Teresa Ter-Minassian na conferencia IDEFF: Portugal 2011: Coming to the bottom or going to the bottom? Lisboa, Jan.31-Fev.1, 2011 Estrutura da apresentação Antecedentes Principais características

Leia mais

Exportação de Serviços

Exportação de Serviços Exportação de Serviços 1. Ementa O objetivo deste trabalho é dar uma maior visibilidade do setor a partir da apresentação de algumas informações sobre o comércio exterior de serviços brasileiro. 2. Introdução

Leia mais

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios Pequenas e Médias Empresas no Canadá Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios De acordo com a nomenclatura usada pelo Ministério da Indústria do Canadá, o porte

Leia mais

Parte V Financiamento do Desenvolvimento

Parte V Financiamento do Desenvolvimento Parte V Financiamento do Desenvolvimento CAPÍTULO 9. O PAPEL DOS BANCOS PÚBLICOS CAPÍTULO 10. REFORMAS FINANCEIRAS PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO. Questão central: Quais as dificuldades do financiamento

Leia mais

Perspectivas da Economia Brasileira

Perspectivas da Economia Brasileira Perspectivas da Economia Brasileira Márcio Holland Secretário de Política Econômica Ministério da Fazenda Caxias do Sul, RG 03 de dezembro de 2012 1 O Cenário Internacional Economias avançadas: baixo crescimento

Leia mais

Planejamento Estratégico

Planejamento Estratégico Planejamento Estratégico Análise externa Roberto César 1 A análise externa tem por finalidade estudar a relação existente entre a empresa e seu ambiente em termos de oportunidades e ameaças, bem como a

Leia mais

RELATÓRIO TESE CENTRAL

RELATÓRIO TESE CENTRAL RELATÓRIO Da audiência pública conjunta das Comissões de Assuntos Econômicos, de Assuntos Sociais, de Acompanhamento da Crise Financeira e Empregabilidade e de Serviços de Infraestrutura, realizada no

Leia mais

10º FÓRUM DE ECONOMIA. Política Cambial, Estrutura Produtiva e Crescimento Econômico: fundamentos teóricos e evidências empíricas para o Brasil

10º FÓRUM DE ECONOMIA. Política Cambial, Estrutura Produtiva e Crescimento Econômico: fundamentos teóricos e evidências empíricas para o Brasil 10º FÓRUM DE ECONOMIA Política Cambial, Estrutura Produtiva e Crescimento Econômico: fundamentos teóricos e evidências empíricas para o Brasil Eliane Araújo São Paulo, 01 de outubro de2013 Objetivos Geral:

Leia mais

2002 - Serviços para empresas

2002 - Serviços para empresas 2002 - Serviços para empresas Grupo Telefónica Data. Resultados Consolidados 1 (dados em milhões de euros) Janeiro - Dezembro 2002 2001 % Var. Receita por operações 1.731,4 1.849,7 (6,4) Trabalho para

Leia mais

IMF Survey. África deve crescer mais em meio a mudanças nas tendências mundiais

IMF Survey. África deve crescer mais em meio a mudanças nas tendências mundiais IMF Survey PERSPECTIVAS ECONÓMICAS REGIONAIS África deve crescer mais em meio a mudanças nas tendências mundiais Por Jesus Gonzalez-Garcia e Juan Treviño Departamento da África, FMI 24 de Abril de 2014

Leia mais

Sustentabilidade nas instituições financeiras Os novos horizontes da responsabilidade socioambiental

Sustentabilidade nas instituições financeiras Os novos horizontes da responsabilidade socioambiental Sustentabilidade nas instituições financeiras Os novos horizontes da responsabilidade socioambiental O momento certo para incorporar as mudanças A resolução 4.327 do Banco Central dispõe que as instituições

Leia mais

COMÉRCIO EXTERIOR. Causas da dívida Empréstimos internacionais para projetar e manter grandes obras. Aquisição de tecnologia e maquinário moderno.

COMÉRCIO EXTERIOR. Causas da dívida Empréstimos internacionais para projetar e manter grandes obras. Aquisição de tecnologia e maquinário moderno. 1. ASPECTOS GERAIS Comércio é um conceito que possui como significado prático, trocas, venda e compra de determinado produto. No início do desenvolvimento econômico, o comércio era efetuado através da

Leia mais

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária Alcance 1. Uma entidade que prepara e apresenta Demonstrações Contábeis sob o regime de competência deve aplicar esta Norma

Leia mais

Impacto sobre os rendimentos dos títulos públicos

Impacto sobre os rendimentos dos títulos públicos Como as taxas de juros dos Estados Unidos afetam os mercados financeiros das economias emergentes 15 de maio de 2014 Alexander Klemm, Andre Meier e Sebastián Sosa Os governos da maioria das economias emergentes,

Leia mais

Crescimento Econômico Brasileiro: Análise e Perspectivas

Crescimento Econômico Brasileiro: Análise e Perspectivas Crescimento Econômico Brasileiro: Análise e Perspectivas Fernando A. Veloso Ibmec/RJ XII Seminário Anual de Metas para a Inflação Maio de 2010 Crescimento da Renda per Capita Entre 1960 e 1980, a renda

Leia mais

Análise econômica e suporte para as decisões empresariais

Análise econômica e suporte para as decisões empresariais Cenário Moveleiro Análise econômica e suporte para as decisões empresariais Número 01/2008 Cenário Moveleiro Número 01/2008 1 Cenário Moveleiro Análise econômica e suporte para as decisões empresariais

Leia mais

O sucesso do Plano Real na economia brasileira RESUMO

O sucesso do Plano Real na economia brasileira RESUMO 1 O sucesso do Plano Real na economia brasileira Denis de Paula * RESUMO Esse artigo tem por objetivo evidenciar a busca pelo controle inflacionário no final da década de 1980 e início da década de 1990,

Leia mais

FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA

FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA Unidade II FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA Prof. Jean Cavaleiro Objetivos Ampliar a visão sobre os conceitos de Gestão Financeira; Conhecer modelos de estrutura financeira e seus resultados; Conhecer

Leia mais

Parte III Política Cambial

Parte III Política Cambial Parte III Política Cambial CAPÍTULO 5. A GESTÃO DO REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE NO BRASIL CAPÍTULO 6. A RELAÇÃO ENTRE A TAXA DE CÂMBIO E O DESENVOLVIMENTO Regimes e Política Cambial Apesar da adoção quase

Leia mais

A REORIENTAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL BRASILEIRO IBGC 26/3/2015

A REORIENTAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL BRASILEIRO IBGC 26/3/2015 A REORIENTAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL BRASILEIRO IBGC 26/3/2015 1 A Situação Industrial A etapa muito negativa que a indústria brasileira está atravessando vem desde a crise mundial. A produção

Leia mais

O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO NO PERÍODO DE 1985-2009: BÊNÇÃO OU MALDIÇÃO DAS COMMODITIES? Stela Luiza de Mattos Ansanelli (Unesp)

O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO NO PERÍODO DE 1985-2009: BÊNÇÃO OU MALDIÇÃO DAS COMMODITIES? Stela Luiza de Mattos Ansanelli (Unesp) O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO NO PERÍODO DE 1985-2009: BÊNÇÃO OU MALDIÇÃO DAS COMMODITIES? Stela Luiza de Mattos Ansanelli (Unesp) Objetivo Qual padrão de especialização comercial brasileiro? Ainda fortemente

Leia mais

O Mundo em 2030: Desafios para o Brasil

O Mundo em 2030: Desafios para o Brasil O Mundo em 2030: Desafios para o Brasil Davi Almeida e Rodrigo Ventura Macroplan - Prospectiva, Estratégia & Gestão Artigo Publicado em: Sidney Rezende Notícias - www.srzd.com Junho de 2007 Após duas décadas

Leia mais

A melancolia das commodities: o investimento empresarial na América Latina Nicolás Magud

A melancolia das commodities: o investimento empresarial na América Latina Nicolás Magud A melancolia das commodities: o investimento empresarial na América Latina Nicolás Magud May 12, 2015 O investimento privado vem desacelerando em todos os mercados emergentes desde meados de 2011, e a

Leia mais

A pergunta de um trilhão de dólares: Quem detém a dívida pública dos mercados emergentes

A pergunta de um trilhão de dólares: Quem detém a dívida pública dos mercados emergentes A pergunta de um trilhão de dólares: Quem detém a dívida pública dos mercados emergentes Serkan Arslanalp e Takahiro Tsuda 5 de março de 2014 Há um trilhão de razões para se interessar em saber quem detém

Leia mais

Conclusão. Patrícia Olga Camargo

Conclusão. Patrícia Olga Camargo Conclusão Patrícia Olga Camargo SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros CAMARGO, PO. A evolução recente do setor bancário no Brasil [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica,

Leia mais

Economia. Comércio Internacional Taxa de Câmbio, Mercado de Divisas e Balança de Pagamentos,

Economia. Comércio Internacional Taxa de Câmbio, Mercado de Divisas e Balança de Pagamentos, Economia Comércio Internacional Taxa de Câmbio, Mercado de Divisas e Balança de Pagamentos, Comércio Internacional Objetivos Apresentar o papel da taxa de câmbio na alteração da economia. Iniciar nas noções

Leia mais

Oportunidades e Riscos

Oportunidades e Riscos 2.4b INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DISCIPLINA: Negócios Internacionais FONTE: DIAS, Reinaldo. RODRIGUES, Waldemar. Comércio Exterior Teoria e Gestão. Atlas. São Paulo: 2004. 1 MOTIVOS (ou VANTAGENS)

Leia mais

Colégio São Paulo Geografia Prof. Eder Rubens - 2013

Colégio São Paulo Geografia Prof. Eder Rubens - 2013 Colégio São Paulo Geografia Prof. Eder Rubens - 2013 CAP. 02 A Dinâmica dos espaços da Globalização. (9º ano) *Estudaremos a difusão do modo capitalista de produção, ou seja, do modo de produzir bens e

Leia mais

O papel anticíclico do BNDES sobre o crédito

O papel anticíclico do BNDES sobre o crédito 3 ago 2006 Nº 7 O papel anticíclico do BNDES sobre o crédito Por Ernani Teixeira Torres Filho Superintendente da SAE Nas crises, sistema bancário contrai o crédito. BNDES atua em sentido contrário e sua

Leia mais

Instrumentalização. Economia e Mercado. Aula 4 Contextualização. Demanda Agregada. Determinantes DA. Prof. Me. Ciro Burgos

Instrumentalização. Economia e Mercado. Aula 4 Contextualização. Demanda Agregada. Determinantes DA. Prof. Me. Ciro Burgos Economia e Mercado Aula 4 Contextualização Prof. Me. Ciro Burgos Oscilações dos níveis de produção e emprego Oferta e demanda agregadas Intervenção do Estado na economia Decisão de investir Impacto da

Leia mais

GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO

GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO PMI PULSO DA PROFISSÃO RELATÓRIO DETALHADO GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO Destaques do Estudo As organizações mais bem-sucedidas serão aquelas que encontrarão formas de se diferenciar. As organizações estão

Leia mais

Política monetária e senhoriagem: depósitos compulsórios na economia brasileira recente

Política monetária e senhoriagem: depósitos compulsórios na economia brasileira recente Política monetária e senhoriagem: depósitos compulsórios na economia brasileira recente Roberto Meurer * RESUMO - Neste artigo se analisa a utilização dos depósitos compulsórios sobre depósitos à vista

Leia mais

Investimento internacional. Fluxos de capitais e reservas internacionais

Investimento internacional. Fluxos de capitais e reservas internacionais Investimento internacional Fluxos de capitais e reservas internacionais Movimento internacional de fatores Determinantes da migração internacional: diferencial de salários; possibilidades e condições do

Leia mais

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Abril 2012

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Abril 2012 Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Abril 2012 O RISCO DOS DISTRATOS O impacto dos distratos no atual panorama do mercado imobiliário José Eduardo Rodrigues Varandas Júnior

Leia mais

Negócios Internacionais

Negócios Internacionais International Business 10e Daniels/Radebaugh/Sullivan Negócios Internacionais Capítulo 3.2 Influencia Governamental no Comércio 2004 Prentice Hall, Inc Objectivos do Capítulo Compreender a racionalidade

Leia mais

INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO

INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO O ESTADO VEIO TENDO, NO DECORRER DO SÉCULO XX, ACENTUADO PAPEL NO RELACIONAMENTO ENTRE DOMÍNIO JURÍDICO E O ECONÔMICO. HOJE, TAL RELAÇÃO JÁ SOFRERA PROFUNDAS

Leia mais

ECONOMIA INTERNACIONAL II Professor: André M. Cunha

ECONOMIA INTERNACIONAL II Professor: André M. Cunha Introdução: economias abertas Problema da liquidez: Como ajustar desequilíbrios de posições entre duas economias? ECONOMIA INTERNACIONAL II Professor: André M. Cunha Como o cada tipo de ajuste ( E, R,

Leia mais

Informatização das administrações tributária e aduaneira Objetivos dos projetos de informatização da receita fiscal

Informatização das administrações tributária e aduaneira Objetivos dos projetos de informatização da receita fiscal Informatização das administrações tributária e aduaneira A informatização é uma parte importante dos projetos do Banco Mundial relacionados a impostos e alfândega. Baseando-se em projetos concluídos e

Leia mais

Uma estratégia para sustentabilidade da dívida pública J OSÉ L UÍS O REIRO E L UIZ F ERNANDO DE P AULA

Uma estratégia para sustentabilidade da dívida pública J OSÉ L UÍS O REIRO E L UIZ F ERNANDO DE P AULA Uma estratégia para sustentabilidade da dívida pública J OSÉ L UÍS O REIRO E L UIZ F ERNANDO DE P AULA As escolhas em termos de política econômica se dão em termos de trade-offs, sendo o mais famoso o

Leia mais

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras 1. DECLARAÇÃO Nós, das empresas Eletrobras, comprometemo-nos a contribuir efetivamente para o desenvolvimento sustentável, das áreas onde atuamos e

Leia mais

1. (FGV 2014) A questão está relacionada ao gráfico e ao texto apresentados.

1. (FGV 2014) A questão está relacionada ao gráfico e ao texto apresentados. Brasil e Commodities 1. (FGV 2014) A questão está relacionada ao gráfico e ao texto apresentados. Desde 2007, os produtos básicos sinalizam uma estabilização no quantum importado, apresentando pequena

Leia mais

Informe 05/2011 AS RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL- CHINA NO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO

Informe 05/2011 AS RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL- CHINA NO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO Informe 05/2011 AS RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL- CHINA NO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais

Leia mais

A despeito dos diversos estímulos monetários e fiscais, economia chinesa segue desacelerando

A despeito dos diversos estímulos monetários e fiscais, economia chinesa segue desacelerando INFORMATIVO n.º 42 NOVEMBRO de 2015 A despeito dos diversos estímulos monetários e fiscais, economia chinesa segue desacelerando Fabiana D Atri - Economista Coordenadora do Departamento de Pesquisas e

Leia mais

Bruna Niehues Byatriz Santana Alves Mayara Bellettini Mirela Souza

Bruna Niehues Byatriz Santana Alves Mayara Bellettini Mirela Souza Equipe: Bruna Niehues Byatriz Santana Alves Mayara Bellettini Mirela Souza Contexto global Segundo (CARNEIRO, 1999): A globalização nova ordem econômica A mobilidade dos capitais o elemento central Contexto

Leia mais

O Cluster Financeiro

O Cluster Financeiro O Cluster Financeiro Um sector financeiro promotor do crescimento Manuel Lima Bolsa de Valores de Cabo Verde 15 de Maio de 2013 WS 2.4 O Cluster Financeiro Índice Breves notas O que assinalam os números

Leia mais

Ciências Econômicas. O estudante deve redigir texto dissertativo, abordando os seguintes tópicos:

Ciências Econômicas. O estudante deve redigir texto dissertativo, abordando os seguintes tópicos: Ciências Econômicas Padrão de Resposta O estudante deve redigir texto dissertativo, abordando os seguintes tópicos: A A ideia de que desenvolvimento sustentável pode ser entendido como proposta ou processo

Leia mais

Uma política econômica de combate às desigualdades sociais

Uma política econômica de combate às desigualdades sociais Uma política econômica de combate às desigualdades sociais Os oito anos do Plano Real mudaram o Brasil. Os desafios do País continuam imensos, mas estamos em condições muito melhores para enfrentálos.

Leia mais

Administração Financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras

Administração Financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras Administração Financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras Prof. Onivaldo Izidoro Pereira Finanças Corporativas Ambiente Econômico Em suas atividades uma empresa relacionase com: Clientes

Leia mais

MOTIVAÇÕES PARA A INTERNACIONALlZAÇÃO

MOTIVAÇÕES PARA A INTERNACIONALlZAÇÃO Internacionalização de empresas brasileiras: em busca da competitividade Luis Afonso Lima Pedro Augusto Godeguez da Silva Revista Brasileira do Comércio Exterior Outubro/Dezembro 2011 MOTIVAÇÕES PARA A

Leia mais

RISCOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA DE BENS DE CONSUMO. Junho de 2012

RISCOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA DE BENS DE CONSUMO. Junho de 2012 RISCOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA DE BENS DE CONSUMO Junho de 2012 Riscos e oportunidades para a indústria de bens de consumo A evolução dos últimos anos, do: Saldo da balança comercial da indústria

Leia mais

número 3 maio de 2005 A Valorização do Real e as Negociações Coletivas

número 3 maio de 2005 A Valorização do Real e as Negociações Coletivas número 3 maio de 2005 A Valorização do Real e as Negociações Coletivas A valorização do real e as negociações coletivas As negociações coletivas em empresas ou setores fortemente vinculados ao mercado

Leia mais

FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO URBANO

FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO URBANO FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO URBANO As condições para o financiamento do desenvolvimento urbano estão diretamente ligadas às questões do federalismo brasileiro e ao desenvolvimento econômico. No atual

Leia mais

A INFLUÊNCIA DA BOLSA AMERICANA NA ECONOMIA DOS PAÍSES EMERGENTES

A INFLUÊNCIA DA BOLSA AMERICANA NA ECONOMIA DOS PAÍSES EMERGENTES A INFLUÊNCIA DA BOLSA AMERICANA NA ECONOMIA DOS PAÍSES EMERGENTES JOÃO RICARDO SANTOS TORRES DA MOTTA Consultor Legislativo da Área IX Política e Planejamento Econômicos, Desenvolvimento Econômico, Economia

Leia mais

A Influência da Crise Econômica Global no Setor Florestal do Brasil

A Influência da Crise Econômica Global no Setor Florestal do Brasil A Influência da Crise Econômica Global no Setor Florestal do Brasil 1. INTRODUÇÃO Ivan Tomaselli e Sofia Hirakuri (1) A crise financeira e econômica mundial de 28 e 29 foi principalmente um resultado da

Leia mais

Vamos usar a seguinte definição: Aumento da taxa de cambio = Desvalorização. Taxa de cambio real : é o preço relativo dos bens em dois paises.

Vamos usar a seguinte definição: Aumento da taxa de cambio = Desvalorização. Taxa de cambio real : é o preço relativo dos bens em dois paises. Vamos usar a seguinte definição: Aumento da taxa de cambio = Desvalorização Uma desvalorização ocorre quando o preço das moedas estrangeiras sob um regime de câmbio fixa é aumentado por uma ação oficial.

Leia mais

CAPITAL DE GIRO: ESSÊNCIA DA VIDA EMPRESARIAL

CAPITAL DE GIRO: ESSÊNCIA DA VIDA EMPRESARIAL CAPITAL DE GIRO: ESSÊNCIA DA VIDA EMPRESARIAL Renara Tavares da Silva* RESUMO: Trata-se de maneira ampla da vitalidade da empresa fazer referência ao Capital de Giro, pois é através deste que a mesma pode

Leia mais

ANEXO VII OBJETIVOS DAS POLÍTICAS MONETÁRIA, CREDITÍCIA E CAMBIAL LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS

ANEXO VII OBJETIVOS DAS POLÍTICAS MONETÁRIA, CREDITÍCIA E CAMBIAL LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS ANEXO VII OBJETIVOS DAS POLÍTICAS MONETÁRIA, CREDITÍCIA E CAMBIAL LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS - 2007 (Anexo específico de que trata o art. 4º, 4º, da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000)

Leia mais

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS POLÍTICA DE INVESTIMENTOS Segurança nos investimentos Gestão dos recursos financeiros Equilíbrio dos planos a escolha ÍNDICE INTRODUÇÃO...3 A POLÍTICA DE INVESTIMENTOS...4 SEGMENTOS DE APLICAÇÃO...7 CONTROLE

Leia mais

CONTEXTO HISTORICO E GEOPOLITICO ATUAL. Ciências Humanas e suas tecnologias R O C H A

CONTEXTO HISTORICO E GEOPOLITICO ATUAL. Ciências Humanas e suas tecnologias R O C H A CONTEXTO HISTORICO E GEOPOLITICO ATUAL Ciências Humanas e suas tecnologias R O C H A O capitalismo teve origem na Europa, nos séculos XV e XVI, e se expandiu para outros lugares do mundo ( Ásia, África,

Leia mais

GLOBALIZAÇÃO DEFINIÇÃO

GLOBALIZAÇÃO DEFINIÇÃO DEFINIÇÃO O termo globalização surgiu no início dos anos 80, nas grandes escolas de administração de empresas dos Estados Unidos (Harvard, Columbia, Stanford, etc.), como referência às oportunidades de

Leia mais

RELATÓRIO TRIMESTRAL DE FINANCIAMENTO DOS INVESTIMENTOS NO BRASIL. Abril 2015

RELATÓRIO TRIMESTRAL DE FINANCIAMENTO DOS INVESTIMENTOS NO BRASIL. Abril 2015 RELATÓRIO TRIMESTRAL DE FINANCIAMENTO DOS INVESTIMENTOS NO BRASIL Abril 2015 Equipe Técnica: Diretor: Carlos Antônio Rocca Superintendente: Lauro Modesto Santos Jr. Analistas: Elaine Alves Pinheiro e Fernando

Leia mais

Ser grande não significa ser mais rico, e ter relevância em um dos indicadores não confere a cada país primazia em comparação a outro.

Ser grande não significa ser mais rico, e ter relevância em um dos indicadores não confere a cada país primazia em comparação a outro. ASSUNTO em pauta O BRIC em números P o r Sérgio Pio Bernardes Ser grande não significa ser mais rico, e ter relevância em um dos indicadores não confere a cada país primazia em comparação a outro. É Smuito

Leia mais

Qual a Relação entre Informação, Sociedade, Organização e Desenvolvimento Econômico? Síntese e Comentários Sobre Ensaios Produzidos pelos Alunos

Qual a Relação entre Informação, Sociedade, Organização e Desenvolvimento Econômico? Síntese e Comentários Sobre Ensaios Produzidos pelos Alunos Qual a Relação entre Informação, Sociedade, Organização e Desenvolvimento Econômico? Síntese e Comentários Sobre Ensaios Produzidos pelos Alunos Jorge H. C. Fernandes 20 de Abril de 1999 Ensaios A Informação

Leia mais

27/09/2011. Integração Econômica da América do Sul: Perspectiva Empresarial

27/09/2011. Integração Econômica da América do Sul: Perspectiva Empresarial 27/09/2011 Integração Econômica da América do Sul: Perspectiva Empresarial Estrutura da apresentação Perspectiva empresarial Doing Business 2011 Investimentos Estrangeiros e Comércio Exterior Complementaridade

Leia mais

O COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

O COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL International Seminar & Book Launch of "Surmounting Middle Income Trap: the Main Issues for Brazil" Institute of Latin American Studies (ILAS, CASS) Brazilian Institute of Economics at Getulio Vargas Foundation

Leia mais

Após a década de 1990, várias pessoas em todo o mundo mantêm hábito de consumo semelhantes.

Após a década de 1990, várias pessoas em todo o mundo mantêm hábito de consumo semelhantes. A ECONOMIA GLOBAL Após a década de 1990, várias pessoas em todo o mundo mantêm hábito de consumo semelhantes. O século XX marcou o momento em que hábitos culturais, passaram a ser ditados pelas grandes

Leia mais

Estudos sobre a Taxa de Câmbio no Brasil

Estudos sobre a Taxa de Câmbio no Brasil Estudos sobre a Taxa de Câmbio no Brasil Fevereiro/2014 A taxa de câmbio é um dos principais preços relativos da economia, com influência direta no desempenho macroeconômico do país e na composição de

Leia mais

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas...

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas... APRESENTAÇÃO O incremento da competitividade é um fator decisivo para a maior inserção das Micro e Pequenas Empresas (MPE), em mercados externos cada vez mais globalizados. Internamente, as MPE estão inseridas

Leia mais

Cadernos ASLEGIS. ISSN 1677-9010 / www.aslegis.org.br. http://bd.camara.leg.br

Cadernos ASLEGIS. ISSN 1677-9010 / www.aslegis.org.br. http://bd.camara.leg.br ASSOCIAÇÃO DOS CONSULTORES LEGISLATIVOS E DE ORÇAMENTO E FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Cadernos ASLEGIS ISSN 1677-9010 / www.aslegis.org.br http://bd.camara.leg.br Glohalização das finanças:

Leia mais

ipea A EFETIVIDADE DO SALÁRIO MÍNIMO COMO UM INSTRUMENTO PARA REDUZIR A POBREZA NO BRASIL 1 INTRODUÇÃO 2 METODOLOGIA 2.1 Natureza das simulações

ipea A EFETIVIDADE DO SALÁRIO MÍNIMO COMO UM INSTRUMENTO PARA REDUZIR A POBREZA NO BRASIL 1 INTRODUÇÃO 2 METODOLOGIA 2.1 Natureza das simulações A EFETIVIDADE DO SALÁRIO MÍNIMO COMO UM INSTRUMENTO PARA REDUZIR A POBREZA NO BRASIL Ricardo Paes de Barros Mirela de Carvalho Samuel Franco 1 INTRODUÇÃO O objetivo desta nota é apresentar uma avaliação

Leia mais

Como organizar um processo de planejamento estratégico

Como organizar um processo de planejamento estratégico Como organizar um processo de planejamento estratégico Introdução Planejamento estratégico é o processo que fixa as grandes orientações que permitem às empresas modificar, melhorar ou fortalecer a sua

Leia mais

REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS: 2010-2014

REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS: 2010-2014 NOTAS CEMEC 01/2015 REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS: 2010-2014 Carlos A. Rocca Lauro Modesto Santos Jr. Fevereiro de 2015 1 1. Introdução No Estudo Especial CEMEC de novembro

Leia mais

Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade

Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade As empresas têm passado por grandes transformações, com isso, o RH também precisa inovar para suportar os negócios

Leia mais

M ERCADO DE C A R. de captação de investimentos para os países em desenvolvimento.

M ERCADO DE C A R. de captação de investimentos para os países em desenvolvimento. MERCADO DE CARBONO M ERCADO DE C A R O mercado de carbono representa uma alternativa para os países que têm a obrigação de reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa e uma oportunidade

Leia mais

Cidades e Aeroportos no Século XXI 11

Cidades e Aeroportos no Século XXI 11 Introdução Nos trabalhos sobre aeroportos e transporte aéreo predominam análises específicas que tratam, por exemplo, do interior do sítio aeroportuário, da arquitetura de aeroportos, da segurança aeroportuária,

Leia mais

DIAGNÓSTICO SOBRE O CRESCIMENTO DA DÍVIDA INTERNA A PARTIR DE 1/1/95

DIAGNÓSTICO SOBRE O CRESCIMENTO DA DÍVIDA INTERNA A PARTIR DE 1/1/95 DIAGNÓSTICO SOBRE O CRESCIMENTO DA DÍVIDA INTERNA A PARTIR DE 1/1/95 JOÃO RICARDO SANTOS TORRES DA MOTTA Consultor Legislativo da Área IX Política e Planejamento Econômicos, Desenvolvimento Econômico,

Leia mais

FUNDAMENTOS PARA A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA

FUNDAMENTOS PARA A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA FUNDAMENTOS PARA A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Abordagem da estratégia Análise de áreas mais específicas da administração estratégica e examina três das principais áreas funcionais das organizações: marketing,

Leia mais

O processo de abertura comercial da China: impactos e perspectivas

O processo de abertura comercial da China: impactos e perspectivas O processo de abertura comercial da China: impactos e perspectivas Análise Economia e Comércio / Desenvolvimento Carolina Dantas Nogueira 20 de abril de 2006 O processo de abertura comercial da China:

Leia mais

Risco na medida certa

Risco na medida certa Risco na medida certa O mercado sinaliza a necessidade de estruturas mais robustas de gerenciamento dos fatores que André Coutinho, sócio da KPMG no Brasil na área de Risk & Compliance podem ameaçar a

Leia mais

Posição da indústria química brasileira em relação ao tema de mudança climática

Posição da indústria química brasileira em relação ao tema de mudança climática Posição da indústria química brasileira em relação ao tema de mudança climática A Abiquim e suas ações de mitigação das mudanças climáticas As empresas químicas associadas à Abiquim, que representam cerca

Leia mais

27.03.12. Paulo Safady Simão Presidente da CBIC

27.03.12. Paulo Safady Simão Presidente da CBIC 27.03.12 Paulo Safady Simão Presidente da CBIC REPRESENTANTE NACIONAL E INTERNACIONAL DAS ENTIDADES EMPRESARIAIS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E DO MERCADO IMOBILIÁRIO SINDICATOS, ASSOCIAÇÕES E CÂMARAS 62

Leia mais

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr. A Chave para o Sucesso Empresarial José Renato Sátiro Santiago Jr. Capítulo 1 O Novo Cenário Corporativo O cenário organizacional, sem dúvida alguma, sofreu muitas alterações nos últimos anos. Estas mudanças

Leia mais

Energia, tecnologia e política climática: perspectivas mundiais para 2030 MENSAGENS-CHAVE

Energia, tecnologia e política climática: perspectivas mundiais para 2030 MENSAGENS-CHAVE Energia, tecnologia e política climática: perspectivas mundiais para 2030 MENSAGENS-CHAVE Cenário de referência O estudo WETO apresenta um cenário de referência que descreve a futura situação energética

Leia mais

Lições para o crescimento econômico adotadas em outros países

Lições para o crescimento econômico adotadas em outros países Para o Boletim Econômico Edição nº 45 outubro de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico Lições para o crescimento econômico adotadas em outros países 1 Ainda que não haja receita

Leia mais

Memorando Sobre as Leituras VA ~ VC. de respostas políticas para a geração de emprego no setor informal e no desenvolvimento de

Memorando Sobre as Leituras VA ~ VC. de respostas políticas para a geração de emprego no setor informal e no desenvolvimento de Memorando Sobre as Leituras VA ~ VC Kyoung-Hee Yu 11.471 Tarefa #3 01/04/03 Como alunos de desenvolvimento, estamos familiarizados com os pacotes padrão de respostas políticas para a geração de emprego

Leia mais

Aspectos recentes do Comércio Exterior Brasileiro

Aspectos recentes do Comércio Exterior Brasileiro Aspectos recentes do Comércio Exterior Brasileiro Análise Economia e Comércio / Integração Regional Jéssica Naime 09 de setembro de 2005 Aspectos recentes do Comércio Exterior Brasileiro Análise Economia

Leia mais

Disciplina: Suprimentos e Logística II 2014-02 Professor: Roberto Cézar Datrino Atividade 3: Transportes e Armazenagem

Disciplina: Suprimentos e Logística II 2014-02 Professor: Roberto Cézar Datrino Atividade 3: Transportes e Armazenagem Disciplina: Suprimentos e Logística II 2014-02 Professor: Roberto Cézar Datrino Atividade 3: Transportes e Armazenagem Caros alunos, Essa terceira atividade da nossa disciplina de Suprimentos e Logística

Leia mais

ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Organograma e Departamentalização

ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Organograma e Departamentalização ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Organograma e Departamentalização DISCIPLINA: Introdução à Administração FONTE: BATEMAN, Thomas S., SNELL, Scott A. Administração - Construindo Vantagem Competitiva. Atlas. São

Leia mais

Empresariado Nacional e Tecnologias de Informação e Comunicação: Que Soluções Viáveis para o Desenvolvimento dos Distritos?

Empresariado Nacional e Tecnologias de Informação e Comunicação: Que Soluções Viáveis para o Desenvolvimento dos Distritos? Empresariado Nacional e Tecnologias de Informação e Comunicação: Que Soluções Viáveis para o Desenvolvimento dos Distritos? Carlos Nuno Castel-Branco Professor Auxiliar da Faculdade de Economia da UEM

Leia mais

NOTA CEMEC 06/2015 CÂMBIO CONTRIBUI PARA RECUPERAÇÃO DE MARGENS E COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA

NOTA CEMEC 06/2015 CÂMBIO CONTRIBUI PARA RECUPERAÇÃO DE MARGENS E COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA NOTA CEMEC 06/2015 CÂMBIO CONTRIBUI PARA RECUPERAÇÃO DE MARGENS E COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA Agosto de 2015 O CEMEC não se responsabiliza pelo uso dessas informações para tomada de decisões de compra

Leia mais

Desindustrialização e Produtividade na Indústria de Transformação

Desindustrialização e Produtividade na Indústria de Transformação Desindustrialização e Produtividade na Indústria de Transformação O processo de desindustrialização pelo qual passa o país deve-se a inúmeros motivos, desde os mais comentados, como a sobrevalorização

Leia mais

Fonte: AZ Investimentos / Andima. Fonte: AZ Investimentos / Andima

Fonte: AZ Investimentos / Andima. Fonte: AZ Investimentos / Andima ANÁLISE CAPTAÇÃO DE RECURSOS VIA OFERTAS PUBLICAS DE AÇÕES Por: Ricardo Zeno 55 21 3431 3831 27 de Fevereiro, 2008 Em 2007, o destaque foi para as emissões de Renda Variável, o volume total das ofertas

Leia mais