SUPER SALÁRIOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO SENADO FEDERAL
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- Elias Aires Salgado
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1 SUPER SALÁRIOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO SENADO FEDERAL EMENTA: SUPER SALÁRIOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO SENADO FEDERAL - INDEVIDA A RESTITUIÇÃO DAS VERBAS - VERBAS DE CARÁTER ALIMENTAR - PERCEBIDAS DE BOA-FÉ - ERRO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE DOS ALIMENTOS - SEGURANÇA JURÍDICA. NECECISSADE DE IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA - SUMULA BREVE PARECER. Recentemente o Jornal O Globo publicou o seguinte noticiário sobre os chamados super salários dos servidores do Senado Federal que recebiam acima do teto estabelecidos constitucionalmente que é legalmente. No artigo ficou publicado o seguinte fato do qual se transcreve o enxerto abaixo: O BRASÍLIA - O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou nesta quarta-feira o fim de algumas irregularidades detectadas em pagamentos feitos a servidores do Senado e estabeleceu que eles vão ter que devolver o que ganharam a mais desde Segundo cálculos preliminares do TCU, somente com o dinheiro pago acima do teto salarial do funcionalismo, terão de ser ressarcidos aos cofres públicos R$ 300 milhões. O TCU também informou que o Senado terá, daqui para a frente, uma economia de R$ 157 milhões por ano, que equivale a 10% da folha do Senado. A medida atinge 464 servidores identificados em uma auditoria feita pelo TCU em 2009, e que recebem acima do teto, atualmente em R$ ,29, que é o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A auditoria também identificou mais três tipos de irregularidades envolvendo outros servidores: horas extras indevidas, jornada de trabalho inferior a oito horas diárias e acúmulo irregular de cargos. No caso das horas extras indevidas e das horas não trabalhadas, o TCU também determinou a devolução do dinheiro. O tribunal deu um prazo de 30 dias para que o Senado tome as providências. O presidente do TCU, ministro Augusto Nardes, informou que vai se encontrar com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na manhã desta quinta-feira para tratar da decisão tomada nesta quarta. ( acessado em 16 de outubro de 2013).
2 O teor da decisão atingirá imediatamente cerca de servidores que terão seu salário reduzidos ao patamar constitucional. Até nesse ponto pouco tem a se discutir juridicamente sobre o caso, pois, prevalece o que reza a Constituição Federal em seu art. 37, inciso XI que assim diz: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li-mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o sub-sídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tri-bunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; Como o subsidio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal atualmente totalizam R$ ,29 (vinte e oito mil, cinqüenta e nove reais e vinte nove centavos), naturalmente o servidor público do Senado que recebe superior a este valor terá seu salário reduzido a este limite imposto constitucionalmente. O grande problema a ser discutido juridicamente não é sobre a redução a este teto, mas sim sobre a repetição dos valores já pagos ao longo de anos aos servidores do Senado e que agora serão obrigados a devolver em descontos parcelados dos seus vencimentos. Para a equipe de advogados do Leão Advogados Associados tais descontos serão ilegais devendo o servidor afetado por tal ato entrar com ação
3 imediatamente visando a declaração da ilegalidade e inconstitucionalidade da cobrança. A cobrança, segundo os advogados da Leão Advogados Associados, é ilegal por ferir o Princípio da Irrepetibilidade dos alimentos. Sendo os valores recebidos figurados como salários, esse tem natureza alimentar, sendo, portanto, irrestituíveis. O entendimento jurisprudencial anda nesse sentido, sendo que vários órgãos públicos rotineiramente perdem ações judiciais pela aplicação desse princípio, conforme ilustra a ementa abaixo de um julgado, nesse caso, contra o INSS: PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO. PENSÃO POR MORTE. VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE, POR ERRO DO INSS. INADMISSIBILIDADE DE SE PRESUMIR A MÁ-FÉ DA PARTE AUTORA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE DOS ALIMENTOS. DESCABIMENTO DA PRETENDIDA DEVOLUÇÃO. I. Indevida a pretendida restituição das verbas de caráter alimentar percebidas de boa-fé em decorrência de erro da parte do INSS, em respeito ao princípio da irrepetibilidade dos alimentos. II. No tocante à alegação do Instituto no sentido de ter a parte autora recebido os valores de má-fé, importante destacar que, conforme entendimento pacífico no Direito Pátrio, tanto na Doutrina quanto na Jurisprudência, a má-fé não se presume. III. No confronto interpretativo entre os princípios da irrepetibilidade dos alimentos e da vedação ao enriquecimento sem causa, neste caso, deve prevalecer o primeiro, visto que, em se tratando de questão de direito previdenciário deve prevalecer a interpretação mais favorável ao segurado ou dependente, em respeito ao princípio in dúbio pro misero, que deve sempre nortear o julgador uma vez tratar-se de direito de cunho eminentemente social. IV. Agravo a que se nega provimento. Processo:AC 1509 SP Relator(a): DES. FEDERAL WALTER DO AMARAL: Julgamento:05/07/2010 Órgão Julgador:SÉTIMA TURMA. Pela aplicação do Princípio da Irrepetibilidade dos alimentos os servidores que receberam valores superiores ao teto estabelecido não são obrigados a devolver, pois, se houve erro, este foi cometido por parte do próprio Senado Federal, estando ausente a má-fé dos servidores para que sejam obrigados a pagarem por um erro de terceiro.
4 Destaca-se ainda que a obrigatoriedade de devolução de valores recebidos a titulo de salários somente se dá quando se comprovar a má-fé do servidor que deu causa ao recebimento indevido. No caso dos servidores do Senado Federal tal não aconteceu razão pela qual não se pode cobrar a devolução dos valores já pagos. Sobre isso importante julgado transcrito abaixo bem esclarece: APELAÇÃO CÍVEL. REMESSA NECESSÁRIA. DIREITO ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. LEI N.º /2005. VENCIMENTO BÁSICO COMPLR (VBC). ABSORÇÃO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS E ISONOMIA. REPOSIÇÃO AO ERÁRIO DE VALORES PAGOS POR ERRO DA ADMINISTRAÇÃO. DEVIDO PROCESSO LEGAL. BOA FÉ DO SERVIDOR CARACTERIZADA. NATUREZA ALIMENTAR DAS VERBAS RECEBIDAS. IRREPETIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES DESCONTADOS EM FOLHA DE PAGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS N.ºS 269 E 271 DO STF. PROVIMENTO PARCIAL. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE. (...) 9. A jurisprudência tem se manifestado reiteradamente no sentido de caracterizar a percepção como de boa-fé, pelo servidor, nos casos de pagamento efetivado por interpretação equivocada da Administração sobre norma legal ou administrativa, afastando a restituição ao erário dos valores recebidos, em nome da segurança jurídica. 10. A hipótese encontra abrigo na Súmula n.º 249 do Tribunal de Contas da União, in verbis: É dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais. 11. A Súmula n.º 34, de 16/09/2008, de caráter obrigatório, da Advocacia-Geral da União, determinou: Não estão sujeitos à repetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública. 12. Ressalte-se, outrossim, a natureza de verba alimentar dos valores descontados, o que impossibilita a sua reposição ao Erário. Dessa forma, incorreto o desconto do que foi recebido indevidamente. 14. Apelações improvidas. Remessa necessária parcialmente provida. Sentença reformada em parte. Processo: REEX Relator(a): Des. Fed. GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA Julgamento: 27/02/2013 Órgão Julgador: SEXTA TURMA ESPECIALIZADA Publicação: 06/03/2013. (GRIFO NOSSO) Assim, por ferir o Princípio da Irrepetibilidade dos alimentos e estando ausente a má-fé não há que se falar em descontos nos vencimentos a titulo de restituição.
5 Também é importante destacar que o próprio Tribunal de Contas da União TCU sobre a referida restituição já sumulou a questão por meio da Sum. 249 que tem o seguinte teor: SUM É dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais. Por tal teor da Súmula em comento o TCU contrariou seu próprio entendimento deixando a decisão eivada de vicio ou erro in judicando uma vez que deixou de considerar tão relevante súmula e até mesmo contrariou o seu inteiro teor prejudicando a milhares de servidores que são diretamente afetados e se encontram na iminência de se ver descontados dos seus vencimentos valores indevidos. Assim, o corpo jurídico da Leão Advogados Associados recomendam aos servidores prejudicados a impetração de Mandado de Segurança visto que urgente e necessário o impedimento dos descontos estando presente os requisitos do Periculum in Mora e do Fumus Boni Iuris, ou ação declaratória do direito aqui tratado. Corpo Jurídico Leão Advogados Associados: Ivan Alves Leão Julio Vinicius Silva Leão Daniel Lopes Jaeder Caetano Mariozan Fernando Silva (redator do parecer)
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