Tratam os autos de consulta formulada pelo Sr. Antônio do Vale Ramos, Prefeito do município de Patos de Minas, vazada nos seguintes termos:
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- Francisca Figueira Campelo
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1 PROCESSO Nº NATUREZA: Consulta PROCEDÊNCIA: Prefeitura Municipal de Patos de Minas CONSULENTE: Antônio do Vale Ramos Prefeito Municipal AUDITOR: Edson Arger Tratam os autos de consulta formulada pelo Sr. Antônio do Vale Ramos, Prefeito do município de Patos de Minas, vazada nos seguintes termos: Em observância ao art. 18 da Lei Complementar nº 101/2000, no que se refere à apuração da despesa com pessoal, solicitamos esclarecimentos quanto à inclusão/exclusão das obrigações patronais ao Fundo Municipal de Assistência à Saúde de Servidores. Sendo o referido fundo vinculado a uma autarquia de previdência do Município, o mesmo recebe contribuições dos servidores e da Prefeitura para o custeio de ações específicas de saúde. As receitas recebidas da Prefeitura são classificadas como Receitas Correntes Intra-Orçamentárias e a despesa classificada em Obrigações Patronais Intra-Orçamentárias ( ). Conforme a Nota Técnica nº 1.024/2005/GEANC/CCONT-STN, apenas as contribuições previdenciárias serão incluídas no cálculo da despesa com pessoal, excluindo-se as contribuições patronais para custeio de serviços de saúde. Solicitamos, portanto, o posicionamento desta Corte de Contas. 1
2 Após a distribuição foram os autos encaminhados à Auditoria, que se manifestou às fls. 05 a 07, em cumprimento ao disposto no art. 139, III do RITCMG. Preliminarmente, conheço da consulta tendo em vista que o consulente é parte legítima, a matéria se insere entre aquelas sujeitas à apreciação das Cortes de Contas e não há indícios de concretude do fato a impedir a manifestação, em tese, desta Casa. Superada a preliminar passo a respondê-la, em tese. O cerne da questão está na dúvida do consulente quanto à inclusão ou exclusão das contribuições patronais ao Fundo Municipal de Assistência à Saúde dos servidores municipais, pelo fato de o fundo estar vinculado ao Instituto de Previdência do Município e as contribuições patronais de natureza previdenciária serem, obrigatoriamente, incluídas na despesa total com pessoal, quando da elaboração do Demonstrativo das despesas com Pessoal, previsto na Lei Complementar nº 101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Por outro lado, a dúvida do consulente tem origem na Nota Técnica nº 1024/2005 (cópia anexa), emanada da Secretaria do Tesouro Nacional, órgão encarregado da edição de normas gerais para consolidação das contas públicas, nos termos do 2º do art. 50 da Lei Complementar 101/
3 Esta Nota Técnica, teve origem na consulta formulada pelo TJMG ao Órgão Central de Contabilidade/STN, contendo a mesma indagação da presente consulta, sobre as contribuições patronais daquele Tribunal, recolhidas ao IPSEMG para assistência à saúde de seus servidores. A referida Nota Técnica, em resposta à consulta do Tribunal de Justiça, esclarece em seu 3º parágrafo, que somente as contribuições patronais destinadas exclusivamente à cobertura dos benefícios previdenciários serão computadas como despesa de pessoal, excluindo-se as parcelas destinadas à assistência à saúde. A composição da despesa total com pessoal é delineada no art. 18 da Lei Complementar nº 101/2000, nos seguintes termos: Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total de Pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. (grifamos) Por sua vez, o art. 201 da Constituição Federal, com a redação dada pela EC. Nº 20/98 dispõe verbis : 3
4 Art A previdência social será organizada sob forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II proteção à maternidade, especificamente à gestante; III proteção aos trabalhadores em situação de desemprego involuntário; IV salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no 2º. O que se observa no teor da Nota Técnica é que os técnicos do Tesouro Nacional, confrontando os dispositivos supra transcritos, entenderam que a assistência à saúde constitui uma prestação de serviços de saúde aos servidores por parte de profissionais ou planos de saúde e portanto, de natureza diversa da cobertura dos eventos de doença prevista no inciso I do art. 201 da CF/88, e que gerou o benefício do auxílio doença, visando prover o segurado dos meios indispensáveis para a sua manutenção, no período em que ele estiver incapacitado para o trabalho por motivo de doença. Ou seja: um visa à manutenção da saúde outro, à subsistência do segurado no período de afastamento do trabalho por motivo de doença. Realmente, quando a Lei Complementar 101/00 inclui na despesa com pessoal, apenas as contribuições patronais para o regime próprio de previdência, e o artigo 201 da CF/88 que define a finalidade dos benefícios de natureza previdenciária, não contempla a contribuição para assistência à 4
5 saúde, é forçoso concluir que estas parcelas das contribuições patronais, não se incluem na composição da despesa total com pessoal, quando da elaboração do Relatório de Gestão Fiscal, ainda que a assistência à saúde dos servidores, seja prestada pela entidade gestora do regime próprio de previdência. Aliás, cumpre salientar que estas composições híbridas, em que uma única entidade detém as funções de gerir o fundo de previdência e prestar serviços de assistência à saúde dos servidores, não encontram mais amparo legal para continuar existindo, face à determinação compulsória contida no art. 5º da Lei Federal 9.717/98, estabelecendo que os regimes de previdência dos servidores públicos, de qualquer esfera de governo, não poderão conceder benefícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdência Social. Assim, os entes da federação, que ainda mantêm a assistência à saúde de seus servidores, vinculada aos regimes próprios de previdência, terão que promover a desvinculação. VOTO Diante do exposto, respondo afirmativamente à indagação do consulente, no sentido de que, as parcelas da contribuição patronal destinadas à assistência à saúde dos servidores, por não terem caráter previdenciário, não são incluídas no cômputo das despesas com pessoal quando do preenchimento do respectivo demonstrativo. 5
6 Quanto ao posicionamento deste tribunal informo ao consulente que, sendo a Secretaria do Tesouro Nacional, órgão atualmente encarregado da edição de normas gerais para consolidação das contas públicas, nos termos do 2º do artigo 50 da Lei Complementar nº 101/2000, suas instruções normativas, em matéria de sua competência, devem ser acatadas por todos os órgãos e entidades alcançadas pela referida Lei. Este, o parecer que submeto aos nobres pares. Tribunal de Contas, em 06 de novembro de Conselheiro Antônio Carlos Andrada Relator Av./ 6
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