NÚMERO PORTUGAL AMERICANOS ESTUDANTES. 11 de Setembro AUMENTAR. Uma década depois. Outono Inverno

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1 Outono Inverno O ESTUDANTES AMERICANOS PORTUGAL DE AUMENTAR NÚMERO EM Boas razões para estudar numa universidade portuguesa Maria de Lurdes Rodrigues Mais uma forma de fortalecer a relação luso-americana Allan J. Katz Um contributo importante para o Business in Portuguese Rui Boavista Marques Um país para viver, um país para aprender Luís Patrão Programa pioneiro António Rendas ESPECIAL 11 de Setembro Uma década depois

2 Fundação Luso Americana Conselho Directivo: Teodora Cardoso (Presidente) Embaixador dos EUA Jorge Figueiredo Dias Jorge Torgal Luís Braga da Cruz Luís Valente de Oliveira Michael de Mello Vasco Pereira da Costa Vasco Graça Moura Conselho Executivo: Maria de Lurdes Rodrigues (Presidente) Charles Allen Buchanan, Jr Mário Mesquita Secretário Geral: José Sá Carneiro DIRECTORes: Fátima Fonseca, Paulo Zagalo e Melo, Miguel Vaz subdirectores: Rui Vallêra Responsável pelos Serviços Financeiros: Maria Fernanda David Responsável pelos Serviços Administrativos: Luiza Gomes Assessores: João Silvério, Paula Vicente 2 Rua do Sacramento à Lapa, Lisboa Portugal Tel.: (+351) Fax: (+351) fladport@flad.pt Paralelo DIRECTORa: Maria de Lurdes Rodrigues EDITORA: Sara Pina coordenadora: Paula Vicente Colaboram neste número: Allan J. Katz, Álvaro Rosendo, Ana Curtinhal, Ana Maria Silva, Ana Marques Gastão, António Rendas, Carla Maia de Almeida, Carla Martins, Carlos Leone, Clara Pinto Caldeira, Claudia Colla, Catarina Martins, Cátia Soares, Charles Buchanan, E. Mujal Leon, Eduardo Pereira Correia, Fábio Rodrigues, Isabel Marques da Silva, Isabel Nery, Isabel Carreto, João Miranda, José Carlos Carvalho, Luís Patrão, Kathleen Gomes, Manuel Silva Pereira, Maria de Lurdes Rodrigues, Marina Almeida, Marta Rocha, Mónica Carvalho, Patrícia Fonseca, Paula Vicente, Pedro Faro, Raquel Duque, Raquel Ubach Trindade, Rui Boavista Marques, Rui Ochôa, Sara Pina, Sandra Pereira, Susana Almeida Ribeiro, Susana Brito, Susana Neves, Vanessa Rodrigues Design: José Brandão Susana Brito [Atelier B2] Revisão: António Martins Impressão: tiragem: 3000 exemplares NIF: Nº de Registo na ERC: Periodicidade: semestral paralelo@flad.pt Depósito legal: /07 ISSN X Copyright: Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento Todos os direitos reservados Caro leitor Os dez anos passados sobre o 11 de Setembro de 2001 foram intensamente relembrados nos Estados Unidos e testemunhados pelos jornalistas do programa José Rodrigues Miguéis 2011, da flad. Em Lisboa, organizámos um ciclo de conferências agora publicadas em livro, pela Almedina, de que damos conta neste número. Uma das grandes apostas da Fundação foi o lançamento do programa Study in Portugal, em parceria com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (crup), a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (aicep), o Turismo de Portugal e a Fullbright, que visa atrair para Portugal mais alunos universitários norte americanos. Cerca de 140 mil estudam fora do seu país e mais de metade escolhe a Europa. Portugal quer ficar entre os primeiros mais procurados e, por isso, esta edição é especialmente dedicada ao Study in Portugal. Para o próximo ano, preparamos a realização do III Fórum Roosevelt, cuja temática será o mar, a sua importância histórica, estratégica e científica. O encontro transatlântico decorrerá entre 27 e 29 de Abril na Horta, ilha do Faial, com vista privilegiada para a ilha do Pico e a sua montanha, a mais alta de Portugal, aqui reproduzida por Lucina Ellis, pintora luso americana que vive na Califórnia. SAra Pina Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO 2011

3 Maria de Lurdes Rodrigues Allan J. Katz Rui Boavista Marques Luís Patrão António Rendas índice 04 Editorial de Maria de Lurdes Rodrigues Mobilizar a memória para construir o futuro OFERTA DO EDITOR capa Imagem da campanha 10 reasons por AUMENTAR ONÚMERO ESTUDANTES AMERICANOS DE PORTUGAL COMPLIMENTARY COPY Boas razões para estudar numa universidade portuguesa Mais uma forma de fortalecer a relação luso-americana Um contributo importante para o Business in Portuguese Um país para viver, um país para aprender Programa pioneiro EM Outono Inverno ESPECIAL 11 de Setembro Uma década depois 11 DE SETEMBRO Uma década depois 08 O 11 de Setembro e a memória colectiva americana por Kathleen Gomes 12 Uma década de terrorismo global por Patrícia Fonseca Ciclo de Conferências 11 de Setembro Uma década depois Study in Portugal 44 Boas razões para estudar numa universidade portuguesa por Maria de Lurdes Rodrigues 46 Mais uma forma de fortalecer a relação luso americana por Allan J. Katz 47 Um contributo importante para o Business in Portuguese por Rui Boavista Marques 48 Um país para viver, um país para aprender por Luís Patrão 49 Programa pioneiro por António Rendas [POLÍTICA] [Sociedade] 32 Transatlantic Trends 2011 A Ásia ganha terreno na opinião pública norte americana por Ana Maria Silva 50 Não há glória sem riscos Entrevista a Paul Jerde 52 Perder para ganhar Entrevista a Michael Fernandez 53 Antes oportunidades que dinheiro Entrevista a Mario Calderini por Sara Pina Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO

4 editorial Mobilizar a memória para construir o futuro maria de lurdes rodrigues 4 1. Quando se assinalam dez anos sobre o 11 de Setembro de 2001, a flad não podia deixar de participar no vasto movimento de mobilização da memória sobre os acontecimentos daquele dia, bem como nas múltiplas actividades de debate e reflexão que, a propósito, permitiram lembrar e celebrar os valores da liberdade, da razão e do universalismo. Estes valores, premissas fundamentais da democracia, foram ameaçados tanto pelos atentados como pelas leituras que destes foram feitas como Estudar em Portugal [...] O objectivo é trazer para Portugal mais alunos que possam beneficiar do muito de bom que Portugal e as universidades portuguesas podem oferecer. expressão de confronto civilizacional. Mobilizar a memória para lembrar o 11 de Setembro é, por essa razão, indispensável para promover o entendimento dos trágicos acontecimentos que se assinalam. Aprofundar o nosso conhecimento sobre o que se passou, reflectir sobre as causas e as consequências dos factos é indispensável para seguir em frente, construindo o futuro com base em escolhas partilhadas em lugar do conformismo com o destino que outros nos tracem. 2. Os resultados de mais uma edição do Transatlantic Trends Survey permitem confirmar a existência, entre os cidadãos dos dois lados do Atlântico, tanto de uma visão comum sobre alguns dos grandes problemas do nosso tempo como de orientações convergentes que permitem a construção de um futuro comum. As percepções partilhadas em matérias como o papel dos eua na liderança das relações transatlânticas, a evolução da construção da ue, as dinâmicas da crise económica e financeira internacional e as relações com as economias emergentes, como a China e o Brasil, constituem uma base comum de entendimento, de partilha de valores e de ambições, que permitem sustentar a vida democrática para além das naturais divergências político ideológicas. 3. Finalmente, a referência ao novo programa da Fundação, que designámos por Estudar em Portugal. Trata se de um projecto que visa apoiar as universidades portuguesas no esforço de divulgação e promoção das suas actividades junto dos alunos e das famílias norte americanas. O objectivo é trazer para Portugal mais alunos que possam beneficiar do muito de bom que Portugal e as universidades portuguesas podem oferecer. A exportação de serviços de ensino superior é um desafio que enfrentam todas as universidades do mundo, sobretudo na Europa e nos eua. Nesse desafio, Portugal pode apresentar se com recursos específicos, com vantagens únicas, sobretudo as que resultam da sua inclusão no espaço da cplp e as consequentes oportunidades de acesso a países como Angola, Cabo Verde, Moçambique e Brasil. O trabalho a fazer é aproximar os eua e Portugal, apresentando as universidades portuguesas e a língua portuguesa como portas abertas ao mundo, através das quais se pode ter acesso a mais oportunidades profissionais. Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO 2011

5 11 DE SETEMBRO Uma década depois REVISTA DE IMPRENSA por Ana Maria Silva* Lastro de guerra e dívida Dez anos depois, os ataques de 11 de Setembro deixaram um lastro de guerra e dívida. Um estudo do Instituto Watson estima que até Junho, as duas guerras Iraque e Afeganistão custaram pelo menos 225 mil vidas, entre as quais militares dos EUA e aliados. A guerra ao terrorismo, levada a cabo por George W. Bush, terá uma factura que o Congresso dos EUA estima ser entre os 3,6 e 4,4 biliões de dólares. Só as despesas em serviços secretos, responsáveis pela captura de Osama bin Laden este ano, aumentaram 250% e cerca de 30 mil pessoas trabalham nos EUA só nos serviços de escuta. [ Diário Económico, 7 de Setembro, Lionel Barber ] A realidade ultrapassou a ficção No 11 de Setembro, a realidade ultrapassou a ficção, com os atentados mais improváveis de sempre, e nos dez anos seguintes vimos a ficção a querer superar essa realidade, partindo dela para refletir sobre o que mudou no mundo. Escritores como os norte americanos Philip Roth, Don DeLillo e John Updike, o britânico Ian McEwan ou o português Pedro Guilherme Moreira foram apenas alguns dos que publicaram romances sobre a realidade excessiva desse dia, em que uma organização terrorista infligiu aos Estados Unidos o maior número de vítimas civis da sua história, ao fazer embater nas torres gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque, e no Pentágono [...]. [ Lusa, 10 de Setembro ] Ser muçulmano nos EUA Ser muçulmano nos Estados Unidos naqueles tempos ainda não era estar sob suspeita a maior barreira era a da ignorância. Depois aconteceu o 11 de Setembro. [...] Nenhuma comunidade sofreu um maior impacto com o 11 de Setembro do que a muçulmana. Muçulmanos começaram a ser questionados e impedidos de viajar por causa da sua aparência [...] O legado do 11 de Setembro produziu diferentes reacções dentro da comunidade muçulmana nos Estados Unidos, estimada em 2,4 milhões de pessoas. [ Público, 7 de Setembro, Kathleen Gomes ] Na América e no Afeganistão Os EUA, especialmente Washington e Nova Iorque, estão hoje em estado de alerta. Isto após terem sido recebidas informações específicas, credíveis mas não confirmadas de que a Al Qaeda estaria a preparar um atentado [...]. Cada 11 de Setembro lembra aos afegãos um acontecimento no qual não desempenharam qualquer papel, mas que serviu de pretexto ao colonialismo americano para verter o sangue de milhares de afegãos inocentes e miseráveis, disseram os talibãs. [ Diário de Notícias, 11 de Setembro, Susana Salvador ] Obras de arte destruídas Um número significativo de obras de arte [...] perdeu se para sempre com o colapso do World Trade Center, em resultado dos atentados do 11 de Setembro, em Nova Iorque, faz domingo dez anos. [...] Ainda hoje não há certezas sobre a verdadeira dimensão de obras de arte e documentos históricos que desapareceram para sempre devido aos atentados. Entre os registos, contam se cartas e 40 mil negativos de fotografias do ex presidente americano John F. Kennedy. O World Trade Center acolhia a sede de mais de 400 empresas e pelo menos 21 bibliotecas com documentos foram destruídas. Na biblioteca Ferdinand Gallozzi havia uma coleção de documentos relacionados com o comércio dos Estados Unidos desde [ Lusa, 9 de Setembro ] O mundo mudou Que o mundo mudou desde o 11 de Setembro de 2001 é praticamente indiscutível. O ataque às Torres Gémeas em Nova Iorque pela Al Qaeda veio transformar conceitos, opiniões e a década seguinte, que se concluiu este fim de semana. Os ataques empurraram os EUA para duas guerras, para uma crise financeira que a potência nunca tinha vivido, e hoje pode arriscar se a afirmação de que o país já não é hegemónico como até [ Jornal i, 10 de Setembro, Joana Azevedo Viana ] Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO

6 11 DE SETEMBRO Uma década depois EUA mais fortes Bush e Obama Dez anos depois dos atentados de 11 de Setembro o mundo está mais seguro e os Estados Unidos são um país mais forte, disse hoje o embaixador norte americano em Portugal, Allan J. Katz. Falando num encontro com jornalistas sobre o 10.º aniversário dos atentados, que se cumpre no domingo, o diplomata disse pensar que o mundo está mais seguro atualmente. [ Lusa, 6 de Setembro ] George W. Bush e Barack Obama encerraram ontem juntos a primeira década marcada pelos atentados do 11 de Setembro. [...] o antigo e actual presidentes dos eua passearam pelo memorial às vítimas dos ataques, com ar de pesar. [...] Juntos, numa aparição inédita em Nova Iorque, o homem que levou os norte americanos para a guerra no Afeganistão e no Iraque, e o que promete tirá los de lá [...]. [ Diário de Notícias, 12 de Setembro, Patrícia Viegas ] Catarse colectiva Estamos atentos e vemos gente de mapa na mão. Há contingente policial, operações stop, raio x nas principais estações de metro de Nova Iorque, ruas interditas, militares de armas, caixotes do lixo inspeccionados. Há sirenes, buzinas, passos apressados, turistas e gente de cá, ao redor do novo centro de negócios de Manhattan. [...] E hoje é dia de caridade, lê se no cartaz nas costas do Ground Zero, onde o Memorial 9/11 abre portas, numa cerimónia privada [...]. É a memória com a onomástica do mundo: 2983 nomes, geometricamente gravados em bronze há, pelo menos, 1100 ainda por identificar. [...] O 11 de Setembro é, por isso, uma catarse colectiva: hoje somos todos nova iorquinos. [ Diário de Notícias, 11 de Setembro, Vanessa Rodrigues nos EUA pelo programa José Rodrigues Miguéis da FLAD ] Nascimento de uma geração A administração americana afirma que os ataques marcaram o nascimento de uma geração. Os EUA acreditam ter saído mais fortes e unidos do que nunca dos atentados terroristas que atingiram Nova Iorque e Washington no dia 11 de Setembro de [...] Posso dizer, sem receio de contradições ou de ser acusado de exagero, que a geração do 11 de Setembro está entre as melhores que o nosso país jamais produziu. E nasceu aqui mesmo, nesse dia, disse Joe Biden. [ Diário Económico, 12 de Setembro, Pedro Duarte ] Estratégia revisionista O mundo não mudou a 11 de Setembro de Ele mudou em 1989 e 1991, com a queda do muro de Berlim e a implosão da União Soviética. [...] Todavia, a América mudou a 11 de Setembro de Alterou se a sua perspectiva de segurança e a sua política externa. [...] Assistiu se então a uma mudança de fundo na política externa da América, com a passagem de uma estratégia conservadora [...] para uma estratégica revisionista. [ Público, 11 de Setembro, Tiago Moreira de Sá ] Cerimónia no Pentágono Cerca de 1600 pessoas, incluindo cem sobreviventes ao atentado, estiveram na cerimónia, que inclui a exibição de uma enorme bandeira dos EUA na parede do edifício que sofreu o embate do avião. Os dez anos dos atentados do 11 de Setembro foram assinalados ontem em todo o mundo, de diversas formas. Em Lisboa, o Presidente Cavaco Silva fez uma declaração na qual lembrou a necessidade de cooperação internacional face ao terrorismo. [ Público, 12 de Setembro, Marco Vaza nos EUA pelo programa José Rodrigues Miguéis da FLAD ] 6 Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO 2011

7 11 DE SETEMBRO Uma década depois Três locais emblemáticos No 10.º aniversário do 11 de Setembro de 2001, enquanto a nação reflectiu sobre as suas perdas, milhares de famílias reuniram se no novo World Trade Center, na baixa de Manhattan, no Pentágono e num campo de flores silvestres, na Pensilvânia, para comemorar quase três mil mortos naquela manhã infame, quando aviões foram transformados em mísseis e uma nova era de terrorismo nasceu. O momento central do dia teve lugar no Ground Zero, onde mais de dez mil membros das famílias das vítimas [...], reunidos num parque com carvalhos brancos e jardins de esmeraldas uma praça estranhamente futurista com árvores propositadamente espaçadas, passando por um terrenos de cinco hectares de granitos, rodeado por um terreno baldio de arranha céus inacabados e guindastes de construção silenciosos. [ New York Times, 11 de Setembro, Robert McFadden ] Tributo no Ground Zero Os nomes dos mortos do 11 de Setembro, alguns pronunciados por crianças que mal têm idade para lembrar as mães e pais perdidos, ecoaram no Ground Zero no domingo, num tributo assombrado mas esperançoso, sobre o 10.º aniversário do ataque terrorista. [...] Familiares das vítimas, chorosos, entraram num memorial recém inaugurado e colocaram fotografias e flores ao lado dos nomes gravados em bronze. Obama e o seu predecessor, George W. Bush, inclinaram a cabeça e tocaram as inscrições. [ Washington Post (Associated Press), 12 de Setembro ] 10 anos de guerra A superpotência esgotada É difícil decidir se o mundo muda num instante ou se os grandes momentos históricos são apenas o culminar de um processo longo e profundo que decorre de forma quase invisível. É difícil determinar se o 11 S transformou os Estados Unidos e se foi o catalisador para um declínio já inevitável. Os 10 anos desde os ataques confirmaram, em todo o caso, que a grande superpotência está esgotada. Não só sofre sozinha para continuar a assumir o seu papel de guardiã dos valores universais defendidos, mas também perde terreno em concorrência com outras nações, num novo século que deixa de ser exclusivamente americano. [ El País, 11 de Setembro, Antonio Caño ] A América sofre, reflecte. [...] A América parou no domingo para lembrar o que foi perdido e como a América mudou para sempre, uma década após quatro aviões sequestrados terem derrubado as Torres Gémeas de Nova Iorque, aberto o Pentágono e furado o chão, num campo tranquilo da Pensilvânia. O aniversário dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 proporcionou um momento para fazer um balanço dos 10 anos de guerra e para se preocupar, enquanto ao mesmo tempo presta homenagem às acções honrosas realizadas não só nos primeiros momentos após o ataque, mas também nos anos que se seguiram. [ The Wall Street Journal, 12 de Setembro, Michael Howard Saul ] Simplicidade, unidade e devoção Simplicidade, unidade, devoção. O décimo aniversário dos atentados do 11 de Setembro foi marcado por inúmeras comemorações, quando o povo norte americano, liderado por Barack Obama, honrou a memória das cerca de pessoas que morreram em Nova Iorque, Washington e Shanksville, Pensilvânia, a 11 de Setembro de [...] Num silêncio surreal, os trabalhos pararam pela manhã e o tráfego foi interrompido nesta área de Manhattan, Barack Obama tocou os nomes das vítimas gravados em pedra, antes de cumprimentar os familiares das vítimas e personalidades. Tomou então a palavra, lendo o Salmo 46, que afirma Deus é o nosso refúgio e fortaleza. [ Le Monde (Agence France Press e Reuters), 11 de Setembro ] Memorial 9/11 Algumas pessoas choravam. Algumas abraçavam se. Outras olham em silêncio para as piscinas escuras onde as Torres Gémeas uma vez existiram, à medida que o memorial 09/11 no Ground Zero abriu as suas portas ao público. Cerca de pessoas tinham bilhetes para visitar o memorial, que foi inaugurado na segunda feira, e outras 400 mil inscreveram se online para visitar o local nos próximos meses. [ Chicago Tribune (Associated Press), 13 de Setembro, Samantha Gross e Verena Dobnick ] *LPM Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO

8 11 DE SETEMBRO Uma década depois O 11 de Setembro e a memória colectiva americana Do Holocausto ao 11 de Setembro, porque precisamos de memoriais para nos recordarem acontecimentos trágicos? A memória alguma vez pode ser excessiva? Por Kathleen Gomes fotografias Sandra pereira e vanessa rodrigues Brent Glass, director do Museu Nacional da História Americana em Washington, faz também parte da Comissão do Memorial do Voo 93, cujo objectivo foi construir um memorial em Shanksville, na Pensilvânia, no local da queda de um avião sequestrado por terroristas a 11 de Setembro de Tal como o memorial no World Trade Center, em Nova Iorque, inaugurado a 11 de Setembro, no 10.º aniversário dos ataques. Os memoriais intersectam a forma como queremos ser recordados no futuro com a nossa necessidade de consolo mais imediata. Eles dizem mais sobre nós e os nossos tempos do que sobre os acontecimentos que é suposto comemorarem, afirma Brent Glass. [Paralelo] Do massacre de Columbine ao 11 de Setembro, a construção de memoriais parece ser uma indústria em crescimento nos Estados Unidos. Porquê? [Brent Glass] Recordar é um atributo Sandra Pereira As unidades do Memorial estão posicionadas de maneira a distinguir se as que simbolizam as vítimas que estavam no Pentágono das que vinham no avião. Aquelas em que se lê o nome da vítima e, na mesma linha do olhar, se vê o Pentágono, correspondem às pessoas que se encontravam no edifício. As que se encontram no sentido oposto, em que para ver o nome da vítima temos o céu como pano de fundo, dizem respeito aos passageiros. 8 Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO 2011

9 11 DE SETEMBRO Uma década depois humano. É o que nos define, de certo modo, como seres humanos. Para um indivíduo, a perda de memória é uma catástrofe. Para uma sociedade, é igualmente importante possuir uma memória colectiva. E uma forma de fazer isso é através da memorialização em que tentamos captar, reconhecer e homenagear um acontecimento ou pessoas pelos seus actos ou pela sua experiência. O que pode tomar uma variedade de formas: pode ser uma paisagem, uma estátua, ou algo mais abstracto. Já alguma vez visitou o Ground Zero, em Nova Iorque? Há um posto de bombeiros do outro lado da rua que se fartou de esperar e criou o seu próprio memorial. Que é bastante figurativo: vemos os bombeiros a correr para um edifício, vemos as torres a arder. No dia em que visitei o local tinha um pai e um filho ao meu lado, e o rapaz teria uns oito ou nove anos, portanto não tinha nascido quando o 11 de Setembro aconteceu. O pai explicou para que servia o memorial e o rapaz não parava de perguntar: O que os levou a fazer isto? ; Porque é que os aviões foram contra as torres? ; Porque sequestraram os aviões? ; Porque não estavam contentes com os Estados Unidos?. O rapaz não parava de perguntar porquê. Dei me conta de que é isso que temos de fazer com os nossos museus e centros interpretativos responder aos porquês. E isso é o que os memoriais não fazem necessariamente. Não têm essa obrigação. Cabe lhes evocar a perda que ocorreu e têm uma função terapêutica. [P] Os memoriais são diferentes dos factos históricos. São mais sentimentais. [BG] Sim. Os piores memoriais são aqueles que tentam contar uma história. Alguns dos memoriais do Holocausto no mundo e nos eua são bastante evocativos sem apresentarem uma longa narrativa sobre o que aconteceu. Alguns falharam porque tentam ser enciclopédicos e contar essa história. A mensagem não é necessariamente objectiva. Aliás, por definição é subjectiva porque é patrocinada ou por um Estado ou por um grupo de pessoas que querem lembrar indivíduos ou um acontecimento de uma forma particular. [P] O que é que o memorial do 11 de Setembro, planeado para o World Trade Center, pretende comemorar? Hidden constellations assim caracteriza o Memorial do Ground Zero o seu arquitecto Michael Arad. Os nomes das pessoas foram agrupados em razão das suas relações familiares e de amizade. Recordar é um atributo humano. É o que nos define, de certo modo, como seres humanos. Para um indivíduo, a perda de memória é uma catástrofe. Para uma sociedade, é igualmente importante possuir uma memória colectiva. [BG] Acho que a primeira preocupação é homenagear as pessoas que morreram. No memorial projectado para o local onde o voo 93 se despenhou [no mesmo dia], vamos ter 40 nomes, dos passageiros e da tripulação que morreram nesse voo. Mas os nomes dos quatro sequestradores que também morreram não serão incluídos. É uma questão interessante: O que é que se faz com os nomes dos terroristas? Como é que reflectimos a tragédia se não os mencionamos? É como ir ao Fords Theatre em Washington sem mencionar John Wilkes Booth [actor que assassinou Lincoln naquele teatro durante uma representação]. Mas parece me correcto não mencionar estes indivíduos num memorial porque não são os homenageados; os homenageados são as vítimas. Mas um museu talvez encontrase alguma forma de apresentar os nomes dos 19 sequestradores. [P] É habitual estes memoriais incorporarem a contagem das vítimas. Nesse sentido, não representam uma certa vitimização, ou mesmo martírio? [BG] É uma questão interessante porque no memorial do voo 93 preferem usar a palavra heróis. Porque os passageiros, ou pelo menos muitos deles, resistiram e tentaram impedir os planos dos sequestradores. Talvez tenham tentado recuperar o controlo do avião não sabemos exactamente o que se passou naqueles trinta minutos, do que deve ter sido puro caos e puro terror. Mas em Nova Iorque a história é mais complexa. Temos os passageiros, temos as pessoas que estavam a trabalhar nos seus escritórios, temos as equipas de socorro. Há pessoas que sobreviveram, há bombeiros que morreram, há pessoas que perderam a vida sem sequer saber o que lhes aconteceu. O Memorial da II Guerra Mundial, em Washington, é claramente um memorial aos soldados que foram para a batalha sabendo que corriam o risco de morrer, inteiramente conscientes de estarem a lutar pelo seu país. No caso das Torres Gémeas é diferente. Há pessoas que morreram sem saber a causa. Tanto quanto conseguiram perceber, foi um acidente: um avião terá voado Vanessa Rodrigues Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO

10 11 DE SETEMBRO Uma década depois Sandra Pereira acidentalmente em direcção à sua torre, pelo menos o primeiro. Suponho que é uma morte diferente. Parece me legítimo perguntar: porque precisam de um memorial? Há quem acredite que honrar um ente querido dessa Os memoriais não terão, em última análise, mais a ver com as nossas sensibilidades contemporâneas do que com os acontecimentos dramáticos que evocam? forma proporciona algum alívio, e os familiares [das vítimas] costumam ter um papel muito activo nisso. Quase imediatamente depois da Guerra Civil mesmo antes do conflito terminar alguns dos combatentes voltaram aos campos de batalha e começaram a planear a construção de memoriais. Existem mais de 1300 memoriais em Gettysburg. [P] Até muito recentemente, uma cidade como Berlim, bombardeada durante a II Guerra Mundial, não tinha memoriais. Eles pareciam supérfluos num lugar onde as ruínas da destruição ainda são visíveis. Mas na última década Berlim viu surgir um museu e um memorial dedicados ao Holocausto. Os memoriais não terão, em última análise, mais a ver com as nossas sensibilidades contemporâneas do que com os acontecimentos dramáticos que evocam? [BG] Penso que sim. Quando estive em Portugal recentemente, dei uma conferência sobre Memória Pública nos EUA em quatro universidades. Uma estudante pôs a mão no ar e perguntou: Não acha que há demasiadas evocações do Holocausto? Ela teria talvez uns 20, 25 anos. Eu respondi que depende do país e da sensibilidade actual em relação ao impacto do Holocausto no nosso país ou na nossa comunidade. Não sei se alguma vez a memória pode ser excessiva ou se o passado se pode tornar um fardo e impedir nos de seguir em frente. Mas concordo que [os memoriais] dizem mais sobre nós e os nossos tempos do que sobre os acontecimentos que é suposto comemorarem. [P] Uma questão que se pode colocar em relação ao Memorial do 11 de Setembro é a escala. Apesar de representar menos de três mil pessoas, ele irá ultrapassar a dimensão de outros memoriais dedicados a milhões de vítimas. O que pensa sobre isso? [BG] Bem, é em Nova Iorque, que faz tudo em grande. Tem de ter uma escala que os nova iorquinos sintam que está de acordo com a sua identidade. É a maior cidade do país, uma capital mundial... E há a questão moral de construir um memorial ou fazer alguma coisa num local onde pessoas morreram e onde provavelmente os seus restos ainda se encontram. Sei que isso é uma questão na Pensilvânia. O Memorial do Pentágono é constituído por 184 unidades: uma por vítima, com o seu nome. Passageiros e pessoas no edifício do Pentágono morreram na sequência da queda do avião, do voo 77 da American Airlines, às 9h37 de 11 de Setembro de [P] Para muitos familiares, aquele é o seu cemitério. [BG] Exacto. Apesar de terem encontrado e identificado restos humanos, acho que só 10 Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO 2011

11 11 DE SETEMBRO Uma década depois Não sei se alguma vez a memória pode ser excessiva ou se o passado se pode tornar um fardo e impedir nos de seguir em frente. Mas concordo que [os memoriais] dizem mais sobre nós e os nossos tempos do que sobre os acontecimentos que é suposto comemorarem. conseguiram identificar um terço das pessoas que morreram em Nova Iorque. Sei que ainda existe uma polémica em relação ao cofre onde os restos serão preservados no local. Há uma inscrição que está projectada para a parede junto ao cofre, mas alguns dos familiares disseram: Não queremos nada nessa parede porque não queremos que o cofre se torne parte de uma exposição ou uma atracção turística em que as pessoas tirem fotografias. A Comissão do Memorial do Voo 93 reúne se quatro vezes por ano, e em cada reunião há sempre um grupo de familiares das vítimas que participa e ainda há muitas lágrimas e muita emoção. O choque já passou, mas tem sido um processo de luto prolongado no tempo. Não me parece que alguma vez tenha fim. Mas julgo que com o décimo aniversário, em Setembro, irão sentir que a sua missão foi cumprida. OK, fizemos a nossa parte para lembrar os nossos familiares. marido ou a mulher, mas é mais complicado quando o parentesco é mais distante. Mas sim, esse é o público principal. No caso de Nova Iorque, em que tem quase três mil mortos, não vai ser possível um consenso. Mesmo em Shanksville não houve consenso total em relação ao design do memorial. O avião caiu num terreno onde em tempos existiu uma mina de carvão e apesar de a paisagem ter sido restaurada, o local ainda mantinha um certo declive. O arquitecto do projecto vencedor aproveitou isso para recomendar um semicírculo de árvores. Creio que são 40 árvores por cada vítima, portanto, ao todo, serão plantadas 1600 árvores nesse semicírculo. E ele chamou ao memorial Um Crescente de União. E houve uma pessoa que reagiu imediatamente, dizendo: Ah ha, isto é um tributo ao islão. Porque eram aceres vermelhos e, no Outono, as folhas ficam vermelhas. Sempre que um avião sobrevoasse o local, pareceria um crescente vermelho visto do céu. Isso gerou alguma controvérsia, e um familiar de uma das vítimas declarou que nunca aprovaria. As famílias tinham estado muito unidas até então e isto foi duro porque queriam que toda a gente estivesse de acordo. [P] O que aconteceu depois? [BG] O arquitecto tornou o memorial mais parecido com um círculo, prolongando os dois extremos do crescente. Vanessa Rodrigues [P] Falando com nova iorquinos, tem se a sensação de que o memorial, em termos individuais, não é importante para eles. A reconstrução do World Trade Center, o facto de estarem a reerguer torres no mesmo local, parece ter um poder simbólico muito maior para eles. Portanto, a função do memorial parece ser, sobretudo, a de consolar as famílias das vítimas. [BG] Sim, toda gente é muito deferente para com os familiares porque estão mais directamente ligados ao acontecimento. Em relação ao voo 93, que envolve um número de pessoas muito menor, muitas vezes pergunto me: O que é que define se alguém é ou não um membro da família? É preciso ter um elo de sangue? Até onde é que se pode ir um primo em segundo grau, uma tia ou um tio? É uma questão política: quem fala em nome das vítimas? É fácil se for um filho ou uma filha, o Sete mil pessoas com bilhete puderam visitar o Memorial do Ground Zero no dia 11 de Setembro deste ano. Mais de 400 mil compraram bilhetes para os próximos meses. Glass em Portugal Guardião da memória. Assim pode ser descrito Brent Glass que acredita que "a maneira como recordamos o passado revela muito sobre o presente". Durante a sua primeira visita a Portugal, Glass partilhou a sua visão da história e experiência musiológica com curadores e funcionários em Lisboa, Porto, Coimbra, Madeira e Açores. No seu esforço de gestão da lembrança e do esquecimento, o planeamento, as parcerias, a divulgação e o feedback são, segundo Glass, instrumentos fundamentais nos museus de hoje em dia. D.R. Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO

12 11 DE SETEMBRO Uma década depois Uma década de terrorismo global Há dez anos, o mundo tremeu com o impacto dos aviões contra as Torres Gémeas. E não mais seria o mesmo, dessa manhã em diante. TEXTO Patrícia Fonseca INFOGRAFIA Álvaro Rosendo de Setembro de 2001 (EUA, Nova Iorque, Washington, Pensilvânia) Torres Gémeas 2752 mortos Pentágono 169 mortos Voo mortos 2 26 de Outubro de 2001 (EUA, Washington) George Bush assina o polémico USA Patriot Act, acrónimo para Uniting and Strengthening America by Providing Appropriate Tools Required to Intercept and Obstruct Terrorism, que retira muitos direitos aos cidadãos, em nome da luta contra o terrorismo 3 7 de Outubro de 2001 (Afeganistão) A invasão do Afeganistão, realizada à revelia das Nações Unidas, marca o início da guerra declarada pelo Governo Bush contra o terrorismo global (Guantánamo) Os primeiros prisioneiros da guerra no Afeganistão são levados para a prisão de Guantánamo, em Cuba. Outras prisões, algumas geridas pela CIA e com localizações secretas, são usadas para interrogar suspeitos de terrorismo, um pouco por todo o mundo 1 Sublinhados a amarelo os atentados atribuídos à Al-Qaeda (Argélia) O Grupo Salafista para a Pregação e Combate decide unir esforços com a organização de Bin Laden, passando oficialmente a designar-se por Al-Qaeda do Magrebe Islâmico a partir de de Abril de 2002 (Tunísia) Um bombista suicida-se na sinagoga de Ghriba, em Djerba, matando 21 pessoas (14 alemães) 7 12 de Outubro de 2002 (Indonésia, Bali) Um carro-bomba e um bombista suicida lançam o caos em Bali, matando 202 pessoas (164 eram turistas estrangeiros). O ataque foi atribuído a um grupo radical islâmico com ligações à Al-Qaeda 8 28 de Novembro de 2002 (Quénia) Um suicida faz-se explodir num hotel de Mombaça que alojava um grupo de israelitas, matando 18 pessoas 9 20 de Março de 2003 (Iraque) Aviões norte-americanos iniciam os bombardeamentos sobre Bagdade, enquanto forças britânicas ocupam o Sul do país regido por Saddam Hussein. O Iraque que, com o Irão e a Coreia do Norte, constituía o que Bush designava como Eixo do Mal, era atacado por alegadamente possuir armas de destruição maciça de Maio de 2003 (Arábia Saudita) Um triplo atentado provoca 35 mortes, numa zona residencial de Riade de Maio de 2003 (Marrocos) Quatro bombistas suicidas matam 33 pessoas em Casablanca e 20 de Novembro de 2003 (Turquia) Quatro carros-bomba explodem em Istambul junto a duas sinagogas, ao consulado britânico e ao banco inglês HSBC, provocando 63 mortos, entre eles o cônsul-geral britânico 12 Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO 2011

13 11 DE SETEMBRO Uma década depois Revolução a bordo Os atentados de 11 de Setembro alteraram radicalmente as regras de segurança da aviação mundial Facas proibidas Todos descalços Lista negra Líquidos banidos Set 2001 Os passageiros passam a ter de comparecer com três horas de antecedência no aeroporto, para voos internacionais. Os canivetes suíços ficam proibidos, e até os isqueiros e os corta-unhas passam a ser vistos como armas perigosas Dez 2001 Após um passageiro ter conseguido transportar explosivos nos sapatos, com a intenção de fazê-los explodir num voo Paris-Miami, todo o calçado passa ser vistoriado ao raio-x Set 2004 Os EUA analisam os dados biométricos dos passageiros e instituem uma No-fly list com milhares de nomes suspeitos de ligações terroristas (o que gera inúmeros mal-entendidos) Nov 2006 Um atentado frustrado, usando uma combinação de líquidos para criar uma bomba a bordo, levou à proibição quase total do transporte de líquidos na bagagem de mão Fontes TSA - Transportation Security Administration (USA); EASA/European Aviation Safety Agency (Iraque) Uma série chocante de fotografias é publicada, revelando que militares norte-americanos praticavam actos de tortura na prisão de Abu Ghraib de Março de 2004 (Espanha, Madrid) A Al-Qaeda reivindica os atentados coordenados a comboios das cercanias de Madrid, que matam 191 pessoas 15 8 de Outubro de 2004 (Egipto) Três atentados em locais turísticos da península do Sinai fazem 34 mortos 16 6 de Dezembro de 2004 (Arábia Saudita) O consulado dos EUA em Jeddah é atacado: nove mortos de Fevereiro de 2005 (Filipinas) No mesmo dia, três atentados provocam 12 mortes e deixam mais de 130 feridos em Manila, General Santos e Davao Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO de Julho de 2005 (Reino Unido, Londres) A Al-Qaeda consegue fazer explodir três bombas na rede de metropolitano de Londres, matando 52 pessoas de Julho de 2005 (Egipto) Uma série de atentados suicidas contra locais turísticos de Sharm el-sheikh causa 68 mortos 20 1 de Outubro de 2005 (Indonésia, Bali) Três bombistas suicidas fazem mais 23 mortos em Bali 21 9 de Novembro de 2005 (Jordânia) A Al-Qaeda reivindica um triplo atentado suicida contra hotéis em Amã: 60 mortos de Abril de 2006 (Egipto) Três bombistas atacam a zona balnear de Dahab (mar Vermelho), causando 20 mortos de Dezembro de 2007 (Argélia) Argel é abalada por dois atentados suicidas, reivindicados pela Al-Qaeda do Magrebe: 62 mortos, entre eles 17 funcionários da ONU de Setembro de 2008 (Iémen) Um atentado com carros-bomba faz 16 mortos na Embaixada dos EUA em Sanaa de Setembro de 2008 (Paquistão) Um camião explode junto ao hotel Marriott de Islamabad: 60 mortos 26 1 de Maio de 2011 (Paquistão) Osama Bin Laden é morto por militares norte-americanos, em Abbottabad, no Paquistão. Segundo documentação encontrada na casa onde se escondia, estaria a preparar novos atentados nos EUA para coincidirem com o 10.º aniversário dos ataques às Torres Gémeas 13

14 11 DE SETEMBRO Uma década depois O 11 de Setembro de 2001 analisado dez anos depois Dez anos após os atentados da Al Qaeda aos Estados Unidos é possível uma análise mais clara destes acontecimentos. Para discutir as repercussões dos atentados não apenas na América, mas em todo o mundo, a flad organizou um ciclo de cinco conferências intitulado 10 Anos do 11 de Setembro, comissariado por Sara Pina. Por Marta Rocha* Propiciar a reflexão e o debate sobre algumas das grandes temáticas decorrentes dos atentados terroristas que, de forma tão brutal, marcaram o início do século xxi, o objectivo das conferência sintetizado por Mário Mesquita, administrador da FLAD. Outrora the land of the free, os Estados Unidos assumiram se mais tarde como the land of the powerfull, tendo a implosão formal da União Soviética em 1991 cimentado esta linha de pensamento estratégico. A 11 de Setembro de 2001, e pela primeira vez na sua história, os Estados Unidos foram surpreendidos e atacados no seu território continental por um agente externo, acto que destruiu inequivocamente a intocabilidade de que os Estados Unidos pensavam ser detentores e, tal como Mário Mesquita salientou na primeira conferência do ciclo, nos mega atentados dos Estados Unidos, confrontámo nos com o profissionalismo de uma estratégia minuciosa e cinicamente planificada. E não apenas foram atingidos implacavelmente no seu território nacional como o alvo da mensagem do grupo extremista foi o coração dos Estados Unidos, o símbolo do mundo livre e emblema do Ocidente, Nova Iorque. Contudo, o que concede uma maior brutalidade e desumanidade aos ataques, como afirmou Mário Mesquita, foi não estarem apenas em causa símbolos, mas seres humanos. 14 Um mundo diferente? Na primeira conferência do ciclo, o embaixador norte americano em Lisboa, Allan J. Katz, e Francisco Seixas da Costa, embaixador português em França e em 2001 chefe da diplomacia portuguesa nas Nações Unidas, em Nova Iorque, destacaram que é possível falar num mundo antes do 11 de Setembro e num mundo pós 11 de Setembro. O embaixador norte americano referiu se ao 11 de Setembro como o tipo de momento que todas as nações têm, um momento seminal, um momento a partir do qual tudo é diferente. Na sua perspectiva, e numa análise de primeiro plano, os atentados terroristas operaram um muito necessário wake up call para os norte americanos, um ganho de consciência de que não resta mais nenhum lugar no mundo onde a acção de pessoas determinadas em destruir possa ser impedida. Francisco Seixas da Costa focou a sua análise inicial na conjuntura internacional que motivou os atentados terroristas, frisando que esse acto havia tido lugar porque existia um contexto internacional, perante o qual os Estados Unidos eram vistos, em largos sectores do mundo árabe e não só, como muito complacentes com a política seguida por Israel face aos territórios e aos direitos dos palestinianos, o que justifica o aplauso com que estes actos terroristas foram acolhidos em algumas zonas da rua árabe. O embaixador Seixas da Costa realçou que a A 11 de Setembro de 2001, e pela primeira vez na sua história, os Estados Unidos foram surpreendidos e atacados no seu território continental por um agente externo, acto que destruiu inequivocamente a intocabilidade de que os Estados Unidos pensavam ser detentores. Al Qaeda e o 11 de Setembro nasceram num estranho caldo de cultura, gerado em mundos por onde perpassava, como constante, um permanente discurso anti israelita, aliás o único verdadeiro cimento de ilusória união dentro do mundo árabe. Após delinear o mapa no qual surgiram os atentados terroristas, considerou essencial destacar que o 11 de Setembro acabou por ser um teste positivo à unidade de princípios estratégicos em que assenta o mundo transatlântico, uma vez que originou de imediato uma reacção muito alargada e solidária na luta contra o terrorismo. O sentido do conceito de guerra contra o terrorismo Mitchell Cohen, politólogo norte americano e antigo editor da revista Dissent, e Nuno Severiano Teixeira, professor de Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO 2011

15 11 DE SETEMBRO Uma década depois RUI OCHÔA O Grémio Literário abriu as portas ao público para as conferências sobre os dez anos do 11 de Setembro. Muita assistência, entre a qual estudantes universitários, encheu o seu salão nobre. Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade Nova de Lisboa e antigo ministro da Administração Interna e da Defesa, debateram, na segunda conferência do ciclo, a nova concepção estratégica implementada por George W. Bush (Global War on Terrorism), o seu impacto nas políticas assumidas pelos eua desde os atentados bem como as soluções encontradas para o combate ao terrorismo nos diferentes contextos governamentais. Foi discutida a percepção da segurança como um fenómeno global que exige medidas, estratégias e políticas articuladas entre países e a natureza do terrorismo contemporâneo, cuja principal dissemelhança em relação ao dito terrorismo tradicional se prende com o alvo dos ataques civis. Mitchell Cohen analisou o conceito inovador introduzido por George W. Bush (Global War on Terror) que consistia genericamente numa guerra contra grupos terroristas de alcance global e os seus ajudantes. Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO 2011 Já Nuno Severiano Teixeira referiu que com o 11 de Setembro teve a confirmação da sua percepção de que a segurança, a natureza da segurança tinha mudado e era absolutamente global. A sua intervenção deu especial atenção ao eixo segurança/liberdade e à relação conflitual, porém inalienável, entre estes dois conceitos uma vez que o terrorismo neste modelo transnacional levanta problemas entre os valores fundamentais das sociedades democráticas, dois dos valores fundamentais das sociedades democráticas, que são a liberdade e a segurança [ ] esta relação entre a liberdade e a segurança depois do 11 de Setembro alterou se e a questão é que para garantir a segurança, que é um direito fundamental de todos os cidadãos, se calhar, houve que [ ] transigir, modelar alguns dos direitos, liberdades e garantias que são também eles próprios constitutivos de uma sociedade democrática. No Afeganistão e no Iraque A terceira conferência contou com a presença de Carlos Gaspar, do Instituto Português de Relações Internacionais (ipri), do general Loureiro dos Santos e de François Lafond, do German Marshall Fund (gmf). O principal tópico em discussão foi o presente e o futuro do Afeganistão e do Iraque, nomeadamente o seu protagonismo na política internacional, que se constitui como um dos temas principais da agenda da ordem e da estabilidade da política mundial, bem como as mudanças e as implicações na governação destes dois países. Os oradores procederam a uma análise da justificação dos eua das estratégias militares adoptadas e da invasão do Afeganistão e do Iraque. François Lafond debruçou se ainda sobre a dificuldade de os países democráticos desenvolverem e operacionalizarem estratégias democráticas para travar o terrorismo. 15

16 11 DE SETEMBRO Uma década depois RUI OCHÔA Fazer prevalecer o diálogo, a reflexão e o pensamento lógico sobre a irracionalidade das acções violentas Maria de Lurdes Rodrigues, presidente da FLAD, com Sara Pina (FLAD) e Walter Dean (jornalista) e Adelino Gomes (jornalista), da esquerda para a direita. É sempre difícil para as democracias encontrar as soluções correctas contra os terroristas de uma forma democrática, o que nos coloca a questão de Como é que devemos reagir face a pessoas que estão a utilizar ferramentas não democráticas se queremos continuar a agir de uma forma democrática?. François Lafond, German Marshall Fund (gmf) Carlos Gaspar afirmou que os Estados Unidos da América estiveram concentrados numa questão relativamente secundária e presos em duas guerras periféricas o que correspondeu a um período atípico na política externa norte americana que se pode resumir em três palavras: GWOT (Global War on Terrorism), Afeganistão e Iraque. Sob as repercussões destas duas guerras, salientou que a invasão do Iraque provocou a pior crise da história da nato e as dificuldades de missão da Aliança Atlântica no Afeganistão prolongaram as tensões entre os Aliados nos anos seguintes. O general Loureiro dos Santos abordou essencialmente o desenvolvimento das duas guerras que sucederam o 11 de Setembro assim como as estratégias militares notáveis arquitectadas pela Administração Bush nos dois palcos de guerra no Médio Oriente. O caso da invasão do Afeganistão, país onde se localizava a Al Qaeda, constituiu a resposta imediata aos ataques, acto que foi pela primeira vez reconhecido pelas Nações Unidas como legítimo quando declarou que se aplicava à situação o artigo 5.º do tratado fundador. Uma das principais reflexões de François Lafond, do German Marshall Fund, foi que é sempre difícil para as democracias encontrar as soluções correctas contra os terroristas de uma forma democrática, o que nos coloca a questão de Como é que devemos reagir face a pessoas que estão a 16 utilizar ferramentas não democráticas se queremos continuar a agir de uma forma democrática?. Civilizações, ideologias e religiões O modo como a religião e as ideologias fundamentalistas estão associadas à génese dos atentados, a influência das crenças religiosas nas questões políticas e a relevância da fé no contexto social do mundo ocidental em comparação com o mundo árabe e islâmico foi uma temática explorada pelo reverendo Kevin Madigan, padre católico da capela do Ground Zero, António Dias Farinha, professor de estudos árabes, e Esther Mucznik, responsável da comunidade israelita em Lisboa. O padre António Rego presidiu à conferência e alertou que A 10 anos do 11 de Setembro temos uma carga invulgar de imagens e emoções o que torna difícil perceber e aprofundar uma reflexão serena sobre o lugar das civilizações, ideologias e religiões. Kevin Madigan referiu que o ataque às Torres Gémeas em Nova Iorque para os terroristas não foi apenas um ataque a um símbolo do poder americano mas também o esmagamento de um falso ídolo, de uma representação blasfémica de uma Meca de comércio. Relativamente à sua experiência pessoal na manhã de 11 de Setembro de 2001, o reverendo contou que após o choque inicial nas ruas da cidade que nunca dorme, a sua atenção focou se em procurar os feridos a fim de ser de alguma ajuda. António Dias Farinha frisou que os atentados do 11 de Setembro exigem uma análise da ideologia desse grupo [da Al Qaeda] e o entendimento dos pressupostos que levaram à sua larga aceitação em lugares e países muito diversos e à programação de numerosos atentados. Porém, é fundamental não homogeneizar o mundo árabe como uma amálgama de fundamentalistas radicais adeptos de atrocidades como a perpetrada pelo grupo terrorista dirigido por Bin Laden. Esther Mucznik pensa que o mundo muçulmano foi a principal vítima do 11 de Setembro e de Bin Laden, uma vez que o terrorismo causou um imenso desgaste da imagem do mundo islâmico que se reflecte no medo e na rejeição de que é frequentemente alvo. Na comunicação social e na opinião pública O ciclo foi encerrado com Abderrahim Foukara, director da Al Jazeera em Washington, Wally Dean, do Committee of Concerned Journalists, e Adelino Gomes, professor e jornalista, que debateram a cobertura mediática e o impacto do 11 de Setembro na opinião pública. Maria de Lurdes Rodrigues, presidente da flad, reiterou o empenho da Fundação, que este ciclo de conferências sobre os Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO 2011

17 11 DE SETEMBRO Uma década depois RUI OCHÔA atentados do 11 de Setembro manifesta, de fazer prevalecer o diálogo, a reflexão e o pensamento lógico, sobre a irracionalidade de acções violentas. Abderrahim Foukara tocou num ponto sensível ao referir não ter a certeza em concordar com quem frequentemente afirma que os ataques de 11 de Setembro mudaram o mundo irrevogavelmente, uma vez que muitos dos problemas do mundo continuam na mesma se não ficaram ainda piores. Wally Dean afirmou que o jornalismo alterou se dramaticamente na última década [ ] mas acredito que essa alteração se deve a forças muito maiores e que ocorreria independentemente dos ataques do 11 de Setembro. Adelino Gomes referiu a extensiva cobertura mediática dada aos acontecimentos nos jornais portugueses, com o Público a cobrir o tema na primeira página entre 12 de Setembro e 30 de Dezembro, e com a decisão da Visão de fazer capa semana após semana, durante três meses ininterruptos 14 semanas, e com o Correio da Manhã a fazer uma edição especial logo no dia 11, com 16 páginas a cores. Até o jornal desportivo Record assinalou no seu editorial a urgência de construir um mundo mais justo e de distribuir melhor a riqueza como forma de evitar o desespero. A cobertura mediática foi intensa nos meios televisivos com, por exemplo, a rtp a prolongar o seu noticiário da hora de almoço até ao jornal da hora de jantar 7 horas, 59 minutos e 52 segundos. * Aluna finalista do Curso de Ciências da Comunicação da Universidade Nova e estagiária da FLAD para a área da Comunicação A Al Qaeda e o 11 de Setembro nasceram num estranho caldo de cultura, gerado em mundos por onde perpassava, como constante, um permanente discurso anti israelita, aliás o único verdadeiro cimento de ilusória união dentro do mundo árabe. Seixas da Costa, embaixador 11 de Setembro Dez anos depois em livro Textos dos vários especialistas que participaram nestas conferências da FLAD foram publicados em livro pela Almedina e apresentados nos seguintes capítulos: 11 de Setembro: um mundo diferente? Mário Mesquita Arcaísmo fundamentalista e modernidade tecnológica Allan J. Katz Um mundo diferente Francisco Seixas da Costa O 11 de Setembro na história contemporânea O SENTIDO DO CONCEITO DE GUERRA CONTRA O TERRORISMO Mitchell Cohen A guerra contra o terrorismo Nuno Severiano Teixeira O terrorismo transnacional AFEGANISTÃO E IRAQUE Carlos Gaspar Dez anos depois José Loureiro dos Santos Os Estados Unidos e as duas guerras do Afeganistão François Lafond Democracia e terrorismo CIVILIZAÇÕES, IDEOLOGIAS E RELIGIÕES António Rego Elementos comuns na procura do transcendente António Dias Farinha A evolução política do moderno islão Esther Mucznik O 11 de Setembro e o choque de civilizações Kevin Madigan Uma voz da rua Na discussão do tema 11 de Setembro: Um mundo diferente. Na primeira fila, da esquerda para a direita, o embaixador António Monteiro e o presidente do Grémio, José Macedo e Cunha. OPINIÃO PÚBLICA E COMUNICAÇÃO SOCIAL Maria de Lurdes Rodrigues Fazer prevalecer o diálogo Abderrahim Foukara Um património civilizacional comum Adelino Gomes 11 de Setembro revisitado Walter C. Dean O 11 de Setembro mudou o jornalismo norte americano? Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO

18 11 DE SETEMBRO Uma década depois [ visto pelos estudantes universitários ] Todas as conferências organizadas pela FLAD no âmbito dos dez anos do 11 de Setembro foram participadas por alunos de várias universidades portuguesas que fizeram trabalhos sobre o tema. Os melhores textos são publicados nas páginas seguintes. Um mundo diferente Todos os países têm um momento em que tudo passa a ser diferente. Por Fábio Rodrigues e João Miranda* Quando Allan Katz, embaixador dos Estados Unidos da América (EUA) em Portugal, materializou a sua convicção sobre o instante que alterou o curso do seu país, estava longe de imaginar que, menos de um mês depois, toda a discussão em torno do 11 de Setembro voltaria às primeiras páginas dos jornais, depois da captura de Bin Laden. Não que, no entender de Katz, fosse a Al Qaeda, e muito menos o seu líder, a grande preocupação com que a Administração Obama lidava naquele dia. Dez anos são muito tempo. E como o embaixador fez questão de sublinhar, o mundo conheceu novas e extasiantes realidades. Foi, de resto, esta a ideia que atravessou toda a discussão que a Fundação Luso Americana levou ao Grémio Literário de Lisboa, no primeiro de um ciclo de seis conferências em torno do décimo aniversário do ataque ao World Trade Center (wtc) e ao Pentágono. Mas se o mundo está diferente, tudo se deve àquele dia de 2001, que apanhou toda a América de surpresa. Acreditávamos, inocentemente, que nada nos podia atingir, lembra o embaixador, para quem o ataque se traduziu num duro despertar para a questão da segurança global. Hoje, não resta um lugar seguro no mundo. Na opinião de Katz, tratou se de um despertar difícil com um caminho errante e, sobretudo, errado. Antes, íamos para o aeroporto e não tínhamos que tirar os sapatos. Agora tudo se transformou: A América tornou se um país preocupado com a segurança de forma incompatível com os valores base da sociedade. 18 Mas, para o embaixador americano, a maior inflexão no caminho que os eua percorreram deu se no plano internacional. Se o ataque ao Afeganistão se afigurava, então, como a única resposta possível, a Guerra do Iraque derivou de informações erradas da Administração republicana. Com os democratas no poder, o Iraque não aconteceria, Obama tentaria uma solução multilateral considerou Allan Katz. Acreditávamos, inocentemente, que nada nos podia atingir, lembra o embaixador, para quem o ataque se traduziu num duro despertar para a questão da segurança global. Hoje, não resta um lugar seguro no mundo. Também na mesa do debate, Seixas da Costa, nessa altura o representante português na Assembleia das Nações Unidas (onu) e actual embaixador português em Paris, vai mais longe nesta análise. Em seu entender, existia uma postura conservadora e agressiva na Administração americana que rompeu com todo o plano ocidental até então estabelecido. Se, por um lado, os acontecimentos de 11 de Setembro conseguiram, depois de quarenta e quatro anos de Guerra Fria, aproximar Washington e Moscovo Putin consentiu a presença americana em águas russas, eles tiveram também como resultado a fragmentação do apoio europeu. A União Europeia estava expectante e existia ainda uma falta de eficácia nas relações entre a Europa e os países árabes, com a falência do Pacto de Barcelona, considerada a primeira tentativa séria de criar um marco institucional nas relações entre a União Europeia e os países árabes. Para Seixas da Costa, as repercussões acabaram por fragilizar o peso simbólico dos ataques ao w t c. Por um lado, o trauma do 11 de Setembro foi atenuado pela imensidão de mortes iraquianas e pela violação dos direitos humanos ; por outro lado, as consequências do conflito revelaram se contraditórias: do vazio do Iraque emergiu o Irão, defende o embaixador português. Para Seixas da Costa, o Irão, juntamente com a Arábia Saudita, assumem se como o cerne do que deve ser hoje a discussão internacional no plano árabe. Com efeito, refere o actual embaixador português em Paris, ninguém ousa ter uma palavra sobre a ditadura da Arábia Saudita, por causa do petróleo. Por seu lado, Allan Katz, está mais optimista em relação ao mundo muçulmano. Os acontecimentos no Magrebe, no Egipto e na Síria são uma questão de valores humanos: Trata se de países que escolheram a democracia. Contudo, alerta para a possibilidade do crescimento dos movi Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO 2011

19 11 DE SETEMBRO Uma década depois mentos radicais na zona, uma vez que, para o embaixador, os eua estão sobretudo preocupados com a questão da segurança. Movimentos radicais que Seixas da Costa e Allan Katz são unânimes em considerar Na opinião de Katz, A América tornou se um país preocupado com a segurança de forma incompatível com os valores base da sociedade. que baseiam toda a sua acção no apoio à causa palestiniana, no ataque a Israel e, por arrasto, à complacência norte americana. Mas não se pense que é no islamismo que reside o núcleo ideológico do extremismo árabe. Katz faz questão de deixar isso claro. A problemática da Mesquita no Ground Zero é uma discussão infeliz. Não foi o mundo muçulmano que provocou o ataque, defende o embaixador americano. Mas acrescenta: Acreditamos na liberdade religiosa e somos tolerantes, mas não em todas as situações. * Alunos do 2.º ciclo em Comunicação e Jornalismo, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra RUI OCHÔA Para Seixas da Costa (embaixador português em Paris e em 2009 em Nova Iorque) as repercussões acabaram por fragilizar o peso simbólico dos ataques ao WTC. Ao lado de Seixas da Costa, Mário Mesquita (administrador da FLAD) e Allan Katz (embaixador dos EUA em Lisboa). Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO

20 11 DE SETEMBRO Uma década depois [ visto pelos estudantes universitários ] Um novo conceito de terrorismo Mitchell Cohen, cientista político e antigo co editor da revista Dissent, e Nuno Severiano Teixeira, ministro da Administração Interna de Portugal na altura do ataque de 11 de Setembro de 2001, foram convidados a reflectir sobre a guerra ao terror, dez anos volvidos sobre esta data. Num debate presidido por Mário Mesquita, membro do Conselho Executivo da FLAD, e moderado por Abigail Dressel, representante da Embaixada dos EUA. Por Cátia Soares e Joana Isabel Carreto* Era terça feira, 11 de Setembro de A semana começara com o regresso de milhares de alunos portugueses às aulas. O País preparava se para mais um duelo entre o S. L. Benfica e o F. C. Porto ainda no antigo Estádio da Luz. A terceira edição do polémico Big Brother acabara de estrear na tvi. Havia poucos meses que a ponte de Entre os Rios ruíra, fazendo tremer a Nação e o Governo chefiado por António Guterres. Em Agosto, um avião vindo do Canadá aterrara de emergência no aeroporto das Lajes por falta de combustível. O País preparava se para se despedir do velhinho escudo e adoptar a moeda única, efectivando a União Europeia. O terrorismo não é um fim em si, mas um meio para atingir outros objectivos, nem sempre claros. [...] E combater um meio não suprime o problema dos fins Odisseia no Espaço, a obra de Clarke e o filme de 1968, preconizaram que este seria o ano do início das viagens turísticas espaciais. Apareceu a Wikipedia, o primeiro filme de Harry Potter e o Windows XP. Por terras norte americanas, George W. Bush subira ao poder em Janeiro, após uma disputa polémica que deu mais votos populares ao candidato Al Gore. 20 A palavra recessão ecoava nos noticiários. O mundo estava a mudar. Em Nova Iorque, o dia 11 de Setembro amanheceu límpido. Era apenas mais um dia de trabalho. Mas, para os Estados Unidos e o resto do mundo, nada mais seria o mesmo. Quatro aviões. Duas torres. O Pentágono. Mais de três mil mortos. Os números não dizem tudo sobre o horror das imagens do maior ataque terrorista de sempre, semelhantes aos efeitos especiais de um filme de Hollywood. O que estava em causa era não só as perdas, incalculáveis, mas também o simbolismo da acção. Em poucas horas, os ícones económicos, militares e políticos da maior potência mundial foram atacados, mostrando a sua vulnerabilidade. Ainda antes do fim do dia, a autoria dos atentados foi atribuída a uma organização de terroristas fundamentalistas islamitas, Al Qaeda, personalizada na figura do seu líder, Osama bin Laden. Bush declarava uma guerra ao terror de contornos difusos a um inimigo transnacional. Uma década volvida, tudo mudou. Existe um antes e um depois, uma marca que assinala a vermelho sangue a data dos atentados. O líder da Al Qaeda está morto. Mas a luta contra o terrorismo não tem fim à vista. Por não estar prevista, a morte de Bin Laden veio, de certa forma, boicotar aquilo que estava delineado a figura do líder da Al Qaeda e a organização em si tornaram se os temas chave deste debate. Mitchell Cohen referiu que o conceito de terrorismo, tal como o de democracia, é utilizado indiscriminadamente na actualidade. O que o distingue de outras formas de violência (como a guerra ou o crime) é o facto de qualquer cidadão ser um possível alvo. Nuno Severiano Teixeira acrescentou que o terrorismo do século xxi visa a maximização da capacidade de causar sofrimento. O grande impacto das acções terroristas torna as simbólicas e reproduzidas mediaticamente por todo o mundo, criando uma atmosfera de terror. A questão pode enquadrar se como meios e fins. O terrorismo não é um fim em si, mas um meio para atingir outros objectivos, nem sempre claros. Até onde os terroristas estão dispostos a ir e até onde se torna justificável chegar para travá los são perguntas cuja resposta não é consensual entre os governos, entre os países e entre os cidadãos. E combater um meio não suprime o problema dos fins. Nuno Severiano Teixeira considera que o 11 de Setembro mudou a natureza da segurança e do terrorismo, globalizando os. O que a nova noção de terror põe em causa já não é a disponibilidade para matar, mas para morrer por parte daqueles que se entregam a uma causa, levando com eles milhares de inocentes. O antigo ministro remete ainda para a surpresa que este atentado foi para toda a gente ele Paralelo n. o 6 OUTONO INVERNO 2011

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