Relato de Experiência. Escola Estadual Barão do Rio Branco, município de Parelhas RN
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- Milena Neves Carreira
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1 Relato de Experiência JORNAL ESCOLAR CONTRA A DESERTIFICAÇÃO Escola Estadual Barão do Rio Branco, município de Parelhas RN Diante da convocação realizada pelo Portal do Jornal Escolar, com o apoio do Banco do Nordeste, e divulgado na escola pela coordenação pedagógica, optamos pela participação através da parceria realizada entre as professoras de língua portuguesa e geografia, Juliana e Zenira. As primeiras discussões foram realizadas em torno da turma a ser escolhida para o desenvolvimento do projeto. Foi priorizada a turma do 6º ano B, do ensino fundamental, turno vespertino, composta por 38 alunos, tendo em vista experiências evidenciadas com projetos de Letramento e Mediadores de Leituras. Após a escolha, planejamos as atividades com as coordenadoras pedagógicas da escola e com a colaboração da direção. Posteriormente, realizamos o processo de socialização da ideia junto à turma, como forma de democratizar o processo e compartilhar responsabilidades, tendo uma excelente receptividade dos alunos e o empenho dos pais. Diante do exposto, ressaltamos a importância do projeto e elaboramos um cronograma de atividades a serem desenvolvidas nos meses de novembro e dezembro e do lançamento do supracitado junto aos alunos, realizado no dia 30 de outubro de O projeto apresentava como tema: Um novo olhar sobre a desertificação e com os objetivos: - Entender o processo de desertificação e suas consequências; - Identificar alternativas de combate e minimização dos seus efeitos; - Entender a ação e as consequências da desertificação no Município de Parelhas. - Trabalhar com o alunado a produção de uma edição do jornal; Com intuito de efetivar os objetivos, foram desenvolvidas várias atividades, dentre as quais: seminário de adesão e exposição do projeto; abordagem teórica; estudo e produção de textos; elaborações, exposição e escolhas de ilustrações; trabalho de pesquisa em grupos; palestras; elaboração de questionário; entrevista; elaboração de relatos e história de vida; autobiografia (relatos de pessoas ou famílias que estão vivendo a seca); e aula de campo, dentre outras.
2 Em um primeiro momento, foi apresentado na íntegra todo o projeto e assinado um termo de adesão e cooperação com os alunos. Longo em seguida, teve início o ciclo de debates temáticos, que perdurou durante todo o projeto, com estudos e aprofundamento das referências indicadas pelo curso como muitas outras, de cunho estadual e municipal. Atentamos em nossas abordagens para a realidade do município através de uma análise histórica, tendo em vista que o mesmo está localizado em uns dos principais núcleos de desertificação do país, Seridó, e ter sediado o primeiro projeto de revitalização de áreas desertificadas do Estado do Rio Grande do Norte, através do núcleo de desertificação do Seridó NUDES. O Núcleo de Desertificação do Seridó é uma área de km2, composta pelos municípios de Currais Novos, Cruzeta, Equador, Carnaúba dos Dantas, Acari, Parelhas, Caicó, Jardim do Seridó, Ouro Branco, Santana do Seridó e São José do Sabuji, onde vivem habi tantes. Esta área por apresentar todas as características de solo desértico, causado pelo: desmatamento da Caatinga para extração de lenha e argila, entre outras causas, se tornou área de estudo e de ações do Ministério do meio Ambiente, com objetivo de combater e controlar o processo de desertificação. (Andréia e Erica 14, de novembro de 2012). Após abordagem, pesquisas, debates e socializações os estudantes foram divididos em grupos e orientados, de acordos com as temáticas a produzirem seu material, nos mais diversos estilos, para composição do jornal. A produção desse material estava associada à elaboração das mais diversas e variadas ilustrações, que colaboraram para ilustrar nosso jornal com obras primas dos nossos alunos. Devido à complexidade dos temas foram realizadas diversas leituras, enfatizados aspectos nacional, regional e municipal, profundamente debatidos nas aulas de geografia, como forma de enriquecer o conteúdo, e incentivar as mudanças de comportamento e a difusão desse conhecimento. Tentamos fazer uma leitura histórica desse fenômeno do global para o local. A produção dos textos foi acompanhada tematicamente pela professora de geografia, que atentava para os detalhes relevantes, bem como todos os aspectos gramáticos e textuais pela professora de língua portuguesa.
3 Contamos com a colaboração de várias pessoas que realizaram palestras e debates atentando para os aspectos científicos e empíricos da temática, dentre os quais Tertuliano Pereira Neto, Noéliton Venturini e Emídio Bezerra. No primeiro momento convidamos geógrafos para realizar uma caracterização deste espaço e do ecossistema da caatinga, em todos os seus aspectos, como também do fenômeno do processo de desertificação. Em um segundo momentos convidaram técnicos agrícolas para retratar as experiências das conseqüências da desertificação junto ao homem do campo e do trabalhador rural, atentando para alternativas sustentáveis e de possível efetivação que são referências na contenção dos efeitos desse fenômeno, dentre os quais, Tertuliano Pereira Neto, ambientalista, historiador, técnico agrícola e voluntario nos serviços de obras que minimizam os efeitos da desertificação. Em um terceiro momento, ouvimos os representantes públicos, suas exposições, e os alunos questionaram da existência ou não de projetos desenvolvidos no tocante a minimizar os efeitos dessa problemática. Após debates e discussões, sentimos a necessidade de aprofundamento do tema através da elaboração de questionário a ser aplicado, pelos alunos, junto às mais diversas entidades representativas do nosso município. Dessa forma, a turma atuou em entrevista com as seguintes Instituições e seus representantes legais: Secretaria Municipal da Agricultura, Meio Ambiente, Recursos Minerais e Pesca de Parelhas; Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Parelhas;
4 Empresa de Assistência Técnica ao Trabalhador Rural do Rio Grande do Norte AMTER-RN; Fundo Municipal de Assistência Comunitária de Parelhas FUMAC; Cooperativa Agropecuária de Parelhas; Representantes das Indústrias Cerâmica de Parelhas; Representante dos Mineradores de Parelhas. Agricultores rurais e ex-agricultores. De posse das informações, cada grupo compilou seus dados e produziram texto, relatos e historia de vida, autobiografia, reportagens, depoimentos, pesquisa de opinião utilizada na produção desse jornal. Entrementes as diversas informações, organizamos a aula de campo pelo município de Parelhas, particularmente a região da montante da Bacia do Rio Cobra, área legitimamente considerada pelo Ministério do Meio Ambiente como em processo grave de desertificação. Nesta, podemos observar vários aspectos do processo de desertificação: o clima e suas características; a vegetação predominante; os principais aspectos do solo; as características hidrográficas; os renques e as cercas de pedras; as barragens submersas e assoredoras; os poços artesianos e as diversas modalidades de cisternas; as principais atividades desenvolvidas na área; a presença da Indústria de produção de telhas, tijolos e lajotas Cerâmica Tavares; como também a busca por alternativas e atividades sustentáveis. Conhecer mais sobre o que é desertificação e como se formam os desertos, como também alternativas que ajuda a melhorar o nosso meio ambiente, foi o objetivo da viagem. Mas o que chamou atenção foi conhecer plantas da região que representa se a terra ficar pobre e outra que estão desaparecendo, como o anil de serra, conhecer os renques e as barragens submersas e a Cerâmica Tavares e saber que ela se preocupa com o meio ambiente, utilizam a poda do cajueiro para queimar os tijolos, em fornos grandes e modernos, além de ter um lindo viveiro de mudas. Aprendi que a desertificação não se forma só através de dunas de areia, mas principalmente, em terra seca e sem plantações. Mas não é isso que queremos para o nosso planeta. A desertificação é uma fase muito difícil para o nosso planeta. (Rayane Clara, 30 novembro de 2012).
5 Extremamente proveitosa a aula de campo, proporcionou a relação teoria e prática, bem como o conhecimento da mais importante e intensa área em processo de desertificação de Parelhas, além do conhecimento das práticas sustentáveis desenvolvidas pela Cerâmica Tavares. Após a visita, fizemos um debate e avaliação sobre tudo que podemos vivenciar, e através de uma escolha difícil e democrática, foi eleito o material a ser retificado, compilado, diagramado e publicado. Como também foi lançada a ideia de produzir e publicar um vídeo nas redes sócias contendo os momentos mais importantes do desenvolvimento do projeto. Outro importante momento foi o de escolha do nome do jornal. Vários nomes surgiram, mas foi validado como nome: Barão Verde, explicitado pelo fato da Escola Estadual Barão do Rio Branco, constituir um dos mais antigos educandários da região, com 94 anos, os alunos optaram por homenagear sua escola Barão. O verde, cor oficial da Escola foi associado ao verde natureza, contrário à seca, à desertificação, que predomina e marca o cenário de nossa cidade. Mesmo diante dos contra tempos e evidenciando o recesso escolar e as férias de final de ano, conseguimos compilar os trabalhos dos alunos, organizá-los, diagramá-los, avaliá-lo e enviar para análise, avaliação e publicação. Toda a diagramação do jornal foi feita pelo funcionário efetivo e técnico administrativo da escola Edson Pereira de Araujo. Devido às férias escolares, não foi possível realizar o lançamento do jornal no mês de Janeiro, par ticularmente no período da festa do padroeiro dessa cidade. Momento que a escola recebe muitos visitante para comemoração de seu aniversário, tendo em vista ser uma escola preste a vivenciar seu centenário. Após o retorno das aulas e o cumprimento de uma extensa agenda de atividades e inicio do ano letivo, planejamos com os alunos o lançamento, tendo sido decidido que o mesmo ocorreria na es cola, com a presença dos pais e colaboradores. Atendendo ao pedido dos alunos, coube a compilação do material ilustrativo e para elaboração de um vídeo, já disponíveis nas redes sociais. Após sua elaboração mesmo, necessitando de alguns retoques, realizamos na terceira semana de março a socialização.
6 Todo esse processo começa com o debate, escolha e ensaio das matérias a serem apresentadas, na quarta-feira, dia 20 de março de Reunidos todos na escola, realizamos a abertura pela direção e coordenação pedagógica, sendo em seguida apresentado uma minuta do projeto para os pais, e apresentação das materiais pelos alunos. As professoras atentaram para a necessidade: da leitura, da produção de textos, da elaboração e publicação desses materiais, do incentivo a leitura, a preservação e valorização do meio ambiente, e da importância de aplicabilidade de novas metodologias. Após a apresentação, foram entregues os jornais aos presentes e socializado o vídeo. Todos ansiosos para ver em suas produções. A conclusão foi realizada por meio da apresentação de clássicos da música popular nordestina, de Luiz Gonzaga Chote Ecológico e Asa Branca, dentre outras, pelos alunos que fazem parte de uns grupos de Sanfoneiros de Parelhas Allan e Jair, sendo depois oferecido um lanche aos presentes. Após a publicação junto ao alunado, começamos a exposição e distribuição nas salas. Foi outro momento importante. Os alunos enfatizaram a necessidade de permanência do projeto na escola e da publicação anual desse jornal. Dessa forma, conseguimos trabalhar os jornais em toda a escola e fornecer alguns exemplares para os parceiros. Também enviamos para os órgãos públicos e a versão digital para algumas instituições (Secretaria de Educação do Estado, Portal do Professor, dentre outra). Diante do exposto, só posso considerar a experiência formidável! Conseguimos atrair a atenção do alunado, incentivar a produção textual, a pesquisa, despertar a criatividade e a veia poética, transformar as aulas ou dar-lhe um novo sentido curiosidade, bem como conhecer a realidade ambiental de nosso município, atentando para mudança de nossas ações. Percebemos nos olhos e na fala dos pais e de todos os envolvidos o encantamento, a admiração e importância daquele pequeno e rico papel lapidado pelos trabalhosos, pequenos e belos artistas. Todos se apresentavam agradecidos. Particularmente não tinha noção do trabalho realizado e de sua importância. Foi difícil, trabalhoso, mas colhemos em meio à desertificação, bons frutos. Sãos esses que nos fazem acreditar na Educação. Professoras Zenira Bezerra e Juliana de Pedro, coautoras desta experiência. Professora Zenira Bezerra da Silva zenigeo@yahoo.com.br Escola Estadual Barão do Rio Branco Parelhas, RN
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