PODER JUDICIÁRIO. Gabinete do Desembargador Gerson Santana Cintra

Transcrição

1 CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº ( ) COMARCA DE LUZIÂNIA 2ª SEÇÃO CÍVEL SUSCITANTE : JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL E DE FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE LUZIÂNIA SUSCITADO : JUIZ DE DIREITO DA VARA DE FAZENDAS PÚBLICAS, REGISTROS PÚBLICO, AMBIENTAL E 2ª VARA DA COMARCA DE NOVO GAMA RELATOR : Desembargador GERSON SANTANA CINTRA RELATÓRIO E VOTO Trata-se de conflito negativo de competência, suscitado pela Juíza de Direito da 1ª Vara Cível e de Fazenda Pública Estadual da comarca de Luziânia/GO, Drª Flávia Cristina Zuza, extraído dos autos da Ação Anulatória de Ato Administrativo c/c Antecipação de Tutela, ajuizada por JÚLIO CÉSAR MENDES RIBEIRO em face de MUNICÍPIO DO NOVO GAMA E AGÊNCIA GOIANA DE REGULAÇÃO CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS - AGR, qualificados nos autos, por entender que compete ao Juiz de Direito da Vara de Fazendas Públicas, Registros Público, Ambiental e 2ª Vara da comarca de Novo Gama processar e CC nº ( ) 1

2 julgar o referido feito, tendo em vista que a matéria versa sobre competência relativa (territorial) e como tal não pode ser declarada de ofício, de acordo com a Súmula 33 do Superior Tribunal de Justiça. O juízo suscitante alega que deve der observado o regramento contido no artigo 100, inciso IV, alínea a, do Código de Processo Civil, aduzindo, ainda, que a ação de origem deve tramitar perante o juízo suscitado, local aonde seu veículo foi apreendido. juízo suscitado (f. 26/27). Juntou cópia da petição inicial, bem como da decisão do Ao final, pugnou pelo regular processamento e julgamento do feito no juízo da Vara das Fazendas Públicas, Registro Público, Ambiental e 2º Cível da comarca de Novo Gama. É o breve relato. Decido. A dicção do artigo 120, parágrafo único, do Código de Ritos, permite o julgamento de plano do conflito de competência, caso haja jurisprudência dominante no Tribunal, verbis: Parágrafo único. Havendo jurisprudência dominante do tribunal sobre a questão suscitada, o relator poderá decidir de plano o conflito de competência, cabendo agravo, no prazo de cinco dias, contado da intimação da decisão às partes, para o órgão recursal competente. Assim, passo a decidi-lo. CC nº ( ) 2

3 Da análise do presente conflito de competência, verifico que razão não assiste ao magistrado suscitante. Aliás, sobre a matéria em pauta, merece transcrição o parecer de f. 45/50, da representante do Ministério Público de segundo grau, Drª Eliete Sousa Fonseca Suavinha, o qual, com a devida permissão, incorporo a este voto, verbis: (...) Como dito, trata-se de conflito negativo de competência suscitado pelo Juízo da 1ª Vara Cível e da Fazenda Pública Estadual da Comarca de Luziânia em face do Juízo da 2º Vara Cível, Fazendas Públicas, Registro Público e Ambiental da Comarca de Novo Gama, para o julgamento da Ação de Anulação de Ato Administrativo proposta por Júlio César Mendes Ribeiro em desfavor do Município de Novo Gama e da Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos AGR. Analisando os autos percebe-se que a ação da qual se originou o presente conflito de competência foi proposta perante o juízo da Fazenda Pública da comarca de Novo Gama (fls. 05), visando anular auto de infração lavrado em Luziânia (fls. 19). Pois bem. Tendo em vista que a AGR não mais possui unidades em outras cidades que não nesta Capital, informação extraída da página eletrônica da autarquia e confirmada por servidor, via contato telefônico, a priori, nos termos do disposto no art. 100, IV, a do CPC, seria competente o foro da sede da autarquia. Ocorre que, em casos como o presente, é facultado ao demandante busca a anulação do auto de infração no foro da sede da pessoa jurídica ou no do local do ato que se pretende anular. O entendimento retro foi sufragado pelo STJ no julgamento do REsp , apreciando situação assemelhada. Confira-se: CC nº ( ) 3

4 PROCESSO CIVIL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. RECURSO ESPECIAL. DANO AMBIENTAL. AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO. FORO COMPETENTE:SEDE DA AUTARQUIA FEDERAL OU O LOCAL EM QUE OCORRERAM OS FATOS QUE GERARAM A LIDE. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (STJ, REsp /RJ. Primeira Turma. Relator: Min. Teori Albino Zavascki. DJe de 08/03/2010) Com razão o suscitante quando argumenta que o caso é de competência relativa e não poderia ser levantada de ofício pelo juízo. Todavia, in casu, não havendo mais sedes regionais da AGR, como já dito, permitir que o autor da ação anulatória originária escolha o juízo para propor a demanda declaratória implicaria em clara ofensa ao principio do juiz natural. Diante disso, há que se conhecer do presente incidente para declarar competente para apreciar a ação anulatória o juízo do local onde se deu a infração. Este egrégio Tribunal de Justiça possui remansosa jurisprudência em casos que, mutatis mutandis, podem ser aqui aplicado. Veja-se: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. ISS IMPOSTO SOBRE SERVIÇO. COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO ONDE OCORRE O FATO GERADOR. HONORÁRIOS ADVOCATICIOS. REDUÇÃO INDEVIDA. 1. O Município competente para realizar a cobrança do ISS é o do local da prestação dos serviços, onde efetivamente ocorreu o fato gerador do imposto. Demonstrados que os serviços foram prestados em Municípios diverso do apelante, o débito em relação a este é indevido. 2. Não devem ser reduzidos os honorários advocatícios fixados com razoabilidade e observada a previsão do art. 20, 4º, do CPC. Apelação Cível conhecida, mas desprovida.(tjgo. ApC ª Câmara Cível. Relator: Des. Rogério Arédio Ferreira. DJe 1175 de 30/10/2012) Destarte, o Ministério Público opina pela improcedência do presente incidente, declarando-se a competência do juízo de Luziânia para processar e julgar ação anulatória originária. (sic f. 47/50) CC nº ( ) 4

5 Nesta seara, vê-se que o Juízo competente para processar e julgar a ação anulatória de ato administrativo, referente a auto de infração pela suposta pratica de transporte coletivo de passageiros sem autorização, permissão ou concessão, inclusive com apreensão do veículo, é o do local onde se deu a infração (f. 19). Ante o exposto, CONHEÇO do presente conflito e o desacolho, declarando competente, para o processamento e julgamento do feito originário, o Juízo da 1ª Vara Cível e de Fazenda Pública Estadual da comarca de Luziânia/GO. É como voto. Goiânia, 06 de fevereiro de GERSON SANTANA CINTRA Desembargador CC nº ( ) 5

6 CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº ( ) COMARCA DE APARECIDA DE GOIÂNIA 2ª SEÇÃO CÍVEL SUSCITANTE : JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE APARECIDA DE GOIÂNIA SUSCITADO : JUIZ DE DIREITO DA 7ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA RELATOR : Desembargador GERSON SANTANA CINTRA EMENTA: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO. FORO COMPETENTE. LOCAL DO ATO QUE SE PRETENDE ANULAR. 1. O entendimento jurisprudencial é no sentido de ser possível a propositura de ação contra Autarquia Estadual no foro de sua sede ou naquele em que se encontram suas agências, em cujo âmbito de competência ocorreram os fatos que geraram a lide, desde que a controvérsia não envolva obrigação contratual. 2. CONFLITO JULGADO IMPROCEDENTE PARA DECLARAR A COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITANTE. ACÓRDÃO CC nº ( ) 6

7 VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos do Conflito de Competência nº ( ), Comarca de Luziânia. ACORDAM os integrantes da 2ª Seção Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, à unanimidade de votos, em julgar improcedente o conflito, nos termos do voto do Relator. VOTARAM, além do Relator, os Dr. Marcus da Costa Ferreira (substituindo o Des. Camargo Neto), e os Desembargadores Gilberto Marques Filho, Carlos Escher, Kisleu Dias Maciel Filho, Geraldo Gonçalves da Costa, Fausto Moreira Diniz, Norival Santomé, Francisco Vildon José Valente, Elizabeth Maria da Silva e Jeová Sardinha de Moraes que presidiu a sessão. Ausência justificada do Desembargador Alan de Sena Conceição. Presente o ilustre Procurador de Justiça, Dr. Waldir Lara Cardoso. Goiânia, 06 de fevereiro de GERSON SANTANA CINTRA Desembargador CC nº ( ) 7