AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº ( ) GOIÂNIA

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1 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº ( ) GOIÂNIA AGRAVANTE: AGRAVADO: RELATOR: CÂMARA: VALDEMAR PARREIRA ALVES SÔNIA MARIA AREAS E OUTROS EUDÉLCIO MACHADO FAGUNDES JUIZ SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU 6ª CÍVEL EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE CONTRATO ESCRITO. 1. COMPETÊNCIA. DOMICILIO DO RÉU. IDOSO. Segundo art.80 da Lei /2003 (Estatuto do Idoso) somente as ações previstas no Capítulo III, do Título V, é que terão o privilégio de foro pelo seu domicilio, devendo as ações fundadas em direito pessoal obedecer as regras do Código de Processo Civil. 2. PRESENÇA DE RÉU INCAPAZ. COMPETÊCIA FIXADA PELO DOMICILIO DO SEU REPRESENTANTE. As ações fundadas em direito pessoal devem ser propostas, em regra, no foro do domicilio do réu (art.94, CPC), entretanto quando presente no polo passivo pessoa incapaz, o foro competente é o do domicilio de seu representante legal, também parte na ação. (art. 76, p. único, CC c/c art.98, CPC). AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1

2 A C Ó R D Ã O partes as retro indicadas. Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são ACORDAM os integrantes da Primeira Turma Julgadora da 6ª Câmara Cível, à unanimidade de votos, em conhecer do Agravo e negar-lhe provimento, nos termos do voto do Relator. Sardinha de Moraes. A sessão foi presidida pelo Desembargador Jeová Votaram com o Relator o Desembargador Jeová Sardinha de Moraes e o Desembargador Fausto Moreira Diniz. Augusta Gomes Machado. Presente a ilustre Procuradora de Justiça Doutora Lívia Goiânia, 31 de julho de EUDÉLCIO MACHADO FAGUNDES Relator 2

3 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº ( ) GOIÂNIA AGRAVANTE: AGRAVADO: RELATOR: CÂMARA: VALDEMAR PARREIRA ALVES SÔNIA MARIA AREAS E OUTROS EUDÉLCIO MACHADO FAGUNDES JUIZ SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU 6ª CÍVEL R E L A T Ó R I O E V O T O Trata-se de recurso de Agravo de Instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por VALDEMAR PARREIRA ALVES, em face da decisão de fls.63/66 proferida pelo MM. Juiz de Direito da 5ª Vara Cível da Comarca de Goiânia, Dr. Denival Francisco da Silva, nos autos da Ação de Cobrança de Honorários promovida em desfavor de SÔNIA MARIA ARÊAS, JOSÉ RENATO ARÊAS e JOSÉ GERALDO ARÊAS. Insurge-se o Recorrente contra a decisão que acolheu a exceção de incompetência relativa e determinou a remessa dos autos para o foro da Comarca do Rio de Janeiro, devendo lá ser redistribuída. Em suas razões às fls. 02/15, o Recorrente aduz que é pessoa com idade superior a 60 (sessenta) anos e por isso a jurisprudência pátria entende que a regra especial prevista no Estatuto do Idoso deve se sobrepor à regra geral prevista no art.94 do CPC. 3

4 Ressalta que os honorários advocatícios possuem caráter alimentar e por isso o art.100, II do CPC estabelece ser competente para analisar e julgar ações deste cunho o foro do domicilio do alimentado. Informa que a cobrança de honorários advocatícios deve ser realizada no local onde houve a prestação do serviço. Verbera que o próprio art.94, 4º do Diploma Processual dispõe que havendo dois ou mais réus, com diferente domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. Ressalta que, apesar do 2º Agravado se encontrar acometido por uma incapacidade absoluta, devendo ser representado por sua curadora, está também é Agravada no processo, ou seja, o trâmite processual na Comarca de Goiânia não acarretará prejuízo algum as partes. Aduz que não possui condições financeiras de arcar com a transferência do processo para o Rio de Janeiro/RJ e que em virtude da decisão perderá o valor de R$7.632,25 (sete mil, seiscentos e trinta e dois reais e vinte e cinco centavos) referente ao pagamentos das custas processuais. Adiante, argumenta sobre a impossibilidade de conversão deste agravo de instrumento em agravo retido. Requer a atribuição de efeito suspensivo e ao final o provimento do seu Agravo de instrumento. Preparo visto à fl.131 4

5 Efeito suspensivo deferido às fls.133/136. Informações prestadas pelo juízo de origem à fl.138. Contrarrazões apresentadas às fls.141/162. Instada a se manifestar, a Douta Procuradoria Geral de Justiça ofertou parecer às fls.185/191 onde requereu o desprovimento deste Agravo. É o relatório. Passo ao voto. Presentes os requisitos legais de admissibilidade do recurso interposto e uma vez já conhecido, passo à análise da questão. Conforme relatado, trata-se de Agravo de instrumento interposto contra decisão que acolheu a exceção de incompetência relativa e determinou a remessa dos autos para o foro da Comarca do Rio de Janeiro, devendo lá ser redistribuída. Sobre a necessidade de ajuizamento da ação no foro de domicilio do idoso, importante dizer que a Lei /03 em seu artigo 80 do referido dispõe: Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores. 5

6 Assim, segundo conta do artigo supracitado, somente nas causas previstas no Capítulo III, do Título V, do Estatuto do idoso é que terão o privilégio de foro, devendo ser ajuizadas no foro do domicílio do idoso. trata das seguintes ações: Seguindo tal determinação, o Capítulo III do Título V No artigo 81: das ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos; No artigo 82: defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes; No artigo 83: Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não-fazer. Conforme se observa, a ação de cobrança de honorários advocatícios não embasada em contrato escrito é fundada em direito pessoal, atraindo portanto a aplicabilidade das regras de competência trazidas pelo Código de Processo Civil. Nesse sentido, apesar da matéria colocada sob análise judicial encaixar-se na regra inserida no art.94, 4º 1 e art.100, inciso IV, alínea d 2, necessário informar que no polo passivo da demanda encontram-se três réus, dois deles residentes e domiciliados no estado do 1 Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu. (...) 4o Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. 2 Art É competente o foro: ( ) IV - do lugar:(...) d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se Ihe exigir o cumprimento; 6

7 Rio de Janeiro, em quanto outro, agravante em outros autos, possui moradia em Goiânia, sendo um deles incapaz. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu a respeito: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. HONORÁRIOS DE ADVOGADO. ARBITRAMENTO. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. AUSÊNCIA DE CONTRATO ESCRITO. FORO COMPETENTE. DOMICÍLIO DO RÉU. ARTIGO 94, DO CPC E 327, DO CC/2002. IMPROVIMENTO. I. "A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu" (art. 94, CPC). II. "Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias" (art. 327, CC/2002). III. Agravo regimental a que se nega provimento. 3 Assim, existindo no polo passivo um réu incapaz impõe o art. 98 do Diploma Legal citado que a ação se processará no foro do domicílio de seu representante. Theotônio Negrão: Este é o mesmo entendimento extraído da obra de Art.98: 2. Em ação para a qual esteja previsto foro comum (arts.94 a 100), mas o réu for incapaz, preponderará o disposto no art.98, que não incidirá, porém, em ação para a qual esteja previsto foro especial (SIMP-concl.II, em RT 482/270). 4 3 STJ, AgRg no Ag / SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, 4º Turma, DJe 18/03/ NEGRÃO, Theotonio e José Roberto F. Gouvêa. Código de Processo Civil e Legislação Processual em vigor. 41º ed p

8 A respeito, ensina Nelson Nery: 1. Domicilio do representante. A norma se harmoniza com a regra do domicilio do incapaz dada pelo direito material. O incapaz tem como domicilio necessário (ex lege) o do seu representante legal (CC.76. CC/ caput). O artigo sob comentário se aplica, quer se trate de menor sob poder familiar, quer se trate de incapaz assim reconhecido pela lei civil (CC 3º r 4º; CC/1916 5º e 6º). As ações movidas contra eles devem ser processada e julgada no foro do domicilio do representante legal do incapaz. 5 Destarte, sendo o domicilio do incapaz o do seu representante legal, nos termos do art.76, parágrafo único do Código Civil, o foro competente para julgar esta ação de cobrança de honorários advocatícios é o do Rio de Janeiro. DIANTE DO EXPOSTO, conheço do recurso mas negolhe provimento, motivo pelo qual mantenho inalterada a decisão atacada. É o voto. Goiânia, 31 de julho de EUDÉLCIO MACHADO FAGUNDES Relator 5 NERY, Nelson Junior e Rosa Maria de Andrade Nery. Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante. 11ª Edição p