A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UM PROCESSO QUE MERECE UM OLHAR ESPECIAL
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- Amanda Figueiroa
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1 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UM PROCESSO QUE MERECE UM OLHAR ESPECIAL Janaina Bittencourt Facco 1 (UFSM) _ Drª Márcia Lenir Gerhardt 2 (UFSM) janainafacco@gmail.com Resumo: O presente texto tem por objetivo discutir a formação docente para as diferentes modalidades de ensino, assim como, a importância da estética como um elemento constituinte do seu ser professor. Metodologicamente o presente texto caracteriza-se de uma análise bibliográfica, de cunho qualitativo. O referido artigo baseou-se a partir do estudo de doutoramento (A formação do educador de Artes Visuais: Um estudo com formadores e professores em formação Um diálogo entre Brasil e Alemanha) que investigou a respeito da formação de professores. Amparou-se teoricamente em Freire (1996), Rios (2003), Tardif (2002), Sacristán (1995), Ferreira (2001), Duarte Jr. (2001). Entende-se que, o processo de formação do professor terá que prepará-lo a ser capaz de atender as necessidades atuais nos diferentes contextos, ser capaz de ler o mundo contemporâneo, a si mesmo e ao seu entorno, numa construção conjunta com seu educando. Observou-se a importância da sensibilidade, da estética no fazer e ser docente, numa perspectiva de que o sensível e o inteligível possam ser trabalhados num processo de alteridade na formação inicial e continuada do professor. Pode-se concluir que a docência é um processo, um modo de ser, uma atitude que proporcione possibilidades de exercer sua prática. O professor é um sujeito que não transmite os conteúdos acabados e sim que estimule o seu público a estabelecer relações, a partir de sua própria aisthesis. Palavras-chave: Formação de Professores. Educação Estética. Educação. Ao observarmos a atual sociedade, percebe-se que a mesma caracteriza-se por rápidas transformações tanto na esfera política, econômica, social como na educacional. Nesse cenário surge a necessidade de discutir sobre os novos papeis discentes e docentes. 1 Acadêmica do curso de pedagogia (CE UFSM); 2 Doutora em Educação, Professora no Colégio Politécnico da UFSM. ISBN:
2 De acordo com Ferreira (2001), as rápidas transformações que ocorrem mundialmente, tem repercutido o avanço dos meios de comunicação, informação, virtuais, visuais, os tecnológicos, e estes estão redimensionando a sociedade, que por sua vez, adquire novas conceituações e valores com relação aos tradicionais. Diante desse novo cenário, torna-se importante a busca constante de novas percepções a respeito da formação e dos saberes. Sendo assim, dentro deste contexto surge a preocupação de uma formação docente que atenda essa nova realidade na qual estamos inseridos, nas mais diferentes modalidades de ensino. Uma formação comprometida com essa nova transformação social torna-se relevante nos diferentes cenários. Conforme Gerhardt (2010), a educação é vista como uma prática social, na qual, através dela, busca-se construir conhecimentos a partir da interação entre os sujeitos e o contexto no qual estão inseridos. O presente texto resulta de um estudo bibliográfico, de cunho qualitativo a partir do estudo de doutoramento que investigou a respeito da formação de professores (A formação do educador de Artes Visuais: Um estudo com formadores e professores em formação Um diálogo entre Brasil e Alemanha). Sendo assim, o referido texto tem por objetivo discutir a formação docente para as diferentes modalidades de ensino, assim como, a importância da estética como um elemento constituinte do seu ser professor. Para tanto, amparou-se teoricamente em Freire (1996), Rios (2003), Tardif (2002), Sacristán (1995), Ferreira (2001), Duarte Jr. (2001). É relevante discutir uma formação que prepare o discente, futuro professor, a articular os conhecimentos específicos às práticas pedagógicas, além disso, que se preocupe com os sujeitos envolvidos no processo de formação profissional, social e humano. A questão da formação dos professores é pautada pelas transformações exigidas por cada período e contexto. Diferentes autores abordam o tema ressaltando possibilidades, isto é, para Sacristán (1995) a função dos professores define-se pelas necessidades sociais a que o sistema educativo deve dar respostas; para Tardif (2002), a formação inicial visa habituar os alunos, futuros professores, à prática profissional dos professores de profissão e fazer deles práticos reflexivos; Pimenta (2002) informa que as teorias tradicionais de formação de professores estão sendo colocadas em discussão, porque os cursos de formação de
3 professores, ao desenvolverem um currículo formal, têm contribuído de forma insatisfatória na criação de uma nova identidade do profissional docente. Compreende-se, portanto, que os saberes não foram traduzidos em novas práticas, sendo assim, é possível o surgimento de um novo paradigma educacional em que a estética e a sensibilidade façam parte dessa construção, pois, a formação do professor se inicia antes da formação acadêmica e continua por toda a sua vida acadêmica e profissional (GERHARDT, 2010). De acordo com Rios (2003, p. 96), a palavra estética tem origem grega, aisthesis, que significa percepção sensível, sensação; os gregos usavam o termo aisthesis para indicar exatamente a percepção sensível da realidade. Sendo assim, é com a estética que o professor encontra o seu aluno, ou seja, é por meio do sensível que o percebe e ao mesmo tempo percebe a sua prática, para construírem o conhecimento por meio de suas aisthesis. Considerando que no trabalho docente pode-se traduzir a ação pedagógica como um ato de produção e criação, que, por sua vez, requer imaginação criadora, isto é, a sensibilidade, que Duarte Jr. (2001) também denomina aisthesis. A sensibilidade, tanto no processo de formação inicial, continuada, assim como durante a prática pedagógica, proporciona elementos fundamentais para a constituição do saber, na construção do conhecimento do aluno e do professor nos diferentes cenários, bem como, nos diferentes níveis e modalidades de ensino. Dentro desta perspectiva, o professor que busca essa aproximação com a realidade e sua compreensão, na qual está inserida, possibilitará desenvolver um pensamento crítico-reflexivo, sobre a sua prática, proporcionando aos alunos e a si mesmo a construção do conhecimento, diante dos diferentes desafios. Freire (1998) ressalta que ensinar requer aceitar o desafio do novo, do desconhecido, enquanto inovador, enriquecedor, considerando a existência do outro, pois não há docência sem discência, pois somos todos sujeitos do processo de formação. Ser professor é uma construção que não se faz de forma isolada. As diferentes relações são fundamentais para a constituição do ser professor, sendo, portanto, uma ação compartilhada com pares e grupos diversos. Tardif (2013, p.5) ressalta que o ensino é uma atividade humana, um trabalho interativo, ou seja, um trabalho baseado em interações entre as pessoas.
4 Essas interações são fundamentais nessa construção, independente das modalidades de ensino e as áreas de conhecimento. O educador que trabalha os conhecimentos específicos da área sem fragmentar os diferentes saberes, consegue manter o diálogo com as diversas modalidades e áreas de conhecimento, sendo capaz de compreender o mundo atual, em torno de si, e a si mesmo. Nessa perspectiva ocorre uma inter-relação entre os diferentes sujeitos envolvidos e o contexto no qual estão inseridos. Os conhecimentos, construídos nesse processo, levariam esses sujeitos a pesquisar nas diferentes áreas do saber, nas diferentes modalidades de ensino e, nessa trama aconteceria a interdisciplinaridade. Para Coutinho, a inter-relação de conhecimentos de diferentes áreas levaria o aluno, futuro professor, a vivenciar a interdisciplinaridade em seu processo. Seria aconselhável também que a pesquisa fosse o método de investigação privilegiado. Pois é preciso desenvolver no professor a sua faceta de pesquisador, aquele que sabe buscar, relacionar e elaborar os conhecimentos (2002, p.156). A necessidade de uma articulação entre pesquisa, ensino e extensão durante a formação inicial e continuada dos professores se faz necessária no atual contexto, sendo assim, as universidades, na busca por excelência, deveriam ter um incentivo maior à formação de professores, sem separar essas atividades com o intuito da produção do conhecimento. Pode-se concluir que, a formação do professor pesquisador resulta da vivência do futuro professor, durante o processo de formação na universidade, com a pesquisa como processo, o que faz com que esse sujeito não só aprenda, mas também apreenda o processo de investigação, incorporando uma postura de investigador em seu trabalho cotidiano na escola, na universidade, na sala de aula das modalidades e dos diferentes contextos. Observou-se que, formar-se um profissional da educação é uma construção contínua, necessária e envolve diferentes sujeitos, contextos e percepções, o que estimula o desenvolvimento da aisthesis. Nesse processo o professor vai construindo o seu ser professor e é nessa dimensão que a estética se faz presente constituindo-se na sua existência, sendo a sensibilidade, no agir humano, o que orienta a imaginação, a criação, o fazer e o ser.
5 Nota-se que no passar do tempo, os valores, a sensibilidade, os sentimentos, a religião, foram sendo substituídos por outros, característicos de uma sociedade competitiva e capitalista. Duarte Jr. contribui dizendo que: O inteligível e o sensível vieram, pois, sendo progressivamente apartados entre si e mesmo considerados setores incomunicáveis da vida, com toda a ênfase recaindo sobre os modos lógico-conceituais de se conceber as significações. No entanto, em larga medida a nossa atuação cotidiana se dá com base nos saberes sensíveis de que dispomos, na maioria das vezes sem nos darmos conta de sua importância e utilidade (2001, p.163). A análise do autor faz nos questionar se ainda é possível a estética na docência nessa sociedade. Se toda a ação docente é envolvida de fazer, criar, sentir, inserese então, nesse processo, a sensibilidade. Essas indagações trazem consigo tensões sobre a formação do professor, a sociedade, os saberes, o conhecimento e possibilitam discussões a respeito do que é ser professor na sociedade atual, como deve ensinar um professor e principalmente como deve ser a formação do professor para que esse saiba ser professor nos diferentes públicos, nas diferentes modalidades existentes no atual contexto. Nesse sentido, a docência é um processo, um modo de ser, uma atitude que proporciona possibilidades de exercer sua prática. O professor é um sujeito que não transmite os conteúdos acabados e sim que estimule o seu público a estabelecer relações, a partir de sua própria aisthesis. REFERÊNCIAS COUTINHO, Rejane G. A formação de professores de arte. In: BARBOSA, Ana Mae (Org). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, DUARTE JR. J. F. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. Curitiba: Criar Edições, FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, FERREIRA, Naura S.C (Org). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez, 2001.
6 GAUTHIER, C. Por uma Teoria da Pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Ijuí: Unijuí, GERHARDT, Márcia Lenir. A formação do educador de artes visuais: um estudo com formadores e professores em formação um diálogo entre Brasil e Alemanha, f Tese (Doutorado em Educação) UNISINOS, PIMENTA, Selma Garrido (Org). Saberes pedagógicos e atividade docente. 3ed. São Paulo: Cortez, RIOS, Terezinha Azeredo. Compreender e ensinar: por uma docência da melhor qualidade. 4.Ed. São Paulo: Cortez, TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002 SACRISTÁN, J. Gimeno. Consciência e acção sobre a prática como libertação profissional dos professores. In NÓVOA, António. Profissão professor. Porto: Porto Editora, 1995.
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