Estratégias necessárias para a utilização e conservação da diversidade das videiras autóctones

Transcrição

1 FNA Instrumentos de adição de valor para o sector vitivinícola Santarém, Estratégias necessárias para a utilização e conservação da diversidade das videiras autóctones Antero Martins LEAF-Instituto Superior de Agronomia/U. Lisboa Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira-PORVID

2 Diversidade: tipos e terminologia Diversidade silvestre: videiras da flora natural, reproduzem-se por semente, em geral femininas, ou masculinas, todas diferentes. Diversidade intervarietal: entre variedades (castas), cada uma resultante da multiplicação vegetativa de uma planta em geral silvestre, também todas diferentes. Diversidade intravarietal (o nosso foco principal): plantas dentro da casta, iguais enquanto perto da origem, hoje profundamente diferentes quanto às características quantitativas.

3 A diversidade das videiras autóctones tem importância crítica em Portugal, porque é muito dilatada nos 3 compartimentos clássicos, as silvestres valorizam o território e acrescentam história natural ao vinho, as castas alicerçam a diferenciação e a marca identitária dos vinhos blend portugueses, a adaptação à mudança e a sustentabilidade, a intravarietal proporciona adaptação ambiental e altos ganhos genéticos e económicos.

4 E também porque em Portugal analisamos a diversidade genética e transformamo-la em valor com os métodos genéticos apropriados

5 Numerosos sítios já conhecidos. Duas regiões contínuas, em possível equilíbrio de Hardy-Weineberg (as pequenas estarão alteradas por deriva genética). 5

6 Baga, Rufete, Fernão Pires, Síria, Jaen, Marufo, Mourisco, Bical, Touriga Nacional, Malvasia, Aragonez, Trincadeira, Malvasia Fina, Touriga Franca, Diagalves, Arinto, Alfrocheiro, Malvasia Rei, Dona Branca, Bastardo, Encruzado, Rabo de Ovelha, Moreto, Cercial, Camarate, Tinta Carvalha, Gouveio, Tinto Sem Nome, Fonte Cal, Pilongo, Cerceal Branco, Folgasão, Santareno, Malvasia Preta, Castelão, Tinta Barroca, Moscatel Galego Branco, Dorinto, Verdelho, Alicante Bouschet, Branco Desconhecido, Ratinho, Rabo de Anho, Bastardo Tinto, Branda, Alicante Branco, Mourisco de Semente, Moscatel Galego Tinto, Tamarez, Rabigato, Alvarelhão Branco, Alvarelhão, Casculho, Jampal, Fernão Pires Rosado, Alvadurão, Crato Espanhol, Esgana Cão, Barca, Carrega Branco, Touriga Fêmea, Casteloa, Tinta Penajoia, Amaral, Gorda, Mourisco Branco, Folgasão Roxo, Santoal, Donzelinho Tinto, Trincadeira Branca, Vinhão, Malvasia Branca, Castelão Branco, Malvasia Fina Roxa, Moscatel Nunes, Folha de Figueira, Alvarinho, Ferral, Sevilhão, Batoca, Donzelinho Branco, Preto Martinho, Barcelo, Estreito Macio, Branco Especial, Boal Espinho, Molar, Tinto Cão, Tinta Negra, Avesso, Tinta Martins, Touriga Branca, Rodo, Loureiro, Tália, Boal Branco, Tinta Caiada, Terrantez, Arinto do Interior, Roseira, Sabro, Moscatel Graúdo, Tinta Aguiar, Gouveio Roxo, Galego Dourado, Verdial Tinto, Padeiro, Castelã, Babosa, Farinheira, Viosinho, Malvasia Cabral, Malvasia Branca de São Jorge, Carrega Burros, Samarrinho, Alvar Roxo, Concieira, Tinta Miúda, Borraçal, Trajadura, Côdega de Larinho, Pical, Mourisco de Trevões, Molinha, Castelino, Carrasquenho, Espadeiro, Moscatel Galego Roxo, Tinta Pereira, Pé Comprido, Grossa, Caracol, Corropio, Uva Cão, Tinta Pomar, Cornifesto, Bastardo Branco, Trigueira, Bastardo Roxo, Negra Mole, Engomada, Sarigo, Aramon, Luzidio, Amor-Não-Me-Deixes, São Mamede, Verdelho Tinto, Branco João, Leira, Labrusco, Tintinha, Espadeiro Mole, Grenache, Malvarisco, Valente, Tinta Francisca, Semilão, Manteúdo, Barreto, Bragão, Roxo Rei, Malvasia Cândida, Galego, Verdial Branco, Roxo Flor, Rabo de Lobo, Bonvedro, Caramela, Azal, Malvasia Bianca, Gonçalo Pires, Lourela, Verdelho Roxo, Boal Barreiro, Granho, Coração de Galo, Monvedro, Cidreiro, Alvar, Almenhaca, Gouveio Estimado, São Saúl, Alvarelhão Ceitão, Promissão, Tinta Fontes, Malvasia Romana, Trincadeira das Pratas, Doçal, Donzelinho Roxo, Sousão, Esganinho, Pinheira Branca, Perrum, Mourisco Roxo, Tinta Aurélio, Parreira Matias, Amostrinha, Gouveio Preto, Nevoeira, Melra, Manteúdo Preto e Roal. 6

7 Touriga Nacional Rendimento 2002 kg/planta 196 clones 1 1, , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,604 7

8 Variedade Ganhos de selecção elevados, rendimento Variedade Alfrocheiro % Rabigato % Alvarelhão % Negra Mole % Alvarinho % Rabo de Ovelha % Antão Vaz % Ratinho % Arinto % Rufete % Avesso % Sercial % Azal Branco % Síria % Baga % Tinta Barroca % Bical % Tinta Francisca % Borraçal % Tinta Miúda % Camarate % Tinta Roriz % Castelão % Tinto Cão % Fernão Pires % Touriga Franca 8 1.6% Jaen % Touriga Nacional % Jampal % Trajadura % Loureiro % Trincadeira % Malvasia Fina % Vinhão % Moscatel Graúdo % Viosinho % Moscatel-Galego-Branco % Vital % 8

9 Mais-valias anuais (produção) geradas em >30000ha de vinhas já plantadas com material seleccionado, desde ha x 3300 plantas x 2kg rend. x 0,2% ganho x 0, /ano 9

10 VITI-GENET B OIV PROCESS FOR THE RECOVERY AND INTRAVARIETAL DIVERSITY CONSERVATION AND POLYCLONAL SELECTION OF GRAPEVINE

11 Decanter, Nov. 2009

12 Em conclusão, a diversidade das videiras autóctones e as metodologias de valorização inovadoras são vantagens competitivas notórias para o vinho português, mas estão em risco sério de se perderem (1) devido à eclosão da erosão genética extrema, (2) ao insuficiente conhecimento e uso das castas de 2ª linha (3) e ao avanço das novas variedades híbridas resistentes.

13 Erosão genética intravarietal, causas Mudanças tecnológicas: produção industrial de plantas enxertadas, selecção de banda estreita (privilegiando o clone) Regulamentações várias EU e outras, não atentas à realidade genética e à sustentabilidade Modas

14 Erosão intervarietal: a realidade das castas ainda sem identidade própria, dissimuladas dentro de outras e que, pela baixa frequência e por não passarem nos filtros da certificação, tendem a desaparecer.

15 Contrariar os processos anteriores e potenciar as vantagens da alta diversidade autóctone, aponta para estratégias óbvias: - completar a prospecção/conservação da diversidade intravarietal de todas as castas ( genótipos) - avaliar as aptidões comparadas, culturais e enológicas, de todas as castas - desenvolver novos métodos de protecção sanitária não química das castas antigas

16 Realização Prospecção/conservação: uma campanha de 3 anos de prospecção nos moldes de projecto PRODER , com metodologias inovadoras desenvolvidas e existentes no país, e conservação no Pólo dedicado de conservação de Pegões. Custos em meios humanos e despesas correntes relativamente moderados. Avaliação comparada das castas: mediante um ensaio de muito grande dimensão (>300 modalidades), assente em delineamento experimental e modelos de análise de dados correntemente usados no quadro da selecção. Custos concentrados nos 3 anos iniciais de implantação. Desenvolvimento de soluções integradas de protecção anti míldio e oídio, compreendendo meios físicos, genéticos, pesticidas biológicos e procedimentos culturais.

17 Todas estas abordagens são exequíveis no país, mas urgentes (a erosão e as replantações não esperam), exigindo várias competências concretas, meios dedicados e decisões de vários níveis. Os resultados económicos (e outros intangíveis) das abordagens da diversidade dos últimos 40 anos asseguram-nos que vale a pena!

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20 Actores e estruturas Uma rede informal de colaborações: Rede Nacional de Selecção da Videira Uma associação de direito privado sem fins lucrativos: Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira PORVID Numerosas empresas vitivinícolas hospedeiras de aprox. 2 centenas de ensaios de campo Um Pólo Experimental de Conservação da Diversidade

21 1 Adega Cooperativa de FAVAIOS ALIJÓ 2 ADVID, Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense VILA REAL 3 ATEVA, Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo ÉVORA 4 AVELEDA Vinhos PENAFIEL 5 AVIPE, Associação dos Viticultores do Concelho de Palmela PALMELA 6 CARMIM, Cooperativa Agrícola de REGUENGOS de MONSARAZ 7 CASA Ermelinda Freitas PALMELA 8 CMP, Câmara Municipal de Palmela PALMELA 9 Cooperativa Agrícola de Sto Isidro de Pegões MONTIJO 10 Adega Herdade ESPORÃO REGUENGOS de MONSARAZ 11 Fita Preta ÉVORA 12 Fundação Maria Rosa LISBOA 13 Herdade da Malhadinha Nova BEJA 14 INIAV, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária OEIRAS 15 ISA/UL, Instituto Superior de Agronomia / U. Lisboa LISBOA 16 IVDP, Instituto dos Vinhos do Douro e Porto PORTO 17 J. Portugal Ramos EXTREMOZ 18 JMF, José Maria da Fonseca Vinhos AZEITÃO - SETÚBAL PORVID 19 RCV, Real Companhia Velha V. N. GAIA 20 SOGRAPE Vinhos V. N. GAIA 21 SYMINGTON Family Estates V. N. GAIA 21 UTAD, Universidade de Trás os Montes e A. Douro VILA REAL 23 VITISGES, Sociedade Consultoria, Investimento e Serviços Agricolas SETÚBAL 21

22 Uma rede de ensaios de seleção alojados em empresas em todos o país 22

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25 Métodos: recurso intensivo à Genética Quantitativa para a análise das características quantitativas

26 A diversidade herdada do passado em Portugal, utilidade potencial, abordagens experimentais e resultadose/ou Silvestre Sítios frequentes nas bacias do Tejo, Sado, Guadiana e Odelouca. Distribuição quase contínua em regiões do Sado e Guadiana Valorizam o território, suportam o turismo temático e usos afins Testemunhos do carácter natural e ancestral do vinho, suportam a promoção Intervarietal Aproximadamente 250 castas conhecidas, a maior densidade entre os grandes países vitícolas Suportam a marca identitária dos vinhos blend portugueses Autorizam a diversificação e a competitividade dos vinhos e a adaptação à mudança

27 Actores institucionais Rede Nacional de Selecção Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira Instituto Superior de Agronomia Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária Universidade de T. os Montes e Alto Douro CIBIO/U. Porto Outros

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32 Uma visão para a valorização das videiras silvestres Prospecção global, à escala ibérica Promoção/utilização interna: sites internet, rotas do vinho, turismo temático, educação ambiental Conservação passiva in situ e conservação ex situ para fins de investigação Quantificação comparada da variabilidade, Ibéria centro de origem? Divulgação/promoção à escala global

33 genótipos conservados a conservar 33

34 Rede Nacional de CVRVV/EVAG vt v DRAEDM vt e UTAD vt v e vt CEVD vt e SUBV. vt e ADVID vt DRABI vt Selecção da Videira EVB vt e CVEDão vt e f 15 entidades 120 pessoas EVN vt e a v DRARO vt EAN vt g m v ISA vt e f g m v ATEVA vt DRAAle vt DRAAlgvt e 34

35 G E P? G E P Uma medida da proximidade entre P e G pode ser dada por V G /V P = h 2 35