PERÍCIAS EM ARBITRAGENS SOCIETÁRIAS

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1 PERÍCIAS EM ARBITRAGENS SOCIETÁRIAS DANIEL FREITAS DRUMOND BENTO

2 2 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 2. ARBITRAGEM 3. PERITO, ASSISTENTE TÉCNICO, PARECERISTA TÉCNICO, ÁRBITRO E TESTEMUNHA TÉCNICA 4. A PERÍCIA 5. O LAUDO PERICIAL 6. ÉTICA 7. ARBITRAGEM SOCIETÁRIA 8. CONCLUSÕES

3 3 1. INTRODUÇÃO QUAL A IMPORTÂNCIA DO TEMA? A perícia é um dos meios de prova mais importantes na tomada de decisão pelos árbitros. A perícia é realizada por um terceiro imparcial, com elevado (ou maior) poder de persuasão perante os árbitros. A perícia é um dos meios mais comuns de prova nos procedimentos arbitrais, principalmente em arbitragens societárias.

4 4 2. ARBITRAGEM O QUE É? QUAL A DIFERENÇA DE UMA DEMANDA JUDICIAL COMUM? Método heterocompostivo de solução de conflitos Lei 9.307/1996 Direitos patrimoniais e disponíveis Procedimento mais flexível Especialidade, confidencialidade e celeridade Decisão é tomada por particulares Força de decisão judicial

5 5 3. PERITO, ASSISTENTE TÉCNICO, PARECERISTA TÉCNICO, ÁRBITRO E TESTEMUNHA TÉCNICA Perito Assistente Técnico Parecerista Árbitro Expert indicado pelo Tribunal Arbitral para realizar a perícia. Independente das Partes. É quem produz a prova. Das Partes e do Tribunal Representa os interesses da Parte no trabalho da perícia. Não é independente. Pode vir a produzir laudo divergente ou laudo crítico. Terceiro contratado para dar um parecer sobre uma questão técnica. Não se confunde com a perícia. Quem decide a questão. Não produz prova.

6 6 3. PERITO, ASSISTENTE TÉCNICO, PARECERISTA TÉCNICO, ÁRBITRO E TESTEMUNHA TÉCNICA Testemunha Técnica Prova testemunhal técnica. Não é perícia. Não depõe sobre fatos ou documentos especificamente, mas sobre a técnica. Diante da sua expertise, a testemunha técnica deporá sobre a interpretação técnica de questões importantes para o deslinde da causa. Devem ser independentes das Partes e têm de respeitar a sua credibilidade técnica.

7 7 3. PERITO, ASSISTENTE TÉCNICO, PARECERISTA TÉCNICO, ÁRBITRO E TESTEMUNHA TÉCNICA Há impedimento do perito: I - em que interveio como mandatário da parte ou prestou depoimento como testemunha; II - de que conheceu em outra jurisdição, tendo proferido decisão sobre o litígio; III - quando nele estiver postulando, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. CPC, Art. 144.

8 8 3. PERITO, ASSISTENTE TÉCNICO, PARECERISTA TÉCNICO, ÁRBITRO E TESTEMUNHA TÉCNICA Há suspeição do Perito: I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. CPC, Art IBA Guidelines Taking on Evidence e Conflito de Interesse

9 9 4. PERÍCIA A Perícia é um dos meios de prova. As provas visam atestar a existência de fatos alegados pelas Partes durante a demanda. A função da prova pericial é a de transformar as alegações de fatos referentes à demanda, sejam eles de natureza técnica ou científica, em certeza jurídica. Partindo do Código de Processo Civil (art. 464), a prova pericial consiste em: (a) exame; (b) vistoria; (c) avaliação; e (d) arbitramento. Código de Processo Civil não se aplica

10 10 4. PERÍCIA Exame Vistoria Avaliação Arbitramento É a inspeção de pessoas ou coisas com o objetivo de verificar determinados fatos. Constatação in loco do estado ou a situação de uma determinada coisa Fixação do valor de determinado bem. Fixação de um valor para direitos ou obrigações, estimado em moeda.

11 11 4. PERÍCIA A Perícia Contábil é comumente utilizada nas disputas societárias em todas as suas modalidades, a depender sempre do objeto do litígio. Na arbitragem, a comunicação entre o Perito, as Partes (via assistentes técnicos) e os julgadores é muito mais próxima e dinâmica.

12 12 4. PERÍCIA Verificação de conflito com as Partes Análise do escopo da perícia 1ª conversa com o Tribunal Arbitral Elaboração da proposta ao Tribunal Arbitral Proposta enviada às Partes Comentários das Partes sobre a Proposta Análise do Procedimento Pagamento de Parcela dos Honorários ao Perito Depósito dos Honorários pelas Partes Proposta Final

13 13 4. PERÍCIA Reunião/Conferência com os Assistentes Técnicos Elaboração do Laudo Novas Reuniões Apresentação da primeira versão do laudo ao Tribunal Laudo Complementar Audiência Técnica Comentários do Tribunal Arbitral Esclarecimentos Comentários das Partes/Laudos Divergentes Laudo Final

14 14 4. PERÍCIA O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER No caso de dúvida, indagar ao Tribunal Arbitral Respeito ao contraditório Pedir toda documentação necessária Decidir sobre a pertinência de quesitos Desrespeitar o contraditório Decidir com base em falta de documentação se a documentação não for expressamente solicitada Não extrapolar o objeto da perícia Tomar decisões que são do Tribunal Arbitral

15 15 5. O LAUDO PERICIAL Art O laudo pericial deverá conter: I - a exposição do objeto da perícia; II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito; III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou; IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público. 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões. 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia. 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia. Código de Processo Civil não se aplica

16 16 5. O LAUDO PERICIAL NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE NBC TP 01 NORMA TÉCNICA DE PERÍCIA CONTÁBIL ESTRUTURA 82. O Laudo Pericial Contábil deve conter, no mínimo, os seguintes itens: (a) Identificação do processo e das partes; (b) Síntese do objeto da perícia; (c) Metodologia adotada para os trabalhos periciais; (d) Identificação das diligências realizadas; (e) Transcrição e resposta aos quesitos; (f) Conclusão; (g) Anexos; (h) Apêndices; (i) Assinatura do Perito-Contador - que nele fará constar sua categoria profissional de Contador e o seu número de registro em Conselho Regional de Contabilidade, comprovando mediante certidão de regularidade. É permitida a utilização da certificação digital, em consonância com a legislação vigente e as normas estabelecidas pela Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileiras - ICP-Brasil.

17 17 5. LAUDO O QUE DEVE CONTER O QUE NÃO DEVE CONTER Distinção entre inferido e provado Explicação dos critérios/métodos utilizados Explicação do que foi concluído com base na experiência Respostas objetivas Lista de documentos Memória de cálculo Falta de distinção entre apurado, inferido. Utilização de métodos sem explicação Falta de análise profunda das questões Falta de referência a documentos Falta de memória de cálculo

18 18 5. LAUDO O que o Tribunal Arbitral espera? O que as Partes e Advogados esperam?

19 19 6. ÉTICA Questões Éticas

20 20 7. ARBITRAGEM SOCIETÁRIA Perícia e Arbitragem Societária M&A Dissolução Total Ação de Responsabilidade Dissolução Parcial Avaliação de Ativos Não Concorrência Apuração de Haveres Acordo de Acionistas Obrigações de Fazer

21 21 8. CONCLUSÕES O que é realmente importante?

22 DANIEL FREITAS DRUMOND BENTO