PORTAL NEO ENSINO - EDUCAÇÃO EMPRESARIAL À DISTÂNCIA Aluno:

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1 PORTAL NEO ENSINO - EDUCAÇÃO EMPRESARIAL À DISTÂNCIA Curso: Perícia contábil Aula: 01 Professor: André Charone Tavares Lopes. Aluno: Objetivos: Introduzir o aluno às normas e regulamentações acerca da prática da perícia contábil; Permitir que o acadêmico desenvolva as habilidades necessárias para atuar como perito contador judicial ou extrajudicialmente; Preparar o graduando para a aprovação no Exame de Suficiência do CFC, bem como nos demais concursos públicos que exijam conhecimentos periciais. Currículo resumido do professor: André Charone Tavares Lopes é contador, professor universitário, MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), palestrante e pesquisador da área contábil, autor de cinco livros e dezenas de artigos e trabalhos publicados no Brasil, na Espanha e em Portugal. É membro atuante da Associação Científica Internacional Neopatrimonialista, conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Pará (CRCPA), sócio do escritório de assessoria contábil Belconta Belém Contabilidade S/S Ltda, do Portal Neo Ensino e do Portal Neo Ensino Portugal. andrecharone@belconta.com.br

2 UNIDADE I INTRODUÇÃO À PERÍCIA CONTÁBIL 1.1 CONCEITOS PERÍCIA Etimologicamente, a expressão perícia tem sua origem no termo latino Peritia, que significa conhecimento adquirido pela experiência, ou seja, um conjunto de saberes adquiridos ao longo de uma vida. Portanto, o perito (aquele que possui perícia) é uma pessoa que se destaca das demais pelo reconhecido conhecimento que adquiriu, seja através de sua experiência ou através de um estudo formal. Atualmente, utilizamos o termo Perícia para identificar a atividade relacionada a um exame realizado por profissional especialista, legalmente habilitado, destinada a verificar ou esclarecer determinado fato, apurar as causas motivadoras do mesmo, ou o estado, a alegação de direitos ou a estimação da coisa que é objeto de litígio ou processo. Portanto, a perícia é realizada sempre que há dúvida sobre algum fato relacionado a um litígio ou processo, no qual o tomador de decisão não possui conhecimentos técnicos suficientes para chegar a um veredito PERÍCIA CONTÁBIL Segundo o célebre autor Antônio Lopes de Sá, a perícia contábil é a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado visando oferecer opinião, mediante questão proposta. Em outras palavras, sempre que o tomador de decisão (no caso da perícia judicial, o juiz) ou uma das partes estiverem em dúvida sobre algum fato relacionado ao patrimônio das entidades ou os seus impactos sobre a sociedade, ele deverá consultar um especialista no assunto para que possa emitir o seu veredito de forma justa. Sendo o patrimônio o objeto de estudo da Contabilidade, o especialista consultado para esclarecer esses fatos deve ser um contador, caracterizando uma. Desta forma, a perícia contábil pode ser conceituada como um conjunto de procedimentos que legitima o material analisado e o autentica como prova, inclusive judicial, nos termos do que dispõe o art. 145, do Código de Processo Civil. O Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRCPR), por sua vez, apresenta em seu website na internet o seguinte conceito de : 2

3 Em uma definição simples e absolutamente prática, podemos definir perícia contábil como sendo a busca ou a construção de uma verdade sobre determinado fato, aspecto, coisa ou situação, por meio de procedimentos técnicos e científicos, sob responsabilidades de profissionais com formação superior em Contabilidade, com a finalidade de levar à instância decisória elementos de prova necessários à subsidiar justa solução do litígio sob questão. Invariavelmente, em qualquer demanda judicial proposta, pelo menos em teses, sempre estarão presentes três espécies de verdade: a) a verdade na visão do autor, devidamente fundamentada pelo patrono; b) a verdade na visão do réu, que contesta as alegações do primeiro e tenta redirecionar os fatos em caminhos divergentes e, c) a verdade verdadeira, ou seja, aquela que deverá prevalecer por ocasião da decisão judicial; resultando aqui, portanto, a importância do Laudo Pericial, documento por meio do qual o perito designado se manifesta acerca dos trabalhos e conclusões que lhes foram conferidas Perito É o agente ativo da perícia, uma pessoa entendida, também chamada expert, com o objetivo de esclarecer aspectos técnicos dos fatos, mediante exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação ou certificação. É requerida pelas partes ou, no caso da perícia judicial, determinada de ofício pelo juiz, com o objetivo exclusivo de fazer prova judicial. Juridicamente, a perícia encontra-se disciplinada no Código de Processo Civil (CPC) que estabelece os procedimentos do profissional que atua como perito. Em seu art. 145, a referida norma processual estabelece que a execução da perícia deve ser efetuada por profissional de nível universitário, devidamente registrado no Órgão de Classe Competente. Portanto, o Perito Contador (ou Perito Contábil) deve possuir ensino superior completo (Bacharelado em Contabilidade) e estar devidamente regular no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) de seu Estado. Isso significa dizer que a atividade de é exclusiva do contador, sendo vedado aos técnicos em contabilidade. O perito, ao assumir a função, tem o dever de cumprir o ofício, no prazo determinado, podendo responder pelos prejuízos que causar à parte, por prestar, informações inverídicas, apurado o grau de sua ação culposa ou dolosa, que poderá acarretar-lhe a inabilitação, sem prejuízo das sanções penais. 3

4 1.2 Tipos de Perícia Basicamente, o Contador pode atuar como perito em três situações: 1. Perícia Judicial - feita a comando do Juiz de Direito, visando esclarecer fatos ou produzir provas sobre a questão. É requerida pelo próprio juízo, devendo o perito estar cadastrando no banco de dados de peritos do tribunal. Exemplo: O juiz solicita ao perito contábil o cálculo da apuração de haveres de sócio excluído em sociedade limitada, em demanda pleiteada pelos demais sócios. 2. Perícia Arbitral - feita a comando do árbitro ou da parte que a solicitou, visando subsidiar elementos para a arbitragem. Normalmente, ocorre dentro de um tribunal de mediação de arbitragem. Exemplo: Duas empresas solicitam ao árbitro nomeado de comum acordo entre as partes a determinação de haveres numa rescisão de contrato e, para apurar os valores corretamente, o árbitro solicita a contração de um Perito Contador. 3. Perícia Extrajudicial ou Administrativa - feita a comando de uma ou mais partes interessadas, visando produzir as constatações necessárias. Nesse caso, a relação do Perito é direta com as partes, não existindo a figura de um juiz ou de um árbitro. Exemplo: Um sócio solicita ao perito que levante o goodwill da empresa, para basear uma proposta de aquisição de quotas de capital de outro sócio. 1.3 Casos mais comuns de Perícias Judiciais Varas de Falências e Concordatas perícias falimentares em geral, concordatas preventivas, suspensivas (perícias contábeis); Varas Cíveis as perícias versam, principalmente, sobre apuração de haveres, avaliações patrimoniais, busca e apreensão, consignação em pagamento, compensação de créditos, desapropriação de bens, lides entre sócios (dissolução de sociedade, exclusão de sócio), indenizações, prestação de contas, inventário de sucessão hereditária, revisional de aluguéis, avaliação de fundos de comércio (valores imateriais integrantes do estabelecimento comercial, tais como: valor de marcas, patentes, nomes comerciais, contratos, royalties. Diferença entre o valor real de aquisição e a sua reavaliação a preço de mercado, etc); Varas Criminais fraudes e vícios contábeis, adulterações de lançamentos e registros, desfalque, apropriações indébitas, inquérito judicial, crimes contra a ordem econômica e tributária entre outras. Varas de Órfãos e Sucessões apuração de haveres, pensão alimentícia, prestação de contas inventariantes e outras; 4

5 Justiça do Trabalho indenizações trabalhistas, litígio entre empregados e empregadores e reclamações de um modo em geral; Varas de Fazenda Pública quaisquer litígios que envolvam o Estado, quando tratar-se de direitos patrimoniais (ICMS, ISS,IPTU). 1.4 ESTRUTURA DA PERÍCIA JUDICIAL Conforme estudamos anteriormente, a Perícia Judicial é aquela que ocorre no âmbito do judiciário, com o objetivo de esclarecer um fato contábil sobre o qual o Juiz necessita produzir prova para elaborar o seu veredito (a sua decisão). Portanto, o Perito Judicial é aquele contador nomeado pelo tribunal (na pessoa do Juiz) para investigar e produzir sua opinião, através de Laudo Pericial, que poderá ser utilizada como prova para a resolução do processo. Entretanto, se uma ou ambas as partes não se sentirem confortáveis com o trabalho executado pelo Perito Judicial, é possível a contratação de Assistentes Técnicos (ou Peritos Assistentes), que são profissionais do mesmo nível do Perito só que, ao invés de serem nomeados pelo Juiz, são nomeados pelas próprias partes. É importante ressaltar que não cabe aos Assistentes Técnicos a função de elaborar Laudos Periciais, ou mesmo influenciar no resultado da perícia, mas sim, como o próprio nome indica, assistir o profissional principal, o perito, na execução do seu trabalho na melhor forma possível. Juiz Solicita a contratação do Perito Judicial, que será responsável por responder os quesitos e elaborar o Laudo Pericial. Autor Réu Solicitam, se acharem necessário, a contratação dos Peritos Assistentes (ou assistentes técnicos), que irão auxiliar o Perito Contador na execução dos serviços periciais. Ao final dos trabalhos, elaboram um Parecer Técnico. 5

6 Ao longo da disciplina, estudaremos a estrutura e o processo de elaboração do Laudo Pericial (desenvolvido pelo Perito Judicial) e do Parecer Pericial (desenvolvido pelos Assistentes Técnicos). Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, apesar de serem nomeados pelas partes, os Assistentes Técnicos devem auxiliar o trabalho do Perito Judicial e não contestá-lo para que favoreça a parte que o contratou. Perito e Assistentes devem trabalhar juntos para que seja extraída a realidade dos fatos. Apenas quando realmente forem encontrados erros ou fraudes no trabalho do Perito Judicial é que os Assistentes devem emitir Pareceres Periciais contrários ao Laudo, explicando os pontos suspeitos. 6