PERICIA JUDICIAL DO TRABALHO Despreparo dos Advogados

Transcrição

1 PERICIA JUDICIAL DO TRABALHO Despreparo dos Advogados

2 Os quesitos Perguntas direcionados ao perito tem como objetivo principal direcionar os atos periciais dentro dos padrões técnicos exigidos; seja na quantificação dos riscos físicos ou na coleta de amostras dos riscos químicos, as quais serão enviadas ao laboratório para posterior quantificação, de acordo com as regras da NR-15 e nas análises qualitativas na verificação das condições perigosas nos termos da NR-16

3 Os assistentes técnicos tem por missão a formulação dos quesitos técnicos para delimitar a pericia judicial dentro dos parâmetros jurídicos e técnicos.

4 Os assistentes técnicos O PAPEL DO ASSISTENTE TÉCNICO PERICIAL Ao perito assistente cabe diligenciar criteriosamente no sentido de verificar as diferentes hipóteses de abordagem da matéria técnica objeto da prova pericial, tentando fazer com que o perito nomeado pelo juízo perceba as diferentes interpretações da matéria fática sob estudo, para que não seja o seu cliente prejudicado com visões unilaterais, distorcidas da realidade ou que não sejam suficientemente abrangentes para dar ao juiz da causa subsídios amplos para o esclarecimento da matéria fática sob exame.

5 Os assistentes técnicos O que ocorre na maioria das vezes, o perito diante da ausência de um assistente técnico que não foi indicado pelas partes, conduz as diligências periciais margeando as normas jurídicas e técnicas para, ao final, produzir um Laudo Pericial inconsistente e diferente da realidade do ambiente de trabalho e com isso causando injustiça para uma das partes.

6 Despreparo dos Advogados A maioria dos advogados especialistas em direito do trabalho, inobstante á produção de excelentes peças processuais pleiteando ou contestando a diversidade de direitos de seus clientes, pecam nos pedidos e defesas específicas dos adicionais de insalubridade e periculosidade, por mero desconhecimento das matérias técnicas constantes nas Nrs 15 e 16 da Portaria 3.214/78

7 Despreparo dos Advogados Muitas das vezes, pelas informações equivocadas de seus clientes nas primeiras informações das condições de trabalho às quais estavam expostos nos locais de trabalho, resultam nas petições com informações que, mesmo equivocadas, implicam na necessidade de produção da prova técnica através da pericia judicial.

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9 QUESITOS Quesitos são pergunta dirigidas ao perito, elaboradas pelo juiz ou pelas partes, para solicitar esclarecimentos sobre a perícia realizada no ambiente de trabalho ou no corpo do trabalhador. Os quesitos são perguntas provocadoras de respostas que as partes direcionam ao perito com o objetivo de direcionar a perícia na direção dos interesses; de forçar o perito a tomar determinadas atitudes, dentro dos aspectos técnicos que se façam necessários, para não se abster de alguma responsabilidade que pode causar um prejuízo à parte que formula

10 QUESITOS Para garantir um trabalho que, de fato, auxilie o juiz na sua decisão, o novo Código de Processo Civil, no Artigo 473, define o conteúdo básico do laudo pericial Exposição do objeto da perícia; Análise técnica ou científica realizada pelo perito; Indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área de conhecimento da qual se originou; Resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.

11 IMPORTANTE ATENTAR AINDA QUE SEGUNDO O CPC No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões. É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou cientifico do objeto da pericia Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.

12 O QUE NÃO PODE FALTAR NA PERÍCIA MÉDICA Há itens imprescindíveis aos laudos das perícias judiciais para avaliação de doenças ocupacionais. Confira o roteiro sugerido pelo médico do Trabalho José Marcelo Penteado.

13 Identificação das partes OBJETO DA PERÍCIA Informar claramente o objeto da perícia, ou seja, o que está sendo pedido nos autos. É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como não pode o magistrado analisar as causas extra petitas. Informar se trata-se de uma perícia de acidente de trabalho ou doença ocupacional. Nesse último caso dizer qual a doença de provável origem ocupacional. Nesse último caso dizer qual a doença de provável origem ocupacional e em que se fundamenta tal pedido (Ex: doença causada por exposição a posições forçadas e/ou gestos repetitivos)

14 INFORMAR QUAL A VERSÃO DE AMBAS AS PARTES Devem constar os dados da inicial do processo e também os dados da defesa. Antes de começar a fazer a perícia, deve o expert ter total conhecimento sobre o que está sendo pedido nos autos e sobre qual é o argumento da defesa (Ex: O acidente é controverso ou introverso? No caso de doença, a reclamada concorda com o risco sob o qual se fundamentou a inicial? Quais os demais elementos de defesa?)

15 DOCUMENTOS NECESSÁRIOS AOS AUTOS Todos os documentos relevantes devem constar do lauda pericial. Atestados médicos, resultados de exames e dados de prontuários médicos que podem e devem estar acompanhado a inicial. Programas de proteção à saúde do trabalhador, fichas de entregas de EPIs, laudo ergonômico, Atestados de Saúde Ocupacional e demais documentos de defesa da reclamada podem e devem estar acompanhado a defesa.

16 DADOS PROFISSIOGRÁFICOS a. Descrição da atividade laborativa realizada pela parte autora na reclamada. b. Verificação nos quesitos das partes se existe algum elemento essencial que deva ser questionado e perguntar também sobre a existência de ações protetivas (Ex : se efetivamente utiliza os EPIs; se era obrigatório o uso; se houve treinamento; se existiam pausas e rodízios na atividade; se existia ginástica laboral). Oportunizar que as duas partes falem suas versões. c. Questionamento sobre trabalhos anteriores e posteriores ao contrato de trabalho bem como sobre a existência de ações ao órgão previdenciário, o CNIS (Cadastro Nacional das Informações Sociais)

17 PERÍCIA MÉDICA PROPRIAMENTE DITA Terminadas as fases anteriores, dá-se início, à perícia médica propriamente dita. Esta metodologia é baseada na análise do estado anterior e comorbidades questionando ao reclame se já tinha alguma deficiência ou doença prévia à entrada na reclamatória. E também sobre as atividades extra laborais ( esportes praticados, instrumento musical, hobby, etc. ) Realização da anamnese dirigida à queixa, exame físico da parte autora e análise dos exames complementares.

18 AVALIAÇÃO DO NEXO CAUSAL A avaliação de nexo causal ou concasual é o ponto mais importante do laudo. O perito deve demonstrar através de uma metodologia e na aplicação de critérios o porquê efetivamente chegou à conclusão de presença ou ausência de nexo casual ou concasual.

19 ROTEIRO BÁSICO PARA PERÍCIA POR INSALUBRIDADE E/OU PERICULOSIDADE Para elaboração dos laudos das perícias judiciais para avaliação de insalubridade o médico do Trabalho José Marcelo Penteado sugere os passos abaixo.

20 1. Identificação das parte 2. Objeto da perícia Informar claramente o objeto da perícia, ou seja, o que está sendo pedido nos autos. É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como não pode o magistrado analisar as causas extra petitas 3. Informar qual a versão de ambas as partes Devem constar os dados da inicial do processo e também os dados da defesa. Antes de começar a fazer a perícia, deve o expert ter total conhecimento sobre o que está sendo pedido nos autos e sobre qual é o argumento da defesa

21 4. Documentos existentes nos autos Todos os documentos relevantes devem constar do laudo pericial. Atestados médicos, resultados de exames e dados de prontuários médicos que podem e devem estar acompanhado a inicial. Programas de proteção à saúde do trabalhador, fichas de entregas de EPIs, laudo ergonômicos, Atestados de Saúde Ocupacional e demais estar acompanhando defesa. 5. Descrição do local e do ambiente do trabalho Descrever o local no qual a perícia é realizada observando aspectos como empresa, departamento/setor, localização, etc. Na descrição do ambiente deve constar informações importantes (Ex: tipo de construção, metragem aproximada, tamanho do pé direito, tipo de teto, tipo de piso, condições gerais de higiene, ventilação e iluminação).

22 6. Descrição da função Realizar a descrição pormenorizada da função e das tarefas realizadas pelo trabalhador. No caso de múltiplas tarefas, estas devem ser individualizadas e obrigatoriamente informadas quanto ao tempo de exposição diário a cada uma delas. Tarefas que não são realizadas habitualmente, não deverão ser consideradas do ponto de vista de adicional de insalubridade, posto não serem capazes de causar doenças. Com relação à exposição às atividades periculosas, desde que façam parte efetivamente das obrigações contratuais do empregado, devem ser informadas e analisadas, pois o infortúnio não escolhe a hora de acontecer. 7. Avaliação dos riscos existentes na NR 15 e NR 16 O perito deve analisar individualmente cada um riscos, tanto quantitativamente como qualitativamente, a depender de cada caso, informando a metodologia utilizada, as medidas efetivamente encontradas e por fim a interpretação e análise do resultado. Deve ser seguida a ordem estabelecida na norma, começando pelo ruído, calor e assim por diante.

23 8. Avaliação das medidas de proteção dos riscos considerando NR 15 e NR 16 Identificados os riscos, cabe ao perito analisar a existência de medidas de proteção efetivas pela empresas. Ao analisar os EPIs, é preciso ter em mente que a simples entrega não é fator que neutraliza a insalubridade. A análise deve conter obrigatoriamente o seguinte: - Identificação do EPI com seu respectivo CA; - Validade do EPI verificando se o mesmo se encontrava válido na época da exposição ao risco;

24 - Finalidade do EPI verificando no CA emitido pelo MTb para quais riscos ou situações está aprovado e se a situação em concreto esta contemplada. Um exemplo claro é que muitas luvas nitrílicas entregues para neutralização da umidade, ao ser analisada criteriosamente a ficha, vê-se que elas não foram aprovadas para trabalhos com operação com água. -Periodicamente de troca devendo a empresa comprovar o uso ininterrupto do EPI ao longo do tempo e que está fazendo as trocas necessárias. Isto deve constar obrigatoriamente dentro do PPRA. Caso não esteja, o perito deve analisar se está adequada através de um estudo de campo ou então basear-se na literatura técnica pertinente. A comprovação dessa periodicidade ocorrerá com a análise da ficha de entrega do EPI -- Resposta aos quesitos; - Conclusão; - Encerramento de laudo;

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