Literatura Infantil e Juvenil. Narrativa e Identidade. Letras. Mitos, contos e ritos o relato oral e a formação das identidades.
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- Leila Arantes Morais
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1 Letras Prof: Ana Lucia Trevisan Pelegrino. Literatura Infantil e Juvenil Narrativa e Identidade Mitos, contos e ritos o relato oral e a formação das identidades. Os mitos Narrativas Universo imaginário e simbólico Explicações respostas às perguntas universais do Homem. Tempo a-histórico Legitimidade e identidade 1
2 O rito Atualização das narrativas míticas Inserção do mito na historicidade Preservação da identidade Atualização do sentido coletivo A tradição oral do Conto Contos e tradição oral tradição oral dos povos Modelos de comportamento, entretenimento. relato de histórias imaginárias O contador de histórias: Dentro da tradição oral, o conto não tem propriamente autoria. Criação coletiva cada «contador» introduz, inevitavelmente, pequenas alterações e, assim passando sob modificações, de povo para povo. Transplantação dos contos orais para a forma escrita : Necessidade de adaptação. Narrativa oral ênfase na entoação, valorização dos movimentos corporais, da mímica, interação imediata com o público. 2
3 Contar um conto Interesse Perguntas e respostas Aprender a contar Experiência de leitor Experiência de narrador Conto popular - Estrutura Situação de equilíbrio Ruptura Trajetória do herói Solução Novo estado de equilíbrio. Trabalho com a historicidade dos textos Todo texto possui uma voz, localizada em um determinado tempo. A leitura atualiza essa voz. Importância dessa relação. O texto possui uma gama de significados Muitas interpretações são possíveis, porém condicionadas aos elementos presentes no texto. 3
4 Como lemos os textos? Experiência de vida Leituras anteriores Momento histórico Leitor: instancia fundamental no processo de significação desencadeado pela leitura ( de textos literários ou não) Atividade Reflexão: É possível para o professor dedicar-se à formação de novos leitores sem que ele seja um leitor crítico? Justifique. Perspectivas Históricas Europa Charles Perrault publicou Contos da mamãe Gansa. Brasil século XIX Imprensa Régia Tradução de As aventuras pasmosas do Barão de Munkausen (1808) Leitura para meninos, contendo uma coleção de histórias morais relativas aos defeitos ordinários às idades tenras, e um diálogo sobre geografia, história de Portugal e história natural, de José Saturnino da Costa Pereira (1818) 4
5 Século XIX momento pós-independência: acontece no Brasil um impulso para a afirmação de uma identidade nacional Romantismo Valorização do saber conceito de civilização efervescência nacionalista A valorização da paisagem da pátria, O modelo de língua nacional República e abolição: O Brasil ambiciona uma imagem de modernização. interesses pelo desenvolvimento industrial. Imigrantes Comercialização do café Ferrovias Movimento dos portos Aumento da população das cidades. Massas urbanas consomem produtos industrializados Publicações: Revistas femininas Romances leves Livros para crianças 1905 Revista infantil O Tico-Tico. Exemplo de capa com roupas infantis. 5
6 Transformação de uma sociedade rural em urbana: Papel crucial da escola. Necessidade de livros didáticos. Contexto histórico: Novo padrão de escolarização, Consumo de bens culturais, livros, Campanhas pela alfabetização, pela escola - > esforços para que prevalecesse no Brasil uma literatura infantil nacional. Patriotismo e investimentos financeiros livreiros e editores. Traduções de obras clássicas, textos nacionais, lugares para vender livros. 6
7 Sala de aula - Escola Infantil Delfim Moreira, Belo Horizonte. Foto: O. Belém, Imagem 01 Alunas do Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Festas Escolares, Imagem 02 Valores da literatura 1. Nacionalismo: língua portuguesa falada no Brasil; entusiasmo e dedicação pela pátria; o culto das origens e o amor pela terra 7
8 2. lntelectualismo: estudo e do livro, como meios essenciais de realização social, - meios que permitiriam a ascensão econômica através do Saber. 3. Tradicionalismo cultural: valorização dos grandes autores e das grandes obras literárias do passado, como modelos da cultura a ser apreendida e imitada. 4. Moralismo e Religiosidade: exigência absoluta de retidão (caráter, honestidade, solidariedade, fraternidade, pureza de corpo dentro dos preceitos cristãos). A nacionalização da Literatura Infantil (1894) Figueiredo Pimentel Contos da Carochinha. (1901) Afonso Celso Por que me ufano de meu país (1904) Olavo Bilac e Coelho Neto Contos Pátrios (1907) Julia Lopes de Almeida Histórias da nossa Terra 8
9 A Pátria Patriotismo : Poema de Olavo Bilac Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! não verás nenhum país como este! Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, É um seio de mãe a transbordar carinhos. Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! Vê que grande extensão de matas, onde impera Fecunda e luminosa, a eterna primavera! Boa terra! jamais negou a quem trabalha O pão que mata a fome, o teto que agasalha... Quem com seu suor a fecunda e umedece, vê pago o sue esforço, e é feliz, e enriquece! Criança! não verás país nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste! A língua nacional Correção da linguagem Utiliza-se a não representação lingüística realista da fala das personagens infantis ou não escolarizados. A língua portuguesa é um tema. Marcas parnasianas. 9
10 A borboleta, de Olavo Bilac Trazendo uma borboleta, Volta Alfredo para casa. Como é linda! é toda preta, Com listas douradas na asa. Tonta, nas mãos de criança, Batendo as asas, num susto, Quer fugir, porfia, cansa, E treme, e respira a custo. Contente, o menino grita: É a primeira que apanho, Mamãe! vê como é bonita! Que cores e que tamanho! Como voava no mato! Vou sem demora pregá-la Por baixo do meu retrato, Numa parede da sala. Mas a mamãe, com carinho, Lhe diz: Que mal te fazia, Meu filho, esse animazinho, Que livre e alegre vivia? Solta essa pobre coitada! Larga-lhe as asas, Alfredo! Vê como treme assustada... Vê como treme de medo... Para sem pena espetá-la Numa parede, menino, É necessário matá-la: Queres ser um assassino? Pensa Alfredo... E, de repente, Solta a borboleta... E ela Abre as asas livremente, E foge pela janela. Assim, meu filho! perdeste A borboleta dourada, Porémnaestimacrescente De tua mãe adorada... Que cada um cumpra a sorte Das mãos de Deus recebida: Pois só pode dar a Morte Aquele que dá a Vida. 10
11 Nacionalismo Depoimento de um aluno da época: São muitos os escritores estrangeiros que traduzidos, transladados ou, quando muito, servilmente imitados, fazem a educação da nossa mocidade. Seja-me permitida uma recordação pessoal. Os meus estudos feitos de 1867 a 1876 foram sempre em livros estrangeiros. Eram portugueses e absolutamente alheios ao Brasil os primeiros livros que li. Literatura e nacionalismo (...) Pois, se pretende, a meu ver erradamente, começar o estudo da língua pelos clássicos, autores brasileiros, tratando coisas brasileiras, não poderão fornecer relevantes passagens? E Santa Rita Durão, e Caldas, e Basílio da Gama, e os poetas da gloriosa escola mineira, e entre os modernos João Lisboa, Gonçalves Dias, Sotero dos Reis, Machado de Assis e Franklin Távora, e ainda outros, não têm páginas que, sem serem clássicas, resistiriam à crítica do mais meticuloso purista? Veríssimo, José. A educação nacional. 2. ed. aumentada. Rio de Janeiro: Francisco Alves, p
12 Tradições da Europa X Folclore brasileiro Tradição popular: Transmissão oral de conhecimentos, vida rural -> constantes na tradição da literatura Brasil: referências ao acervo de tradição européia Traduções e adaptações. D. Quixote das crianças (1936) de Monteiro Lobato). Peter Pan (1930), de Monteiro Lobato. Tendências da Literatura infantil brasileira (1921) Monteiro Lobato Narizinho arrebitado. (1938) Viriato Correia Cazuza (1936) José Lins do Rego Histórias da velha Totônia. (1939) Graciliano Ramos Histórias da lagoa grande. Brasil rural X Brasil urbano As imagens dos sítios e fazendas na literatura infantil. Personagens da cidade vão ao campo. Valorização da vida rural -> ausência de uma contextualização histórica mais contundente (não se discutem os problemas ou condições reais do trabalhador rural) 12
13 A linguagem utilizada nas obras remete a um padrão culto. Desprestigio da fala regional: os caipiras sempre humilhados pelas personagens da cidade. Contradição: Valorização da agricultura tradicional X desprezo pelo homem do campo e sua maneira de expressar-se. Retrato de um Brasil arcaico. Onde está a criança? Fabulas, contos de fadas: figuras antropomorfizadas tornam-se símbolos das vivências e da interioridade da criança. Ausência da criança de carne e osso. Ausência de indicadores da relação dos contos com uma realidade histórica. (1950) Atíria, a borboleta, Lucia Machado de Almeida. (1968) O peixinho sonhador, Ivan Engles. Maria José Dupret ( O cachorrinho samba) Segundo Marisa Lajolo: O cão simboliza a criança: frágil e desprotegida, que necessita de amparo permanentes do adulto. texto busca transmitir um postura doutrinária, apresenta ensinamentos e incute valores morais. 13
14 Atividade Reflexão: Quais mecanismos didáticos favorecem a formação de um leitor crítico? Literatura e ensino Quem são os responsáveis pela seleção dos livros de uma biblioteca pública ou particular? Governo? Professores? Editores? Livreiros? Autoridades da escola? Seleção é censura? Motivação 1 desejo de cativar leitores. Formar leitores, cativá-los para que possam ter parâmetros de escolha. Motivação 2 reconhecer que a criança não consegue escolher sozinha. A criança poderia escolher em um caderno literário, por exemplo? 14
15 Os leitores devem ler tudo? Vantagens? Desvantagens? Uma indicação de leitura mercado ou governo Tiragens que não seriam vendidas em condições normais. Ouvir falar dos livros O livro deve fazer parte do cotidiano de todos. Os livros e as histórias Leitura e prazer Leitura e autonomia. Literatura infantil-juvenil e a formação de leitores Conhecer sem preconceitos Valorização crítica A importância dos prêmios Resenhas, indicações Circulação não especializada todos podem ter acesso. 15
16 Crítica Não esquecer o destinatário específico A literatura dita infantil pode no máximo fazer uma concessão quanto a extensão do texto mas nunca quanto a sua poeticidade. Eliane Nunes O leitor crítico precisaria: Pessoa do mundo não circunscrito ao universo da criança. Familiaridade com os leitores - destinatários de literatura infantil e juvenil. Conhecer a produção de ontem e de hoje. Acervo nacional e estrangeiro Entender os diferentes contextos sócioculturais. Boa Semana! Prof: Ana Lucia T. Pelegrino Referência de imagens Imagem 01: Disponivel em: < Acesso em 28 de março de 2009 Imagem 02: disponivel em: < > Acesso em: 28 de março de
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