AVALIAÇÕES EXTERNAS E QUALIDADE DE ENSINO: REFLEXÕES A PARTIR DOS INDICADORES NACIONAIS DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA.
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- Iasmin de Almada de Oliveira
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1 AVALIAÇÕES EXTERNAS E QUALIDADE DE ENSINO: REFLEXÕES A PARTIR DOS INDICADORES NACIONAIS DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Gabriela Cedalia Cardoso, UFSM Ana Paula Colares Flores Moraes, UFSM RESUMO: O presente artigo surge de inúmeros debates e discussões sobre a qualidade educacional, bem como de nossas vivências nas escolas básicas, oportunizadas anteriormente pelo curso de Pedagogia e agora na especialização. Sendo assim, este trabalho tem por finalidade apresentar uma reflexão acerca dos indicadores de avaliação, apresentando um panorama geral das avaliações externas que regem a educação de nosso país, fato este que justifica a importância de refletir sobre estas avaliações, até onde elas orientam e garantem a universalização de acesso e qualidade da educação brasileira. Para este estudo foi realizada uma pesquisa virtual nos sites do MEC (Ministério da Educação) e INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), onde centramos nossa atenção nos indicadores de qualidade da Educação Básica, são eles: IDEB, SAEB, Prova Brasil e Provinha Brasil. Palavras-Chaves: Indicadores de Qualidade. Avaliações Externas. Educação Básica. INTRODUÇÃO: Atualmente, muito se tem discutido sobre a avaliação no âmbito nacional, mecanismo importante para subsidiar o processo de formulação, monitoramento de políticas públicas responsáveis que norteiam as ações na qualidade do ensino. Além disso, institucionalização da avaliação educacional, é sem dúvida, instrumento fundamental no processo de prestação de contas a sociedade e de enriquecimento do debate público sobre os desafios da educação. Independente dos sistemas de avaliação parece haver uma concordância quanto a sua importância. Nesta perspectiva compreendemos que os indicadores de avaliação procura verificar as articulações feitas nas escolas e até que ponto essas articulações implica na
2 preparação dos alunos na nossa sociedade proporcionando não somente a aquisição de conteúdos, mas também o domínio básico às ciências humanas. Acreditamos em uma ação estratégica de interesse coletivo e permanente para garantir o desenvolvimento dos alunos que vivem na contemporaneidade marcada por intensa transformação: acesso ao conhecimento, nas relações sociais entre culturas, nas formas de comunicação, os efeitos as mudanças em nível local, regional e internacional. METODOLOGIA: Essa pesquisa foi proposta pela disciplina de Avalição Institucional (ADE 735) do curso de Especialização em Gestão Educacional da Universidade Federal de Santa Maria, por meio de uma pesquisa virtual no site do MEC (Ministério da Educação) e o INEP ( Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). A partir dos resultados obtidos na pesquisa e discussões em sala de aula que complementaram os debates sobre tais avaliações durante o curso de Pedagogia surgiu o interesse na escrita desse artigo. Sendo assim, utilizamos a abordagem de cunho qualitativo, que se desenvolveu por meio da análise das informaçãos obtidas nos sites já citados anteriormente, em contraposição com as nossas experiências profissionais em Escolas de Educação Básica, bem como com as provas e relatórios de avaliação oriundo do governo. Procuramos assim, propor uma reflexão não somente baseada nos dados obtidos na pesquisa, mas principalmente, realizando contrapontos com as nossas práticas escolares, experiências e conhecimento destas provas e suas implicações no âmbito escolar. RESULTADOS: O presente artigo tem por finalidade apresentar conceitualmente os indicadores educacionais da Educação Básica, bem como um posicionamento crítico e reflexivo a
3 respeito desses índices e como eles tem se inserido no sistema escolar. Sendo assim, os indicadores educacionais apresentados a seguir e que se configuram como destaque nesse trabalho, são: IDEB, Prova Brasil, Provinha Brasil e SAEB. IDEB: O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) foi criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a fim de medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria de ensino. O IDEB se configura como um indicador de qualidade, que permite o monitoramento da educação básica apresentando dados concretos. É calculado a partir dos dados sobre aprovação do Censo Escolar e a média dos resultados das avaliações realizadas nas escolas: SAEB e Prova Brasil. O IDEB apresenta à sociedade dados quantitativos que representam a educação das escolas, municípios, estados e enfim do país. Por meio de esses dados pretedem alcançarem a tão conclamada qualidade de ensino. O que resta, a saber, é se esses pequenos números obtidos através de provas aplicadas aos estudantes de 1º a 9º ano nas escolas são suficientes para atingir a qualidade máxima de educação? Para responder essa pergunta é necessário primeiramente refletir acerca de como essas provas são aplicadas nas escolas. A partir de nossas experiências como professoras constatamos que essas provas não realizadas pelas próprias escolas ou com a participação dos professores que conhecem e estão frente a frente com a realidade de seus alunos. São provas padrões, ou seja, modelos únicos aplicados a todas as escolas e municípios de maneira igual.muitas vezes nem os professores tem conhecimento sobre o conteúdo, quando e como serão aplicadas essas avaliações, os alunos por sua vez, realizam essas provas, sem muitas vezes saber qual o seu objetivo e porque são obrigados a respondê-la. Como professores, temos consciência que nem todas as escolas são iguais, enquanto para algumas a prioridade é atingir uma boa média no IDEB, para outras é ter alimento suficiente para oferecer a seus alunos que chegam com fome, oferecer abrigo e carinho para crianças que sofrem vários tipos de carência e problemas em casa, para
4 essas escolas o conteúdo escolar ficam em segundo plano, pois como dizem: ninguém aprende com fome. Como foi visto, são realidades completamente diferentes em um mesmo múnicipio, pois retratamos aqui duas escolas da Rede Municipal de Santa Maria/RS, e esses índices por si só não são capazes de abranger todas essas diferenças e apresentar um resultado justo, pautado na realidade escolar e na diversidade social. Prova Brasil: A Prova Brasil, é uma avaliação de diagnóstico em larga escala. Tem como objetivo avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo Sistema Educacional a partir de textos padronizados e questionários socioeconômicos. Esta prova é aplicada de quarta a oitava série, onde os estudantes devem responder questões de língua portuguesa, com foco na leitura e matemática, com foco na resolução de problemas. Os professores e diretores de escolas devem responder a questionários sobre dados demográficos, condições de trabalho e perfil educacional. É por meio da Prova Brasil, como já foi relatado anteriormente, que é calculado o IDEB. Este texto aplicado aos estudantes contém questões relacionadas a dois conteúdos básicos das escolas: Matemática e Português. Não desfavorecendo esses conteúdos, mas questiono porque a Ciência, a Geografia e a História são deixadas de lado? Já que elas oferecem o conhecimento sobre a vida humana, sua origem e desafios? Como professora, acredito que as escolas têm focado apenas na resolução de problemas e na leitura, na tentativa de satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem apresentado como meta na Declaração sobre Educação para todos de Jomtien em Conhecimentos sobre Matemática e Português, são necessários e indispensáveis no aprendizado escolar, porém, estes textos não levam em consideração as Inteligências Múltiplas apresentadas e defendidas por Gardner. Acredito que estes textos devem levar em consideração também as outras áreas de conhecimento e não julgar o aprendizado de um aluno apenas por duas áreas que muitas vezes não são de seu domínio. Em falar em julgamento, destacamos aqui, a finalidade dessa prova como única e exclusivamente de medir o conhecimento do aluno com conteúdos e questões
5 distantes da sua realidade e que por sua vez não oferecem significado algum a vida destes estudantes. Pois, como já foram relatadas anteriormente, essas provas não leva em consideração a realidade de cada escola, mas sim, como é destacado no objetivo, são textos padronizados e que buscam a padronização do conhecimento como se todos fossem iguais e aprendessem da mesma forma e no mesmo tempo. Provinha Brasil: A Provinha Brasil, também conhecida como Avaliação da Alfabetização Infantil tem por objetivo investigar o desenvolvimento das crianças relativo à alfabetização e ao letramento em Lingua Portuguesa e Matemática. Esta prova é realizada pelos estudantes matriculados no 2º ano do Ensino Fundamental de Escolas Públicas Brasileiras, são aplicadas duas vezes ao ano, no início e no final do ano. A Provinha Brasil é aplicada em crianças na faixa etária de sete anos de idade, idade esta em que as crianças, muitas vezes, são obrigadas a crescer antes do tempo, na escola há uma ruptura entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, onde a brincadeira e a infância são deixadas de lado, as crianças frequentemente se deparam com uma nova configuração de escola, que o brincar cede lugar ao aprender, sem levar em consideração que é possível se aprender brincando. Neste contexto, a Provinha Brasil da maneira como é aplicada, não é uma experiência muito agradável, as crianças nesta idade não são acostumadas a enfrentar este tipo de avaliação, suas preocupações não são os conteúdos que ali estão inseridos, muito menos a nota que sua escola vai obter por meio destas provas. Como já foi relatado, as avaliações não faz sentido algum para a vida destas crianças, não faz parte de sua realidade. Ao considerar a criança e a infância, percebe-se que estas notas obtidas por meio da Provinha Brasil não são capazes de representá-las e muito menos retratam o seu aprendizado. Através da nossas experiências percebemos que as crianças por diversas vezes ficam nervosas e ansiosas, sem saber o que está acontecendo e porque elas têm
6 que responder a tais questões, não enrede algumas palavras e expressões que não são de seu cotidiano, o que dificulta sua compreensão sobre o assunto a ser respondido. Desse modo, acreditamos que estas provas têm uma boa intencionalidade, os objetivos de garantir uma educação de qualidade para todos é exatamente o que gestores, professores, alunos e comunidade escolar lutam diriamente para conseguir. Infelizmente, as políticas de governo da maneira como estão sendo aplicadas e reproduzidas nas escolas, sem levar em consideração a caracterização da infância, as peculiaridades e necessidades de cada região, não irão conseguir solucionar os inúmeros problemas que enfrentamos e atingir os objetivos propostos. SAEB: O Sistema de Avaliação da educação Básica (SAEB) tem como principal objetivo avaliar a Educação Básica Brasileira, contribuindo para a melhoria da qualidade e universalização do acesso à escola. O SAEB é composto por três grandes avaliações externas, são elas: Aneb (Avaliação Nacional da Educação Básica), Anresc/Prova Brasil (Avaliação Nacional do Rendimento Escolar), ANA (Avaliação Nacionalda Alfabetização). O Aneb abrange escolas públicas e privadas do país de áreas urbanas e rurais, é realizado com estudantes matriculados no 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e no 3º ano do Ensino Médio. Seu objetivo é avaliar a qualidade, a equidade e a eficiência da educação brasileira. Anresc, também chamada de Prova Brasil é realizada com estudantes do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental de Escolas Públicas Brasileiras, tem por objetivo avaliar a qualidade de ensino das escolas públicas. A prova ANA é realizada com alunos do 3º ano do Ensino Fundamental de Escolas Públicas Brasileiras. Seu objetivo é avaliar os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa e Alfabetização Matemática. Esse sistema de avaliação fornece resultados que pode revigorar os contornos da Educação Básica realizando sua função social na sociedade ao garantir o ensino de
7 qualidade para todos. Porém destacamos que é preciso compreender os resultados desta avaliação, isso implica compreendê-las não como um fim em si mesmo, mas como possibilidade de associá-la às transformações necessárias no sentido de fortalecer a qualidade da educação pública, aquela que se organiza para garantir a aprendizagem, através de práticas centralizadoras dos entes federados. O SAEB busca a qualidade de ensino e a cada ano de aplicação destas provas pais, alunos e professores esperam pelos resultados, não em números, mas sim, os resultados vivíveis nas escolas mais pobres da periferia, revertidos em mais livros, bibliotecas, programas de governo e melhoramento de infraestrutura. Infelizmente os resultados apresentados não são os resultados esperados, pois qualidade não é quantidade, a garantia de acesso não é a garantia de permanência. As metas educacionais estão focadas no acesso, na quantidade de crianças e jovens na escola e o número de alfabetizados, porém, ainda falta a preocupação com as condições de permanência destas crianças e jovens na escola, que qualidade educacional elas estão tendo acesso. Constantemente somos surpreendidos por notícias de jornais e programas de TV, como estas: crianças não têm acesso a escola em dias de chuva, falta merenda, escolas não têm banheiro, crianças que tem aulas em galpões e CTGs, pois a escola não tem condições físicas para atendê-las. Frente a estas notícias pergunto: Quantos anos estas provas estão aplicadas, quantas propagandas televisivas mostrando os números obtidos e onde estão os resultados que tanto esperamos? Onde está à qualidade de ensino tão prometida? Avaliações como o SAEB apresentam à sociedade diagnóstica em forma de números de como se encontra nossa educação, problemas que temos consciência que existem, porém, apenas com estes diagnósticos não é possível resolvê-los. De acordo com Sacristán (2011, p.17): Essas visões e diagnósticos que vem a público como relatórios só podem ser genéricos, incapazes de se fixar nas cruas realidades particulares de determinado país e de se referir a responsáveis concretos.
8 Estes diagnósticos, muitas vezes, como foram relatados por Sacristán não traduzem as realidades de cada região, de cada escola em particular. Ainda segundo este autor, apenas propicia uma reflexão do problema, apresenta sugestões e orientações a serem seguidas para resolvê-lo, mas se esquecem que as realidades são muito distintas. É preciso considerar a cultura e as particularidades de cada região. Da mesma forma que uma prova padrão, como o caso do SAEB, não é capaz de atender a todas as demandas e singularidades, estando muitas vezes, fora da realidade do aluno, as sugestões e orientações para a solução dos problemas educacionais também não atendem as diferentes necessidades das escolas. CONCLUSÃO Ao analisar os conceitos das avaliações estudadas, acreditamos que todas elas são modelos padronizados, modelos dominantes que objetivam a regulação através de avaliações impostas, ou seja, políticas públicas traçadas com o objetivo de solucionar problemas na educação. Estas avaliações são estratégias que o governo cria para atingir sua meta de universalizar a educação. O principal indicador é o IDEB que faz parte o SAEB na educação Básica os principais indicadores são: Prova Brasil, Provinha Brasil, ANA. Estes indicadores servem para diagnosticar como a educação está no Brasil, mas sabemos que estas avaliações não se preocupam com a qualidade, pois o que interessa é a quantidade, uma resposta meramente econômica. Acreditamos que para alcançar à qualidade tão desejada e discutida atualmente precisamos criar indicadores avaliativos que façam parte das ações, que considere todos na sua diversidade e singularidade, um processo formativo, dialógico, adaptado ao contexto, com ações com foco na aprendizagem de todos os sujeitos.
9 REFERÊNCIAS: BRASIL. Ministério da Educação. Disponível em: < Acesso em: 23/04/ Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em: < Acesso em: 23/04/2013. SACRISTÁN, José Gimeno. Educar por competências o que há de novo?.porto Alegre: Artmed, 2011.
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