Dados Gerais da Experiência Nome da experiência candidata. Programa ReDes. Organização candidata Instituto Votorantim
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- Gonçalo Arruda Tuschinski
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1 Dados Gerais da Experiência Nome da experiência candidata Programa ReDes Organização candidata Instituto Votorantim Nome postulante Carolina Alves De Jongh Telefone País Brasil Município São Paulo Localização Urbana Estado atual Em execução Data de início Nome das organizações que participam da experiência Natureza das organizações que participam da experiência Como nasceu esta experiência? Que problema procura ou procurou resolver? Quais são ou foram as causas deste problema? Realização: Instituto Votorantim e BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Apoio das empresas do Grupo Votorantim: Votorantim Metais, Votorantim Cimentos, Votorantim Siderurgia e Fibria. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): banco público federal. Instituto Votorantim: associação civil sem fins econômicos. Descrição da Experiência O Programa foi construído a partir de parceria estabelecida em 2010 entre o Instituto Votorantim e o BNDES, que juntos vislumbraram a oportunidade de investir R$ 62 milhões em estratégias de geração de trabalho e renda, desenvolvidas e geridas por grupos associativos ou cooperativos, utilizando a capilaridade e o conhecimento local das Unidades de Negócio da Votorantim para potencializar a atuação social em municípios com concentração de pobreza e baixo dinamismo econômico. De um lado, o BNDES possuía o objetivo de expandir a área e efetividade de sua atuação social, pautada no Plano Brasil Sem Miséria. De outro lado, o Instituto Votorantim, como qualificador da atuação social do Grupo Votorantim, tinha o interesse em desenvolver ações que contribuíssem para a redução da pobreza e da dependência local, além de promover diversificação econômica das comunidades em localidades em que a Votorantim possui atuação. Ambas organizações passaram a desenvolver um modelo de atuação pautado na inclusão produtiva como alterativa a programas de transferência de renda, a partir da participação e atuação da comunidade como fator garantidor de legitimidade e transparência do processo. A proposta construída trouxe inovação para a atuação entre o setor público e privado, contribuindo para uma atuação social alinhada com políticas públicas e capaz de articular os diversos agentes locais no apoio ao desenvolvimento local. Para isso, o programa implementa projetos de geração de trabalho e renda e constrói uma rede capaz de fortalecer a economia inclusiva, articulada por uma instância participativa com representação dos três setores da sociedade. Os municípios selecionados para compor o Programa ReDes possuem baixo dinamismo econômico, evidenciado pela concentração de polos de pobreza e forte dependência econômica do poder público e das poucas empresas presentes nas localidades. O Programa ReDes tem como principal objetivo contribuir para a redução da pobreza e mobilização social nas localidades de atuação ou influência das empresas do Grupo Votorantim. Como resultado, a atuação tem a expectativa de promover o maior dinamismo econômico, de forma apoiar o avanço dos indicadores econômicos e sociais e garantir a geração de trabalho e renda de populações vulneráveis e dependentes de políticas sociais de transferência de renda. As causas do baixo dinamismo econômico vivenciado pelos municípios brasileiros, em especial aqueles inseridos em meio rural, estão relacionadas com fatores estruturais da organização econômica e social e possuem causas históricas. Atualmente nessas localidades predominam: poucas atividades produtivas, pouco capital em circulação, falta ou baixa qualidade da educação ofertada, impactando na escolaridade da população, no aprendizado e consequentemente na profissionalização; concentração de recursos produtivos; déficit de infraestrutura adequada (saneamento, transporte público, equipamentos públicos de qualidade, etc.); e gestão pública pouco qualificada para atender as demandas locais e atuar como promotor de avanços econômicos e sociais. 1
2 Quais são os efeitos/consequências deste problema? Fornecer informação e dados que permitam conhecer o entorno, o território e o perfil da comunidade onde ocorre a experiência São efeitos diretos do baixo dinamismo econômico: a falta de oportunidades de emprego formal; concentração de renda; a má remuneração e precarização do trabalho; êxodo rural; dificuldade de acesso a bens e serviços essenciais; migração da população para outras regiões do país, em especial os indivíduos com maior escolaridade; baixa qualidade de vida; e, de forma destacada, a contratação de pobreza e persistência da miséria. Essas consequências contribuem, de forma rigorosa, na capacidade de elevar os indicadores econômicos e sociais desses municípios. Vale destacar que os efeitos, em grande medida, são fenômenos herdados e se reproduzem pela falta de mecanismos efetivos de superação, consolidando um círculo vicioso. As localidades de atuação do Programa ReDes possuem dificuldades institucionais no apoio ao desenvolvimento local, tanto econômico como social, inexistem redes que contribuam com iniciativas e garantam o acesso à capacitação formal. A falta de articulação também é percebida pela dificuldade do poder público local em ser um ator relevante para a melhoria dos indicadores sociais, contribuindo para um cenário de abandono e persistência de gargalos. Poucas instituições locais têm se mostrado aptas para dar o suporte necessário para contribuir para a dinamização da economia local. Esses impactos afetam, em especial, indivíduos com baixa escolaridade, mulheres e populações historicamente excluídas, como grupos quilombolas, agricultores rurais e catadores de materiais recicláveis. Atualmente o programa ReDes atua em 28 municípios de 11 estados e o Distrito Federal, abrangendo as regiões do país. A seleção dos territórios considerou 11 municípios pertencentes ao Programa Territórios da Cidadania do Governo Federal e 14 municípios identificados por seus indicadores sociais críticos, tais como: percentual de vulneráveis à pobreza entre 17% e 64% da população, população economicamente não ativa acima de 27% e índice de Gini entre 0,40 e 0,61. Fonte: Censo Demográfico de 2010, IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Outro ponto comum em todos os municípios é a forte dependência econômica do setor público e das poucas empresas instaladas nas localidades, contribuindo para reforçar o baixo dinamismo econômico. A metodologia do programa foi criada para considerar as especificidades de cada território na implementação de projetos, por isso, cada município passou por um processo de diagnóstico participativo, identificando os riscos e oportunidades que impactam ou potencializam a estratégia. Em sua atuação, o programa forma ou trabalha em conjunto com Grupos de Participação Comunitária, compostos por representantes dos três setores. Estes grupos participam do diagnóstico realizado e da seleção dos projetos a serem apoiados geração de trabalho e renda. Cada projeto é gerido por associações ou cooperativas locais, que incluem as populações de baixa renda, público-alvo do programa. Atualmente são 40 negócios inclusivos apoiados. Essas associações e cooperativas atuam em áreas diversas: 8 organizações trabalham com agricultura familiar, 10 com agroindústria, 6 na cadeia da pesca, 4 na cadeia leiteira, 2 com coleta seletiva, 3 grupos são artesãos, 3 comercializam produtos alimentícios, 2 produzem e comercializam flores ou mudas, 1 grupo atua com costura e 1 fornece serviços de tratores. Além disso, fazem parte do grupo de organizações atendidas públicos com características particulares, como 7 assentamentos, 7 grupos majoritariamente femininos e uma comunidade quilombola. Entre os trabalhadores que acessaram novas oportunidades de geração de renda, 4% são mulheres e mais de 70% vive em meio rural. Dessa forma, o Programa ReDes consegue contribuir para a geração de trabalho e renda e melhoria nas condições de vida de populações com dificuldades históricas de acesso ao mercado formal. Municípios/UF: Araguaína e Xambioá/TO; Nobres e Várzea Grande/MT; Colinas do Sul, Niquelândia e Uruaçu/GO; Brasilândia e Três Lagoas/MS; João Pinheiro, Paracatu, Vazante, Três Marias e Curvelo/MG; Itaperuçu e Rio Brando do Sul / PR, Itabaiana, Laranjeiras e N. S. Socorro / SE; Alcobaça, Caravelas e Nova Viçosa / BA, Conc. da Barra, São Mateus e Vila Valério/ES, Fercal/DF, Vidal Ramos/SC e Cantagalo/RJ. 2
3 Quais são ou foram os principais objetivos da experiência? A quem a ação está ou esteve dirigida? Quem se beneficia ou se beneficiou com esta experiência? O objetivo principal do Programa ReDes é contribuir para a redução da pobreza e mobilização social nos municípios apoiados, para isso, possui duas frentes de atuação específica: (i) apoio à construção e fortalecimento de negócios inclusivos para que sejam sustentáveis, autônomos e relevantes para as localidades, e (ii) desenvolvimento do capital social local, através do fortalecimento de Grupos de Participação Comunitária compostos por membros da sociedade civil e governo local. São objetivos intermediários, pelos quais os resultados serão alcançados: estruturar negócios inclusivos economicamente viáveis e sustentáveis, garantir a gestão eficiente e a governança participativa dos negócios, apoiar Grupos de Participação Comunitária para que sejam diversos, representativos e envolvidos em ações relevantes nas localidades, garantindo a capacidade de planejamento e articulação, com diálogo e conexões com redes institucionais. O programa tem como meta garantir que 70% dos projetos apoiados tenham plena autonomia para fazer a gestão de seu negócio a partir do º ano. A promoção do maior dinamismo econômico é fomentada pelo investimento em cadeias produtivas ligadas à vocação e demanda local, desenvolvimento de espaços de articulação e mobilização social e a comercialização do que é produzido pelas pessoas ou comunidades nos mercados locais e regionais. Com o objetivo de promover o maior dinamismo econômico nas localidades de atuação, o programa engloba um amplo número de atores. Na frente de negócios inclusivos o público alvo é a população em situação de vulnerabilidade social do município, caracterizada pela pobreza ou forte dependência das transferências públicas. Nessa frente são beneficiadas atualmente, de maneira direta, mais de 1600 famílias, e atua para atingir 200 famílias. Todas as famílias são participantes diretas das 40 associações e cooperativas apoiadas com recursos financeiros e técnicos. Além disso, alguns projetos atuam em cadeias produtivas que expandem os beneficiários diretos, contribuindo para a estruturação de novos produtores locais que tornam-se fornecedores. Vale ressaltar que desse universo beneficiários, 4% estão inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, (um instrumento que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, entendidas como aquelas que têm: renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa; ou renda mensal total de até três salários mínimos), e 2% recebem o Bolsa Família (programa de transferência de renda do governo federal). Já na frente de mobilização social, representada pelos 28 Grupos de Participação Comunitária, o público envolve representantes dos três setores: poder público local, empresas atuantes no município ou região e sociedade civil (líderes locais, organizações com representatividade e especial participação dos representantes das associações e cooperativas apoiadas na frente de negócios inclusivos). Atualmente os grupos contam com a participação de mais de 31 pessoas mobilizadas em prol do desenvolvimento local. Os resultados gerados pelos negócios e grupos beneficiam toda a população local, como o aumento de renda e criação de postos de trabalho que impactam na qualidade de vida local. Outros exemplos desses resultados indiretos são: Em Itabaiana/SE, onde cerca de 90% dos moradores da comunidade do Carrilho depende do beneficiamento artesanal da castanha para garantir sua renda, o negócio Itacastanha estruturou a atividade produtiva que antes era artesanal, bastante insalubre, realizada de madrugada e em condições precárias de trabalho e segurança. Como resultado da participação no Programa ReDes, além do aumento de renda e regularização das condições de trabalho, as famílias na comunidade que não fazem parte da cooperativa passaram a também se beneficiar da redução do custo da castanha, melhorando as condições comerciais para a comunidade como um todo. Além disso, os grupos de participação comunitária já realizaram mais de 130 ações alinhadas às prioridades dos municípios, 73% disseminaram informações para a população sobre temas de interesse público, 0% mobilizaram a população em prol de uma causa e contribuíram para o maior controle social, 49% impactaram diretamente 0,% da população do município e 37% impactaram as políticas públicas locais: leis, plano plurianual, plano diretor, etc. 3
4 Qual é ou foi o montante aproximado de investimento realizado nesta experiência e quem são ou foram os investidores? O acordo de Cooperação técnica com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) contempla recursos da ordem de R$ 62 milhões, 0% dos quais são provenientes do BNDES Fundo Social e 0% são da Votorantim, ambos não reembolsáveis. A distribuição dos recursos de gestão, comunicação e avaliação se dá de forma igualitária para cada localidade. Em relação aos recursos investidos nos projetos apoiados, dependem do plano de negócios desenvolvidos por cada organização. Além do investimento da parceria, cada um dos projetos apoiados se comprometeu com contrapartidas financeiras e não financeiras que compõem o custo total do projeto e garantem a corresponsabilidade financeira por parte das organizações apoiadas. Além disso, as iniciativas desenvolvidas pelos grupos de participação comunitária são financiadas pelos membros dos grupos, com articulação de recursos locais. 4
5 Quais são ou foram as principais fases e atividades realizadas para o desenvolvimento desta experiência? A implantação do Programa ReDes se deu por meio de etapas sistêmicas que permitiram desenvolver e consolidar ricas metodologias para o (i) mapeamento local, (ii) fomento à mobilização social, (iii) construção de planos de negócios, (iv) seleção de projetos, (v) investimento em infraestrutura e (vi) capacitação técnica e em gestão. Toda a atuação baseia-se em um modelo pautado em três etapas principais: 1) identificação dos potenciais produtivos locais, objetivando encontrar oportunidades efetivas de investimento que apresentem resultados nas comunidades participantes; 2) desenvolvimento e implementação de planos de negócios inclusivos, capazes de gerar trabalho e renda para a população de baixa renda, além de manter a perenidade do investimento aplicado; 3) articulação de pessoas e ideias para construir uma rede capaz de fortalecer a economia inclusiva e apoiar o desenvolvimento local. A primeira etapa trabalha o reconhecimento dos potenciais produtivos e sociais das localidades. Em um processo participativo, diagnósticos socioeconômicos foram elaborados e Grupos de Participação Comunitária formados ou fortalecidos. Por meio das ações empreendidas foi possível identificar o potencial dos municípios a partir da análise de dados secundários e da construção coletiva com a comunidade, resultando na definição de eixos de atuação prioritária para cada localidade. Cada município definiu suas prioridades dentro de quatro feixes principais: abastecimento alimentar, comércio e serviços, economia criativa e reciclagem. 2 municípios passaram por essa etapa em 2011 e 3 em A segunda etapa apoia os grupos de participação comunitária para que definissem uma visão de futuro e planejassem ações. Além disso, desenvolve planos de negócios inclusivos, que são analisados e recomendados pelos grupos de participação comunitária de cada Município, com validação pela Unidade de Negócios local da Votorantim e pela equipe gestora do Programa. Após esse primeiro filtro da própria localidade onde os projetos são escritos, o processo segue com a avaliação das propostas por uma equipe técnica, constituída por profissionais externos, do Instituto Votorantim e do BNDES. Na sequência, segue para avaliação e recomendação do Conselho Deliberativo do Instituto Votorantim, formado por acionistas e executivos do Grupo Votorantim e um representante do BNDES. Vale destacar o modelo de avaliação desenvolvido, que considera os eixos social e econômico para a seleção de projetos com maior potencial de impactar positivamente a localidade. Ao todo o programa já elaborou 11 planos de negócios: 116 em 2012, com 4 aprovações, e 3 em 2014, com 10 aprovações. A terceira etapa é a de implementação e monitoramento dos projetos contratados, além do fortalecimento de lideranças dos grupos de participação comunitária, garantindo sua autonomia para a promoção do desenvolvimento local. Nesta etapa, dos 4 projetos aprovados em 2012, 40 foram contratados em 2013 para receberem recursos técnicos e financeiros. A partir de 201 espera-se que os outros 10 projetos aprovados em 2014 sejam contratados e passem a ser apoiados pelo programa. Dentre as muitas ações dos projetos, as organizações são acompanhadas na execução e prestação de contas com objetivo de garantir a aplicação dos recursos em plena conformidade. Além disso, merecem destaque as ações que têm contribuído para a formalização e adequação legal das organizações, o investimento em infraestrutura e maquinários, a qualificação dos beneficiários e revisão de processos produtivos e de comercialização. Os planos de negócios em implantação estão em áreas diversas (alinhados aos feixes prioritários de cada localidade): agricultura familiar, agroindústria, produção leiteira, pescado, comércio e serviços, reciclagem e economia criativa. Eles recebem apoio técnico em gestão financeira, administrativa, legislação e formalização de cooperativas/associações e capacitação em fortalecimento de organizações sociais. Na frente de grupos de participação comunitária o apoio é concentrado em mobilização social, diálogo e formação de redes intersetoriais de cooperação, fortalecimento de grupos e equipes (team-building) e preparação de lideranças. Por fim, vale destacar que a estruturação da metodologia permite expandir o programa para novas localidades. O mapeamento participativo do município desenvolvido no processo de entrada permite atuar em diferentes contextos e garante maior aderência a realidade local. Esse processo de expansão foi iniciado em 2014 e terá sequência nos próximos anos. Inovação, sustentabilidade e aprendizagem
6 Que aspectos da experiência são considerados inovadores para o contexto no qual ela é ou foi desenvolvida? Por quê? O Programa ReDes é inovador em diversos aspectos que vão desde a metodologia até a forma de atuar e medir resultados. Em primeiro lugar, é uma iniciativa pioneira em termos de escala. Sua metodologia pautada na construção coletiva e conta com o apoio de consultores especializados, permitindo atuação em municípios com características distintas em termos de realidade socioeconômica e tamanho. A definição de foco e forma de atuação pela própria comunidade também é uma inovação. Desde o início da atuação, os grupos de participação comunitária definiram sua forma de trabalhar, de acordo com suas prioridades. A partir daí, a apropriação desses grupos em relação aos resultados é muito maior. As cooperativas e associações apoiadas também traçaram seus planos de trabalho e as metas a partir do que entendem fazer mais sentido para a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários. A partir da aprovação e início dos investimentos, cada organização faz a gestão e prestação de contas de seu projeto e define seus fornecedores. Em relação ao acompanhamento em campo, além de contar com um membro da empresa local, que é o ponto focal e que se articula como mais um ator no processo, o programa contrata consultorias especializadas. A inovação no acompanhamento está na mescla da equipe de consultores que é metade composta por consultores das cidades sede das consultorias e metade pela contratação de assessores locais que moram nos municípios apoiados e que conhecem a cultura local e passam a ser referências para os beneficiários. O desenvolvimento dos assessores locais tem se mostrado uma das inovações de maior impacto para o programa, contribuindo para maior aderência dos resultados à realidade local e formação novos atores engajados na promoção do desenvolvimento local de forma estruturante. Para a mensuração de resultados, o programa desenvolveu e continua a aprimorar os indicadores de avaliação. O programa criou um modelo de avaliação em dois eixos que permite plotar todos os projetos propostos em um mesmo gráfico e compará-los em relação ao potencial de impacto social e econômico. Além disso, apoia a realização de auto avaliação pelos grupos de participação comunitária, com indicadores definidos por seus participantes a partir do que entendem ser prioritário avaliar. Em relação aos projetos, as próprias organizações definem suas metas, enquanto indicadores de resultado e impacto globais são acompanhados pela gestão do programa e utilizados para apoiar a implementação dos projetos. O programa promove também a geração de conhecimento local. Aproveitando a atuação em territórios, grupos de participação comunitária e projetos de diferentes municípios promovem encontros regionais para garantir que os aprendizados sejam compartilhados e contribuam para a sustentabilidade das ações de cada localidade. Além dos encontros presenciais, o programa promove encontros virtuais nos quais os beneficiários se reúnem em salas de vídeo das unidades industriais da Votorantim e trocam experiências com outros representantes de negócios inclusivos e grupos de participação de outras regiões. 6
7 Que aprendizagens derivadas da experiência são consideradas úteis e potencialmente transferíveis a outros contextos e organizações que enfrentam desafios similares? Por ser um programa integrado, muito mais do que a geração de renda para os beneficiários diretos, a iniciativa alavanca diversos setores da localidade apoiada. Entre os aprendizados gerados se destacam a importância de considerar a cultura local, o conhecimento dos ativos existentes e a percepção direta das necessidades do público-alvo para direcionar o trabalho e fortalecer as organizações e pessoas, garantindo a apropriação das informações pela gestão pública e organizações da sociedade civil. Outro ponto de evolução foi a ruptura de paradigma na ótica do investimento social privado, partindo para consolidação da perspectiva de investimento em negócios inclusivos e de impacto. O olhar econômico em projetos sociais é algo novo e desafiador, o que exige cuidado especial no desenho de processos, com a construção de expertises não disponíveis no mercado, e por isso, consequente necessidade de desenvolver ferramentas, metodologias e fornecedores. Por fim, vale destacar que uma das estratégias de sucesso do Programa ReDes foi a adoção de uma comunicação que contempla produção de materiais específicos para os diversos públicos, visando engajar os públicos beneficiados e apoiar o processo de capacitação. Entre os resultados já obtidos estão os altos índices de aprovação: 97% para conteúdo, 92% para a periodicidade e 98% para a relevância. Outros aprendizados consolidados ao longo dos 4 anos de implantação são: Capilaridade alavanca os resultados; Assessores locais garantem gestão aderente à realidade local; Apropriação do processo garante perenidade; Processos legais exigem estratégias específicas; Envolvimento da comunidade contribui para mobilização de parceiros ; Perfil empreendedor e aquisição de novos conhecimentos garantem a profissionalização do negócio; Cursos coletivos possuem ganhos para além da capacitação em si, aumentam a mobilização e sentimento de grupo dos beneficiários; Realizar reuniões prévias com os órgãos licenciadores ambientais e sanitários aumenta credibilidade e celeridade das aprovações; É recomendável estudar localmente as possibilidades de parcerias derivadas das políticas federais (exemplo: Política Nacional de Resíduos Sólidos); Atividades que agreguem os produtores rurais da mesma região reduzem distâncias físicas e facilitam os processos de comunicação e a tomada de decisão; Na economia criativa, padrões de qualidade simples e objetivos para todos os membros é o primeiro passo para alavancar vendas locais e regionais; No caso das cooperativas de catadores de materiais recicláveis, eventos e parcerias locais contribuem não só para o aumento de material, como para a sensibilização para o tema; Nas construções de fábricas, a análise de fornecedores de maquinários paralela ao início da obra garante otimização e início da operação com maior agilidade. 7
8 Cite três dados ou fatos que A forma como o Programa ReDes desenvolve, seleciona e implementa planos de permitem evidenciar que os negócios em conjunto com os beneficiários contribui para o direcionamento assertivo do efeitos positivos gerados a investimento para negócios com real possibilidade de perenidade e geração de impacto partir da experiência são local. O programa trabalha para garantir que 70% dos negócios inclusivos alvo de duradouros e permitirão à investimento sobrevivam por mais de anos. Em 2014 o programa está realizando uma comunidade enfrentar da avaliação de resultados e impacto que identifica o grau de sustentabilidade dos melhor maneira possível novos negócios inclusivos e o nível de autonomia adquirido pelos grupos de participação desafios. comunitária. A avaliação compara os resultados identificados nas famílias participantes do programa com grupos de controles, selecionados por critérios de similaridade para cada um dos negócios inclusivos, garantindo que o programa seja a única variável de influência externa. O modelo de avaliação contempla indicadores das seguintes dimensões: capital social, cooperação, mobilização social, segurança financeira (geração e estabilidade da renda), qualidade de vida, satisfação com o trabalho, segurança no trabalho e sustentabilidade dos negócios. Para a realização das pesquisas em campo assessores locais foram capacitados para tornarem-se pesquisadores visando garantir um modelo sustentável a forma de avaliação, permitindo realizar a iniciativa a qualquer fase do programa. Outro ponto fundamental para garantir a sustentabilidade das ações é realizado na terceira e última etapa de apoio aos grupos de participação comunitária, quando o acompanhamento se expande visando mapear o nível de maturidade e definir o plano de autonomia de cada um. São realizadas capacitações para o desenvolvimento das lideranças, afim de garantir a continuidade das ações após a saída dos consultores, além disso, os grupos passam por avaliação frente aos indicadores do marco lógico do programa, visando identificar a relevância das ações para o Município e nível de reconhecimento adquirido. O fortalecimento das instâncias democráticas locais e sua articulação em prol do desenvolvimento sustentável permitiu que alguns dos grupos locais passassem a se articular em âmbito estadual e em fóruns nacionais, garantindo visibilidade e mais conhecimento para a localidade. Já na frente de geração de trabalho e renda, visando a perenidade das ações, cada negócio apoiado é implantado ao longo de 3 anos de investimento, com plano de negócio com projeções para anos. O acompanhamento é dos próprios membros (semanalmente), das consultorias (semanalmente) e pela equipe da Votorantim (mensalmente) por meio de ferramentas desenvolvidas pela equipe do Programa ReDes e que, em 2014, foram inseridas no sistema de Gerenciamento de Projetos Sociais da Votorantim. As organizações reestruturadas passam a vender produtos para merenda escolar e mercados locais, ampliando as fontes de abastecimento alimentar local (70% dos negócios apoiados). Além disso, os negócios priorizam fornecedores locais, garantindo circulação de recursos locais do início ao fim do processo. Caracterização da experiência em relação ao enfoque de desenvolvimento de base A experiência amplia ou ampliou a participação da comunidade? Participação e protagonismo da comunidade O desenvolvimento da metodologia do programa tem como princípio fundamental a participação da população local, desde o planejamento, implantação até a avaliação de impacto do programa. Essa diretriz é essencial não apenas para garantir a legitimidade e transparência do processo, mas foi pensada como forma de permitir a apropriação das intervenções pela comunidade. A participação é garantida por meio dos grupos de participação comunitária, do desenvolvimento de planos de negócio de forma participativa, seleção de projetos com a comunidade e implantação de projetos das associações e cooperativas das localidades. 8
9 Em que etapas do processo (desenho, execução, acompanhamento, etc.) a comunidade participa ou participou? Que responsabilidades a comunidade assume ou assumiu nesta experiência? Qual é ou foi o papel da comunidade nesta experiência (cooperação, acompanhamento, deliberação, execução, outro)? Os grupos de participação comunitária foram estruturados e iniciou-se a atuação conjunta desde a fase inicial do programa, de realização de diagnósticos socioeconômicos locais de forma participativa. Ainda em 2011, a participação dessas instâncias apoiou a definição dos quatro feixes de atuação do programa: abastecimento alimentar, comércios e serviços, economia criativa e reciclagem. O trabalho dos grupos de participação comunitária se estende em duas etapas subsequentes: eles assumem responsabilidades na seleção de planos de negócios inclusivos, desenvolvidos por associações e cooperativas interessadas em receber apoio do programa, e formam a rede de proteção aos negócios investidos. Cada associação e cooperativa envolvida na frente de geração de trabalho e renda foi responsável, com o apoio técnico fornecido pelo programa, no desenvolvimento de seu próprio plano de negócio. Além disso, seus representantes passaram a fazer parte dos grupos de participação comunitária locais, estendendo seu papel para além de beneficiários, transformando-se em líderes da rede de apoio e fomento local. Na frente de negócios inclusivos, desde o desenvolvimento dos planos de negócio até a gestão a responsabilidade é assumida pelas associações e cooperativas. O programa capacita, apoia tecnicamente, investe, acompanha e avalia os resultados de cada negócio, com o objetivo de deixá-los preparados para sua fase de autonomia. Essa é uma grande transformação para os públicos atendidos, que deixam a situação de dependência e vulnerabilidade e passam a gerir seus negócios de forma cooperativa. As metas e marcos dos projetos também são definidas pelas organizações, e o acompanhamento e apoiado pelos consultores e assessores de cada localidade. Os grupos de participação comunitária estabelecem reuniões periódicas a partir de suas próprias demandas, mas de forma geral são realizadas mensalmente. Em seus encontros, contam com a consultoria de um facilitador especialista em mobilização social, que apoia o desenvolvimento dos grupos e planejamento de suas ações. A partir disso, as ações passam a ser tomadas pelos próprios membros de cada grupo. O membro da unidade de negócio da Votorantim local participa em igualdade de decisão dos demais membros do grupo. Atualmente os grupos passam também por uma formação de lideranças locais, realizada de forma participativa entre municípios de um mesmo território. As responsabilidades assumidas pela comunidade são: Os grupos de participação comunitária participam dos diagnósticos de cada localidade, seleção de projetos, construção da rede de apoio aos negócios investidos e das iniciativas locais para a promoção do desenvolvimento econômico, social e ambiental (a partir de seu tema de atuação). As associações e cooperativas beneficiadas na frente de negócios inclusivos são responsáveis por criar planos de negócio, definir metas, executar os investimentos, implantar os negócios com as melhorias apoiadas, definir fornecedores e canais de venda e prestar contas a partir de um rigoroso processo de compras. Essas responsabilidades são apoiadas pelo programa e contam com a capacitação técnica fornecida por consultores e assessores locais. Uma das premissas do programa é a participação social como fator decisivo para a promoção do desenvolvimento local e construção de maior dinamismo nas localidades, por isso, a comunidade assumiu diversos papéis: Execução (associações e cooperativas que transformam suas práticas produtivas em novos negócios, expandindo sua escala, produtividade e acesso a mercados); Deliberação (associações e cooperativas definem seus planos de negócio e metas e grupos de participação comunitária apoiam a definição de feixes e seleção de projetos nas localidades); Acompanhamento e cooperação (grupos de participação comunitária constituem redes de proteção aos negócios inclusivos implantados nas localidades, realizando acompanhamento e garantindo as parcerias necessárias para o melhor desenvolvimento das estratégias). 9
10 Qual é ou foi o papel do membro da RedEAmérica na experiência? A experiência amplia ou ampliou o acesso, administração e controle de recursos por parte da comunidade? A experiência contribui ou contribuiu para a construção e/ou ampliação dos espaços de participação pública da comunidade? A gestão do Programa ReDes foi pautada na participação de seus diversos públicos, contudo, o Instituto Votorantim e o BNDES encabeçam a gestão da iniciativa, tendo o Instituto Votorantim como executor da parceria. Uma governança compartilhada para garantir a execução e acompanhamento das diversas ações foi criada. Um comitê, com a participação do Instituto, acionistas do Grupo Votorantim, lideranças das empresas do Grupo Votorantim e representantes do BNDES, acompanha e define as diretrizes do programa. Dentro da empresa, a atuação contempla um facilitador local (funcionário da Votorantim presente na localidade), gestores corporativos e lideranças por empresa, responsáveis pelo acompanhamento do programa e pelo apoio para o atingimento das metas. Com essa estrutura é possível garantir o pleno acesso dos beneficiários aos representantes da Votorantim, com vários polos de comunicação, contribuindo para que o engajamento e interação com as partes estejam de fato na prioridade de ação da unidade local e garanta o apoio a todas as necessidades e oportunidades identificadas. O Instituto Votorantim conta com uma equipe de gestão dedicada, formada de uma coordenadora, dois analistas e um assistente, responsáveis pelo acompanhamento e apoio a implantação. Além disso, as áreas administrativa e de comunicação apoiam a parceria. O acompanhamento técnico acontece com atuação de consultorias, especializadas tanto em negócios inclusivos como em participação comunitária, que estão presentes mensalmente nos municípios apoiados. Para o apoio aos projetos, um assessor local é contratado pela consultoria de negócios inclusivos, e acompanha semanalmente os projetos de suas localidades. O orçamento é dividido igualmente entre os dois parceiros do programa (0% BNDES e 0% Votorantim), tendo a maior parcela direcionada ao investimento direto nas organizações beneficiárias (projetos). Além disso, possui também três linhas de investimento fixas: comunicação, gestão (consultorias e ferramentas) e avaliação. A estratégia de intervenção do Programa ReDes teve por base teórica a metodologia do marco lógico, e os indicadores de monitoramento avaliação de cada frente de atuação do programa. Os projetos são acompanhados por seus próprios membros (semanalmente), pelas consultorias (semanalmente) e pela equipe do Instituto Votorantim (mensalmente) por meio de ferramentas desenvolvidas pelo Instituto Votorantim e que estão no sistema de Gerenciamento de Projetos Sociais da Votorantim. O acompanhamento de resultados de projetos é validado por um Grupo de Trabalho (GT), composto por representantes do Instituto Votorantim, da consultoria de campo e representantes das empresas. O GT analisa as atividades previstas no plano de trabalho, a prestação de contas e os resultados alcançados. Os grupos de participação comunitária são acompanhados pelas consultorias, relatórios e reuniões de alinhamento semestrais. Para monitoramento e gestão da evolução dos conselhos comunitários, foram criados indicadores de acompanhamento, atualizados mensalmente. Os indicadores avaliam a identidade do grupo, as relações, processos, recursos e relacionamento da empresa e o grupo. Além disso, o programa está desenvolvendo indicadores para avaliar o impacto direto e indireto do programa, do ponto de vista de qualidade de vida, geração de renda e mobilização. Uma avaliação externa está sendo finalizada em 2014 e outra está prevista para Conforme relatado, a metodologia do programa tem como princípio básico definir a estratégia e alocação de recursos de forma participativa com a comunidade presente nas localidades beneficiadas. A participação se dá na definição de feixes de atuação, na seleção de organizações aptas a desenvolver planos de negócios, no desenvolvimento dos planos de negócios e na seleção dos projetos, a partir da análise econômica e social de cada um. Nesse sentido, como a maior parte dos R$ 62 milhões investidos pelo ReDes é direcionada para os negócios inclusivos, a comunidade local possui poder de influência do maior percentual de recursos do programa. Incidência no público 10
11 A experiência influencia ou influenciou no desenho de políticas, programas e medidas do governo? A experiência influencia ou influenciou na destinação de recursos públicos do governo? A experiência estimula ou estimulou a cooperação entre os membros da organização? A experiência estimula ou estimulou a criação ou consolidação de vínculos e associatividade entre as organizações de base? A experiência estimula ou estimulou a criação ou consolidação de vínculos e associatividade entre as organizações de base e outros atores civis, públicos ou privados? A articulação entre os diversos agentes locais é a base de toda a atuação do programa. Para isso, nas localidades, o ReDes mobiliza as comunidades e cria instâncias participativas ou revitaliza conselhos comunitários já existentes para que possam discutir projetos de desenvolvimento local. Em todos os municípios onde o programa atua, 28 atualmente, foram estruturados os grupos de participação comunitária, com o objetivo de desenvolver uma rede que impulsione o desenvolvimento econômico e social. Esses grupos são compostos por membros da sociedade civil e poder público, com representantes dos três setores. 3 Um dos aspectos de inovação do programa é seu alinhamento com políticas públicas para construir estratégias de atuação social que, ao alinhar objetivos do setor público e privado, conseguem garantir escala, eficiência, efetividade e capilaridade na atuação. Na época em que o acordo entre Instituto Votorantim e o BNDES foi estabelecido, um dos primeiros realizado pelo banco, foi necessário desenhar um modelo de atuação capaz de atender as especificidades de cada parceiro sem perder o foco no objetivo comum, de contribuir para a geração de renda e mobilização social em municípios com concentração de pobreza e baixo dinamismo econômico. A definição do modelo de atuação e os resultados consolidados ao longo dos anos têm contribuído para dar efetividade para esse tipo de iniciativa e foi fundamental para que novas parcerias tenham sido firmadas entre o BNDES e outros parceiros externos. 3 Além dos recursos públicos proveniente da própria parceria, R$ 31 milhões aportados pelo BNDES, que são somados aos R$ 31 milhões investidos pela Votorantim, o programa contribui para que as organizações apoiadas acessem recursos destinados pelos governos locais para garantir as contrapartidas financeiras acordadas nos contratos. Nem todos os projetos viabilizam esses recursos localmente, mas em grande parte é o apoio do poder público local que garante as contrapartidas. Vínculos de cooperação O Programa ReDes é baseado em parcerias. Além de ter nascido por meio de uma parceria com o BNDES, uma premissa para atuação foi a parceria com as unidades de negócios e seu comprometimento com o apoio de longo prazo. O relacionamento com as diversas áreas da empresa se dá de forma natural, já que elas fazem parte da governança do programa e são sponsors dos projetos apoiados. O Programa ReDes atua fortalecendo redes de proteção local. Entre as iniciativas promovidas estão os encontros entre as associações e cooperativas e os grupos comunitários, seja de forma presencial, com representantes de um mesmo território, ou de forma virtual, através de videoconferência realizada na Unidade da Votorantim, onde debatem desafios e trocam experiências. Outro ponto de destaque é o investimento em projetos que contemplam mais de uma organização, nesses casos, uma associação ou cooperativa assume a responsabilidade pela parceria mas a o papel na implantação é compartilhado com outras organizações locais. 11
12 A experiência serve ou serviu de ponte entre a comunidade e o governo local? A experiência contribui ou contribuiu para a aumentar a confiança entre a comunidade e outros atores? Utilizar informação sobre o seu entorno para desenhar e executar experiências Planejar e elaborar projetos Outro aspecto fundamental do acompanhamento é o apoio as redes de proteção aos negócios inclusivos. Alguns exemplos de parceiros para capacitações, cessão de espaços para os projetos ou articulações locais: Ministério Público/PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, Instituto Federal de Ensino de Sergipe/PRONATEC, SEMMA de Várzea Grande, Secretaria de Agricultura de Itaperuçu, Prefeitura de Três Marias, Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Vila Valério, Cáritas Diocesana de Paracatu, Instituto Capixaba de Pesquisa, INCAPER de São Mateus, CRESOL de Rio Branco do Sul. Além disso, cada negócio inclusivo constrói, por meio do apoio dos consultores de cada território, dos assessores locais e do acompanhamento da unidade de negócio do Grupo Votorantim presente na localidade, uma rede de parcerias própria. 4 É possível destacar dois canais de contato, promovidos pelo programa, entre a comunidade e o governo local: (i) através dos grupos de participação comunitária, que contam com representantes do poder público local, é estabelecida a rede de proteção aos projetos; além disso, (ii) cada projeto individualmente busca estabelecer parcerias para endereçar seus desafios, tanto em aspectos fundiários, regulatórios ou no apoio com infraestrutura. Vale destacar alguns resultados já obtidos: Em recente avaliação das mais de 130 ações concretizadas pelos grupos de participação comunitária, foi possível identificar que 37% impactaram as políticas públicas locais, como leis, planos orçamentários e planos diretores; Um exemplo interessante aconteceu no município de Várzea Grande, no estado do Mato Grosso, o grupo comunitário atuou no desenvolvimento de proposta de lei e apresentou a câmara de vereadores; Quanto aos projetos, no município de Curvelo, no estado de Minas Gerais, após parceria com a prefeitura o negócio ReciclAsccare passou a ser o responsável pela coleta dos materiais recicláveis do maior evento do município, o Forró Curvelo. Já no município de Três Marias, também em Minas Gerais, a prefeitura viu no investimento do ReDes no negócio Três Marias em Estampa a oportunidade para desenvolver um novo polo produtivo no município, para isso, contribuiu com a doação do terreno e a expansão da rede de esgoto e luz elétrica, beneficiando outros produtores que lutavam para permanecer na localidade. A atuação do Programa ReDes tem contribuído para transformar as relações nas comunidades apoiadas. A opção por desenvolver redes institucionais que debatem e apoiam o desenvolvimento local contribui para que os atores se identifiquem, cada vez mais, como parceiros e igualmente responsáveis pelo processo de superação dos desafios. Em especial, as relações entre a unidade da empresa, a comunidade e a prefeitura têm obtido melhorias com a transparência e o maior diálogo, já que os grupos de participação comunitária passam a ser espaços de diálogo entre eles. Capacidades coletivas A metodologia do Programa ReDes baseia-se na identificação dos potenciais produtivos locais, de forma conjunta com a comunidade, visando encontrar oportunidades efetivas de investimento mais aderentes a localidade. A primeira etapa de atuação consiste em um mapeamento local, por meio de diagnóstico socioeconômico participativo que resulta no reconhecimento dos potenciais produtivos e sociais. Nesse processo, tanto os indicadores socioeconômicos disponíveis como os conhecimentos e percepções trazidos pelos atores locais são considerados. Atualmente os 28 municípios participantes do programa já passaram pela etapa de diagnóstico e definição de feixes de atuação prioritários. 12
13 Fazer o acompanhamento das atividades e resultados Avaliar os resultados, analisar e ajustar as atividades e estratégias Outra etapa de atuação do Programa ReDes é a elaboração de planos de negócios inclusivos, realizada de forma conjunta com as organizações proponentes cooperativas e associações locais que exercem atividades produtivas de acordo com os feixes de atuação identificados na etapa de mapeamento e diagnóstico. Os planos de negócios são elaborados através de oficinas realizadas com os cooperados e associados das organizações proponentes, conduzidas por consultores especialistas em negócios inclusivos. Todas as associações e cooperativas apoiadas na frente de negócios inclusivos recebem capacitações e apoio técnico essenciais para a implantação dos negócios, envolvendo aspectos de técnicas produtivas, de gestão, de comercialização e sobre cooperativismo. Além disso, cada grupo de participação comunitária é capacitado para definir os objetivos, planejar ações e auto avaliar os resultados, o ReDes apenas acompanha os resultados identificados. Para garantir a implantação das atividades e avaliar os resultados, o Programa ReDes utiliza metodologia que comtempla o acompanhamento realizado pelos próprios membros dos projetos (semanalmente), as consultorias (semanalmente) e pela equipe do Instituto Votorantim (mensalmente) por meio de ferramentas desenvolvidas e fazem parte do sistema de Gerenciamento de Projetos Sociais da Votorantim. Em adicional, cada associação e cooperativa ainda possui seu plano de negócio e o planejamento anual, que apoia a implantação e gestão do negócio, e define suas metas e marcos a serem alcançados. Cada projeto recebe um farol de potencial de sucesso (entre baixo, intermediário e alto), o programa acompanha as atividades e, em casos de dificuldades, apoia as novas estratégias e ações para garantir o sucesso daquele projeto. Quanto aos grupos de participação comunitária, o programa desenvolveu indicadores de acompanhamento e estimula auto avaliações, com indicadores definidos pelos próprios grupos a partir do que entendem ser prioritário avaliar. Administrar recursos Todas as associações e cooperativas passam por capacitações para execução dos recursos e prestação de contas. Essa transferência de conhecimento tem gerado resultados positivos na gestão dos negócios, como o planejamento e controle das finanças e a consolidação da prática de realizar de três cotações para cada compra. Ter acesso a novas fontes de 4 recursos Além do investimento realizado pelo programa, cada um dos negócios inclusivos apoiados se comprometeu com contrapartidas financeiras e não financeiras que compõem o custo total do projeto e garantem a corresponsabilidade financeira por parte das organizações apoiadas. Para garantir essas contrapartidas, de forma geral, as organizações buscaram parcerias nas localidades, contribuindo para a expansão dos recursos investidos. Além disso, as iniciativas desenvolvidas pelos grupos de participação comunitária são financiadas pelos membros dos grupos, com articulação de recursos locais. Negociar e resolver conflitos 4 O acompanhamento técnico realizado por consultorias especializadas, tanto para as associações e cooperativas como para os grupos comunitários, trabalha para fortalecer a identidade e força desses grupos. Entre os temas desenvolvidos estão: gestão e governança participativa, lideranças com características agregadoras, transparência nas informações e capacidades de negociação, para garantir e boa relação com fornecedores e clientes. Ter acesso a espaços de participação O maior acesso aos espaços de participação se dá através da formação e apoio aos grupos de participação comunitária em cada município de atuação, com especial destaque para a presença dos representantes das associações e cooperativas apoiadas pela frente de negócios inclusivos. Essa estratégia de mobilização social tem se mostrado uns dos grandes legados do programa e contribui para expandir o número de iniciativas que contribuem para o desenvolvimento das localidades. 13
14 Diminuição das condições de pobreza A experiência contribui ou contribuiu para diminuir as 4 condições de pobreza na comunidade? Os 40 negócios inclusivos que estão em fase de investimento e implantação, e os 10 novos em fase de contratação, são estruturados para gerar trabalho e renda para famílias em situação de vulnerabilidade social. Os planos de negócio são estruturados para aumentar a renda dessas famílias e promover melhorias nas economias locais. Proporcione resultados quantitativos ou qualitativos para comprovar as transformações observadas em relação à diminuição da pobreza A experiência contribui ou contribuiu para o aprofundamento da democracia? Ainda que o programa esteja em fase de investimento dos negócios inclusivos das 28 localidades alguns resultados referentes a renda já se destacam. São eles: 4% dos beneficiários fazem parte do cadastro único do governo federal (caracterizando-se portanto, como população pobre, ou de baixa renda) 0% dos projetos conquistaram ampliação da renda para seus beneficiários Renda das famílias aumentou de 46% a 1467% e hoje varia de R$ 382 a R$ 1037, dependendo do tipo de projeto; 0% dos novos negócios inclusivos estão produzindo e comercializando seus produtos e serviços; 9 contratos estabelecidos para fornecimento para PAA/PNAE; 21 novos contratos de venda para mercado formal. Quanto as transformações vivenciadas pelos projetos, destacamos algumas: Em Niquelândia, no estado de Goiás (região Centro-Oeste do Brasil), um grupo formado por 1 mulheres buscava a ampliação da produção caseira e comercialização de panificados, tornando a associação uma referência na região. Anteriormente alocadas em uma sede onde dividiam suas atividades com outros produtores, a partir do investimento do Programa ReDes o projeto construiu uma sede própria para a produção dos panificados e garantiu a compra de maquinário adequado e veículo para distribuição dos alimentos. Inaugurada em dezembro de 2013, o novo empreendimento das mulheres, batizado de Sabores da Fazenda, produz mais de 400 kg diários e fornece alimentos para a refeição escolar do município, com plano de expansão para outros municípios da região. Além da refeição escolar, a cooperativa possui 6 contratos de venda para o mercado formal e fornece serviços de lanche e coffee break para unidade da Votorantim Metais local. As beneficiárias relatam o aumento da renda de mais de 100%, atingindo R$ 0 mensais. Com o aumento da renda, as beneficiárias conseguiram adquirir novos bens (computador, eletrodomésticos, etc), reformar a casa e viajar com a família. Outro ganho relatado é a possibilidade de permanecer na zona rural com melhoria da qualidade de vida. Em Três Marias, no estado de Minas Gerais (região Centro-Oeste do Brasil), após participarem de curso de costura promovido pelo SENAI (Serviço Nacional da Indústria), 10 mulheres decidiram perseguir o objetivo de desenvolver uma atividade que gerasse renda. Em negociação com a prefeitura local, conseguiram máquinas de costura e uma sede alugada. A partir do Programa ReDes uma nova sede foi construída em um bairro que anteriormente não contava com rede elétrica e de esgoto, que foram expandidas para a região. Foram adquiridos maquinários que permitem a confecção de novos produtos, como uniformes e calças jeans. Avanços na precificação dos produtos e o aprimoramento da linha de produtos permitiram aumentar a margem de lucro. A Coopermoda conta ainda com novos instrumentos e gestão e materiais de divulgação com uma nova identidade visual para a marca. Atualmente as beneficiárias possuem uma renda média de R$ 480 mensais. O empoderamento da mulher perante a família é um dos principais ganhos relatados: Todas nós éramos dona de casa, cuidando dos filhos e maridos. Agora, temos a satisfação de sermos também donas do nosso próprio negócio. Esse equilíbrio é bom Edimirian Fátima da Luz Silva, fundadora e presidente da Coopermoda. Aprofundamento da democracia A através da estratégia de mobilização, formalizada por meio de grupos comunitários que debatem e apoiam o desenvolvimento social e econômica das localidades, o programa tem contribuído para o aprimoramento da democracia nos territórios de atuação. Alguns resultados identificados são: Nos últimos seis meses, 78% dos grupos apoiados foram contatados por interessados em tornassem membros; 73% disseminaram informações para a população sobre temas de interesse público; 0% mobilizaram a população em prol de uma causa: controle social; 49% impactaram diretamente 0,% da população do município. 14
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