ATO ILÍCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL
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- Maria dos Santos Penha Henriques
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1 ATO ILÍCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL Professor Dicler ATO ILÍCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL Ato ilícito é o ato praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando um direito (art. 186 do CC) ou abusando de um direito (art. 187 do CC). Praticado o ato ilícito, causando prejuízos a outrem, cria-se o dever de reparar o dano (moral ou patrimonial). Por isso o ato ilícito é considerado também como uma fonte de obrigação (art. 927 do CC). VIOLAR DIREITO Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Como regra, a responsabilidade civil decorrente da violação deum direitoit depended deculpa. ABUSO DE DIREITO Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Enunciado 37 da I JDC do CJF Art. 187: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe d de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.
2 OATOILÍCITO COMO FONTE DE OBRIGAÇÃO Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. ELEMENTOS DO ATO ILÍCITO Três são os elementos para se configurar o ato ilícito e, conseqüentemente, a obrigação de reparar o dano: 1)CONDUTA; 2)NEXO CAUSAL; e 3)DANO A conduta representa uma ação (conduta positiva) ou omissão (conduta negativa), voluntária (dolo) ou por negligência i ou imprudência i (modalidades d de culpa). Responsabilidade civil subjetiva (Teoria da Culpa) Para que o agente seja responsabilizado civilmente, é necessária ái a comprovação de sua culpa genérica éi (dolo e culpa). Éaregra no Código Civil (art. 186 do CC).
3 Classificação da Culpa 1) Quanto à gravidade: - grave: quando o agente atua com falha grosseira ao dever de cuidado; - leve: quando ocorre falta a um dever de cuidado ordinário, comum a qualquer pessoa; e - levíssima (se caracteriza por um mero descuido ou ausência de habilidade) Classificação da Culpa 2) Quanto ao conteúdo da conduta: - In committendo: é aculpa que ocorre em virtude it de ação, atuação positiva (comissão); - In omittendo: se dá por omissão, por conduta negativa; - In vigilando: se for fruto de falha no dever de vigiar; - In custodiendo: falha no dever de guardar, custodiar; e - In eligendo: é aquela que resulta da má escolha. Classificação da Culpa 3) Quanto ao modo de apreciação: - in concreto: ocorre quando, no caso concreto, se limitait aoexame da imprudência i ounegligência i do agente; - in abstrato: quando se faz uma análise comparativadacondutadoagente com a do homem médio ou da pessoa normal. Responsabilidade civil objetiva (Teoria do risco) Para que o agente seja responsabilizado civilmente, independe da comprovação de sua culpa, bastando o nexo causal entre a conduta eo dano experimentado pela vítima. É a exceção no Código Civil (art. 927, único do CC)
4 Responsabilidade civil objetiva (Teoria do risco) Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade id d normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. MODALIDADES DE RISCO 1. RISCO PROVEITO: está relacionado à máxima quem colhe o bônus, deve suportar o ônus, ou seja, quem colhe o lucro deve suportar o perigo da atividade desenvolvida. É o que ocorre nas atividades empresarias. MODALIDADES DE RISCO 2. RISCO PROFISSIONAL: está relacionado às relações de trabalho, a fim de viabilizar a responsabilidade d objetiva doempregor pelos danos causados pelo empregado, em decorrência da atividade por este desenvolvida. MODALIDADES DE RISCO 3. RISCO EXCEPCIONAL: está relacionado com as atividades que representam um elevado grau de perigo, tantot para as pessoas que as desempenham diretamente, como para os demais membros da coletividade. São exemplos a energia elétrica, a mineração, etc.
5 MODALIDADES DE RISCO 4. RISCO INTEGRAL: é o grau mais elevado de responsabilidade objetiva, não admitindo nenhum tipo de exclusão, mesmo na ocorrência decaso fortuito ou força maior. Tal modalidade é reservada para os danos decorrentes de atividades nucleares. ATO ILÍCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL Não haverá dever de reparação quando inexistir prejuízo/dano. As classificações mais importantes de dano são: 1. Quanto à extensão do dano: o prejuízo compreende o dano emergente (efetiva diminuição do patrimônio ti i da vítima) e o lucro cessante (quantia que a vítima deixou de ganhar). ATO ILÍCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL 2. Quanto à natureza a do bem violado: o dano pode ser material quando se tratar de prejuízo causado a bem patrimonial, ou moral,, quando recair sobre bens extrapatrimoniais, isto é, os direitos da personalidade. ATO ILÍCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL 3. Quanto às conseqüências do dano: o dano pode ser direto, aquele suportado pela própria vítima da ação lesiva, ou indireto, também chamado de dano reflexo ou por ricochete, quando se revela decorrência de um dano anterior sofrido pela própria vítima ou por outrem.
6 ATO ILÍCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL O nexo de causalidade é relação entre a conduta do agente e o dano sofrido fid pela vítima. Caso a existência do dano não esteja relacionada com o comportamento do agente, não haverá que se falar em relação de causalidade e, via de conseqüência, em obrigação de indenizar. ATO ILÍCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL Mesmo que o agente pratique um ato que acarrete prejuízo a outrem ele pode não ser obrigado a indenizar i em razão de uma das causas excludentes de responsabilidade civil. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, ái não excedendo d os limitesit do indispensável para a remoção do perigo. As excludentes de responsabilidade civil são: -Legítima defesa real; -Estado de necessidade defensivo; -Exercício regular de direito; -Caso fortuito ou força maior; -Culpa exclusiva da vítima; -Dano causado exclusivamente cus e por terceiro.
7 Fala-se em estado de necessidade defensivo quando o agente atua contra o causador do perigo, e em estado de necessidade agressivo quando lesa bem jurídico de alguém quenão provocouasituação de risco. -EN defensivo: não há indenização; -EN agressivo: há indenização + ação regressiva; Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do estado de necessidade, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. No caso do estado de necessidade, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano. CONCLUSÃO: Mesmo agindo em estado de necessidade é possível haver indenização ao lesado. Porém, aquele que for responsabilizado pela indenização poderá propor ação regressiva contra o causador do perigo De acordo com o fato gerador, aresponsabilidade civil pode ser de dois tipos: 1. Responsabilidade contratual: é aquela que está relacionada com a inexecução de uma obrigação decorrente de um contrato. O contrato faz lei entra as partes, dessa forma, suas cláusulas devem ser respeitadas, sob pena de responsabilidade daquele que as descumprir.
8 2. Responsabilidade extracontratual ou aquiliana: é aquela que está relacionada com a infração a um dever geral imposto por lei (legal). Tendo como referência a classificação quanto ao agente a responsabilidade civil pode ser: 1. Responsabilidade civil direta: ocorre quando o autor do dano é o responsável pelo seu pagamento. 2. Responsabilidade civil indireta: também chamada de responsabilidade civil complexa ou por fato de outrem (arts. 932 a 934 do CC), ocorre quando uma pessoa é civilmente e responsável, sá e perante terceiros, por ações e omissões perpetradas por outra pessoa. Mais adiante teceremos maiores detalhes. RESPONSABILIDADE CIVIL DO INCAPAZ O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. A indenização prevista neste caso, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
9 EMPRESAS E EMPRESÁRIOS INDIVIDUAIS Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. RESPONSABILIDADE CIVIL COMPLEXA A responsabilidade complexa é aquela que só poderá ser vinculada indiretamente ao responsável. el Compreende duas modalidades: 1) Responsabilidade por fato de terceiro: ocorre quando alguém responde, indiretamente, por prejuízo resultante da prática de um ato ilícito por outra pessoa. 2) Responsabilidade pelo fato de coisas animadas ou inanimadas: i é aquela resultante t de dano ocasionado pela coisa, em razão de defeito próprio, sem que para tal prejuízo tenha concorrido diretamente a conduta humana. -Responsabilidade pelo fato do animal; -Responsabilidadep pelo fato de coisa inanimada. RESPONSABILIDADE POR FATO DE TERCEIRO São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
10 III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. As pessoas indicadas no slide antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente eat a e te incapaz. RESPONSABILIDADE PELO FATO DE ANIMAL O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. RESPONSABILIDADE PELO FATO DE COISA O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
11 RESPONSABILIDADE CIVIL x PENAL A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. RESPONSABILIDADE CIVIL NOS CONTRATOS DE CONSUMO A responsabilidade civil prevista no CDC do fornecedor em relação ao consumidor, em regra, é do tipo objetiva, ou seja, independe d de culpa. Entretanto, em se tratando da prestação de serviço por profissional liberal, a responsabilidade civil será do tipo subjetiva, pois deverá ser fundada na culpa do mesmo (Ex: advogado). RESPONSABILIDADE CIVIL NO CONTRATO DE TRANSPORTE A responsabilidade civil do transportador em relação a terceiros (consumidores) é do tipo objetiva e se funda na teoria do risco administrativo, i ti pois os fornecedores do serviço são pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços públicos. COBRANÇA DE DÍVIDA JÁ PAGA Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
12 TRANSMISSÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. DIMENSÃO DA INDENIZAÇÃO A indenização mede-se pela extensão do dano, porém, se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendose em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. EXERCÍCIOS (CESPE - PGM/Boa Vista RR Procurador 2010) A destruição de coisa alheia a fim de removerer perigo iminente não constitui ato ilícito civil, sobretudo se as circunstâncias a tornarem absolutamente necessária, e o agente não exceder os limites do indispensável para a remoção do perigo. EXERCÍCIOS (CESPE - PGE-PI Procurador Substituto 2008) O abuso de direito, que é uma das fontes de obrigações, caracteriza-se não pela incidência da violação formal a direito, mas pela extrapolação dos limites impostos pelo ordenamento jurídico para o seu exercício.
13 EXERCÍCIOS (CESPE - TRE/BA Analista Judiciário 2010) O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas responsáveis por ele não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes para tal ação. EXERCÍCIOS (CESPE - TRE/MT Analista Administrativo 2010) A admissão do dano moral, que não pode ser cumulado com o dano patrimonial, fundamenta-se unicamente no Código Civil. EXERCÍCIOS (FGV AUDITOR TCM-RJ 2008) Quando a lei atribuii a um sujeito de direito o deverer de indenizar os danos devidos à ação culposa de outro, há: (A) responsabilidade por simples culpa. (B) responsabilidade complexa. (C) responsabilidade objetiva. (D) responsabilidade por culpa presumida. (E) responsabilidade pelo risco. EXERCÍCIOS (FGV FISCAL DE RENDAS RJ ) Com relação à responsabilidade civil, analise as afirmativas a seguir. I. A responsabilidade civil do empregador ou comitente por seus empregados, serviçais e prepostos, p no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele depende de culpa in eligendo ou in vigilando, a qual é, no entanto, presumida juris tantum. t
14 EXERCÍCIOS II. O incapaz não pode ser responsabilizado pelos prejuízos que causar, recaindo sempre o dever de indenizar apenas sobre as pessoas por ele responsáveis. III. Mesmo tendo agido licitamente, no caso de prejuízo causado para remoção de perigo iminente, o autor do dano fica obrigado a indenizar a vítima, caso esta não seja culpada pelo perigo. EXERCÍCIOS Assinale: (A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas (B) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (D) se somente a afirmativa II estiver correta. (E) se somente a afirmativa III estiver correta. (TRE AL Analista Administrativo 2010) Mario possui dois filhos, Joana e Danilo, que residem e dependem economicamente dele. Mário ressarciu judicialmente danos distintos causados por Joana e por Danilo, tendo em vista a comprovação da responsabilidade civil de ambos. Considerando que Joana é absolutamente incapaz de exercer pessoalmente os atos da vida civil e que Danilo é relativamente incapaz, bem como que tratam de atos e danos distintos, neste caso, Mario (A) )poderá reaver o que houver pago apenas de Joana. (B) poderá reaver o que houver pago de ambos os filhos. (C) não poderá reaver o que houver pago de nenhum de seus filhos. (D) poderá reaver o que houver pago apenas de Danilo. (E) só poderá reaver metade do que houver pago e somente de Danilo.
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