Dados Básicos. Legislação. Ementa. Íntegra

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1 Dados Básicos Fonte: /001(1) Tipo: Acórdão TJMG Data de Julgamento: 15/03/2011 Data de Aprovação Data não disponível Data de Publicação:28/03/2011 Estado: Minas Gerais Cidade: Andrelândia Relator: Generoso Filho Legislação Legislação: Art. 42 do Código de Processo Civil. Verbetação Ementa AÇÃO DE USUCAPIÃO. LEGITIMIDADE ATIVA. ALIENAÇÃO DA POSSE DO IMÓVEL NO CURSO DA DEMANDA. ART.42 DO CPC. AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO NA LEGITIMIDADE. A alienação do imóvel usucapiendo, por instrumento particular, em momento posterior à propositura da ação, não acarreta alteração na legitimidade para a demanda. Íntegra Número do processo: /001(1) Numeração Única: Relator: Des.(a) GENEROSO FILHO Relator do Acórdão: Des.(a) GENEROSO FILHO

2 Data do Julgamento: 15/03/2011 Data da Publicação: 28/03/2011 Inteiro Teor: EMENTA: AÇÃO DE USUCAPIÃO. LEGITIMIDADE ATIVA. ALIENAÇÃO DA POSSE DO IMÓVEL NO CURSO DA DEMANDA. ART. 42 DO CPC. AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO NA LEGITIMIDADE. A alienação do imóvel usucapiendo, por instrumento particular, em momento posterior à propositura da ação, não acarreta alteração na legitimidade para a demanda. APELAÇÃO CÍVEL N /001 - COMARCA DE ANDRELÂNDIA - APELANTE(S): JACIRA PEREIRA LANDIM - RELATOR: EXMO. SR. DES. GENEROSO FILHO ACÓRDÃO Vistos etc., acorda, em Turma, a 9ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob a Presidência do Desembargador OSMANDO ALMEIDA, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM DAR PROVIMENTO. Belo Horizonte, 15 de março de DES. GENEROSO FILHO - Relator NOTAS TAQUIGRÁFICAS O SR. DES. GENEROSO FILHO: VOTO Trata-se de recurso de apelação interposto por Jacira Pereira Landim contra a sentença de fls.48/49 que, nos autos da ação de usucapião por ela proposta, julgou extinto o feito sem resolução do mérito, nos termos do art.267, VI, do CPC, ao argumento de que a autora seria parte ilegítima.

3 Em suas razões de fls.51/54, a apelante alega que não tem razão o juiz, pois quando ajuizou a ação, em 05/08/2004, era possuidora do imóvel usucapiendo, adquirido por justo título da pessoa de Ruth Romeiro Nogueira; que o processo demorou mais que o esperado e, em 2006, viu-se na necessidade de vender o imóvel e o fez; que se comprometeu com o comprador a legalizar o imóvel, informando-lhe sobre a ação de usucapião em curso; que o juiz, ao extinguir o feito, frustrou o cumprimento do compromisso assumido com a compradora. Afirma que a venda do imóvel não lhe tira o direito de ação; que não tem razão o Ministério Público, pois não se trata de direito indisponível; que deixar que a nova compradora ajuíze ação de usucapião é prejudicá-la em vez de defendê-la, além de uma afronta ao princípio da economia processual; que a posse do imóvel durante toda a ação não é condição essencial da ação. Requer seja reformada in totum a sentença recorrida. Pareceres Ministeriais às fls.55/56 e 65/66, pela tese de que a autora é carecedora de ação por falta de legitimidade ativa superveniente. Verificados os pressupostos de admissibilidade do recurso, dele conheço. A controvérsia nos autos é sobre a legitimidade da autora para prosseguir na presente ação de usucapião, tendo em vista que, no curso da demanda, ela alienou a posse, passando o imóvel para terceira pessoa. Primeiramente, necessário esclarecer sobre a legitimidade de parte que "legitimados ao processo são os sujeitos da lide, isto é, os titulares dos interesses em conflito. A legitimação ativa caberá ao titular do interesse afirmado na pretensão, e a passiva ao titular do interesse que se opõe ou resiste à pretensão." (Humberto Theodoro Júnior. Curso de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2006, vol.1, p.67). Ou seja, a legitimidade do autor é averiguada de acordo com sua narrativa na petição inicial, no momento da propositura da ação.

4 A autora afirma na inicial da ação de usucapião, ajuizada em 2004, que é possuidora do imóvel em questão há mais de três anos, tendo adquirido o referido imóvel de terceira pessoa que tinha a posse pacífica e contínua sobre o bem há mais de quinze anos. Fundamenta sua pretensão no art do Código Civil: "Art Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boafé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis." Denomina-se usucapião, portanto, o meio de aquisição da propriedade através da posse prolongada. Ressalte-se que, em algumas hipóteses, exige-se ainda a satisfação de determinadas condições legais, como por exemplo a coisa hábil, a justa causa, a boa-fé. Trata-se de prescrição aquisitiva, de direito adquirido pelo lapso temporal, razão pela qual, conforme ensina Sílvio de Salvo Venosa: "A sentença declara o usucapião como está dito no art Aplica-se a qualquer modalidade de usucapião. O direito é obtido pelos requisitos de tempo e posse e mais boa-fé e justo título. Independe da sentença. O juiz limita-se a declarar situação jurídica preexistente. Fosse a sentença necessária para completar o direito, teria efeito constitutivo. Não é o que ocorre. Completado o prazo com os demais requisitos, o usucapiente já é proprietário. A sentença é decreto judicial que reconhece direito preestabelecido." (Código Civil Interpretado. São Paulo: Atlas, 2010, p.1111) Assim, tendo em vista a natureza da demanda de usucapião, em que a sentença apenas reconhece um direito preexistente, e não o constitui, é evidente que o que se exige no momento do ajuizamento da ação é que a autora afirme ser possuidora do imóvel, com ânimo de dona, pelo tempo exigido por lei. Porque no curso do processo, se a autora comprovar que realmente ao tempo do ajuizamento da ação já tinha o tempo e as demais condições exigidas por lei para usucapir, comprovará também que já era proprietária. E como tal condição independe

5 da sentença, que é meramente declaratória, seria um contra-senso considerar a autora parte ilegítima para pleitear a declaração de tal direito (já adquirido) devido a uma alteração posterior de sua condição de possuidora. Afinal, o que ocorreu com a posse após a autora ter adquirido o direito, ou seja, alcançado a condição de proprietária, não influencia no resultado da presente demanda. Melhor dizendo: o fato de ter a autora alienado a posse do imóvel a terceira pessoa posteriormente, no curso da demanda, não tira dela o direito de ver declarado judicialmente um direito de propriedade anterior, adquirido sobre este imóvel. No mais, na forma do art.42, caput, do CPC: "Art.42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos não altera a legitimidade das partes." Neste sentido: "APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO ORDINÁRIA. POSSE COM JUSTO TÍTULO. SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO FEITO, COM BASE NO ART. 267, VI, DO CPC. LEGITIMIDADE ATIVA. A alienação do imóvel usucapiendo, por instrumento particular, em momento posterior à propositura da ação não acarreta alteração na legitimidade para a demanda. Aplicação da regra do art. 42 do CPC. O reconhecimento da propriedade originária depende da comprovação do preenchimento dos requisitos específicos do procedimento antes do ajuizamento da ação. Afastada a preliminar. ADEQUAÇÃO DO PROCEDIMENTO. A propositura da ação de usucapião, com base no justo título (contrato particular de compromisso de compra e venda), encontra amparo legal, conforme art. 551 do CCB. Não comprovada a má-fé dos autores, pelo ajuizamento de ação de usucapião e não de adjudicação compulsória, com intuito de sonegação de impostos. As partes têm plena liberdade de limitar a atuação do juiz aos fatos e aos pedidos que elas entendam necessários para compor a lide. Princípio dispositivo. No caso concreto, inadequada a adjudicação, tendo em vista a cadeia negocial que inviabilizaria a outorga da escritura diretamente pelo titular do domínio. Correto o procedimento eleito. Sentença de extinção do processo desconstituída. Causa madura. Aplicação do art. 515, 3º, do CPC, tendo em vista que a demanda já se

6 encontrava em fase decisória, pronta para julgamento. MÉRITO. JUNÇÃO DE POSSES. ACESSIO POSSESSIONES. JUSTO TÍTULO. CONTRATO DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DO IMÓVEL. Autores que pretendem somar a posse por eles ostentada com aquela exercida pelos moradores anteriores, pela transferência de posses. Possibilidade, tendo em vista que a posse dos antecessores tem a mesma natureza, não havendo conflito de interesses entre eles. Cadeia de contratos particulares de compromisso de compra e venda de imóveis, que remetem ao titular do registro imobiliário, acostada aos autos, constitui justo título, pois eficaz para demonstrar a existência de negócios lícitos, mas sem autoridade suficiente para permitir o competente registro. Preenchidos os requisitos do art. 551 do CCB/1916, quais sejam, posses qualificadas por justo título, há mais de dez anos, de boa-fé, com animus domini, impositiva a procedência da demanda. AFASTARAM AS PRELIMINARES, DESCONSTITUÍRAM A SENTENÇA E, COM BASE NO ART. 515, 3º, DO CPC, NO MÉRITO, DERAM PROVIMENTO AO RECURSO PARA JULGAR PROCEDENTE A AÇÃO." (Apelação Cível Nº , Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nelson José Gonzaga, Julgado em 02/09/2010). Pelo exposto, dou provimento ao apelo, declarando a autora parte legítima, anulando a sentença recorrida e determinando o retorno dos autos à origem para regular prosseguimento do feito. Custas ex lege. Para fins do art.506, III do CPC, a síntese do presente julgamento é: Deram provimento ao apelo, anulando a sentença recorrida e determinando o retorno dos autos à origem para regular prosseguimento do feito. Custas ex lege. Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es): OSMANDO ALMEIDA e TARCISIO MARTINS COSTA. SÚMULA: DERAM PROVIMENTO.

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