Nesta aula, vamos estudar a urbanização
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- Leonor Palhares Canedo
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1 Condomínios e faveas: a urbanização desigua A UU L AL A Nesta aua, vamos estudar a urbanização brasieira, que se caracteriza pea rapidez e intensidade de seu ritmo. Vamos comprender como o crescimento das cidades esteve igado à atividade industria, gerando agomerações urbanas com diferentes níveis na hierarquia regiona. Veremos também que a pobreza urbana refete as desiguadades sociais presentes na economia brasieira. Qua o pape das grandes cidades no processo de desenvovimento brasieiro? Como as metrópoes podem ser, ao mesmo tempo, centros de inovações e agomerados de pobreza? No Brasi, o mercado unificou a economia urbana em escaa naciona. Quanto maior a cidade, maior a possibiidade de mutipicação das atividades informais e das aternativas de sobrevivência para os pobres. Faveas se mutipicam, enquanto as pessoas mais abastadas procuram construir condomínios que hes ofereçam mais segurança. Expica-se, assim, a expansão do emprego - ainda que rotativo e ma remunerado - na indústria metropoitana, ao contrário do que ocorre nas economias centrais. No caso brasieiro, a periferia cresce com a indústria e com a migração da popuação de baixa renda. O ugar da riqueza torna-se iteramente o ugar da pobreza. O Brasi transformou-se em um país urbano em poucas décadas, comprimindo no tempo um processo que, em outros países, se fez muito mais entamente. As áreas urbanas passaram a concentrar, em 1995, mais de 120 mihões de indivíduos, num tota de aproximadamente 60 mihões. 21
2 A U L A Ao contrário dos países atino-americanos, como os do Cone Su, que têm urbanização mais estabiizada, o Brasi manifesta um processo extremamente dinâmico, devido, em grande parte, ao próprio crescimento urbano - que não se reduz à mera inchação das cidades - mas também à mobiidade de sua popuação e a uma fronteira móve. A partir de 1930, começou a se aceerar o crescimento industria do eixo entre Rio de Janeiro e São Pauo. Essa área passou a ter um desenvovimento maior do que as demais, tornando-se o centro econômico do Brasi e produzindo bens industriaizados de todos os tipos. Os demais Estados tornaram-se mercados consumidores desses bens, fornecendo matérias-primas e aimentos a preços baixos e, principamente, mão-de-obra barata em grande quantidade. Estabeeceu-se, assim, a reação centro-periferia, isto é, áreas que tiveram crescimento econômico diferente mantêm uma reação de dependência entre si. A indústria foi a grande responsáve pea aceeração do processo de urbanização. Como mostra o gráfico, hoje o Brasi é um país predominantemente urbano, com cerca de 75% de sua popuação vivendo e trabahando em cidades, em especia nas metrópoes. As metrópoes são cidades que exercem um grande poder de atração sobre as áreas vizinhas. Esse é o caso de Beém, Fortaeza, Recife, Savador, Beo Horizonte, Rio de Janeiro, São Pauo, Curitiba, Porto Aegre e Brasíia. Entre , o crescimento mais significativo ocorreu nas cidades médias e grandes. O tota de cidades com mais de 100 mi habitantes passou de 11 para 95, representando 48,7% da popuação urbana do país. 22
3 Dois movimentos compementares caracterizam a urbanização: a acentuação da concentração popuaciona e a tendência à dispersão espacia. BRASIL: ÍNDICE DE URBANIZAÇÃO 1950/91 Popuação Ano Popuação Tota Popuação Urbana FONTE: IBGE, Censos Demográficos: 1905, 1960, 1970, 1980 e Índice de urbanização % 36,2 44,9 55,9 67,6 75,6 A U L A Em termos de concentração, nos anos 70 as regiões metropoitanas aumentaram sua participação reativa (isto é, em reação ao tota da popuação das áreas urbanas) de 25,5% para 29,0%. A indústria teve pape centra no crescimento das metrópoes e das agomerações urbanas imediatamente abaixo desse níve. Somente as regiões metropoitanas de São Pauo e do Rio de Janeiro - com 12 mihões e 9 mihões de habitantes, respectivamente - juntas respondiam, em 1980, por 75,4% do pessoa ocupado e por aproximadamente 65% do vaor da produção industria em todo o país. Essas metrópoes recebem apoio de dois tipos de cidade, tanto em reação ao crescimento demográfico quanto à situação de renda: 1. as cidades que correspondem à desconcentração industria de São Pauo ou à impantação da fronteira científico-tecnoógica, isto é, cidades onde se instaam importantes centros de pesquisa e se desenvovem atividades que utiizam tecnoogia de ponta, como é o caso de Campinas e São José dos Campos; 2. regiões metropoitanas com indústrias ou póos industriais avançados, como Beo Horizonte (metaurgia e materia de transporte), Savador (petroquímica), Curitiba e Porto Aegre (indústrias diversas). A tendência à dispersão urbana, tanto em termos popuacionais como de renda, se faz por três modaidades, movidas por fatores que não se igam diretamente à indústria, e em gera correspondem a posições de contato entre áreas de economias diversas. A primeira modaidade é a extensão contínua de centros urbanos a partir da cidade mundia, isto é, uma cidade rica que fornece as tendências de atuação para regiões de agricutura diversificada e regiões basicamente pecuaristas, por onde avança a agricutura moderna da soja e da cana-de-açúcar. A segunda é a formação de uma ampa frente urbana de interiorização, correspondente às grandes capitais dos Estados do Centro-Norte, que fornecem as tendências de atuação para a urbanização no interior, e funcionam como pontos de contato e intermediação entre as bordas da cidade mundia e as áreas de avanço da fronteira. Pape centra na presença de grandes popuações e de rendas reativamente eevadas deve-se ao Estado. O maior exempo dessa situação é Brasíia, a capita da geopoítica, que registrou a maior proporção no país da popuação economicamente ativa urbana nas mais atas casses de renda. 23
4 A U L A A terceira modaidade da dispersão é característica da fronteira. Incui centros regionais e ocais que servem de suporte para as frentes de expansão agropecuárias e minerais, e incui também o crescimento exposivo de pequenos núceos dispersos, vincuados à abertura da foresta ou aos garimpos, que se constituem em ocais de reprodução da força de trabaho móve, razão pea qua muitos desses são também efêmeros, mudando de ocaização com o desocamento das frentes. A urbanização foi sustentada em grande parte por uma maioria de mão-deobra barata e pobre. E, ainda assim, o trabaho urbano significa ascensão, pois a proporção de trabahadores na faixa inferior a um saário mínimo foi de cerca de 25%, no Brasi urbano, bem menor do que a percentagem de 38% do país como um todo. Na Região Metropoitana de São Pauo, a proporção de trabahadores ganhando até um saário mínimo é de 9,2%, na do Rio de Janeiro é superior a 14,0% e na de Beo Horizonte acança quase 21%. Crescimento econômico com pobreza crescente, movimentos espontâneos na economia informa e estruturas econômicas formais se compementam para sustentar o crescimento metropoitano. A pobreza, por um ado, constitui um entrave à maior expansão das grandes empresas, pois restringe o crescimento de um mercado interno, consumidor; mas, por outro, permite a proiferação de pequenas fábricas menos capitaizadas e criadoras de emprego. O mercado unifica a economia urbana e, quanto maior a cidade, maior a possibiidade de mutipicação de atividades informais. Expica-se, assim, a expansão do emprego - ainda que rotativo e ma remunerado - na indústria metropoitana, ao contrário do que ocorre nas economias centrais. No caso brasieiro, a periferia cresce com a indústria e a migração da popuação de baixa renda. O ugar da riqueza torna-se iteramente o ugar da pobreza. Os dados reativos ao sistema urbano das regiões brasieiras reveam aguns aspectos importantes: PARTICIPAÇÃO DAS REGIÕES METROPOLITANAS E DO DISTRITO FEDERAL NO VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL (VBPI VBPI), NA RECEITA DA VENDA DE MERCADORIAS (RVM RVM) E NA RECEITA TOTAL DOS SERVIÇOS (RTS RTS) Brasi VBPI 47,0 RVM 46,5 Norte Nordeste Sudeste Su Centro-Oeste (1) 11,0 58,9 52,4 34,1 10,8 25,6 40,4 58,9 27,7 21,5 (1) Dados reativos ao Distrito Federa Fonte: IBGE, Censo Econômico de 1985 e Municípios: Indústria, Comércio e Serviços. O Sudeste, que é o núceo origina da industriaização, revea a formidáve concentração da indústria (52,4%), do comércio (58,9%) e dos serviços (75,4%) nas regiões metropoitanas de São Pauo, Rio de Janeiro e Beo Horizonte. É particuarmente acentuado o fato de que três quartos das receitas de serviços estão centraizados nas metrópoes, o que é um indicador indireto da eevada concentração urbana da região. O Su, dadas as características históricas e geográficas de seu desenvovimento, apresenta uma estrutura mais dispersa, com maior concentração metropoitana na oferta de serviços. ), RTS 65,4 22,3 50,1 75,4 43,3 55,4
5 No Nordeste são nítidos os efeitos territoriais da nova indústria nordestina, cuja produção está fortemente centraizada nas áreas metropoitanas de Savador, Recife e Fortaeza (58,9%), com uma concentração superior à receita dos serviços (50,1%). Isso constitui um efeito pecuiar das poíticas regionais centradas na indústria como motor dinâmico do desenvovimento, cujo mehor exempo está na região metropoitana de Savador, que detém cerca de 80% do tota do vaor da produção industria do Estado da Bahia e aproximadamente 35% do vaor tota da Região Nordeste. O Norte e o Centro-Oeste reveam estruturas semehantes, no que diz respeito ao peso metropoitano da indústria e do comércio, em grande parte por causa do pape de cidades médias, como é o caso de Goiânia e Manaus, que dividem as funções urbanas com os agomerados metropoitanos de Brasíia e Beém, respectivamente. Dois aspectos devem ser ressatados: a consideráve presença de Beém no comércio regiona, atividade tradiciona nessa cidade da foz do Amazonas, e o pape de destaque de Brasíia, na receita dos serviços da região Centro-Oeste, reforçando sua centraidade na rede urbana regiona, em grande parte devido à função de capita federa. A U L A Uma das questões centrais, nesse contexto, é o abastecimento dessas agomerações metropoitanas, que exige redes de circuação eficientes para manter a oferta de bens agrícoas a esse grande contingente popuaciona, garantindo, peo aumento da oferta de aimentos, ganhos reativos nos saários reais. Esse é um dos probemas centrais de uma poítica territoria de distribuição de renda, com profundas impicações sociais, conforme se observou nos anos 80: a convivência de grandes safras com eevações constantes nos preços da cesta básica, nos mercados metropoitanos. As metrópoes tornaram-se também o ugar da pobreza urbana, das carências sociais de vários tipos, que se manifestam em movimentos de posseiros (sem-terra), em invasões dos sem-teto e em oteamentos candestinos. Eas têm os compexos probemas de gestão, comuns às grandes agomerações urbanas, bem como os probemas específicos das cidades de economias periféricas, o que resuta em eevado potencia de confitos reivindicatórios de direito à cidadania. Nesta aua você aprendeu que: o Brasi se transformou em um país urbano, em poucas décadas, comprimindo no tempo um processo que em outros países se fez muito mais entamente; a partir de 1930, começou a se aceerar o crescimento industria do eixo entre Rio de Janeiro e São Pauo. Essa área passou a ter um desenvovimento maior do que as demais, tornando-se o centro econômico do Brasi; a industriaização foi a grande responsáve pea aceeração do processo de urbanização; cerca de 75% de sua popuação vive e trabaha em cidades, principamente nas metrópoes, que têm um grande poder de atração sobre as áreas vizinhas, como é o caso de Beém, Fortaeza, Recife, Savador, Beo Horizonte, Rio de Janeiro, São Pauo, Curitiba, Porto Aegre e Brasíia; as metrópoes tornaram-se também o ugar da pobreza urbana, das carências sociais de vários tipos que se manifestam em movimentos de possei- ros, em invasões dos sem-teto e em oteamentos candestinos. 25
6 A U L A Exercício 1 Por que podemos afirmar que hoje o Brasi é um país urbano? Exercício 2 Por que as metrópoes brasieiras podem ser consideradas ugares da riqueza e da pobreza? Exercício 3 Assinae a aternativa errada sobre a urbanização brasieira: a) A aceeração do processo de urbanização ocorreu principamente após a Segunda Guerra Mundia, quando também se intensificou a industriaização. b) Uma das tendências da urbanização na década de 1970 diz respeito ao aparecimento, no interior, de centros de contato e de intermediação entre as regiões de desenvovimento urbano-industria e as áreas de avanço da frente pioneira. c) A tendência mais marcante da configuração espacia da urbanização, no período de 1970 a 1980, refere-se ao aumento da concentração urbana nos espaços metropoitanos. d) O processo de urbanização no período de 1980 a 1990 estabiiza-se, evidenciando um padrão definido na distribuição espacia da popuação no território naciona. 26
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